O Nascimento de Vênus, nova alegoria do turismo italiano
Surpreendente pela sua beleza e sua ousadia – foi pintado no final do século XV -, o quadro do Sandro Botticelli “O Nascimento de Vênus”, mostrando a deusa do amor saindo do mar nua numa concha, é uma das mais conhecidas obras de arte do Renascimento. O Ministério italiano do turismo e a ENIT estão apostando nessa image marcante para o lançamento de uma nova campanha de promoção internacional chamada “Open to Meraviglia”. Nesse projeto, aprovado nos mais altos níveis do governo da Itália, a linda ruiva, com seus cabelos ao vento, será a protagonista central de uma versão moderna e digital, onde reencarnou como uma influenciadora virtual.
A nova Vênus anda até de bicicleta
Agora vestida com elegância e descontração, a nova Venus leva a sério o seu trabalho de influenciadora, fazendo pose nos mais atraentes destinos do país. Apresentando as maravilhas da Itália para o mundo, ela vai apresentar suas paisagens ricas e coloridas, seus monumentos icônicos, suas cidades de arte e seus pequenos vilarejos, suas especialidades eno-gastronômicas. Nos cartazes, bem como nos posts e nos vídeos, a linda renascentista aparece comendo pizza nas margens do Lago de Como, andando de bicicleta na frente do Coliseu de Roma, tirando um selfie na Piazza San Marco de Veneza ou olhando para o mar na região de Puglia.
Em Veneza, a influenciadora virtual não esquece o seu selfie
A escolha da obra de Botticelli e o lema da campanha nasceram de uma ideia da famosa agência italiana Armando Testa. Depois de um primeiro video e de imagens do Sul, do Centro e do Norte da Italia, serão adicionados novos visuais correspondendo as viagens que a Vênus ressuscitada realizará em várias épocas do ano nas regiões e nas cidades que aderirão a essa promoção. Com um orçamento de 9 milhões de Euros, a divulgacão será dividida entre uns painéis nos grandes aeroportos ou estações de trens internacionais, e uma campanha de comunicação numérica. A influenciadora virtual terá suas paginas no site italia.it, e seus perfis em todas as principais mídias sociais, incluindo na Instagram com os endereços venereitalia23 e venere_italia23.
A nova Vênus quer atrair os Millenials
A campanha “Open to Mariviglia” sera realizada em vários países europeus, nos Estados Unidos e em mercados emergentes como China, Sudeste asiático, India, Emirados e América do Sul (incluindo o Brasil). Como é de se esperar, o foco principal será os jovens, Millenials e gerações X e Z que podem não somente decidir das suas viagens mas ainda influenciar seus pais. A escolha da Venus de Botticelli, como símbolo de renascimento e de renovação do turismo italiano já abriu uma polêmica. O humor e a criatividade parece seduzir as novas gerações, mas a imagem de um ícone da cultura italiana comendo pizza revolta alguns conservadores que esquecem talvez que o próprio Botticelli tinha chocado mais ainda a sociedade do século XV mostrando a beleza do corpo da deusa pagã. Com certeza o debate só reforçará o sucesso dessa campanha criativa.
Agora com 287 associados, a rede internacional Cittaslow continua crescendo, mas com cautela. Frente ao risco sempre presente do overturismo, a preocupação é de respeitar a promessa de lentidão e de tranquilidade, e de seguir a risca os 70 critérios da sua carta-compromisso referente ao meio ambiente, as tradições locais, ao desenvolvimento regional, a mobilidade urbana, a hospitalidade e ao bem estar tanto dos moradores quanto dos visitantes. Nascida na Itália, popular há anos na Polônia, na Alemanha e em toda Europa, Cittaslow se espalhou em novos destinos, na Turquia, em Chipre, e na Ásia em Taiwan e na Coreia do Sul.
