Segunda edição do Invino amplia mercado com novos players

Press release da Promonde, São Paulo, 28 de março de 2022

A Borgonha vai ser a grande vedete da segunda edicão do Invino

O francês Jean-Philippe Pérol, no Brasil desde 1976, sempre foi um visionário. Dirigiu os escritórios para as Américas da antiga Maison de la France, hoje Atout France, ocupando também a função de Diretor Geral em Paris da organização.  Foi o primeiro a acreditar nos anos 2000 na democratização das viagens internacionais para os brasileiros e apostar no potencial da então nova classe média para o turismo francês. Apaixonado por tecnologia, sempre alertou que as operadoras e agências de viagens eram os maiores parceiros dos Tourism Boards. Depois, no início dos anos 2010, entendeu a importância das mídias sociais, em especial o Instagram, como veículo de promoção de destinos, e criou campanhas icônicas com influenciadores digitais.

Vinho e turismo, o encontro de duas paixões

Quando deixou o turismo da França, apostou suas fichas na Amazônia e nas viagens com conteúdo. E percebeu, igualmente,  que o enoturismo no Brasil poderia ter um crescimento significativo ao longo dos anos. Criou, a partir daí, em 2019, o Invino Wine Travel Summit. A segunda edição acontecerá no Hotel Unique, no próximo dia 11 de abril. Abaixo ele explica o cenário atual das viagens de vinhos, a motivação para organizar a segunda edição e que novidades os profissionais de turismo poderão conhecer no evento. As inscrições estão abertas gratuitamente pelo site.

A pandemia causou uma paralisação das atividades turísticas. Por outro lado, essa cocoonização forçada promoveu o aumento no consumo de vinhos, inclusive com surgimento de um novo mercado. Quais as expectativas de vocês com relação ao enoturismo, nessa retomada das viagens?

JPP: A pandemia causou uma brutal retração de 84% do mercado mundial do turismo em 2020 passando de 1,5 bilhão a menos de 400 milhões. O enoturismo também sofreu, mas devemos ser otimistas porque as tendências surgidas com a crise vão dar um forte impulso nas viagens por três razões: o crescimento da gastronomia (e do vinho) nas motivações; a procura de temáticas e de conteúdos fortes e, por fim,  a resiliência do turismo de luxo que representa ume boa parte (mesmo se não a única) do enoturismo nacional e internacional no Brasil.

A Cité do Vin de Bordeaux, uma arquitetura enobrecendo o enoturismo

Um novo empreendimento turístico voltado para o universo do vinho surge na Borgonha. É a resposta da região à Cité du Vin, em Bordeaux, nessa saudável concorrência entre as duas regiões?

JPP: Na França, a questão Bourgogne/Bordeaux é tão viva quanto a direita/esquerda na politica ou PSG/Marselha no futebol. No contexto, Cité du Vin et la Gastronomie da Borgonha e da Cité des Cultures et des Civilisations du Vin, deve se anotar que são dois projetos totalmente diferentes. Com os dois estando presentes no evento de enoturismo Invino, o brasileiro poderá ver que são muito mais complementares que concorrentes.

Trata-se da segunda edição do evento. A Cap Amazon reuniu muitas informações sobre o mercado. Quem é hoje o brasileiro que consome enoturismo?

JPP: A primeira informação que devemos divulgar a nossos colegas do trade é o impressionante crescimento desse tipo de turismo no Brasil nos últimos anos. Quero especialmente destacar dois pontos que chamam minha atenção na preparação desta segunda edição. O primeiro, é que o consumo de vinho e de enoturismo atinge hoje uns perfis de consumidores muito mais largos, além dos tradicionais connaisseurs da elite social e econômica e dos descendentes de imigrantes europeus no sul do país. O segundo é que o enoturismo brasileiro é hoje uma grande realidade em São Paulo, no Sul e até no Nordeste, e que os agentes de viagens tem aí um grande potencial a longo mas também a curto prazo.

De Nordeste a Sul, o enoturismo brasileiro está em plena ascenção

Há uma diferença do enoturista brasileiro para o de outras nacionalidades?

JPP: Acho que temos que falar dos enoturistas brasileiros e não do enoturista brasileiro. Temos uma clientela tradicional e de alto padrão aquisitivo que procura um enoturismo de luxo e que costuma comprar muito vinho com grande rótulos. Essa clientela está crescendo, procurando novos destinos e sendo cada vez mais curiosa sobre vinhos diferentes. Mas temos também uma clientela nova, que precisa talvez ser mais acompanhada que os enoturistas franceses ou italianos, e é nesse momento que os agentes de viagens podem ter um papel muito importante!

Quais suas apostas em enoturismo para o próximo ano?

JPP: Muito Brasil. O doméstico vai ser sucesso no enoturismo, como o sul do país, mas São Paulo vai surpreender; a Argentina também, pela proximidade e preços interessantes; a França, claro. Países ou regiões menos conhecidas vão também aproveitar. A presença da Suíça e da Catalunha no Invino não são meras coincidências. Queria lamentar a esse respeito que a Moldavia teve que cancelar sua participação devido a guerra que está chegando a suas fronteiras orientais.

A Garzon virou um exemplo de sucesso enoturístico

Quais as novidades para a edição 2022 do Invino?

JPP: Uma edição mais internacional, com expositores vindo de 8 paises, e uma participação mais importante do trade do vinho – teremos por exemplo o  World Wine apresentando seus vinhos no coquetel de encerramento. A gastronomia vai ter também uma presença mais forte com um almoço do chef bourguignon Emmanuel Bassoleil, e – last but not least – uma apresentação dos Queijos da França que vão se harmonizar com os vinhos da Garzon, um encontro original entre o Velho e o Novo Mundo.

A quem o evento se destina e como se inscrever?

JPP: O Invino quer que os mundos do turismo e do vinho se encontrem mais e se conheçam melhor. Devemos, assim, contar com 80 buyers, agentes de viagens e operadoras querendo se implicar no enoturismo, e 40 jornalistas e influenciadores vindo tanto do turismo quanto do vinho. Os 30 expositores se dividem também entre os dois setores. A particularidade do Invino em misturar palestras, seminários e encontros com refeições harmonizadas e degustações vai ajudar a criar esse clima de intercâmbio e de convivialidade que tanto gostamos.

A Suiça se posiciona como um destino de enoturismo

A Borgonha e o enoturismo no surpreendente (e sustentável) ranking 2022 da Lonely Planet

As Ilhas Cook foram a grande surpresa do Top Ten 2022

Património cultural, belezas naturais e tolerância destacaram Omã

Atras das pequenas ilhas da Polinésia se destacaram destinos já confirmados e lugares menos conhecidos. Foram assim premiados a Noruega (pela sustentabilidade e os novos museus), a Ilha Maurice (pela biodiversidade, especialmente em Rodrigues), Belize (pela barreira de coral e os vestigios maias de Lamanai), a Eslovénia (pelo cicloturismo bem como a enogastronomia), e Anguilla (pela reconstrução sustentável depois do furacão Irma). Constam também na lista Omã (pela cultura tolerante e as belezas naturais), o Nepal (pelo reconstrução sustentável depois do terremoto), o Malaui (pelo ecoturismo e a proteção de especies animais ameaçadas)e o Egito (pelo património histórica e a gestão comunitárias de vários projetos turísticos).

