O Chateau Lacoste, um dos vinhedos que mudou a imagem do Rosé
A safra 2022 vai ser complicada nos vinhedos franceses. Gelo na primavera, seca e calor excessiva no verão levaram a vindimas antecipadas a partir do final de julho no Languedoc ou na Córsega. As perturbações climáticas ameaçam os equilíbrios complexos que impactam os aromas, a acidez e a teor em alcool dos vinhos. O aquecimento global preocupam os produtores que estão tentando antecipar soluções com mudança no trabalho nos vinhedos, relocalizações de parcelas, ou mudanças de variedades de uvas (210 são autorizadas na Franças mas as dez primeiras representam hoje 75% da produção). Novos vinhedos ou novos vinhos poderão assim aparecer nos próximos anos.
Na França, o Rosé é a bebida associada ao calor do verão
Nesse quadro de incertezas onde terá ganhadores e perdedores, o vinho Rosé parece aproveitar a crise com uma qualidade agora reconhecida e umas características valorizantes nos ecosistemas do século XXI. “O Senhor aceita um copo de Rosé? Não, obrigado, mas gostaria de tomar um vinho”. Esta piada depreciativo e injusta marcou a educação enológica de muitos franceses para os quais o Rosé – e mais ainda o Rosé de Provence – era nada mais que uma bebida refrescante exclusiva das ferias de verão. Os tempos estão mudando, os gostos também, e na onda de calor que do hemisfério Norte, os produtores de vinho Rosé podem talvez festejar o aquecimento global. Na França, o “Rosé” é a bebida rainha da temporada, com um crescimento das vendas de 10% em relação ao ano passado, um dinamismo inédito frente ao vinho tinto cujo consumo recuou de 8,5%.
Perto de Carcassonne, os vinhos rosé do Pays d’Oc
Com 34% da produção mundial – frente a Espanha, aos EEUU e a Itália -, a França é líder do setor, com varias denominações de origem para seus Rosés. Os mais conhecidos vêm da Provence, que representam 19% da produção com as etiquetas de Côtes de Provence, Coteaux d’Aix-en-Provence ou Coteaux Varois-en-Provence. Nesses vinhedos emblemáticos são elaborados alguns dos Rosés mais caros do mundo. Mas a primeira região produtora é a Occitania com quase 50% do total, as apelações Pays d’Oc sendo as mais importantes. Outros vinhedos franceses, no Vale de Loire, na Savóia, em Bordeaux, e até na Champagne, produzem, e exportem, os seus rosés.
O Miraval do Brad Pitt produz o Rosé mais caro do mundo
Se os franceses continuam sendo os maiores consumidores com 35% do consumo mundial, o rosé atraia cada vez mais amadores dos Estados Unidos, da Espanha, da Alemanha e até do Brasil. Os enófilos apreciam agora sua diversidade. O pinot noir da uns rosés bem clarinhos, o syrah, o carignan e o merlot repassam cores mais fortes, o grenache rosés alaranjados, e a uva cinsault cores quase amarelas. Novos consumidores são também seduzidos pela qualidade crescente, consequência dos esforços dos produtores que estão por exemplo esticando os tempos de guarda, hoje quase sempre superior a um ou até dois anos para os vinhos produzidos pela Associação internacional dos Rosés de terroirs.
A alegria e a simplicidade do rosé agradam os millennials
Revalorizado, descontraído e fácil de beber ( pode até “fazer piscina”, seja por uma pedra de gelo no seu copo sem que isso seja um crime), o Rosé aproveita as imagens de férias e de sol que ele carrega. Seus críticos falavam do Rosé de Provence, o mais famoso dos rosés, que quem o bebia não estava bebendo vinho. Bebia as oliveiras da Provence, as tardes ensolaradas, bebia os anciãos jogando bocha na pracinha do vilarejo, os campos de lavanda e o canto das cigarras. Outrora gozação, essas imagens de terroirs podem, em tempos de verões mais quentes e mais compridos, de ferias mais frequentes e de consumidores mais relaxados, ajudar o Rosé a virar o xodó do aquecimento global.
Para cada viajante, um decreto de confinamento com copias para desembargadores e juizes
Viajar é preciso, e mesmo como as restrições legitimamente impostas pela luta contre o Covid, alguns turistas estão se arriscando. Do Brasil, é assim possível ir nos Estados Unidos, se aceitar passar 14 dias de quarentena num destino aberto – o México por exemplo-, ou na França, se tiver um passaporte europeu e aceitar passar 10 dias de confinamento na chegada. Aproveitando o fato que a Air France (quase) sempre manteve os seus voos para Paris, e já tendo recuado duas vezes a nossa viagem, decidimos de fazer essa experiência de turismo em família em tempo de pandemia, um roadtrip incluindo a Auvergne, a Borgonha, o Vale do Loire e Paris.
