Virada de mesa nos ceús brasileiros

A Delta anunciou a decisão estratégica de entrar na LATAM

Mesmo se os líderes de todos os atores brasileiros desta grande jogada afirmam que a situação continua sendo de “business as usual”, o surpreendente anúncio pela Delta Air Lines da aquisição de 20% da Latam vai ter um impacto profundo e duradouro sobre a aviação internacional e até doméstica no Brasil. Aproveitando a boa saúde financeira para consolidar sua rede, a companhia estaunidense anunciou que colocava na mesa US$ 1,9 bilhão para adquirir 20% da LATAM, a maior empresa aérea da América do Sul, membro de One World e aliado de longa data da American Airlines. No mesmo comunicado, a Delta anunciou que ia se desfazer da participação de 9,4% na Gol, deixando inesperadamente a sua parceira Air France sozinha com a jovem líder das viagens domésticas no Brasil.

A Latam vai chegar tambem nos planos da AF KLM?

Mesmo se o anúncio surpreendeu o trade aeronáutico, o mercado já esperava notícias do Chile, já que a Corte Suprema daquele país tinha cassado em maio um projeto de acordo entre Latam, American Airlines, British Airways e Iberia que infringiu, segunda a  decisão, as leis antitruste. Era uma oportunidade para Delta que escolheu, anos atrás, de reforçar a aliança Sky Team com participações financeiras. A companhia adquiriu assim 10% do Grupo Air France KLM (a Air France tem 49% e KLM 31%), 36% da Aeromexico, 10% da Alitalia, e 3,55% da China Eastern. No novo conselho de administração da Latam, os dois representantes da Delta vão curiosamente sentar juntos com um representante da Qatar Airways, dona desde 2016 de 10% das ações e membro da agora concorrente Oneworld.

Delta “moving the people who move the world”

No anúncio ao mercado, a Delta insistiu na parceria estratégica que essa participação na Latam significava, incluindo com um investimento suplementar de US$ 350 milhões que deixa muito provável a entrada da Latam na Sky Team. A aliança deve sair reforçada mesmo se sob a liderança, agora indiscutível, da empresa estadosunidense. A Delta é agora a primeira companhia mundial em volume de vendas, transporta cerca de 200 milhões de passageiros/ano para perto de 300 destinos em 50 países, tem uma frota de quase 1000 aviões (sendo um terço de Airbus) e emprega 80 mil funcionários. A entrada na Latam deve reforçar essa liderança não somente na América do sul (com um reposicionamento no impreterível gateway de Miami) mas também no mundo inteiro.

LATAM, lider tambem no Ecuador e nos demais paises latinos

O gigante criado em 2012 com a absorção da TAM pela LAN Chile transporta 71 milhões de passageiros/ano para 25 países com suas frotas de 350 aviões (sendo dois terços de Airbus). Com as outras suas subsidiarias LATAM Airlines, na Colômbia, no Perú, na Argentina, no Equador e no Paraguai, virou a maior empresa aérea da America do Sul. No Brasil, devemos porem lamentar que a herança do Comandante Rolim não foi talvez muito bem respeitada. Assim não foram transferidas para nova empresa nem a ousadia de management – que levantou a TAM dos Táxi Aéro Marilia até os Transportes Aéros Mercosul-, nem a prioridade ao cliente – que levava o proprio Rolim a entregar suas cartas aos passageiros em Congonhas-, nem a qualidade do serviço – com o tapete vermelho e sem filas de espera nos check-in.

As famosas presencias do Rolim no pé das escadas dos seus aviões

Sem poder ainda medir todos as consequências no Brasil dessa grande jogada da Delta, podemos talvez somente destacar a elegantíssima reação da Gol Linhas Aéreas Inteligentes que, mesmo sendo extremamente prejudicada com essa reviravolta (e ver seus títulos na bolsa despencarem o dia do anúncio), declarou: “a Delta foi uma ótima parceira da Gol e desejamos-lhes sucesso. Valorizamos nossa parceria com a Delta e estamos felizes em ver essa contínua confiança no mercado de aviação da América Latina”.

Esse artigo foi adaptado de um artigo original de Serge Fabre na revista on-line La Quotidienne

Fortaleza, novo xodó dos turistas (e do turismo) franceses!