O intercâmbio com os moradores é um dos charmes da cidade
O turismo tranquilo tem, porém, mais dificuldades para conquistar a América Latina. Poucos viajantes, mesmo amigos da Colombia, conhecem Pijao, um pequeno vilarejo na área cafeteira, 300 quilômetros ao oeste de Bogotá, que foi porém em 2014 o primeiro destino do continente a aderir ao “slow turismo”. Pijao tem que ser percorrido com calma para aproveitar as casas coloridas, visitar suas lojas de antiguidades, caminhar nas trilhas das suas fazendas de café, descobrir sua floresta de palmeiras de cera gigantes, ou aproveitar as oportunidades de “bird watching”. E acima de tudo falar com os moradores, ter o tempo de escutar histórias.
Na vizinha Salento, um modelo de turismo mais intenso
Esse turismo tranquilo foi a escolha de Pijao quando aderiu a Cittaslow, um caminho diferente de outros vilarejos da região como Salento ou Filandia cujas cores viraram os xodós dos turistas instagramers cada vez mais numerosos nas rotas do café da Colombia. A escolha da autenticidade, da sustentabilidade e dos fluxos controlados reune a maioria dos comerciantes, dos hoteleiros e dos guias de turismo numa associação que monitora o respeito da carta-compromisso. Voluntários ajudam a preservar as tradições locais, a incentivar os circuitos comerciais curtos, a limitar a poluição sonora, e … a convencer os opositores que a liberação de um turismo menos seletivo não traria a longo prazo nenhum benefício para a cidade.
Em Socorro, os incriveis por do sol da Pedra Bela Vista
A cidade paulista de Socorro é segundo socio latino americano da Cittaslow, e o primeiro no Brasil.Para a Secretária de Turismo da cidade, Tereza Monica Sartori Marcheto, ” a vocação de um turismo sem pressa surgiu devido a característica do município, a importância da natureza, o interesso pela cultura, a vontade de trabalhar a sustentabilidade e a necessidade de valorizar o bem estar da população”. Com experiencias anteriores de certificação – a cidade foi classificada como Safe Travel pela WTTC-, Tereza destaca que, para seguir os compromissos da carta, é necessário continuar a mobilização, mapear os principais pontos da certificação e sensibilizar a comunidade para multiplicar as adesões. Um guia Descubra Socorro vai assim ser divulgado não somente para os profissionais do turismo e os comerciantes, mas também nas escolas e nas comunidades.
Tereza Marcheto acredita que o slow turismo é um diferencial que vale a pena
Ao contrario do que parece, o slow turismo necessita então um importante trabalho de preparação para ser apropriado por todos seus atores. Muito elogiado pelas mídias nacionais e internacionais, ele traga para Socorro e para todos os destinos que fazem com essa escolha importantes diferenciais competitivos. É, porem, uma tarefa árdua, já que, pelo menos na primeira fase, os resultados demoram para ser percebidos, e que, a medio e longo prazo, o sucesso junto aos profissionais e a população dependerá das receitas turísticas e dos novos empregos que serão gerados pelo esforço de todos. Um desafio para o slow turismo na América Latina, mas também em todos os destinos que se juntaram a essa nova tendência.
Se o transporte aéreo cresceu de 5% por ano desde a Segunda Guerra Mundial, a história das grandes empresas do setor foi bem mais movimentada. Na América do Sul, olhar 50 anos para trás é sem dúvidas assustador. A VIASA venezuelana desapareceu em 1997, a AVIANCA sobreviveu, mas atravessou dois “Chapter 11” e as falências de várias subsidiárias, a Ecuatorián de Aviación colapsou em 2006, enquanto a Faucett e a Aeroperú desapareceram. No Chile, a LAN Chile se manteve mas a LADECO foi absorvida. A Aerolinas Argentinas também se manteve, protegida pelo seu estatuto público, mas a LAP paraguaia e a PLUNA uruguaia pararam de operar em 1994 para a primeira, em 2012 para a segunda. O Brasil não escapou destas convulsões, e as 4 grandes companhias aéreas que sobrevoam os céus tupiniquins nos anos 1970 desapareceram, a Cruzeiro em 1993 , a Sadia/Transbrasil em 2001 , a VASP em 2005 e a VARIG em 2006.