A Air France assegurando a ligação França-Brasil
A viagem começa bem – o pessoal de bordo da Air France fazendo o máximo de esforço para tirar o estresse dos poucos passageiros, até a chegada em Paris e o começo das dificuldades. Vindo do Brasil, os viajantes são colocados em longas filas, da polícia, do registro do lugar de confinamento, do teste PCR (brasileiros, franceses, indianos e sul africanos, negativos e positivos, bem juntinhos). E depois de duas horas e meio (para os primeiros, os últimos levaram mais de quatro horas), conseguimos sair com o imponente decreto de confinamento assinado pelo “Prefet” de policia de Paris, com cópia para dois desembargadores e dois presidentes de tribunais regionais.
Com obrigação de ir diretamente para o lugar de confinamento, corremos na Hertz e saímos logo para a nossa casa da família, 350 quilômetros a fazer sem poder parar para respeitar o confinamento. Contornando Paris, o nosso itinerário nos leva até Orléans, atravessa o Rio Loire (sem ver os castelos) , e segue depois o vale do Rio Cher (o mesmo que passa em Chenonceaux), Bourges, a floresta de Tronçay com seus carvalhos pluri centenários, Montluçon e as últimas curvas atravessando as antigas minas de ouro. Com medo das multas de 1000 Euros para quem furar o confinamento e de 135 Euros para quem furar o toque de recolher, chegamos até adiantado no nosso destino, Auzances.
O impressionante empenho da PM local vigiando os confinados
Começou então a rotina do confinamento. Correr de manhã para aproveitar as duas horas (das 10:00 as 12:00) disponíveis para fazer as compras ou passear em um raio de um quilômetro, decisões dos sábios dos 27 comitês que administram na França a luta contre o Covid. Descobrir logo a eficiência da PM que apareceu de manhã cedo para ter certeza que estávamos em casa, e do ministério da saude que ligou três vezes perguntando se eu era eu, e se minha esposa era minha esposa …. pensei que era uma piada e perguntei para o atendente, mas era colombiano e não falava bem francês, só resolvemos falando em espanhol para a família ser checada e liberada.
Brinquedos no supermercados, nem pensar!
Confinamento é rotina, mas também confronto com a burocracia. Correndo para o supermercado, descobrimos que era possível comprar comida mas não eletrodomésticos, livros mas não brinquedos, e meias de crianças mas somente até dois anos. As sementes eram proibidas se for para plantar, mas liberadas para dar para seu canário. Não podia entrar em loja de móveis, mas fazendo a encomenda na hora pela internet, podia retirar o que for precisa. Nosso carro da Hertz pifou, mandaram o reboque mas para ser substituído era necessário buscar o novo a uma distancia de 60 quilômetros, sendo necessária então uma autorização excepcional que ninguém era competente para dar.
Mesmo a 1 km de casa, o campo é lindo mesmo
Estar trancado na casa de família tem seus momentos de alegria. É possível receber parentes ou amigos, até seis de uma vez e com máscaras, e a condição que o encontro não dure mais de quatro horas. É também a ocasião de novos encontros, por exemplo os PM da cidade vizinha que viram dar apoio a seus colegas daqui provavelmente cansados de passar quase todo dia sem deixar nem uma multa. E de reencontros, por exemplo uma velha amiga de infância, hoje enfermeira, que passou para recolher o material para nosso terceiro teste PCR em 10 dias – nenhuma exceção sendo prevista para os vacinados. E mesmo nos limites de um quilômetro, o campo da minha terra é lindo mesmo.
A lareira de casa, um lugar perfeito para viver um confinamento
Mas esse confinamento é mesmo cheio de emoção e raízes, um tempo para abraçar parentes, reforçar amizades, medir o carinho dos moradores e até da prefeita, jogar bola com minha filha na frente da igreja, ou olhar com minha esposa a fogueira na grande lareira que esquenta a casa desde o século XVI. No décimo dia de isolamento, depois de mais uma ligação do ministério da saúde, e esperando o último controle da PM, pensamos que finalmente foi o justo preço a pagar para seguir o nosso roteiro para os vinhedos da Borgonha em Beaune e Dijon, o SPA das Sources de Cheverny, e as novidades Parisienses, o Hotel de la Marine e a Bourse du Commerce. Viajar é preciso, mesmo nos tempos de pandemia.