Primeiro pouso em Fortaleza da Air France/Joon no dia 3 de Maio

A espetacular abertura da linha Paris Fortaleza por duas companhias do grupo Air France mostrou o renovado interesse da França pelo Nordeste brasileiro, tanto como destino para os turistas franceses que como mercado emissor. Os voos para os grandes hubs da região não são porem uma novidade. A própria Air France herdou da Aerospatiale a inauguração de uma rota Natal Rio em Novembro 1927,  depois interligada com Dakar e Paris. Depois da segunda guerra, foi  Recife que foi escolhida para escala na rota Paris Rio, e depois abandonada em 1963 quando chegaram os Boeing 707. Quase escolhida em 1975 para receber o Concorde, Recife teve de novo a preferência em 1982 quando Air France voltou a pousar no Nordeste, mas o voo parou em 1995.

Beleza e autenticidade na praia do Iguape

Na competição entre os grandes hubs do Nordeste, a Air France escolheu essa vez Fortaleza. A rota mais curta para Paris, o dinamismo do Ceará e o apoio da Gol foram três fatores importantes numa briga que o peso das vendas locais não dava para desempatar. Para levar a decisão, a surpresa vem dos profissionais franceses que anunciaram claramente suas preferências pela capital cearense. Seu clima seco garantindo sol o ano inteiro, seu mar quente, suas praias de areia branco e seus passeios de buggy, sua infraestrutura hoteleiro e seus parques aquáticos já tinham seus fãs, especialmente os amadores de kite surf. Estão agora se popularizando, aparecendo nas paginas dos principais jornais e revistas franceses bem como nas prateleiras das agencias de viagem e das operadoras.

Cumbuco, balneario do Saint Tropez des Tropiques e do Vila Galês

Não é a primeira vez que o Ceará tenta atrair os turistas franceses. Já nos anos 70 a empresa hoteleira PLM tentou implantar no Brasil seu primeiro hotel, com a ideia de levar para Fortaleza parte dos enormes fluxos de turistas franceses indo para seus hotéis do Caribe. Nos anos 80 a operadora El Condor, então líder do mercado francês, lançou um charter bimensal para Fortaleza, planejando fazer do balneário do Cumbuco um novo ” Saint Tropez des Tropiques”. Mesmo com muitos poderosos padrinhos dos dois lados do Atlântico, incluindo o prefeito de Saint Tropez e o empresário franco-cearense Paul Mattei, o projeto não vigorou. Contribuiu porem a reforçar os laços com numerosos profissionais franceses do setor, ainda hoje muito presentes em Fortaleza.

Entre Nordeste e Amazônia, o inesperado deserto dos Lençóis Maranhenses

Fortaleza está também seduzindo os turistas franceses pela oportunidades de conexão que o hub da Gol oferece para outras atrações do nordeste e do norte. Mais que os destinos tradicionais, Salvador ou Recife, os novos roteiros estão incluindo Morro Branco, Prainha, Iguape, Cumbuco, Jericoacoara, paraíso dos kite surfistas, o delta do Parnaíba, e os surpreendentes Lençóis Maranhenses cujos lagos e dunas estão fascinando todos os visitantes. Talvez lembrando a historia da cidade fundada pelo francês Daniel de la Touche, os turistas franceses estão chegando em São Luiz, “jóia do Maranhão, herdeira da França equinocial, tombada pela UNESCO em 1997”. E as melhores ofertas de Belém, Alter do Chão ou Manaus, seja cruzeiros fluviais, hotéis de charme ou pousadas de selva, já estão medindo a nova empolgação trazida pelos voos Paris Fortaleza.

Nos Encontros 2018, os profissionais franceses atras do mercado nordestino

Novo xodó dos franceses, Fortaleza vai também surpreender pelo potencial de viajantes que o Nordeste pode gerar para Europa em geral e a França em particular. Até agora quase monopólio da Air Portugal, e com forte liderança de Lisboa, os fluxos de turistas já começaram a se redefinir, incluindo viajantes procurando experiências sofisticadas na cultura, na gastronomia ou no enoturismo. A Atout France, encarregada da promoção do turismo francês, já está acompanhando essa nova tendência, trazendo para Fortaleza o seu evento-mor “Encontros a francesa”. Alem dos encantos da capital e do litoral cearense, os 40 profissionais franceses convidados vão com certeza voltar convencidos que o Nordeste brasileiro vai em pouco anos dobrar seu fluxo de viajantes para França.