Merida foi justamente lembrada como capital do Yucatán

Os top ranking das cidades valorizam também os esforços feitos para a sustentabilidade, a diversidade e as energias renováveis, em Auckland, Taipé, Friburgo, Atlanta, Dublin ou mesmo Firenze. A presencia de Lagos na Nigeria, Nicosia em Chipre, ou de Gyeongiu na Coreia do Sul foram porem surpresas interessantes, assim que a homenagem a Merida (México). O seu Gran Museo del Mundo Maya , os seus passeios de bicicletas para Uxmal ou Chichen Itza,  e a sua gastronomia incorporando influências maias, caribenhas e europeias foram as atrações principais justificando a sua presencia na lista como mais atrativo destino do Yucatán.

Shikoku, um Japão tradicional com 88 templos e um vanguardismo ecológico

As regiões foram selecionadas com os mesmos critérios, e uma forte influencia das preocupações ambientais que as autoridades souberem integrar na Virginia ocidental (Estados Unidos), no Kent (Inglaterra), na Cenic Rim (Australia) e em Vancouver (Canada). Se a presencia da Islândia recompensa o sucesso de um turismo criativo e pioneiro, e se Porto Rico é incentivada  a continuar seus esforços de recuperação, três destinos são mesmo achados para 2022: Atacama (Chile) com o desenvolvimento do seu turismo sustentável e comunitário, Xishuangbanna (China), com sua mosaica étnica. seus elefantes e sua gastronomia, e  Shikoku (Japão), com suas paisagens, seus 88 templos e seu envolvimento na sustentabilidade.

Enquanto o vinho é uma das temáticas que mais cresce no turismo, a Borgonha, com seus 84 apelações (incluindo 33 Grands Crus), não podia não ter sido escolhida para fechar os destaques da Lonely Planet. Pioneira do enoturismo responsável com um programa bem sucedido de certificação de vinhedos, ela vai também inaugurar em 2022 dois projetos exemplares, a Cité internationale de la Gastronomie et du Vin (CIGV), em Dijon, e a Cité des Vins et des Climats de Bourgogne nas três cidades emblemáticas de Beaune, Chablis e Macon. Alem do vinho e da gastronomia, o júri quis também destacar a natureza e as paisagens da região, e os esforços bem sucedidos para desenvolver o ecoturismo e as trilhas nos seus morros, lagos e rios. 

Caroline Putnoki e sua paixão pela cozinha francesa

por Claudio Schapochnik

Travessa com canelés (Claude Alleva/Pixabay), doce típico de Bordeaux,

A cultura do bem comer e beber é um dos pilares da chamada arte de viver da França e dos franceses. Desde cedo, o povo francês aprende — e leva a sério — sobre qualidade, ingredientes da fauna e flora, culinária, pratos, receitas e costumes locais e regionais e se apaixona pelo tema. Além disto, a gastronomia é um dos pontos fundamentais de uma viagem, ou seja, do turismo. Para falar sobre estas características tão fortes e marcantes na cultura francesa, o Que Gostoso! entrevistou por email a diretora para América do Sul da Agência de Desenvolvimento Turístico da França (Atout France), Caroline Putnoki.

Caroline Putnoki junto a um vinhedo na Borgonha em recente viagem (foto Instagram)

Num bate papo dinâmico e muito interessante, Caroline (ou Caro, que na pronúncia francesa fala-se “Carrô”) fala sobre sua paixão de cozinhar e da alimentação como um todo. Quase sempre na sua casa, em São Paulo, e muitas vezes com a ajuda da sua filha, Iris, Caro faz pratos da cuisine française com amor e usando muito de suas lembranças familiares — sobretudo do pai, nascido na Hungria. “Quando cozinho, sempre penso no meu pai e tento reproduzir os sabores da minha infância. A cozinha é sempre uma busca dos sabores e cheiros da nossa infância”, diz Caro.

Tarte fine aux pommes feita por Caro (foto Instagram)

Bastante ativa no Instagram, onde mantém a página Blog Brasil à Francesa, Caro posta seus textos, suas fotos e seus vídeos de várias receitas e vários pratos (salgados e doces) franceses, sobretudo, e de outras origens também. Pra quem gosta de cultura alimentar francesa e turismo francês, recomendo segui-la.Nascida na Guiana francesa e casada com o também francês Jean-Philippe Pérol, Caro é graduada em marketing de destino na França (Bordeaux e Angers). Após 17 anos no Canadá, onde ela iniciou sua careira no turismo — trabalhou no importante grupo turistíco Transat e dirigiu a filial da Atout France no país —, chegou no Brasil há dez anos e fundou a empresa de marketing Cap Amazon, que representa marcas de turismo, alimentos e vinícolas.

Segue abaixo a entrevista, recheada de dicas de comidas e bebidas, emoções, lembranças e bom humor. Aproveite!

Caro em sua casa em São Paulo (foto Instagram)

QUE GOSTOSO! De onde vem a sua paixão por cozinhar? Desde quando?
Caroline Putnoki “Caro” — Minha paixão me foi transmitida pelo meu pai, que era um verdadeiro chef em casa. Aprendi com ele, ajudando e vendo ele fazer suas receitas, desde criança. Em casa, só ele cozinhava e cuidava de tudo que era comida! Ele acordava muito cedo na manhã para deixar tudo preparado para o almoço e o jantar, para as mulheres dele, esposa mais três filhas!

QUE GOSTOSO! O gosto pelo comer/beber bem e, muitas vezes, por cozinhar faz parte da essência francesa? Por quê?
Caro — Sim, os franceses são apaixonados pela comida, pelos alimentos de boa qualidade, pelo vinho, pois faz parte do cotidiano deles. Sem perceber, às vezes, eles estão cercados por uma riqueza e uma abundância de alimentos de alta qualidade, o que faz do francês um paladar extremamente exigente e crítico!

Pissaladière (foto http://www.lespetitssecretsdelolo.com): prato apreciado e feito por Caro

QUE GOSTOSO! O teu gosto por cozinhar teve influências familiares e dos países de onde você e seus pais nasceram?
Caro — Sim, claro que minha infância na Guiana Francesa, onde eu nasci, me influenciou muito! Era bastante original viver na Guiana Francesa com um pai húngaro apaixonado da culinária francesa e uma mãe parisiense.
Meu pai cozinhava, misturando todas essas influencias. Também na Guiana Francesa, tivemos bastante contato com a culinária vietnamita, o que explica meu gosto pela cozinhas asiáticas, particularmente da Tailândia e Índia. Hoje quando viajo para Paris, faço questão de jantar pelo menos uma vez no 13º Arrondissement num restaurante asiático onde eu posso comer os famosos “nems” e “bo-bun”!
Quando cozinho, sempre penso no meu pai e tento reproduzir os sabores da minha infância. A cozinha é sempre uma busca dos sabores e cheiros da nossa infância.