O castelo du Breuil foi renovado com total respeito a sua arquitetura
Com uma natureza protegida nas beiras do “último rio selvagem da Europa”, o fascínio dos castelos do renascimento francês, e vinhedos produzido um vinho leve, frutado e alegre, a região francesa do Vale de Loire tinha todos os requisitos para abrigar um novo capítulo da história do grupo hoteleiro Les Sources de Caudalie. Localizado em Cheverny – perto do famoso castelo que inspirou o Moulinsart das aventuras de Tintim, o novo Les Sources de Cheverny vai oferecer as mesmas experiências de bem estar, cultura, gastronomia e enoturismo que fizeram o sucesso do primeiro “Palace” dos vinhedos. Se a crise sanitária atrasou as obras, Alice e Jérôme Tourbier, os donos do grupo, já estão dando os toques finais antes da abertura dia 1ero de Setembro.
Os amplos e serenos quartos do castelo
O prédio principal do hotel é mesmo um autêntico castelo, o Château de Breuil, cuja parte mais antiga é do século XV, mas que foi completamente transformado no século XVIII, com as simetrias, os telhados e as aberturas obedecendo ao classicismo da época. O castelo já funcionava como hotel desde 1985, mas o novo projeto foi muito mais ambicioso. Respeitando a arquitetura e renovando as salas do térreo, ele integrou a modernização total de todos os quartos, com especial atenção na claridade dos espaços, no tamanho dos banheiros, na harmonização das cores e na personalização dos móveis, alguns sendo pessoalmente escolhidos pela Alice nos antiquários da região.
Seguindo a estrada que caminha dentre dos 45 hectares do parque, o visitante tem a impressão de chegar em uma vila onde tudo é charme, beleza, e tranquilidade. Além do castelo principal, o projeto aproveitou todas as antigas dependências, casas de empregados ou prédios de serviço. Com várias construções novas inspiradas das Les Sources de Caudalie – a recepção, os bangalôs do “Hameau” e a emblemática torre da suite do “Baron perché” -, o conjunto lembra um vilarejo da região. A diversidade das construções e de ambientes vai ajudar, segundo o Jérôme, a responder aos pedidos de clientes diferenciados, com preços escalonados de 180 à 1200 euros por dia, para casais procurando luxo e bem estar, famílias atrás de cultura e tranquilidade ou jovens epicurianos.
Além de dois restaurantes, o pique nique é uma grande experiência gastronômica
Se o vinhedo ainda vai demorar para produzir um vinho à altura das exigências de Alice e Jérôme, o visitante vai encontrar nas novas Les Sources de Cheverny todas as experências de bem estar que fizeram a magia das Les Sources de Caudalie. Desde o Spa Caudalie com o seu tradicional banho no barril de carvalho, os passeios na floresta do parque, e até os dois restaurantes, um dos dois do tipo “Bip gourmant” e o outro gastronômico. O chef Jean Calmet, que passou pelas cozinhas do La Tour d’Argent em Paris, do Lancaster e do La Reserve, já está no local, percorrendo a região para achar os melhores produtos e as receitas combinando com o ambiente peculiar do Vale do Rio Loire e com o arte de viver da “doce França”.
Os quartos sempre personalizados nos móveis e nas cores
A menos de duas horas de Paris, perto dos mais procurados castelos do Vale de Loire (Chambord, Chaumont sur Loire , Blois, Amboise, e até Chenonceau), Les Sources de Cheverny pode ser tanto uma etapa de bem estar, para quem volta de Bordeaux ou da Auvergne para Paris, quanto um verdadeiro destino combinando cultura, arte de bem viver, gastronomia e enoturismo. Para o 1ero de Setembro, devido as restrições de viagens, as reservas chegam principalmente da França, mas Jérôme e Alice fazem questão de ressaltar que as clientelas internacionais, especialmente norte americanas mas também brasileiras, serão chaves para o sucesso desse novo empreendimento.
Nascida nos vinhedos de Bordeaux, a visão de um turismo enraizado nos “terroirs” levou Alice e Jérôme Tourbier a desenvolver não somente o primeiro hotel categoria Palace da região, mas um verdadeiro conceito inovador e respeitoso do ecossistema. Também presidente de Small Luxury Hotels of the World , Jérôme respondeu a uma entrevista sobre os desafios do turismo de luxo e a evolução do seu grupo hoteleiro .
Alice e Jérôme Tourbier, donos do grupo Les Sources de Caudalie
Vendom.jobs – Qual é sua apreciação sobre a situação da hotelaria de luxo na França?
Jérôme Tourbier – Há trê anos, no meu livro Turismo em perigo, eu chamava atenção sobre a necessidade de considerar o turismo como uma indústria estratégica e de apostar na criação de valor. Quis dizer que a França devia virar um destino de alto padrão, com o melhor ratio “custo /emoção”. Sendo um destino caro, devemos ter uma oferta de qualidade que marca emocionalmente o nosso visitante . Toda a oferta não pode ser de luxo, mas a emoção deve sempre estar presente para seduzir o viajante. Há hoje na França muitos empreendimentos de grande qualidade. Olhando agora além do lucro imobiliário, os investidores estão cada vez mais dispostos a apoiar esse tipo de projeto.