Jean-Philippe Pérol

O Teatro José de Alencar em Fortaleza (foto Casablanca turismo)

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

Tudo azul para as companhias de cruzeiros, os cruzeiristas e os estaleiros!

O Aidanova, construído na Alemanha

Não são apenas as companhias marítimas e as agências de viagem que estão aproveitando o constante crescimento dos cruzeiros, 4% em 2017 e 5% esperados em 2018, com 27,2 milhões de passageiros – estes, cada vez mais europeus e chineses. Os grandes estaleiros – o coreano Hyundai, o italiano Fincantieri, o francês STX Saint Nazaire ou o alemão Werft – estão com 46 bilhões de euros de encomendas, um recorde que representa um mínimo de 90 navios até 2025. Só esse ano, cerca de 15 navios devem zarpar pela primeira vez, vários com mais de 4.000 passageiros. São o « Symphony of the Seas », da Royal Caribbean International (5.400 passageiros), o « Norwegian Bluise » da Norwegian Cruise Line (4.200 passageiros), o  “MSC Seaview” (4.150 passageiros) da MSC Cruises e o « Aidanova » da Aida Cruises (5.200 passageiros)

Carnival festejando as cervejas ParchedPig fabricadas a bordo

Olhando 2018 com muitas ideias novas – incluindo a fabricação artesanal de cervejas a bordo -, Carnival é líder do mercado com mais de 100 navios e um leque completo de marcas. Possui Carnival Cruise Line (principalmente para o mercado americano), Princess Cruise, Holland America Line, Seabourn, Cunard, Aida Cruises (focada no mercado alemão), Costa (mais popular na Itália, França e Espanha), P&O Cruises. Em 2018 vai agregar à sua frota quatro novos navios para Carnival Cruise Line, Seabourn, Holland America Line e AIDA Cruises. Mas com a programação de várias vendas de navios obsoletos, a capacidade global do grupo só deve aumentar em 1,9 %.

Mein Schiff 5, cooperação da Royal Caribbean com a TUI

Royal Caribbean Cruises é um outro grande grupo americano, com seis companhias de cruzeiros, sendo as principais Royal Caribbean International, Celebrity Cruises, Pullmantur (mercado hispânico) e Azamara Club Cruises. O grupo escolheu desenvolver uma colaboração muito estreita com grandes operadoras de turismo, chegando a gerenciar navios através de parcerias com a TUI (na TUI Cruise, focada no mercado alemão) e com a Ctrip (na SkySea, voltada para a espetacular expansão do mercado chinês).

Operando as marcas Norwegian Cruise Line, Oceania Cruises e Regent Seven Seas Cruises, a Norwegian Cruises festeja seus 25 anos com uma frota de 25 navios e uma politica comercial bastante agressiva para justificar os sete novos navios que receberá até 2025).

Comemoração da primeira flutuação do MSC Seaview

Mas o crescimento mais espetacular das companhias de cruzeiro pertence, sem dúvidas, à companhia ítalo-suíça MSC. Hoje dona de 12 navios, ela encomendou em novembro passado dois “Seaside Evo”de 4.560 passageiros que serão entregues em 2021 e 2023, além dos 10 já encomendados até 2026. Um investimento de 10 bilhões de dólares dobrará a frota da empresa, a máxima ambição permitida pela capacidade de produção dos estaleiros capazes de construir os novos gigantes dos mares.

Para a MSC e para todas as companhias de cruzeiros, o futuro parece mesmo tão azul quanto as águas do Caribe ou do Mediterrâneo A não ser uma improvável subida do preço do barril de petróleo acima de 100 dólares, que ameaçaria a rentabilidade de muito navios, as projeções são de um crescimento de 7% ao ano para os próximos dez anos, sendo que, depois,  the sky is the limit...