A sede da PANAM na Park Avenue foi muito tempo o símbolo da sua potência
Se esse quadro parece desanimador, é importante ressaltar que as mesmas dificuldades foram enfrentadas pela companhias aéreas históricas dos outros continentes. Assim nos Estados Unidos onde, desde 1960, 65 tiveram que buscar a proteção judicial do “chapter 11”, e 32 delas, incluindo os mais prestigiosos nomes do setor. A PAN AM, a grande pioneira que revolucionou o transporte aéro no final dos anos 1960, abriu a primeira volta ao mundo, iniciou os voos do B747, criou os sistemas de reserva eletrônicos, revolucionou as atividades comerciais. A sua sede arrogante na Park Avenue parecia o símbolo da sua supremacia mundial, até que a liberação do setor e a chegada dos low costs a levassem a sua falência em 1991.
O Concorde unilateral da Braniff voou de Paris para Dallas
A sua concorrente TWA , com a qual dividia as principais rotas internacionais, seguiu o mesmo caminho. Muito tempo liderado pelo excêntrico Howard Hugues, a companhia era o símbolo de sucesso do seu país. Vítima dos mesmos problemas que a PANAM, desapareceu com as dificuldades e teve que fusionar com a American Airlines em 2001. Outra vítima famosa foi a Braniff que, depois de uma trajetória fulminante, marcada pelos seus aviões coloridos e a parceria num Concorde Paris Dallas com a Air France, desapareceu em 1982. A própria American Airlines, assim como as outras duas grandes transportadoras aéreas estadunidenses nascidas nos anos 1920, Delta Airlines e United Airlines, só sobreviveram depois de ter passadas pela triste mas salvadora experiência do « Chapter 11 ».
A queda da Swissair chocou o mundo da aviação mundial
Na Europa, a guerra do aero deixou também poucos sobreviventes entre as grandes empresas históricas do setor. A espetacular queda da Swissair em 2002 foi somente um acidente numa longa e saudosa lista onde constam a UTA francesa, a BCAL da Escócia, a Sabena belga, a Olympic grega, e ultimamente a Alitália, a SAS escandinava só escapando pela sorte de conseguir um « Chapter 11 » bem gerenciado. Talvez sem surpresa, as empresas que se saíram melhor foram justamente as três maiores companhias europeias, enraizadas nas três maiores potências econômicas da região: França, Reino Unido e Alemanha.
A Air France se saiu reforçada, guardando a elegância
Enquanto a ascensão das companhias do Golfo e a força dos seus hubs pareciam irresistíveis, e que os low costs enxugavam a maior parte das ligações intra-europeias, as três empresas escreverem exemplos de resiliência e de transformações vencedoras. A Air France, com o apoio firme dos sucessivos governos franceses, conseguiu não somente se sair das crises, mas ainda ser bem sucedida na complicada fusão com a KLM. A British Airways, perto da falência no início dos anos 2000, teve que reduzir suas ambições e sua rede, mas sobreviveu brilhantemente. E a Lufthansa não foi poupada pelas crises, mas superou todas as dificuldades e ampliou sua cobertura através de aquisições seletivas. As três ganharam e sobreviverem, mas agora a guerra continua, e o Oriente Médio e a Asia serão talvez os próximos campo de batalha.
Depois do sucesso da Copa, o Qatar quer apostas nas famílias
Escolhida pelos ministros da Liga Árabe como capital do turismo árabe 2023, Doha quer que o sucesso da Copa do Mundo seja somente um primeiro passo para que o Qatar se torne um grande destino turístico. Frente a seus bem sucedidos concorrentes regionais, Dubai, Emirados e Arábia Saudita, a Qatar Tourism quer agora aproveitar seus atrativos, infraestrutura, segurança e natureza para atrair novos públicos. Com um objetivo de 6 milhões de visitantes em 2030, o pequeno país quer agora atrair as famílias querendo viver em conjunto experiências inesquecíveis: das praias seguras e exclusivas e os parques de atrações, das imersões culturais até a descoberta do deserto.