A piscina coberta de Les Sources de Caudalie
V. J. – Quais seriam as condições imprescindíveis para um turismo combinando qualidade e rentabilidade?
J. T. – Na França, se confunde as vezes turismo de alto padrão com consumidores ricos. Claro que todos querem receber o máximo de viajantes com muitos recursos, mas queremos priorizar também aqueles que são interessados pelo nosso patrimônio cultural. Esse equilíbrio é fundamental para valorizar nossa oferta e para proteger nosso savoir-faire. Desta forma, é possível sim ter estabelecimentos de alto padrão, podendo ou não ser de luxo. Existem no pais inteiro por exemple restaurantes com chefs implicados na procura de qualidade, a melhor prova sendo as recomendações do Bib Gourmand do Guia Michelin. A importância dessa oferta de qualidade, não somente gastronômica, é única no mundo.
Com Alice Tourbier frente a Ile aux Oiseaux das Sources de Caudalie
V. J. – A alma do Sources de Caudalie é a integração num patrimônio e num terroir, que trazem autenticidade e sustentabilidade?
J. T. – Quando o Les Sources de Caudalie foi reconhecido como o primeiro “palace” dos vinhedos, o fato de estar completamente integrado no terroir da região foi exatamente considerado excepcional. A nossa inspiração vem diretamente do vinhedo aonde nos constatamos nos últimos vinte anos que existe um luxo autentico diferente do das grandes cidades. Estamos procurando ir sempre mais longe na procura desse luxo, investindo na beleza e nas emoções. Os hóspedes não procuram somente um alojamento, mas querem atividades compartilhadas em volta do enoturismo que funciona como uma vitrine para os vinicultores, os artesãos, os artistas e os produtores locais.
Les Sources de Caudalie, “La Tour de la Dégustation”
V. J. – Pela sua experiência, quais são os próximos passos a seguir?
J. T. – Vimos que o luxo agora é emoção. Fora das capitais, acho que devemos insistir na autenticidade, sem cair na caricatura para poder aproveitar nossa realidade e nossa história mas também levar em consideração as novas clientelas. Temos que mostrar a coerência dos nossos destinos, mas encontrar um equilíbrio combinando as atividades culturais, a gastronomia, o artesanato, a qualidade e a diversidade dos produtos. Um outro fator de crescimento é o numérico. Os profissionais do turismo estão acostumados a falar das consequências negativas da Internet, mas não devemos esquecer que foi ume revolução que criou extraordinárias oportunidades para promover novos destinos até então pouco aproveitados. Foi talvez o caso de Bordeaux.
O restaurante L’Étoile, do hotel Les étangs de Corot
V. J. – Quais são os principais projetos para o futuro do seu grupo hoteleiro?
J. T. – Especialistas do enoturismo, queremos investir em projetos nas grandes regiões vitícolas da França, começando no ano que vem com o Vale do Loire. Estamos acabando a construção do Les Sources de Cheverny, renovando um antigo castelo bem como uma vinícola, reabilitando um patrimônio histórico em total harmonia com as exigências de conforto mais contemporâneas. Nesta região que atrai numerosos turistas, esse novo estabelecimento terá a ambição de ajudar os hóspedes a descobrir as qualidades dos vinhos da região bem como as riquezas culturais dos castelos do Loire. Depois do Les Sources de Cheverny, outros projetos estão sendo estudados na Alsácia, na Borgonha, na Champagne e na Provence.
A suite Rouge Merlot das Sources de Caudalie
Este artigo foi traduzido e resumido de uma entrevista original de Jérôme Tourbier na revista on line Vendôm.jobs
Mesmo se os parisienses conseguiram superar as traumas dos dramas de novembro passado, mostrando que sua alegria de viver, e de receber os seus visitantes, era a melhor resposta a dar ao ódio e a intolerância, o turismo na cidade luz ainda não voltou aos níveis anteriores. A recuperação é visível nos principais destinos do interior da França, mas ainda é lenta em Paris, especialmente nos mercados internacionais, seja tradicionais ,como o Japão ou a Itália, ou seja emergentes, como o Brasil, a Rússia ou até a China. Para tranquilizar os turistas sobre a segurança e o atendimento e também reforçar a excepcional atratividade de Paris, o ministro das Relações exteriores e do turismo, junto com a prefeita de Paris, apresentou um plano de comunicação que será desenvolvido em 16 países do mundo, incluindo no Brasil.