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Serge Fabre na revista profissional online La Quotidienne 

 

Lançamento da temporada 2018 da MSC , com saídas da Martinica

Nos EE-UU, na Europa, na China ou no Brasil, os surpreendentes megahubs mundiais!

Air France comemorando com a Gol e o Ceará o seu hub de Fortaleza

Nunca se falou tanto dos “hubs”, essas plataformas de correspondência aeroportuárias onde as companhias aéreas concentram parte dos seus voos para assegurar aos seus clientes conexões rápidas e seguras. Os hubs estão crescendo no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde Fortaleza está virando um grande hub nordestino, reforçado com a próxima chegada do grupo Air France -KLM ligando, com a cumplicidade da GOL, o Norte e o Nordeste com Paris e Amsterdã. A nível mundial, a OAG (Oficial Airlines Guide) acabou de publicar uma pesquisa pontuando e classificando os maiores hubs mundiais em função dos números de conexões oferecidas aos viajantes dentro de um prazo de seis horas. Mas, enquanto os especialistas esperavam que os Estados e a China iam se mostrar líderes disparados, os resultados mostram uma realidade diferente.

Londres, primeiro hub internacional segundo o OAG

De forma surpreendente, não tem nenhum aeroporto chinês ou norte americano, e nenhum aeroporto dos temidos países do Golfo, no pódio dos três primeiros megahubs mundiais. O  vencedor disparado é Londres Heathrow, que aparece como o aeroporto internacional mais conectado do mundo. No último mês de julho, ele chegou a oferecer até 72.000 opções de conexões de chegadas ou de saídas, domésticas ou internacionais, num prazo de seis horas. Atrás vêm Frankfurt e Amsterdã, assegurando para a Europa uma inesperada liderança, ainda confirmada com a posição de Paris Charles de Gaulle em nono lugar, e de Munique em décimo quarto.

O aeroporto de Pequim, ainda fora do Top 30 mundial

No Oriente Médio, nos disputadíssimos caminhos para a Índia e a China, Dubai consegue ficar em 20º lugar, mas é ultrapassado por Istambul, agora em 15º lugar, com rotas aéreas para 270 destinos. Na Ásia e no Pacífico, 16 aeroportos constam no ranking do Top 50, sendo a liderança do megahub de Singapura (em sexto lugar do ranking geral) com 35.000 opções de conexões. A surpresa vem da China, que não coloca nenhum aeroporto nos vinte primeiros, somente três nos cinquenta primeiros – Xangai, Pequim e Cantão -, e que é ultrapassada pela Indonésia (Jacarta), Malásia (Kuala Lumpur), Hong Kong, Tailândia (Bangkok) e até a Coreia (Seul).

São Paulo coloca seu megahub somente em 42º lugar

Nas Américas, o aeroporto de Nova Iorque JFK fica somente em 18º lugar, ultrapassado pelo “most busy in the world” O’Hara de Chicago, pelo menos esperado Toronto Airport, e até por Atlanta, Los Angeles e Miami . O Brasil somente aparece na lista em 42º lugar (com uma pontuação de 120) com o aeroporto de Guarulhos, terceiro da América Latina atrás de México (21º) e de Bogotá (41º). São ainda incluídos no Top 50 os megahubs latinos de Porto Rico (46º) e de Panamá (47º).  A pesquisa da OAG destaca, porém, que no ranking especifico dos aeroportos oferecendo as melhores conexões em termo de voos low-cost, Guarulhos aparece num promissório 23º lugar.

O ranking e a pontuação OAG dos 20 primeiros megahubs internacionais

1 – Londres Heathrow    379
2 – Frankfort   307
3 – Amsterdã   299
4 – Chicago  295
5 – Toronto  271
6 – Singapura   257
7 – Jakarta   256
7 – Atlanta   256
9 – Kuala Lumpur   242
9 – Paris CDG  242
11 – Los Angeles   235
12 – Hong Kong   233
13 – Bangkok   226
14 – Munique   221
15 – Istambul   219
16 – Miami   204
17 – Seul   196
18 – Nova Iorque JFK   195
19 – Houston   184
20 – Dubaï   183

A lista completa e a metodologia da pesquisa podem ser encontradas no site da OAG

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Serge Fabre na revista profissional online La Quotidienne

Wi-Fi a bordo: em 2016, virando rotina?