QUE GOSTOSO! Cozinhar leva tempo. Onde você o arruma, já que você é também mãe e uma executiva bem sucedida na área do turismo?
Caro — Realmente não sei. Aprendi a cozinhar muito rápido… E também sempre tenho uns ingredientes prontos na geladeira tipo uns pimentões assados, ótimos como entrada com anchovas ou como aperitivo com um pão fresquinho. Também faço um molho de tomate que pode entrar numas receitas como massa, sopa… E também cozinho muito no final de semana para adiantar a semana seguinte! Para mim, é vital de comer bem, então a organização é fundamental para justamente conciliar tudo, ainda mais nesse período de home-office.

Caroline Putnoki e sua paixão pela cozinha francesa

Caro na entrada de uma vinícola na Borgonha, em recente viagem (foto Instagram)

QUE GOSTOSO! Por falar em maternidade, vejo nas suas redes sociais que, muitas vezes, sua filha te ajuda na preparação dos pratos. Exemplo é tudo.
Caro — Sim, acho muito legal cozinhar com minha filha, pois é durante a infância que os sabores ficam registrados, que o gosto se forma. Dessa maneira, ela me vê cozinhar o tempo todo, e ela está registrando os sabores e pratos… É isso o objetivo: abrir o leque de sabores e gostos dela. E a melhor recompensa é quando ela me fala “Maman, você é a melhor cozinheira do mundo!”. É muito importante insistir, mesmo de leve, para que nossos filhos provem ingredientes novos e sabores que eles não conhecem e ajudar a formar o paladar mais diversificado possível.

QUE GOSTOSO! Com a sua ascendência e você sendo francesa da Guiana Francesa, seu marido, sendo francês nascido na Tunísia e radicado na região Auvergne-Rhône-Alpes e sua filha, sendo francesa nascida no Brasil, enfim, com tantas influências, como é a escolha dos pratos que você vai preparar? Ou, na maioria dos casos, é algo francês mesmo?
Caro — É uma mistura total. Posso fazer uma chakchuka, prato típico da Tunísia que aprendi nas minhas viagens e com as lembranças do Pérol que ele tinha da sua infância… Posso cozinhar uma moqueca ou um prato da Hungria (com muita páprika!) como o frango à páprika ou talvez um prato crioulo da Guiana francesa (Colombo, um tipo de curry), ou uns pratos típicos da França… Minhas receitas são muito diversas e de muitas origens. Tudo depende dos ingredientes que encontro, do meu humor, para quem cozinho. Também, com o confinamento que vivemos há mais de um ano, muita gente começou a cozinhar em casa e a quantidade de receitas acessíveis por meio das redes sociais explodiu. É muito fácil hoje de ter acesso à receitas do mundo inteiro e de poder aprender assim, com esses vídeos no You Tube ou Instagram. A informação disponível é incrível e não tem desculpas para não cozinhar, mesmo começando com receitas simples.

Crêpe suzette (foto Pixabay)

Travessa com chouquettes (Wikipedia): doce apreciado e feito por Caro

QUE GOSTOSO! São Paulo tem tudo, ou quase tudo, no que toca a produtos alimentícios de outros países. Você consegue achar os ingredientes para seus pratos? Houve vezes que teve de fazer adaptações e deu certo? Qual prato foi esse?
Caro — Sim, em São Paulo, temos quase tudo. Mas eu lembro de uma receita que “abrasileirei” para fazer um biscoito chamado financier. Usei farinha de castanha do pará em vez de farinha de amêndoa e deu super certo. Era para um jantar, onde recebia em casa um grande chef, que chegou com um sorvete de doce de leite. A combinação com meu financier brasileiro foi espetacular!

QUE GOSTOSO! Seu prato francês principal é a Tarte Tatin mesmo? E quais são os Top 5 (cinco doces e cinco salgados franceses)?
Caro — A Tarte Tatin é uma receita que sempre amei fazer, mas que aperfeiçoei após uma aula on-line dada pelo chef Laurent Suaudeau, onde ele explicou o jeito dele de preparar a Tatin. Quando fiz a receita dele, foi a Tatin mais incrível que já tinha feito!
Então é verdade que essa Tatin ficou registrada no meu Top 5 até hoje! Por sinal, adoro fazer tortas em geral, tortas de frutas, quiches, com massa folhada ou brisée, adoro tortas!
Tem uma “tarte fine aux pommes” que sempre faço para um amigo nosso quando ele vem jantar em casa, virou uma tradição! Muito simples com massa folhada e maçãs cortadas fininhas… Mas como tudo na cozinha, a técnica é muito importante, além de tomar o tempo, ter os bons ingredientes e o bom material…
Na categoria de doces, adoro fazer crêpes suzette, que é sempre um sucesso com os convidados e, no final de semana, gosto de preparar os Canelés de Bordeaux e as Chouquettes. São clássicos franceses.
Na categoria de salgados, fiz recentemente um robalo em crosta de sal delicioso que também ficou registrado. Adoro a pissaladière da Provence que faço sempre – tipo de pizza com massa pão, só com cebolas, anchovas e azeitonas. Pimentões recheados à maneira do meu pai. E talvez, minha receita assinatura é um pato laqueado às especiarias, com mangas.

O chef Laurent Suaudeau, que tem a admiração de Caro, vive e trabalha no Brasil desde 1991 e é um dos nomes mais importantes da cozinha francesa no País. Natural de Cholet, na região francesa do Pays de la Loire, ele foi dono e chef do restaurante Laurent (1991-2005) em São Paulo com grande sucesso. Atualmente dirige uma escola de gastronomia com seu nome na capital paulista (foto Facebook)

Caro exibe a Tarte Tatin que fez com os ensinamentos do chef Suaudeau (foto Instagram)

QUE GOSTOSO! Você é super ativa no Instagram (parabéns!) também em relação à sua atividade de culinária. Como você vê essa atividade? Seus seguidores fazem as receitas, comentam? Pedem sugestões?
Caro — Sim, adoro compartilhar minhas experiências — e receitas — no Instagram, principalmente. Acho muito divertido e com a pandemia, as redes sociais ficaram ainda mais importantes para se manter em contato com os amigos e seguidores. A cozinha foi uma das grandes escapadas dessa nova vida confinada! Também comecei a seguir ainda mais cozinheiros e chefs de restaurantes do mundo inteiro e abri muito meu horizonte culinário.
Descobri novas receitas e muitos truques gastronômicos. E passei também várias receitas e dividi essas descobertas.
Sim, bastante seguidores comentam, compartilham e fazem as receitas. Também uso o Instagram profissionalmente para ficar em contato com os profissionais do turismo e apaixonados da França.

Outra torta feita por Caro: a de ameixas (foto Instagram)

Bolo de limão e papoula: outra criação de Caro (foto Instagram)

QUE GOSTOSO! Ultimamente você fez um curso de panificação e começou a apresentar suas criações no Instagram. Por que fez o curso? Por que a panificação te atraiu?
Caro — Não fiz nenhum curso de panificação. Queria fazer pão há anos e um dia, um amigo chef de cozinha me passou o “levain” (fermento natural), junto com algumas dicas e daí mergulhei no mundo da panificação! Era um sonho e realmente me apaixonei. Aprendi com as redes sociais e lendo muito sobre o assunto. Acho fascinante o que é possível de fazer só com farinha e água… e também, claro, técnica, tempo e dedicação.
E fazer um pão saudável, sem conservantes ou químicos e poder dividir isso com a família e os amigos é uma satisfação muito grande. Fazer pão é muito especial, é nobre e universal. Você tem a sensação de continuar uma tradição milenar que atravessou as civilizações e os séculos.