Fast food, só em Paris
Lembrando que o turismo é uma prioridade nacional, um pilar da economia gerando dois milhões de empregos, o ministro anunciou que valorização da “Arte de viver” a francesa, a sua liberdade e a sua diversidade enraizadas na cultura nacional, serão os focos da campanha. A França quer lembrar que virou o primeiro destino do turismo internacional pela força da sua tradição de hospitalidade e pelos laços históricos ou culturais que ela sempre manteve pelo mundo. Cada visitante deve ser convencido que as autoridades e os profissionais estão empenhadas a garantir seu conforto, sua segurança e a qualidade do seu atendimento. Sendo mais atingida, Paris será também priorizada na campanha por ser o destino privilegiado dos turistas vindo de fora da Europa (85% dos pernoites dos brasileiros na França são parisienses) , e o portão de entrada para os outros destinos da França bem como de muitos roteiros europeus.
Tráfego aéreo, só no Vale de Loire
Com mais de cem ações programadas pela Atout France, a campanha se apoia em visuais alegres e descontraídos mostrando como a arte de viver a francesa pode transformar os mais comuns dos clichês em momentos de emoções ou em experiências únicas. Em cartazes nos aeroportos franceses , em quadros nas embaixadas, ou em posts nas medias sociais , a campanha terá toques de humor associando experiências inesperadas com os destinos promovidos: “Só em Paris”, “Só no Vale do Loire”, “Só em Versalhes”, “Só na Normandia” , e , claro, “Só na França”. Para conferir essas promessas feitas para os visitantes, o ministro declarou que serão convidados nas próximas semanas jornalistas, agentes de viagens, operadores, e blogueiros. Influenciadores vindo do mundo inteiro que ajudarão a desenhar e a divulgar experiências diferentes para viver a alegria da arte de viver a francesa.
O “slow travel” , um jeito de viajar dando prioridade a qualidade das experiências de viagem, e não ao número de atividades planificadas num roteiro exageradamente intenso, já pegou nos Estados Unidos e na França. Para muitos viajantes brasileiros, acostumados a um turismo acelerado, onde cada visita é logo seguida de uma outra, onde cada paisagem é lançada no Facebook antes de ser vista, onde cada prato de restaurante é comentado no Instagram antes de ser provado, e cada sorriso fixado num selfie, essa tendência pode parecer um retrocesso num mundo cada vez mais acelerado e participativo. As pesquisas, porém, mostram que a tendência para o “slow mouvement” como nova forma de aproveitar melhor a vida, já conhecida na gastronomia como “slow food”, começou a chegar no turismo. Uma pesquisa mostrou que são agora 53% dos viajantes que querem em primeiro lugar ficar sem estresse quando visitam um destino. Para eles, as viagens exageradamente organizadas, com atividades muito planificadas, perderem o seu sentido primeiro: relaxar!
O “slow travel” não é para visitar um destino, mas para viver-lo. Ele traz ricas experiências e muitas emoções, mas exige tempo, capacidade de improviso e respeito das tradições dos moradores. Em vez de reservar uma ou duas noites em cada hotel e atravessar correndo o maior número de cidades, a ideia vai ser de ficar o máximo possível no mesmo lugar, seja num hotel ou num apartamento alugado. Em alguns dias, o viajante pega os hábitos locais: tomar seu café ou seu aperitivo no bar da esquina, passear na feira livre do bairro ou do vilarejo, voltar nas lojas dos arredores para conversar com os comerciantes, ter o seu restaurante favorito onde é dada a preferência para a gastronomia da região.
Feira livre em Aix-en-Provence
O “slow travel” necessita também saber improvisar. Um encontro interessante com uns moradores, uma compra imperdível numa loja escondida numa rua desconhecida, ou a descoberta de um monumento que não está nos roteiros tradicionais, só aparecem para quem está sem compromisso e com uma capacidade de aproveitar as oportunidades que vão aparecendo. Esse nova tendência ajuda também a baratear as viagens. Ficar mais tempo no mesmo destino ajuda a negociar melhor os preços do hotel, a encontrar um apartamento bem localizado na Airbnb, ou a alugar uma casa com família ou amigos – permitindo também cozinhar. A boa integração no local ajuda também o turismo sustentável, facilitando o uso de transportes coletivos (sempre de difícil acesso numa viagem relâmpago) e ajudando assim o viajante no seu objetivo de participar da vida e da cultura local. E se o “slow travel” pode ser vivido em muitos destinos franceses, de Saint Germain des Prés até Bordeaux, de Aix en Provence até Biarritz, ou de Saint Paul de Vence até a Ile-de-Ré, ele pode também ser combinado com alguns tipos de ferias itinerantes tais como Vale e Loire de bicicleta ou os canais da Borgonha de barquinho. Viajando divagar, relaxando ao ritmo do “slow travel”, uma tendência que vai pegar também no Brasil.