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São hoje pelo menos sessenta companhias aéreas que oferecem serviços de Wi-Fi a bordo dos seus aviões. A plataforma de viagem routehappy.com acabou de publicar uma interessante pesquisa comparativa das suas ofertas, tanto nos voos de longas que de curtas distancias. O ranking assim estabelecido leva em consideração os equipamentos, a qualidade do serviço, mas também a oferta global de assentos (available seat miles ASM) de cada companhia, critérios que levam a calcular que 36% dos viajantes podem hoje se conectar com a Internet.Delta As três maiores companhias americanas lideram o ranking, a Delta ficando com uma pequena vantagem sobre United e  American. A Southwest é a quinta colocada, bem na frente da Virgin America que tem 100% de seus aviões equipados, mas com uma oferta global de assentos muito menor. A concorrência na América do Norte obrigou as companhias a acelerar seus investimentos em 2015, e seus passageiros tem hoje 76% de chances de ser beneficiado com uma conexão a bordo,  sendo esse numero reduzido a 24% nas companhias de outras regiões do mundo.

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Depois de Emirates, empatada com Etihad em sexto lugar, a Lufthansa oferece o Wi-Fi em 100% dos seus voos de longa distancia. Ela é uma das poucas companhias europeias  bem colocada, na frente de Aeroflot, Norwegian, Iberia, Aer Lingus ou Turkish. A pesquisa mostra também que duas das maiores companhias europeias e mundiais, a Air France e a British, mesmo dando prioridade para a clientela corporativa, ainda têm muita cautela quando se trata de Wi-Fi a bordo. Wi-Fi na Air FranceEm parceria com a telefônica francesa Orange, a Air France está testando a bordo de vários Airbus A320 um Wi-Fi de alta velocidade onde será até possível de assistir a televisão, uma tecnologia também testada pelos Trens de Grande Velocidade da SNCF. Com muita pressão dos passageiros – especialmente os Frequent flyers – , esse serviço está funcionando na Virgin America e vai começar em breve na Jet Blue. A Delta, a Aeromexico, a Virgin Atlantic e a Lufthansa estão também se preparando e vão obrigar as grandes concorrentes a encontrar em 2016 as soluções técnicas necessárias.

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A pesquisa de routehappy.com mostrou também que a concorrência em algumas rotas obriga as companhias a acelerar a oferta de Wi-Fi. É o caso de Nova Iorque a Dubai, de Los Angeles a Tóquio ou de Londres a Singapura que constam os maiores números de voos conectados, enquanto é difícil navegar na Internet de Londres para Hong Kong, ou nas principais conexões saindo de Paris. Wi-Fi-en-volA concorrência vai também provavelmente acelerar a gratuidade do serviço, hoje exclusiva dos passageiros da Primeira e da Executiva, mas que será com certeza ampliada em breve para todos os viajantes. No Brasil, a GOL saiu na frente, prometendo instalar o Wi-Fi até o final do primeiro semestre de 2016 em toda a sua frota, em parceria com a Gogo, que irá oferecer a tecnologia necessária e a transmissão de dados via satélite quando no ar. Se o Wi-Fi ainda não é rotina nos céus brasileiros, vai com certeza vira-lo em breve.

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Serge Fabre na revista de turismo on-line La Quotidienne

Air France WiFi

A Martinica, entre a Pompei tropical e o Paris do Caríbe

O Rochedo do Diamante visto de Sainte Anne

O Rochedo do Diamante visto de Sainte Anne

Para os brasileiros, a Martinica será sem dúvidas a grande novidade dos cruzeiros caribenhos do verão.  A partir do 19 de dezembro, a MSC Cruzeiros oferecerá um roteiro completo de sete noites, saindo de Fort de France e  com escalas em varias ilhas francesas – alem da Martinica, Saint Martin, Saint Barthelemy e a Guadalupe. mscA viagem aérea de ida e volta entre São Paulo e Fort de France, aproveitará um vôo da companhia Gol, fretado pela MSC e que ligará diretamente as duas cidades pela primeira vez. Ainda pouco conhecida no Brasil – ainda que todos já cantaram Chiquita Bacana ou Banana Real -, a Martinica acredita que o sucesso dessa operação será uma grande oportunidade para os brasileiros descobrir melhor um destino que já foi  conhecido como o Paris das Antilhas.