Souk Walid, o centro animado da cultura e da gastronomia locais
Na capital, o passado e o presente são apresentados no Museu Nacional do Qatar, com experiências audiovisuais interativas para todas as idades sobre a formação, a pré-história e a história do país. O Museu Olímpico e Esportivo 3-2-1 tem varias galerias com animações, desafios e áreas de jogos para crianças. As instalações e as ofertas para famílias são também presentes no Museu de Arte Islâmica e do seu parque, bem como no Mercado Waqif, coração cultural e social do Qatar, autêntico “souk” oriental onde os beduínos traziam outrora suas mercadorias e onde o visitante pode encontrar hoje peças de artesanatos locais ou experimentar a gastronomia local.
Quest Doha é o parque da historia, do presente e do futuro da cidade
Doha oferece quatro parques de atrações para as famílias. Quest Doha leva os visitantes numa viagem com três dimensões temporais: em Oryxville, a exploração do passado árabe, na Cidade da Imaginação, a apresentação do presente, e, em Gravity, um porto espacial do futuro. Quest Doha já registrou dois recordes no Guiness Book com sua montanha russa e sua Drop Tower, as mais altas do mundo. Para os mais jovens, o Doha Festival City mall abriga o primeiro Angry Birds World do mundo, e, para os mais velhos, Virtuocity, o primeiro e-gaming hub do Oriente Medio. E no Villaggio mall, o parque Gondolania é focado em passeios de barco em canais artificiais inspirados das tradições de Veneza.
A tranquilidade e a beleza das águas e das dunas do Mar Interior
As famílias só precisam de uma hora de carro para aproveitar as dunas e as praias do Khor Al Adaid, o espetacular mar interior do Qatar. Os programas combinam aventuras no deserto – brincar na areia, andar de camelo, ou entender o papel do falcão na caça tradicional-, esportes náuticos nas aguas calmas e cristalinas, ou passeios de caiaque nas florestas de mangrovas de Al Thakhira ou de Purple Island. No norte do país, perto do histórico forte de Al Zubarah, a fazenda de North Sedra é uma boa surpresa para as famílias com jovens crianças. É um espetacular destino de agroturismo com produtos e animais da região, um pequeno museu sobre a agricultura e o artesanato tradicionais, bem como um zoológico com vários orixes, os grandes antílopes de chifres gigantes que viraram os animais icônicos do Qatar.
Esse artigo foi adaptado de um artigo original da revista francesa profissional on-line Mister Travel
O governo britânico escolheu de ajudar o setor a sair da crise
Enquanto a União Europeia está tentando obrigar seus membros a acabar com os voos domésticos de menos de uma hora, os Britânicos mostraram mais uma vez a sua independência com uma decisão original. No dia 1ero de abril, reduziram pela metade o valor da taxa APD (Air passenger duty) quando for cobrada para ligações aéreas internas. Criada em 1994, essa taxa pesava sobre todos os voos decolando dos aeroportos do Reino Unido, sendo proporcional a distancia percorrida. Com a nova lei, o valor médio cobrado para os voos internos vai baixar de 13 à 6,5 libras para cada trecho, seja 13 libras de economia sobre a ideia e volta. Num pais onde o preço media de uma viagem aérea é de menos de 30 libras para cada trecho, o impacto para um viajante pode chegar a quase 20%.
A baixa das taxas ajudou na abertura de novas rotas
Tomada pelo atual Primeiro Ministro, Rishi Sunak , quando era o Ministro da Fazenda do governo anterior, essa medida era um dos cortes de impostos decididos para estimular a economia do pais. Se os resultados não foram convincentes em todos os setores, o sucesso foi imediato para o transporte aéreo e o turismo. No mesmo dia, Ryan Air anunciou a abertura de 9 novas linhas domesticas e Easy Jet aumentava de 36% sua oferta de assentos para o verão, incluindo 3 novas rotas. Logo em seguido, as companhias tradicionais, a inglesa British Airways, a escocesa Logan Air e a irlandesa Aer Lingus acompanhava a tendência com aumentos de capacidade de dois dígitos.