Esse artigo foi inspirado de um artigo original de Juliette Hochberg no jornal francês Le Figaro
Símbolo do ecoturismo, económica, ecológica, invadindo até a Avenida Paulista, a bicicleta esta virando o xodó de muitos viajantes. Na hora do “Slow movement”, viajar de bicicleta significa escolher seu ritmo, tomar o tempo de aproveitar a paisagem, parar para tomar um banho de rio, visitar uma igreja, passear num vinhedo, conversar com os moradores ou esperar o por do sol. Procurando uma viagem esportiva, pitoresca e original, o turista pode então viajar com a sua bicicleta, ou simplesmente alugar uma quando chegar ao seu destino, inclusive se esse é uma das grandes metrópoles que já organizou esse modo de transporte para seus próprios habitantes. Assim como o Bike Sampa ou o Bike Rio, exista o City Bike em Nova Iorque, o Bixi em Montreal, o Youbike em Taipei ou, claro, o Velib em Paris.
Nos quatro cantos da terra, existem agora magníficos roteiros de bicicleta, e a Europa esta investindo num grande projeto EuroVelo que vai abrir até 2020 70.000 km de ciclovias organizadas em torno de 14 “veloroutes”. Uma das mais famosa já é sem duvidas a “Loire à velo”. Seguindo o vale do Rio – agora patrimônio da UNESCO – , esse itinerário representa mais de 800 km de ciclovias de Saint Nazaire e Nantes na Britânia até Nevers na Borgonha. A “Loire a velo” atravessa os grandes vinhedos e os mais famosos castelos do Val de Loire. Beneficiando de um acordo com as companhias ferroviárias, e da colaboração de 460 profissionais – hoteleiros, oficinas mecânicas, locadoras ou monumentos históricos -, recebeu o ano passado mais de 800.000 turistas vindo do mundo inteiro. Na França, são as regiões vinícolas que mais investiram na organização e nas ofertas de roteiros. Assim em Bordeaux, assim na Borgonha, com sua “Voie des vignes”, que criou um itinerário de 89 km de Dijon a Châlon, a percorrer em dois ou três dias com etapas que não precisam de nenhum comentário: Gevrey Chambertin, Chambolle Musigny, Vosne-Romanée, Savigny les Beaune, Pommard ou Meursault…
Tem também muitas maneiras de viajar de bicicleta. Pode ser sozinho, muito organizado com os hotéis jà reservados em cada etapa, ou com uma barraca para escolher na ultima hora o acampamento mais conveniente. Pode ser em casal – dividindo alegrias e correndo o risco de algumas pequenas brigas para definir o ritmo certo, a menos de escolher um tandem onde a harmonia é obrigatória. Pode ser em grupos organizados, inclusive de altíssimo padrão como por exemplo os itinerários mágicos da Butterfield and Robinson na Borgonha, na Alsácia, na Provence ou no Val de Loire. Qual que seja a sua escolha, todos esses cicloturistas estarão de acordo com o grande Albert Einstein que gostava de lembrar “a vida é igual a uma bicicleta, tem que ir para frente para não perder o equilíbrio .
Esse artigo foi traduzido e adaptado dum artigo original publicado na revista on-line Pagtour
Se os Reis da França gostavam antes de tudo da doçura do seu clima e da abundância das suas florestas, se foram as suas paisagens culturais que levaram a UNESCO a declarar-lo Patrimônio da Humanidade, o Val de Loire é antes de tudo a terra dos “Châteaux”. De Sully sur Loire até Angers, mais de 40 castelos, em maioria construídos na Idade Media mas completamente revisitados no Renascimento, fazem dessa região a “Douce France”, terra do Bem viver a francesa, das arquiteturas majestosas, das belas artes, da gastronomia finas e de vinhos atraentes.
Assim que os nove reis da França que aqui moraram e que os números artistas que aqui trabalharam, cada viajante tem que escolher o seu ou os seus castelos preferidos quando visita a região. Os apaixonados pela arquitetura gostarão de Chambord, da sua majestade e dos seus telhados ouriçados de 262 chaminés, de Chenonceau e da elegância da sua ponte-galeria, de Amboise e do seu gótico flamejante, de Loches e do seu patrimônio militar, ou de Blois onde sete reis imperaram estilos arquitectorais diferentes.