QUE GOSTOSO! Quais são os pães que você mais gosta de fazer?
Caro — Eu sempre faço um pão metade com farinha branca metade farinha integral, que combina com tudo. Pode acompanhar aperitivos, patês ou queijos mas também sopas…
Quando recebo convidados — o que é raro esses dias — às vezes faço pão com sementes de abóbora ou uvas passas.

Caro exibe o primeiro pão que fez, em 2020 (foto Instagram): gosto pela panificação (fotos Instagram)

Detalhe do pão caseiro da Caro

QUE GOSTOSO! Talvez não agora, mas você pretende trabalhar profissionalmente com a culinária? Abrir um negócio, como um “Bistrot da Caro” ou uma delikatessen, para vender as receitas que você faz tão bem e que parecem ser todas muito deliciosas? Por quê?
Caro — Ha ha ha… Muito obrigada pelos cumprimentos, Schapo! Acho que para preservar minha paixão e o prazer que tenho em cozinhar, melhor não virar profissional! Cozinheiro é um “métier” muito difícil que necessita muito tempo, muita dedicação e disciplina. Meu grande prazer é receber os amigos que gostam da minha cozinha. Isso não tem preço! Dividir é um prazer enorme e quando dá certo e que a receita encanta as papilas… É como se você oferece uma parte de você. É um ato puro de generosidade e de amor.

QUE GOSTOSO! Brasileiros têm pensamentos, muitas vezes equivocados, em relação à comida francesa. Por exemplo: que é cara, que é sofisticada, que vinho francês é caro e que restaurante francês é caro, que a porção é pequena… Qual é a sua opinião sobre esses pré conceitos?
Caro — Hummm…. Acho que é complicado resumir a cozinha francesa. Ela é tão diversificada. Ela pode ser sofisticada e simples. Mas acredito que a sua riqueza vem em primeiro lugar dos produtos, diversos e com sabores incríveis.
A França é abençoada pela natureza com pastagens e terras férteis capazes de produzir uns dos melhores alimentos do mundo. Mas o que realmente faz a diferença é essa técnica desenvolvida através dos séculos pelas cozinheiras e pelos cozinheiros franceses e que o mundo inteiro reconhece como sendo a referência.

Na cozinha do hotel La Mirande, em Avignon, na França — fotos Instagram

Uma aula para preparar o famoso doce francês madeleine — fotos Instagram

QUE GOSTOSO! Para o brasileiro que, após a pandemia, viajar pela primeira vez à França (vamos imaginar Paris): dê cinco dicas gastronômicas para ele.
Caro — Um doce: um Paris-Brest. Um hábito: sentar num terraço de um café (Les Deux Magots) e pedir um espresso com croissant na manhã ou um kir (bebida aperitivo) antes do jantar. Um restaurante: Le Violon d´Ingres. Um bairro: Saint-Germain-des-Prés. Um museu: Musée des Arts Décoratifs.
Os dois lugares novos a visitar absolutamente na sua próxima viagem: a Bourse du Commerce e o Hôtel de la Marine.

Fachada de um dos cafés preferidos por Caro na capital francesa (foto site)

Pâté en croûte do restaurante Le Violon d´Ingres, em Paris (foto site)

O doce Paris-Brest, admirado por Caro (Dominyka Idzelyte/Pixabay)

QUE GOSTOSO! Jogo rápido: a) o que não pode faltar na sua cozinha (três produtos)?; b) páprika: doce ou picante? c) receita desafiadora salgada que ainda vai fazer? d) receita desafiadora doce que ainda vai fazer? e) azeite de oliva ou manteiga? f) queijos franceses: seus Top 5.
Caro — A) mostarda artesanal da Borgonha (cuidado, Dijon não vem necessariamente de Dijon!), ras-el-hanout (especiaria para fazer o cuscus marroquino), açúcar perolado (para fazer as chouquettes). B) Páprika doce e picante, os dois, mas tem que ser a verdadeiro páprika da Hungria! C) O pâté de pommes de terre com trufas do Périgord. D) Um sorvete de café. E) Os dois! F) Comté (da Franche-Comté), Saint-Nectaire (da Auvergne), Roquefort (da cidade homônima), Ossau-Iraty (do País Basco) e Sainte-Maure (de cabra, da Touraine).

Esse artigo foi reblogado da revista on-line Que gostoso do jornalista Claudio Schapochnik

 

Na França, turismo na Borgonha em tempo de pandemia

Os mágicos telhados dos Hospices de Beaune reabriram dia 19 de Maio

Em tempo de pandemia, depois de 10 dias de quarentena, ganha-se o direito de andar pela França. Nesse momento, pegar um carro e seguir estradas turísticas em total liberdade é uma das melhores formas de viajar e de acumular experiências únicas em tempo de pandemia. E para quem procura seguir com antecipação as novas tendências esperadas para o novo mundo pós covid, combinar   bem estar, cultura e enologia leva com tranquilidade a escolher a Borgonha,- Dijon, Beaune, sua fé e seus vinhedos-, como coração de um roteiro em família cheio de experiências e de boas surpresas.

Boas surpresas nas ruas pedestres do centro histórico de Dijon,

Ponto de partida da “Route des grands crus”, Dijon, capital dos duques de Borgonha reservou aos pedestres todo o seu centro histórico. Sempre mais rica em informações com um guia, a visita segue o “itinerário da coruja”, a ave símbolo da cidade, escolhida ou por ser associada a sabedoria da deusa Atena, ou por se chamar em francês “grande duque” . Alternando belezas arquiteturais – com destaques para o Palácio dos Duques, a catedral Santa Benina e a torre de Philippe le Bon-, para algumas curiosidades – a menor loja do mundo-, e para lojas de especialidades – mostardas, cremes de cassis ou doces-, o circuito mistura  imprescindíveis clichês, surpresas, e encontros com moradores sempre atenciosos.

O Clos des Issarts, um Gevrey-Chambertin 1er Cru

Borgonha é mesmo enoturismo, e os primeiros vinhedos começam no próprio município de Dijon com o Marsannay  e o Fixin, duas apelações pouco conhecidas  mas coloridas, frutadas e poderosas, alguns dos seus “climats”  tentando atingir em breve o selo de premier cru. No Château de Marsannay, a primeira degustação do dia (com um anfitrião fã do Brasil) mostrou que essas ambições eram legítimas. O vinho rei da Côtes de nuits, é porém o Gevrey-Chambertin, favorito do Napoleão, e, segundo nosso guia, muito procurado pelos brasileiros. E na adega do Philippe Leclerc, produtor local e onde fizemos uma segunda generosa degustação, o Brasil é mesmo uma das esperanças da retomada do enoturismo.