Segundo o Official Airline Guide, a oferta de assentos nos voos domésticos britânicos vai ser multiplicada por dois em relação a 2019, e chegara a mais de 16 milhões. Essa projeção mostra não somente que a crise do Covid foi definitivamente superada, mas que a queda do turismo interno que castigou as Ilhas Britânicas durante varias décadas – e provocou a falências de varias companhias aéreas- pertence agora ao passado. O sucesso surpreendeu até os adversários do transporte aéreo, algumas organizações ecologistas que reclamaram da medida do governo que, segundo elas, ia prejudicar o transporte ferroviário. Esquecerem porém que os principais destinos destes novos voos não tinha ligações ferroviárias diretas entre eles, e que o custo do trem era as vezes até superior.
O Reino Unido esperar liderar a transição para o motor a hidrogénio
O desenvolvimento do voos domésticos britânicos quer, a medio e longo prazo, acompanhar a transição energética. Se os trens ingleses têm a fama de ser arcaicos e poluentes, o Reino Unido é hoje pioneiro nos projetos de descarbonização do transporte aéreo. O projeto mais avançado é realizado pela ZeroAvia, um construtor anglo-americano que já testou um protótipo de avião movido com baterias de hidrogênio. No último dia 19 de janeiro, um Dornier 228 de 19 lugares conseguiu realizar um voo de 10 mn no condado de Gloucestershire. O primeiro voo comercial estaria previsto para junho de 2025. Frente a uma União Europeia extremamente cética, ninguém deve duvidar que o governo britânico encontra também no transporte aéro doméstico uma maneira de mostrar sua criatividade e sua peculiaridade.
Outrora cidade proibida – os seus habitantes teriam sido malditos por duvidar das palavras do profeta-, capital de uma região distante com uma economia tradicional baseada no cultivo de támaras ou de cítricos e na criação de camelos, Al Ula parecia a bela adormecido da Arabia Saudita . Suas riquezas arqueológicas de Madain Saleh e de Hegra, heranças milenárias dos nabateanos, já eram conhecidas e tombadas pela UNESCO desde 2008, mas atraiam somente alguns poucos turistas vindo de Riade ou Jeddah, sem impacto significante sobre a vida quotidiana e as perspectivas profissionais dos 65.000 moradores.
Turistas num restaurante de Al Ula
Tudo mudou a partir de abril 2016, quando o principe herdeiro Mohamed Ben Salman lançou o projeto Visão 2030, que dava a Arabia Saudita nova perspectivas de desenvolvimento, fazendo do turismo e dos lazeres uma prioridade para sair de uma economia exclusivamente ligada ao petróleo. Com um impressionante orçamento de US$ 35 bilhões, foi criada a Comissão real de Al Ula, com a missão de transformar a região em destino turístico de alto luxo focado em arte, cultura e esporte. O projeto deveria ser integrado no ecosistemo local e respeitar a sustentabilidade, com o objetivo de receber em 2030 um milhão de turistas de alto poder aquisitivo sem cair no overturismo.
Shahad Bedair, uma das primeiras mulheres sauditas guia de turismo
A grande ambição do projeto é a criação de empregos e de oportunidade para a população local. São previstas 38.000 vagas, e já são milhares de moradores que foram contratados não somente como vendedores, recepcionistas, guias de turismo, motoristas, mas também como gerentes ou executivos – a própria Comissão já conta com dois terços de funcionários locais. Para poder atender a procura de pessoal especializado, milhares de bolsas e de estágios de formação foram realizados. Foram cursos de línguas, formações especializadas em hotelaria, arqueologia, agricultura ou gestão sustentável na Europa ou nos Estados Unidos. E para gerenciar o Parque, vários rangers foram mandados estudar dezoito meses na Tanzania.