Martinique - Saint-Pierre e a Montagne Pelée

Martinique – Saint-Pierre e a Montagne Pelée

Mas que suas praias pretas ou brancas,  seu mar turquesa, ou suas flores exuberantes que encantaram o Cristovo Colombo e lhe deram o seu nome (Madinina, a Ilha das Flores) , foi o vulcão Montagne Pelée (a Montanha Pelada) que marcou a historia da Martinica. A sua então capital, Saint Pierre, era em 1902 a cidade mais rica e mais avançada do Caríbe. Tinha industrias de açúcar e de rum, tinha um porto modernismo, ruas pavimentas com  iluminação publica, tinha um bondinho, um jardim botânico e um teatro de 800 lugares copiado do teatro de Bordeaux.Saint Pierre, o dia seguinte No dia 8 de Maio, as 7h52 da manhã, o Paris tropical virou a Pompei do Caríbe. Vindo do cratera do vulcão, uma nuvem de cinzas e de gases, com uma temperatura de mais de 1000 graus, arrasou todos os prédios, fundiu grades e portas de ferros, e matou todos os seus 30.000 habitantes.  A cidade foi reconstruída, perdeu o seu status de capital da ilha para Fort de France, mas a visita dos seus monumentos reconstruídos – Igreja ou Câmara de comercio, dos seus dois museus históricos , a caminhada nas ruínas e a visão da prisão onde era encarcerado Louis Cyparis, o único sobrevivente (protegido pelas paredes dos subterrâneos, ele saiu ileso depois do calor derreter todas as grades), são momentos de grande emoção para o visitante.

A Camara de comercio e a igreja de Saint-Pierre

A igreja e a Câmara de comercio de Saint Pierre

Com os navios da MSC acostando no centro de Fort de France, os brasileiros vão poder caminhar nesse cidade que guardou o espírito parisiense que rodeava as ruas de Saint Pierre. Mesmo misturando as culturas francesa e “créole”, mesmo vibrando tanto com a melodias francesas que com os ritmos do Zouk local, A igreja de BalataFort de France continua com um “je ne sais quoi” de Paris. Pode ser a igreja de Balata que lembra o Sagrado Coração de Montmartre, pode ser a presencia permanente da Josephine, esposa do Napoleon nascida na Ilha, pode ser as estilosas butiques com famosas marcas francesas, pode ser suas numerosas opções de restaurantes. Talvez, mais do que isso, deve ser a paixão pela cultura, a procura permanente pela elegância , e essa pitada de arrogância parisiense que os moradores porem gostam, espírito caribenho obriga, de abandonar frente aos visitantes.

Jean-Philippe Pérol

A praia do Club Med

A praia do Club Med

Transporte aéreo: o boom das receitas adicionais vai continuar!

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Quem não gostou de pagar 5 reais seu cafezinho na sua ultima viagem com a Gol vai ser decepcionado de saber que a cobrança de serviços anexos pelas companhias aéreas não para de crescer no mundo inteiro. Numa pesquisa feita junta as 63 maiores empresas de transporte aéreo internacional, a IdeaWorksCompany/Car Trawler mostrou que, pelo oitavo ano seguinte, essas receitas, incluindo vendas a bordo e vendas ligadas a programas de milhas, chegaram a 17,49 USD por passageiro, um crescimento de 8,5% em relação a 2013. air-journal_Ryanair-vs-easyJetNo geral, foram 38,1 bilhões de USD e um crescimento de 21% em um ano. “As receitas adicionais são hoje um indicador do sucesso comercial das empresas”, declarou Michael Cunningham, diretor comercial da CarTrawler. ” Elas não são mais uma característica das companhias low-cost porque todas as companhias aproveitam essa renda. A questão não é de saber quem cobra para os serviços, para se esses serviços são de qualidade. Segundo essa pesquisa, a procura de receitas adicionais aumentou ainda mais a concorrência entre as transportadoras tradicionais e as companhias low cost. E a competição criativa colocou essas receitas, bem como a tarificação extra do máximo possível de serviços, no coração da briga pelos lucros.