A 2CV, prazer, saudade e emoção nos vinhedos

Se os passeios de bicicleta são uma das grandes tendências do turismo na Borgonha, o visitante sem pressa tem uma outra opção emocionante: a 2CV “My French tour” da Mélanie. Nas pequenas estradas da “Route des Grands Crus”, o nosso barulhento, lento, apertado mas charmosíssimo carrinho dos anos 50 passou por Pommard, Volnay, Meursault, Puligny-Montrachet, et Chassagne-Montrachet. Paramos para ver o espetáculo dos “climats”, esses vinhedos definidos pela geologia dos solos, a exposição a luz do sol e aos savoir-faire de gerações de viticultores. Paramos para visitar uma “cabotte”- casinha de pedras multi-centenária- e uma estátua de São Cristovão. Paramos mais ainda para visitar as adegas  do Castelo de La Crée.

O Hotel Le Cep foi uma das boas surpresas da viagem

Outra boa surpresa da viagem foi o Hotel Le Cep em Beaune. Mesmo sabendo que era um dos melhores hotéis da Borgonha, sua arquitetura, seus espaços e especialmente seu atendimento ficaram acima das expectativas. Construído com a interligação de vários prédios, incluindo dois casarões do século XVI, encostado e com acesso as antigas muralhas da cidade, o hotel tem o charme da sua história: torres, escadas, pátios, quartos diferenciados, salões prestigiando de tenentes de Luis XIV até celebridades do jazz. Infelizmente não tivemos tempo de experimentar os dois SPAs, e o restaurante gastronômico do grupo Bernard Loiseau estava fechado devido pandemia, no entanto a adega foi o quadro impressionante de grandes momentos de convivialidade enológica .

Em Aloxe Corton, o castelo domina os 2000 anos de vinhedos

Viajar em tempo de pandemia é sem dúvidas complicado, mas dá também uma intensidade trazida pelas relações peculiares nesses momentos de crise bem como a garra e alegria dos atores do turismo que atuam pela retomada. De cada parada dessa viagem, da Borgonha e depois das Sources de Cheverny ou de Paris, levamos a certeza que o turismo pós pandemia será ainda mais imprescindível e mais transformacional.

Jean-Philippe Pérol

 

 

 

Na França, turismo e confinamento nos tempos de pandemia …

Para cada viajante, um decreto de confinamento com copias para desembargadores e juizes

Viajar é preciso, e mesmo como as restrições legitimamente impostas pela luta contre o Covid, alguns turistas estão se arriscando. Do Brasil, é assim possível ir nos Estados Unidos, se aceitar passar 14 dias de quarentena num destino aberto – o México por exemplo-, ou na França, se tiver um passaporte europeu  e aceitar passar 10 dias de confinamento na chegada. Aproveitando o fato que a Air France (quase) sempre manteve os seus voos para Paris, e já tendo recuado duas vezes a nossa viagem, decidimos de fazer essa experiência de turismo em família em tempo de pandemia, um roadtrip incluindo a Auvergne, a Borgonha, o Vale do Loire e Paris.

A Air France assegurando a ligação França-Brasil

A viagem começa bem – o pessoal de bordo da Air France fazendo o máximo de esforço para tirar o estresse dos poucos passageiros, até a chegada em Paris e o começo das dificuldades. Vindo do Brasil, os viajantes são colocados em longas filas, da polícia, do registro do lugar de confinamento, do teste PCR (brasileiros, franceses, indianos e sul africanos, negativos e positivos, bem juntinhos). E depois de duas horas e meio (para os primeiros, os últimos levaram mais de quatro horas), conseguimos sair com o imponente decreto de confinamento assinado pelo “Prefet” de policia de Paris, com cópia para dois desembargadores e dois presidentes de tribunais regionais.

Auzances, lugar escolhido para nosso confinamento

Com obrigação de ir diretamente para o lugar de confinamento, corremos na Hertz e saímos logo para a nossa casa da família, 350 quilômetros a fazer sem poder parar para respeitar o confinamento. Contornando Paris, o nosso itinerário nos leva até Orléans, atravessa o Rio Loire (sem ver os castelos) , e segue depois o vale do Rio Cher (o mesmo que passa em Chenonceaux), Bourges, a floresta de Tronçay com seus carvalhos pluri centenários, Montluçon e as últimas curvas atravessando as antigas minas de ouro. Com medo das multas de 1000 Euros para quem furar o confinamento e de 135 Euros para quem furar o toque de recolher, chegamos até adiantado no nosso destino, Auzances.

O impressionante empenho da PM local vigiando os confinados

Começou então a rotina do confinamento. Correr de manhã para aproveitar as duas horas (das 10:00 as 12:00) disponíveis para fazer as compras ou passear em um raio de um quilômetro, decisões dos sábios dos 27 comitês que administram na França a luta contre o Covid.  Descobrir logo a eficiência da PM que apareceu de manhã cedo para ter certeza que estávamos em casa, e do ministério da saude que ligou três vezes perguntando se eu era eu, e se minha esposa era minha esposa ….  pensei que era uma piada e perguntei para o atendente, mas era colombiano e não falava bem francês, só resolvemos falando em espanhol para a família ser checada e liberada.

Brinquedos no supermercados, nem pensar!

Confinamento é rotina, mas também confronto com a burocracia. Correndo para o supermercado, descobrimos que era possível comprar comida mas não eletrodomésticos, livros mas não brinquedos, e meias de crianças mas somente até dois anos. As sementes eram proibidas se for para plantar, mas liberadas para dar para seu canário. Não podia entrar em loja de móveis, mas fazendo a encomenda na hora pela internet, podia retirar o que for precisa. Nosso carro da Hertz pifou, mandaram o reboque mas para ser substituído era necessário buscar o novo a uma distancia de 60 quilômetros, sendo necessária então uma autorização excepcional que ninguém era competente para dar.

Mesmo a 1 km de casa, o campo é lindo mesmo

Estar trancado na casa de família tem seus momentos de alegria. É possível receber parentes ou amigos, até seis de uma vez e com máscaras, e a condição que o encontro não dure mais de quatro horas. É também a ocasião de novos encontros, por exemplo os PM da cidade vizinha que viram dar apoio a seus colegas daqui provavelmente cansados de passar quase todo dia sem deixar nem uma multa. E de reencontros, por exemplo uma velha amiga de infância, hoje enfermeira, que passou para recolher o material para nosso terceiro teste PCR em 10 dias – nenhuma exceção sendo prevista para os vacinados. E mesmo nos limites de um quilômetro, o campo da minha terra é lindo mesmo.

A lareira de casa, um lugar perfeito para viver um confinamento

Mas esse confinamento é mesmo cheio de emoção e raízes, um tempo para abraçar parentes, reforçar amizades, medir o carinho dos moradores e até da prefeita, jogar bola com minha filha na frente da igreja, ou olhar com minha esposa a fogueira na grande lareira que esquenta a casa desde o século XVI. No décimo dia de isolamento, depois de mais uma ligação do ministério da saúde, e esperando o último controle da PM, pensamos que finalmente  foi o justo preço a pagar para seguir o nosso roteiro para os vinhedos da Borgonha em  Beaune e Dijon, o SPA das Sources de Cheverny, e as novidades Parisienses, o Hotel de la Marine e a Bourse du Commerce. Viajar é preciso, mesmo nos tempos de pandemia.