Os agricultores aproveitam também o projeto
Mesmo se o projeto ainda têm muitas realizações pela frente – foram abertas 1000 dos 4000 quartos de hotéis previstos até 2030-, a vida dos moradores já mudou. Com o turismo, mais oportunidades profissionais, especialmente para jovens diplomados e para mulheres, mais encontros com visitantes, sauditas ou internacionais, mais opções de lazer com festivais culturais, exposições de arte ou competições esportivas, estão trazendo uma abertura excepcional que crescerá com o sucesso. Empresários locais estão construindo novos bairros de casas e apartamentos nas áreas sul da cidade, e na área norte, no vilarejo de Dadan, vai ser aberto um centro de ensino e pesquisa arqueológico. O impacto do projeto em Al Ula vai assim muito alem do turismo, trazendo aos moradores renda, qualidade de vida e abertura para o mundo.
O novo logo de Nova Iorque tem a difícil tarefa de substituir um ícone do marketing turístico
46 anos atrás, em 1977, a imagem de Nova Iorque era tão desastrosa quanto sua situação financeira. Numa situação de quase falência, a cidade era violenta, suja, insegura, e afugentava tanto os investidores quanto os turistas. No dia 13 de Julho, o caos virou geral quando uma queda de raios provocou um blecaute geral de 35 horas, com dramáticas consequências econômicas e humanas. Para reverter esse desastre, o governador do Estado pede a Wells Rich Greene – uma agência de publicidade pioneira famosa pela criatividade e o humor da sua presidente, Mary Wells Lawrence – para imaginar uma campanha para relançar o turismo para a « Big Apple ».
A inspiração do Milton, desenhada no táxi que o levava para agência
Talvez inspirado de uma campanha do estado de Virginia “Virginia is for lovers”, o lema escolhido foi « I Love New York ». Entregue ao famoso designer nova-iorquino de origem húngara, Milton Glaser (1929-2020), foi concentrado em três letras e um coração, uma genial inspiração que teria surgido no táxi que o levava para a agência. O tão simples e tão forte logo começou imediatamente a virar uma sucesso mundial: uma das criações gráficas mais copiadas da história em camisetas, sacolas, mugs, chaveiros, garrafas ou bonecos. Foi adotada por varias cidades no mundo e o desenho original faz hoje parte do acervo do Museum of Modern Art.
Depois do Covid, a crise financeira voltou a assustar Nova Iorque
Reinventar um monumento do marketing mundial era um impressionante desafio, mas depois dos 45.000 mortes da pandemia, de inúmeras falências de lojas e de restaurantes, bem como de muitos movimentos de moradores entre os 5 bairros da cidades e seus subúrbios, as autoridades acharam que era indispensável mudar para dar um novo impulso a imagem de Nova Iorque. O novo lema, « We Love NYC », quis abraçar duas fortes tendências do turismo internacional: a importância da comunidade e dos seus moradores – com o C de City-, e a necessidade do coletivo tanto local como global – com o We-, juntando todos aqueles que amam, segundo o prefeito Eric Adams, a maior cidade do mundo.
O novo design foi inspirado do metrô de Nova Iorque
O trabalho do designer Graham Clifford, sucessor do Milton Glaser, gerou um forte polêmica entre os moradores da cidade. O novo logo foi chamado de emoji desenhado por uma criança de 9 anos, o The New Yorker fez uma crítica violenta ao desenho que julgava “old fashioned”, outros acharam que se mudar devia ser para « Rats love NYC ». Mas Graham defendeu o seu conceito. Explicou que procurou justamente modernidade respeitando o logo icônico, e que a nova police era inspirada da sinalização do metrô de Nova Iorque – coração da cidade onde todos, banqueiros ou operários, sentam lado a lado e criam esse espírito coletivo, o “we” tao característico da cidade.
Yes, We love NYC, and the times, they are a-changin.