Top 10 das companhias aéreas: total das receitas anexas

Top 10 das receitas anexas, em valor

Se o top 10 das companhias aéreas com as maiores receitas adicionais é claramente liderado pelas empresas estadounidenses, se deve anotar a boa colocação da Air France que ficou em quarto lugar com 2,046 bilhões de USD. UNITED BAGAGENSOs detalhes dessas receitas não são fornecidos por todas as companhias que participaram da pesquisa. A partir do exemplo da Easy Jet, pode porem fazer uma estimativa: 50% desses valores provenham das bagagens, 20% de comidas e bebidas, 8% de lugares específicos ou de upgrades, 8% de outras compras a bordo e 14% de compras ligadas aos programas de “frequent flyers”.

Top 10 das companhias aéreas: percentagem das receitas anexas

Top 10 das receitas anexas, em percentagem

O top 10 muda porem completamente quando se mede o peso dessas receitas no faturamento global das empresas, as low costs voltando a liderar a lista e a Spirit, famosa pela sua agressividade nas vendas, sempre colocada em primeiro lugar. Mesmo quando voltaram a atacar também os segmentos de viagens de negócios, essas companhias continuam cobrando os seus serviços, as vezes (caso da Ryan Air ou da Easy Jet) cobrando um forfait anual de 200 USD incluindo automaticamente embarque prioritário, lugares específicos e bagagens suplementares. GOL NO ARNovos serviços vão ainda aumentar as ocasiões para o passageiro colocar a mão no bolso. Para as companhias, a mais promissora é o acesso a Internet que já esta sendo oferecido em alguns trechos por companhias como American Airlines, Lufthansa ou Air France, e que deve ser operacional em breve no Brasil. A Gol está com um projeto quase pronto, fruto de parceria com a empresa de conectividade em aeronaves Gogo, com preço  entre 10 e 20 dólares para passageiros esporádicos e entre 3 e 5 dólares para os passageiros mais frequentes. Ai os viajantes vão ter até saudades dos 5 Reais do cafezinho ….

Champagne para todos. So na Air France!

Esse artigo foi traduzido e adaptado dum artigo original do L’Écho touristique

Chicken or pasta?

American_Airlines.Airline_meal.CDG-JFK.2010

Se o viajante é por natureza atraído pelas outras culturas, feliz de descobrir outras visões do mundo, interessado em novas experiências gastronômicas, aberto a  novos tipos de relacionamento,  ele  tem expectativas mais definidas quando se trata da sua companhia aérea. air-france-travel-2014-campaign4.jpg.pagespeed.ce_.BYdxf2h58qPode ter a sua companhia favorita, pode ter escolhido uma companhia bem específica para tal ou tal viagem, pode ser pelas milhas, pela imagem ou pelo serviço, mas a aviação ainda é um setor  onde a força – e até a magia – das marcas motivam o consumidor. Claro que as exigências mínimas são as mesmas, mas as expectativas são diferentes. O viajante não espera o mesmo serviço na TAM ou na Gol, o mesmo atendimento de bordo na Lufthansa ou na British, o mesmo cardápio na Air France ou na American, ou os mesmos aviões da Azul ou da Delta.

O crescimento das alianças – One World, Skyteam e Star Alliance -, e a multiplicação dos code-share, incluindo nos vôos domésticos brasileiros, estão complicando as escolhas e até desnorteando os consumidores. 1Nem todos sabem que o vôo Brasilia Rio de Janeiro Lufthansa LH2347 é operado pela TAM e que o check-in não será com padrão alemão. Ou que o vôo da Air France Manaus-Brasília AF2047 não tem nenhuma refeição inclusa a bordo já que é um vôo operado pela Gol. Pode estranhar também que um vôo da Delta, o DL6932, que dura mais de cinco horas, não possui poltronas reclináveis …

Difícil para o viajante nos voos domésticos de conexão, essa discrepância entre os parceiros das grandes alianças são ainda mais incompreensíveis quando os code share são numa mesma rota. As surpresas serão raramente agradáveis, seja os riscos de errar de terminal, de não encontrar o seu processo de check-in costumeiro, ou de descobrir que não vai viajar num Airbus novinho mas num velho 747. L1030980 - copieTalvez pior ainda, enquanto espera a chegada do seu jantar, sonhando com a voz da aeromoça dizendo com sotaque francês: ” O senhor já escolheu o seu prato principal?”, poderá ser acordado com uma voz grossa perguntando: “Chicken or pasta?”.