Jean-Philippe Pérol

 

Comprar vinhos na França, as sugestões 2018 de “De vinis illustribus”

De Vinis Illustribus, vinhos e atendimentos especiais no coração de Paris

Nas mil opções de shopping atraente na França, os vinhos continuam de ser uma das mais vantajosas para os brasileiros que podem levar na volta até doze litros, dentro do limite dos USD 500 autorizados. Cada ano, temos a mesma pergunta: qual vinho escolher, e aonde comprar-lo? Sempre aconselhei de seguir seus gostos pessoais, e de priorizar as compras nas vinícolas, Se os preços não são muito diferenciados, a riqueza do encontro, a descoberta e a compreensão de novos vinhos  sempre justificam a visita. Pela beleza do local, a atenção do atendimento e a qualidade dos vinhos, já tive experiências inesquecíveis com Smith Haut Lafitte e Malescot Saint-Exupery em Bordeaux, com Chateau La Coste na Provence, com Ruinart e Moët & Chandon na Champagne, com Chateau de Pommard, Corton Charlemagne, Domaine Long-Depaquit ou  Drouhin Laroze na Borgonha.

Sala de degustação do Château Smith Haut Lafitte

Para quem não tem a opção de ir nas vinícolas, e fora das liquidações das cadeias de supermercados, as lojas especializadas são sempre uma boa opção. Assim, em Bordeaux, existem a “Vinothèque” e a espetacular “L’intendant” que sempre têm ofertas interessantes. Em Paris , recomende-se a Lavinia, ou a extraordinária “Bordeauxthèque” das Galeries Lafayette. Entre a possibilidade de provar os vinhos, de encontrar garrafas excepcionais e de conseguir preços em conta, vale a pena experimentar uma pequena loja em Paris chamada “de Vinis Illustribus”. No coração do Quartier Latin, o enólogo Lionel Michelin  oferece seus “vinhos de aniversario” , vinhos de safra correspondentes ao ano de nascimento da pessoa presenteada. Tem uma excepcional adega de vinhos raros, e divide pessoalmente a sua paixão oferecendo degustações e refeições harmonizadas para grupos ou individuais.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Lionel aceitou de fazer com exclusividade para nos uma sugestão para uma cesta de vinhos combinando com as quotas da alfândega brasileira (comprando duas garrafas de cada vinho selecionado dará exatamente USD 500!).

A seleção 2018 de De Vinis Illustribus:

La Parde de HAUT-BAILLY 2009 : 51 $

O segundo vinho do Château Haut-Bailly, elaborado com 44% de cabernet sauvignon, 45% de merlot e 16% de cabernet franc. O 2009, ano excepcional em Bordeaux, é um vinho denso, com fortes sabores de frutas maduras, taninos suaves, e o defumado típico dos vinhos de Pessac-Léognan. Pode ser bebido já, mas pode também ser guardado alguns nos.

L’Enchentoir 2010 : 31 $

Com 100% de cabernet franc, esse vinho é um Saumur (Vale do Loire) bem estruturado que está chegando a seu ápice. Com um gosto poderoso e sabores de cogumelos, ele pode acompanhar pratos com especiarias ou carnes fortes. Pode também ser bebido agora ou guardado até 10 anos.

Savigny-les-Beaune “les Goudelettes”  2015 : 36 $

Um safra excepcional desse pinot noir guloso, suave e elegante, típico dos melhores Bourgogne. Feito para acompanhar carne branca ou aves. Pode ser bebido agora mas ainda tem um bom potencial de guarda.

Pouilly-Fuissé “Les Reisses” DENOGENT 2015 : 41 $

Elaborado com 100% de chardonnay, esse lindo Bourgogne branco é no mesmo tempo doce, redondo e rico. Pode ser servido como aperitivo ou para acompanhar um peixe grelhado ou um queijo tipo Comté.

Meursault “La Barre” MILLOT 2015 : 47 $

Um grande Meursault da Côte de Beaune na Borgonha, um chardonnay cujas vindimas são feitas a mão. Uma cor amarela quase dourada, um corpo firme e uma harmonia total, com sabores de manteiga fresca e notas de grelhados… Um Bourgogne perfeito e uma grande safra.

BANYULS  “Quintessence” 2013 : 41 $

Um vinho tinto adocicado, um verdadeiro vinho do Porto a francesa. Elaborado com Grenache noir, ele é um companheiro inseparável  dos queijos “azuis” tipo Roquefort ou Bleu d’Auvergne. Uma iguaria quando harmonizado com chocolates pretos.

Obrigado Lionel, e saúde, à ta santé!

Os hipermercados Leclerc, imperdíveis liquidações de vinho

Viajantes, roteiros e enocultura, as novas rotas do enoturismo mundial olham para o Brasil!

A Napa Valley, região pioneira do enoturismo

Celebração do Dia do Vinho, multiplicação das rotas dos vinhos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo ou no sertão de Pernambuco, assinatura de um convênio entre a Embratur e a Ibravin, wine tours, produtos vedetes na FITUR de Madrid, o enoturismo no Brasil está de vento em popa. Já sendo quase um milhão a visitar mais de 1.100 vinícolas brasileiras, os enoturistas brasileiros estão também chamando a atenção dos profissionais de muitas regiões do mundo. Tanto para o mercado doméstico que para o mercado internacional, o crescimento dessa temática de viagem no Brasil segue as novas tendências que surgiram em Napa Valley, na Toscana ou em Bordeaux, e que a Organização Mundial do Turismo (OMT) destaca agora no Uruguai, na Croácia ou até na Geórgia.

Arte nos vinhedos na “Floresta dos 5 sentidos” das Sources de Caudalie

A primeira tendência que impulsa o enoturismo é a diversificação de seus fãs. Antes quase exclusivamente enófilos – amadores de vinhos, conhecedores ou sócios de clubes de degustação -, os enoturistas não são hoje obrigatoriamente conhecedores, mas sempre bons vivants, cultos e curiosos, atraídos pela arte e pelos prazeres da mesa. Mesmo nas vinícolas, eles vão procurar por uma história, uma arquitetura, pelas tradições locais, as obras artísticas, ou por uma experiência com os moradores. As paisagens espetaculares – no Vale do Douro, em Mendonça, na Alsácia ou em Lavaux – são trunfos importantes, assim como características únicas: vinhedo mais setentrional em Sabile (Letônia), vinhedo mais velho em Maribor (Eslovênia), maior adega do mundo em Cricova (Moldávia), vinhedos dos “fins do mundo” na Patagônia (Argentina) ou em Rangiroa (Polinésia Francesa).