Os parques e jardins vão também ajudar o viajante a diferenciar os castelos, escolhendo seja os primeiros ensaios de Amboise, o parque “a inglesa” de Azay le Rideau, os dois conjuntos de Chenonceau, o parque de Chaumont sur Loire ou a perfeição de Villandry. E em Chambord, os 5440 hectares da Reserva nacional de Caça e animais selvagens lembram a vida, a riqueza e a beleza das florestas primárias de carvalhos e pinheiros.
Mas a emoção do visitante vem além de tudo da Historia, das lembranças e da herança cultural, de fatos heróicos, de eventos trágicos ou de anedotas divertidas que cada um desses castelos vai carregando desde o século XVI. Foi em Chinon que Joana d’Arc começou sua extraordinária aventura. Chambord foi o sonho italiano e renascentista de François I. Foi em Clos Lucé que viveu – e morreu – o Leonardo da Vinci, um parque museu lembrando hoje as obras do mestre. Em Amboise, a varanda dos enforcados mostra que foi nesse palácio real que começaram as guerras de religião. Brissac é orgulhoso de pertencer aos seus duques há vinte gerações, e Cheverny tem como maior atração de ter servido de modelo ao Hergé quando ele inventou de dar o castelo de Moulinsart ao Capitão Haddock, amigo do Tintim!
Mas são as historias de amor que fazem os mais bonitos e os mais românticos castelos, e assim é Chenonceau, o “Château des trois Dames”. Castelo feminino, construído de 1513 à 1521, oferecido pelo Senhor Thomas Bohier a sua esposa Catherine Briçonnet, ele foi depois cedido para o rei François I. O rei-cavaleiro pouco se interessou pelo castelo, visitando lo somente duas vezes, mas prometendo-lo a uma das suas conquistas, Diane de Poitiers. Morreu antes, mas o filho dele, Henri II, herdando da coroa, de Chenonceau e da dita favorita, cumpriu em 1547 a promessa do pai. Diane transformou o castelo, recebendo com grandes festas o rei, a rainha e toda corte. Faltava a inauguração da ponte sobre o Rio Cher pelos reais amantes, mas a morte trágica do rei em julho 1559 mudou outra vez o destino do castelo. Diga a lenda que, o rei ainda morrendo, a rainha mandou seus cavaleiros expulsar a favorita que recebeu porém em troca o castelo de Chaumont.
A terceira dama de Chenonceau deu ao castelo seu aspecto atual, criando uns novos jardins, inaugurando as duas galerias sobre a ponte, e realizando umas das mais extraordinárias festas da historia da realeza francesa, onde não faltavam principes, políticos, artistas e ninfetas. Com tantos amores, ciúmes, belezas, heróis e vilões, não é surpreendente que o “Châteaux des trois Dames”, o mais feminino dos castelos, seja, com 850.000 entradas por ano, o mais visitado do Val de Loire.
Paris e o deserto francês, o famoso livro do geógrafo francês Jean-Francois Gravier no qual ele opôs a hegemonia e o dinamismo parisiense ao abandono do interior da França, está muito ultrapassado. Desde 1947 o cenário dos territórios mudou, e cidades como Lyon, Nice, Marselha, Bordeaux, Nantes ou Lille, viraram grandes capitais regionais atraindo investimentos, fluxos de populações e grandes eventos. Uma nova lei, votada no ano passado, redesenhou uma Franca de treze regiões metropolitanas e quatro de ultramar, cada uma com sua capital atraente, seu peso econômico e suas riquezas turísticas.
Os turistas internacionais que visitam a Franca também já se espalham pelo pais inteiro. Paris e sua região Ile de France receberam em 2014 30% das receitas do turismo francês e 70% foram gastos nas outras regiões. Os dois vice lideres são a região Rhône Alpes, – com seus dois grandes atrativos: a cidade de Lyon e as principais estações de esqui -, e a região da Provence – com Marselha, a Cote d’Azur, Avignon, e seus vilarejos cercados de oliveiras ou de campos de alfazema. Nos outros favoritos dos viajantes estrangeiros destacam se a Aquitânia (com Biarritz, Bordeaux e seus vinhedos), a Britânia, o Languedoc (com Montpellier e Carcassonne), e o Midi Pyrénées de Lourdes e Toulouse.
No salão de turismo “Rendez vous en France”, que a Atout France organizou a semana passada em Paris com o apoio da Air France, mais de 600 dos 750 expositores mostraram para cerca de 1000 visitantes vindo do mundo inteiro – incluindo 40 brasileiros, a terceira mais importante delegação – a força do turismo nas regiões francesas.