Com passageiros cada vez mais sensíveis a qualidade (ou a falta de qualidade) dos serviços oferecidos, é essencial não criar desilusões que pode ter graves consequências, especialmente a bordo. Nas ultimas semanas, dois aviões tiveram que fazer pousos forçados devido a passageiros furiosos. 1409055342000-Knee-DefenderUm voo da United Arlines Newark-Denver teve assim que pousar em Chicago. Inconformado com o pouco espaço entre as poltronas, um passageiro tinha utilizado um “Knee Defender”, um aparelho que impede o seu vizinho de frente de deitar a poltrona dele. O inventor, Ira Goldman, um homem de negócio de um metro e noventa, criou esse aparelho (que só custa 22 USD) porque não aguentava mais ver o espaço para as suas pernas ser reduzido cada ano, hoje até menos de 43 centímetros  em algumas companhias aéreas.

PREMIERE AIR FRANCE

É com certeza desaconselhável chegar a tal extremismo, mas por isso é necessário que as companhias respondem a essa preocupação dos consumidores. As alianças são necessárias e oferecem extraordinários vantagens para os viajantes, mas cada companhia parceira tem a sua historia, a sua imagem, os seus serviços e os seus clientes. As sinergias só podem existir e progredir na transparência e na definição de um padrão de qualidade  mínimo, com um code-share sendo também um quality-share para fazer de cada viagem uma boa experiência compartilhada.

Jean-Philippe Pérol

Air France em Brasília! Pioneirismo e fé no futuro brasileiro.

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Com o mesmo espírito de pioneirismo que já caracterizou toda a sua história no Brasil, Air France inaugurou dia 31 de Marco um novo voo para Brasília, terceiro destino no Brasil, depois de Rio de Janeiro e São Paulo. fotoO voo direto de Paris – Charles de Gaulle para o aeroporto Juscelino Kubitschek em Brasília tem três frequências semanais (segundas, quartas e sextas) e é operado por um Boeing 777-200 . Na ida o voo sai às 22h40 e chega em Paris às 14h20 do dia seguinte, na volta  é um voo de dia que sai  às 13h30 e chega em Brasília às 19h15.

Sonhada desde os anos setenta, esse primeiro voo foi festejado com todas as honras. aacf6aa8920c0ada5f04b78c2c33b0a2Teve recepcão na embaixada da Franca, autoridades no aeroporto cortando a fita tradicional com o diretor geral da Air France, Frederic Gagey, bombeiros batizando o avião com jatos de água e felizes convidados embarcando para quatro dias de festa em Paris a convite da Atout France e dos seus parceiros.

Esse voo é sem duvida uma boa noticia para todos os viajantes brasileiros, os brasilienses, claro, mas também todos aqueles que moram no Centro-Oeste e na Amazônia. EDI_8274Com a parceria inaugurada em 2009 e reforçada em 2014 com a GOL, 28 aeroportos vão integrar o code share, levando cidades como Belém, Campo Grande, Goiânia, São Luiz, Manaus ou Cuiabá a se sentirem mais próximas de Paris…

Oportunidades e promoções poderão até interessar viajantes vindo do sul do país, de Minas ou do interior de São Paulo. Mas com somente 35 voos semanais para França (sendo 28 do Grupo Air France), os brasileiros estão esperando ainda mais lugares e mais opções para o seu destino favorito na Europa.

Os próximos passos da Air France, a chegada do Airbus 380 nos próximos meses, e o aumento das frequências para Brasília se o sucesso se confirmar, são agora esperados com muito otimismo. E a médio prazo, para enfrentar a concorrência dos EE-UU ou do Portugal que interligam mais de dez capitais brasileiras, a abertura de novas rotas, especialmente no Nordeste, será imprescindível.

Até lá, parabéns e Merci Air France por apostar no crescimento dos fluxos turísticos entre a Franca e o Brasil!

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Jean-Philippe Pérol