Adegas desenhadas pelo Santiago Calatrava, em Ysios

O novo enoturista procura também novidades arquiteturais, uma tendência que começou na Espanha com as adegas de Ysios, do Santiago Calatrava, e o Hotel Bodega de Marques de Riscal, do Gehry. Vários projetos de Museus do Vinho seguem a mesma tendência, o mais espetacular até hoje é a “Cité du Vin“, em Bordeaux. Às vezes chamado de Guggenheim do vinho, obra dos arquitetos Legendre e Desmazières, a Cité consegue unir uma espetacular localização na beira do Rio, uma construção emblemática, bem como um conteúdo pedagógico e lúdico. As construções que revolucionaram o enoturismo são também hotéis oferecendo hospedagem de qualidade, gastronomia estrelada e experiências do mundo do vinho, incluindo o bem-estar trazido pelas uvas. Além do pioneiro de Bordeaux, o Château Smith Haut Lafitte com o Hotel Palace Les Sources de Caudalie e o SPA Caudalie, o Yeatman Hotel do Porto ou o Meadowood da Napa Valley são alguns dos grandes estabelecimentos construídos em torno do vinho.

Adegas da LVMH em Reims

A ligação entre o enoturismo e a cultura é uma outra tendência forte, com uma importante contribuição da UNESCO que listou no Patrimônio da Humanidade os kvevris da Geórgia, os climats da Borgonha, a vite ad alberello de Pantelleri, os terraços de Lavaux e os coteaux, maisons et caves da Champagne. Em cada região produtora de vinho, cada vinícola, cada aldeia e cada produtor têm uma experiência para oferecer. Em sua história, em sua cultura, poderá contar e ensinar ao visitante não somente as especificidades de seu vinho, mas também o seu patrimônio enocultural único. O foco crescente dado pelos profissionais às possibilidades de compras nas próprias adegas aumenta ainda mais o impacto do enoturismo na economia da região, bem como das próprias vinícolas – que chegam a vender 15% e mais das suas produções aos enoturistas.

Vinhedos perto de Bento Gonçalves

Com um mercado em crescimento, o Brasil está mostrando sua nova força nos mercados mundiais do enoturismo, sediando encontros de especialistas, palestras abertas a públicos de profissionais ou de amadores, ou congressos nacionais ou internacionais, com um foco em Bento Gonçalves e na região pioneira do Vale dos Vinhedos.Em São Paulo, o INVINO Wine Travel Summit reunirá no dia 16 de Setembro, expositores vindos de todo o País e do mundo inteiro com agentes de viagem e operadores brasileiros cuidadosamente escolhidos. Alem de descobrir as grandes novidades dos melhores “wine tours”, será também uma verdade experiência enogastronômica com degustações e harmonizações. As novas rotas do enoturismo estão mesmo olhando para Brasil!

Jean-Philippe Pérol

O Hotel Adega Marques de Riscal, obra do arquiteto Gehry

A “Cité du Vin” em Bordeaux

https://www.invino.travel/

 

Castelos, hotéis e AirBnb, uma nova experiência que só Alain Ducasse podia oferecer!

Quarto no Pombal do Château de Courban

Quarto no Pombal do Château de Courban na Borgonha

O grupo californiano AirBnb vai mais uma vez surpreender tanto os seus seguidores como seus detratores, assinando um acordo de parceria com  Châteaux & Hôtels Collection, um grupo francês reunindo 500 restaurantes ou estabelecimentos hoteleiros, presidido pelo famosíssimo  e muito influente chef Alain Ducasse. Ambas inovadoras e pioneiras, as duas empresas vão trabalhar juntas para oferecer aos viajantes não somente quartos únicos em todos os endereços Châteaux & Hotels Collection da França, bem como experiências exclusivas em Paris.

O restaurante parisiense Citrus Etoile

O restaurante parisiense Citrus Etoile

AirBnb vai comercializar no seu site de reservas os hotéis da rede – cada estabelecimentos podendo oferecer seja alguns seja todos seus quartos. E Alain Ducasse criou quatro roteiros especialmente para AirBnb, como acompanhar o chef Gilles Epié numa feira livre e depois na cozinha do seu restaurante Citrus l’Étoile, descobrir a “Manufacture de Chocolat” Alain Ducasse ou visitar os bastidores da sua escolha de cozinha e participar de uma degustação. com a diretora Alexandra Legrand. Mas alem de ser a primeira vez que um acordo comercial liga a AirBnb e um dos grandes atores do setor turístico da França, essa parceria representa para cada um dos dois grupos uma virada estratégica importante.

Paris, primeiro destino mundial da AirBnb

Paris, primeiro destino mundial da AirBnb

Para AirBnb, essa parceria é uma sequencia lógica do crescimento da Trips, a sua plataforma de planejamento de viagem. Já contando com posadas, “bed and breakfast” e pensões, o próximo passo tinha que ser  ampliar a oferta de hotéis. Com  Châteaux & Hôtels Collection, os clientes vão ter acesso a novas experiências de qualidade. Na hora onde seu modelo econômico sofre de mudanças nas legislações nos grandes destinos turísticos mundiais, AirBnb pode fazer desse acordo um passo importante para competir com as grandes OTA, Booking et Hotels.com. O prestigio de Alain Ducasse pode também ser decisivo para mostrar ao setor hoteleiro, até então extremamente hostil, que sinergias são possíveis entre a economia participativa e as hospedagens tradicionais.

Novas perspectivas se abram também para Châteaux & Hôtels Collection. Os  viajantes qui visitam o site ou frequentam as hospedagens da AirBnb (só na França seriam 10 milhões) vão descobrir os seus endereços. Pelo menos numa primeira fase, os 400 hoteleiros da rede oferecerão em prioridade os quartos mais originais e inéditos como um pombal ou a torre de um castelo do Renascimento, mas a escolha será de cada estabelecimento. Concordando com AirBnb sobre a necessidade de comunicar com os viajantes duma forma diferente, consciente das revoluções trazidas pelas grandes plataformas de reservas, a rede presidida pelo Ducasse vai, com essa inesperada parceria, conseguir um novo posicionamento, tanto em relação aos seus outros parceiros na distribuição que junto aos novos viajantes do século XXI.

Jean-Philippe Pérol

O Castelo de Besseuil, Château Hotel na Borgonha

O Castelo de Besseuil, Château Hotel na Borgonha

 

 

Destinos turísticos e gastronomias regionais, os sucessos interligados

 

Degustação de ostras no Etang de Thau

Degustação de ostras no Etang de Thau

A gastronomia e as bebidas locais enriquecem o patrimônio turístico e são sempre parte das campanhas promocionais, como sendo experiências-chave para aproveitar um destino. Uma boa chucrute vai ser um grande momento de uma viagem para Estrasburgo, um Grand Cru degustado no Bar da Praça de Saint-Emilion justificará uma viagem para Bordeaux, um copo de Chablis com uma “gougère” será um parada obrigatória na Borgonha, uma cavaquinha grelhada frente ao porto de Saint-Tropez ficará como a sua melhor imagem da Côte d’Azur, bem como um prato de ostras na beira do Etang de Thau agregará a noite inesquecível que vai lhe fazer lembrar para sempre sua viagem para Montpellier.