Grandes conhecedores de Paris que continua sendo o seu primeiro destino na Europa, os brasileiros ainda são poucos a passear pelo interior da França. A não ser por excursões rápidas nos castelos do Loire ou na Normandia, ainda menos de 20%, principalmente os mais experientes, saiam da capital. Os expositores do “Rendez vous en France” deixaram então bem claro a vontade de muitos destinos franceses de receberem mais turistas vindo do Brasil. São grandes cidades como Bordeaux, Marselha, Toulouse ou Lyon, que podem se posicionar como destinos de viagens competindo com qualquer outra grande capital europeia. São cidades menores que podem ser incluindo em roteiros de carro ou de trem, como Deauville, Lourdes, Rouen, o Mont Saint Michel ou Saint Tropez. São estações de esqui que querem voltar a ver casais ou famílias aproveitando o inverno francês em Val Thorens, Megéve ou Courchevel. Enfim são regiões inteiras, como Rhône Alpes, a Champagne, o Val de Loire, a Aquitânia, a Provence ou Midi-Pyrénées, que jà mostraram para 2015 novos produtos e serviços focados nos turistas brasileiros.
Girando pela Franca (uma ideia que foi na época copiada do saudoso Salão da ABAV no Brasil), o “Rendez vous en France” vai no ano que vem parar em Montpellier. A região Languedoc, vencedora da licitação feita pela Atout France, aproveitará sem duvidas esse evento para lembrar seu acervo cultural – e a imperdível Carcassonne -, seus vinhos alegres, ou as noites descontraídas e animadas da sua capital. Um destino a mais na novas rotas dos turistas brasileiros no interior da França.
No mundo globalizado, são mais de 300 destinos que tentam seduzir o viajante, uma concorrência que os grandes lugares de destaque como Nova Iorque, Londres, Las Vegas, a Grécia ou a Flórida aprenderam a respeitar com novas tendências levando turistas para Dubai, o Vietnã, Istambul ou amanha Cuba. Os grandes campeões do turismo europeu já contam com vários destinos nos seus territórios: a Itália têm Roma, Veneza, a Toscana, Milão ou Nápoles, a Espanha tem Barcelona, Madrid, a Andaluzia e Santiago.
Na França, a força mágica de Paris esconde ainda hoje os outros destinos do primeiro pais turístico do mondo, especialmente para os visitantes vindo de longe – assim, 85% dos brasileiros não saiam da capital. Portanto, segundo o Laurent Fabius, ministro das Relações exteriores encarregado do turismo, 40 regiões, territórios, departamentos, municípios ou sítios, reuniam as 4 condições para ser destinos turísticos internacionais: atratividade de pelos menos uma temática forte, boas infraestruturas de acesso, hospedagens e equipamentos de lazer, e uma marca internacional reconhecida.
Com “contratos de destinos” reunindo profissionais da área, foram anunciados os onze primeiros destinos escolhidos. Vários deles se encaixam perfeitamente nas tendências, nos lugares e nas temáticas já antecipadas pelos viajantes brasileiros na França. Patrimônio com fama mundial justificou colocar nessa primeira lista o Mont Saint Michel, a maravilha do Ocidente cujas obras de renovação vão acabar esse ano, bem como o Val de Loire, com seus castelos, seu Rio classificado pela Unesco e seus vinhedos alegres.
Patrimônio e vinhedos justificaram a inclusão na lista de Bordeaux e da Borgonha que oferecem hoje o melhor do turismo enológico e da gastronomia, com os acervos arquiteturas e culturais de duas grandes marcas internacionais. Capital da gastronomia francesa, Lyon não podia deixar de constar como um dos grandes destinos apresentado pelo ministro. Entre as ondas do Atlântico e as montanhas bascas, a cidade de Biarritz apostou com sucesso na temática do Golfe para reforçar a atratividade do seu litoral. E os brasileiros não serão surpresos de ver que a Normandia, saudosa terra dos contrabandistas do pau-brasil, também entrou nessa lista, escolhendo como temática principal os seus pintores e o impressionismo.
Os familiares do esqui já esperavam os Alpes como um grande destino turístico internacional. E os vulcões da Auvergne mostraram a força do turismo de bem estar que aproveita os espaços e as águas saudáveis dessa minha região. As surpresas ficaram com os últimos da lista, o Jura e os Vosges, mais virados para a clientela de proximidade vindo da Alemanha ou da Suíça.
Os outros destinos e marcas internacionais que vão completar essa lista de 40 serão publicados em breve. Se, em cada um dos lugares escolhidos, será necessário um trabalho de todos os profissionais para melhorar os serviços e ampliar a promoção, a mensagem ficou clara para todos. A França não quer mais ser somente o maior destino turístico do mundo, centralizado em volta de Paris. A França quer ser a terra a onde cada viajante poderá encontrar o seu destino turístico, descobrir as paisagens e o patrimônio que ele procurava, viver a temática que ele escolheu, junto com profissionais e moradores comprometidos com a promessa feita.