Paul Bocuse em Lyon, capitale francesa da gastronomia

Paul Bocuse em Lyon, capital francesa da gastronomia

Para 67% dos viajantes, a gastronomia é um critério importante para selecionar o seu destino, sendo sempre entre os dez mais citados. E para os brasileiros, a culinária francesa é a quinta razão mais lembrada para justificar uma viagem para França, 59% deles colocando experiência gastronômicas nos seus roteiros. Os sucessos  recentes de Lyon ou de Bordeaux junto aos turistas vindo do Brasil se devem sem dúvidas em grande parte para a primeira ao prestígio do Paul Bocuse, das suas grandes mesas estreladas (ou dos seus pequenos “bouchons”), e para a segunda a justificada fama dos vinhos de Pomerol, de Côtes de Bourg, de Pessac Leognan ou de Margaux.

O Rosé , seduzindo por ser o espirito da Provence

O Rosé, seduzindo por ser o espírito da Provence

Se é então indiscutível que a culinária reforça a atratividade dos destinos, não se deve subestimar o quanto a imagem de um destino pode ajudar na divulgação dos produtos regionais. O exemplo mais famoso é talvez o Rosé de Provence. Produzido há mais de dois milênios, esse Rosé é hoje um sucesso mundial, 141 milhões de garrafas, 16 milhões das quais são exportadas (1,7% no Brasil). Esse sucesso se deve talvez à qualidade das suas uvas, ao charme das suas cores, ou a originalidade dos seus aromas. Mas, quem gosta desse vinho gosta antes de tudo da Provence. Beber esse Rosé com alguns amigos em dia de sol é beber a Provence, beber as oliveiras, os campos de lavanda, beber os jogadores do “bocha” na praça do vilarejo ou o canto das cigarras. A força da imagem da região deu ao seu vinho um prestígio que o transformou.

A Volvic no Japão, ligando sua imagem com os vulcões da Auvergne

A Volvic no Japão, ligando sua imagem à dos vulcões da Auvergne

Muitos pratos ou produtos das gastronomias tradicionais devem sua popularidade à atratividade das imagens dos seus países ou das suas regiões de origem, consolidadas através do turismo, de lembranças de férias ou de festas inesquecíveis. Na França, é assim que a Córsega exporta os seus embutidos, a Britânia sua cidra, a Auvergne suas águas minerais, o Pais Basco o seu queijo de ovelha, ou os Alpes sua “fondue” ou seu Genepi. Exemplos que mostram que se a gastronomia é um grande atrativo dos destinos, o sucesso turístico pode também ser um grande atrativo para a divulgação de gastronomia de um território.

O Pâté de pommes de terre da Auvergne revisitado pelo chef Laurent Suaudeau

O Pâté de pommes de terre da Auvergne revisitado pelo chef Laurent Suaudeau

A influência dos destinos sobre a valorização das suas respectivas culinárias é ainda mais forte quando se trata de viajantes ou de consumidores com raízes familiares. E, devo confessar que a minha paixão pelo “Pâté de pommes de terre”, que eu já dividi com amigos em Nova Iorque, Quito, Manaus ou São Paulo, se deve muito mais ao meu amor e ao meu orgulho das minhas origens na Auvergne que pela qualidade gastronômica dessa torta de batatas coberta de creme de leite. Mais um destino que soube ajudar a popularizar a sua culinária!

Jean-Philippe Pérol

Chablis com "Gougère", o pão de queijo a francesa

Chablis com “Gougère”, o pão de queijo à francesa

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue”do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

Cassoulet, pimentas e Gevrey Chambertin, sugestões brasileiras para a feijoada a francesa

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Cassoulet com pimentas e Gevrey Chambertin 2004

Cassoulet e Gevrey-Chambertin, uma sugestão para um domingo de noite

de Edson Costa, enólogo, gourmet, musicólogo e poeta.

Reza uma das lendas mais difundidas do cassoulet que Castelnaudary, cidade situada na região de Occitânia, foi cercada durante a Guerra dos Cem Anos pelos ingleses que dominavam o sudoeste desde Bordeaux,  e ficou semanas sem abastecimento. A população, para não passar fome, fazia ensopados com tudo que houvesse a disposição: feijões brancos (típicos da agricultura local), pedaços de carne de porco, aves, legumes… Assim teria nascido um dos pratos mais tradicionais da França. E Castelnaudary ficou conhecida como a capital mundial desta iguaria.

A cidade de Castelnaudary, na beira do Canal do Midi

A cidade de Castelnaudary, na beira do Canal do Midi

A lenda é muito discutida até hoje. Os historiadores lembram que o feijão chegou na Europa vindo das Américas, seja  depois do Cristovo Colombo, e que receitas parecidas, mas a base de favas, são conhecidas na região desde o século X. Mas o cassoulet virou famoso, e é um prato tão importante na cultura local que três cidades desta região disputam a fama de fazer o melhor de todos. Para manter a paz regional, os franceses decidiram que o cassoulet é o Deus da gastronomia, e as três cidades são o Pai (Castelnaudary), o Filho  (Carcassonne) e o Espírito Santo (Toulouse].

A Confraria do Cassoulet de Castelnaudary

A Confraria do Cassoulet de Castelnaudary

Guardadas as devidas e necessárias tradições, cada Chef tem sua receita para a elaboração dessa feijoada a francesa. Nesta proposta, personalizada mas inspirada da receita original da Grande Confraria do Cassoulet de Castelnaudary , foram incluídos: feijão branco, coxa de pato confitada e assada, costela de porco, linguiça calabresa, costeleta de porco defumada, lombo de porco, alho assado, bacon em pedaços, cebola roxa, sal e pimenta do reino moída na hora. Todo servido na “cassole”, o prato de cerâmica tradicional cuja origem vem do século XIV.

O castelo de Gevrey-Chambertin

O castelo de Gevrey-Chambertin na Borgonha

Para harmonizar o cassoulet com um vinho, as escolhas tradicionais são o Cahors ou o Corbières, mas vale a pena de fazer outras experiências. Vale combinar com um Gevrey Chambertin, o vinho que era o favorito do Napoleão, aqui um Racines du temps do René Bouvier, safra 2004.  Com seus vinhedos situado perto de Cluny – sede da famosa abadia e das ruinas da maior catedral do Ocidente cristão-, esse “terroir” caracteriza-se por apresentar vinhos unicamente tintos. São vinhos de longa guarda, potentes, estruturados, tânicos e ao mesmo tempo aveludados, de cor intensa, e com aromas e sabores de cassis, cereja, alcaçuz e couro, mas que também são capazes de desenvolver aromas terciários na maturidade, como de mata e de caça.

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Gevrey-Chambertin Racines du Temps 2004

O Domaine René Bouvier é uma empresa familiar fundada em 1910 pelo avô de Bernard Bouvier, Henry Bouvier na Côte de Nuits, Borgonha, França. Tem 13 hectares de Pinot Noir e 4 de Chardonnay Noiret 4 para um total de 18 DOCs na Borgonha, Cotes de Nuits Villages, Fixin, Marsannay e Gevrey-Chambertin, todas com Premier cru e Grand Cru. O Gevrey-Chambertin Racines Du Temps René Bouvier 2004, como é determinado na Borgonha, é um vinho varietal Pinot Noir (100%) que envelheceu em barricas novas de carvalho francês por 18 meses.

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Tempero a brasileira: molho de pimenta  dedo de moça

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Tempero a brasileiro: molho de pimenta murupi

Um cassoulet servido na "Cassole"

Um cassoulet servido na “Cassole”