Nova Iorque é mesmo um encontro de amor e de energia
A degustação de azeites premiados é a grande experiência do óleoturismo
Turismo gastronômico, turismo culinário, enoturismo, rotas do café, do chocolate, da trufa ou do açafrão, a paixão pelos sabores é hoje, junto à cultura e natureza, uma das maiores motivações de viagem, chegando a ser decisiva para 60% dos viajantes. Essa proporção parece ser mais importante junto aos mais jovens – os Millenials -, e a atração pela gastronomia deu um pulo importante durante a pandemia. No Brasil, o portal de receitas da UOL teve um crescimento de 230% da audiência, o programa MasterChef no YouTube ganhou 129 mil inscrições, e a procura por cursos online cresceu mais de 200%, conforme pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
As azeitonas e o azeite são as raízes da cultura da Provence
Na onda da enogastronomia que motiva agora 80% dos turistas, um dos turismos de sabores que mais cresceu foi o óleoturismo, a procura da oliveira e do seu ouro verde, o presente sagrado que, segunda a mitologia grega, a deusa Atena entregou a humanidade. Em todos os países que a geografia ou a cultura ligaram ao Mar Mediterrâneo, as paisagens, as tradições, e, claro, os culinários, são marcados pelas oliveiras, as azeitonas e o azeite. Foi nesses países que nasceu o óleoturismo, com roteiros bem estruturados nas grandes áreas produtoras, como a Messénia na Grécia, o Alentejo no Portugal, os arredores de Sfax na Tunisia, Les Baux de Provence e Maussane-les-Alpilles na França, ou a região de Izmir no oeste da Turquia.
A Hacienda Guzman, imprescindível parada de um roteiro andaluz
As visitas incluem degustações das variedades de azeitonas (260 são cultivadas na Espanha), ajudando a entender as diferencias de cor, de textura, de amargura, de gordura ou de picância entre as variedades utilizadas para os azeites e as variedades de mesa. Em algumas fazendas, bem como em mercados, bar de tapas ou restaurantes, o azeite é o carro chefe da tradição gastronômica mantida desde Al-Andalus. O azeite se orgulha mesmo de ser uma fonte de bem estar, não somente pelas suas reconhecidas virtudes de nutrição e seu papel central na dieta mediterrânea, mas também como ingrediente chave de produtos de beleza, de tratamentos ou de massagens que utilizam tanto o azeite como o mel da região para dar brilho ao cabelo ou hidratar a pele.
A mesquita catedral, magia andaluz que não pode ser vista em nenhum outro lugar
Alem das suas 65 milhões de oliveiras, as riquezas culturais da Andaluzia, e seus sete monumentos tombados pela UNESCO, são um outro motivo do sucesso do seu óleoturismo. Nos arredores de Jaen, alem do Centro de interpretação da azeitona e do azeite, os conjuntos arquiteturais de Ubeda e Baeza são testemunhos da riqueza do Renascimento na Espanha, quando o Arquivo geral da Índias gerenciava o ouro das Américas. Seguindo as rotas da região, o viajante não pode perder as pérolas do patrimônio mundial que são a mesquita catedral de Cordoba, a Giralda de Sevilha, a cidade perdida de Azahara, ou a Alhambra de Granada, tesouros herdados de uma civilização mediterrânea onde o azeite continua de ter um papel essencial.
Em Gramado, os óleoturistas comemoram o dia da Oliveira plantando mudas
Seguindo as rotas das oliveiras, o óleoturismo atravessou o Oceano Atlantico para virar uma temática de viagens na América do Sul. Em Mendoza, na Argentina, no Vale de Colchagua, no Chile, ou em Maldonado no Uruguai, o azeite se juntou ao vinho e ajudou a consolidar um turismo da sabores de fama internacional. No Brasil de Santana do Livramento a Gramado, no Rio Grande do Sul, o óleoturismo aproveita o impressionante crescimento da produção de azeite, 122% em 2022. Nessas regiões, o sucesso das visitas guiadas, das degustações ou dos cursos, mostram que este turismo de sabores é mesmo uma des grandes tendências das viagens da retomada.
Depois de chegar brilhantemente en quarta lugar na Copa no Qatar – e de vencer o Brasil num histórico amistoso-, o Marrocos está mostrando que suas ambições internacionais não se limitam ao futebol, mas atingem outros setores, e especialmente o turismo. Com uma longa história de sucessos – uma escolha assumida pela qualidade e um primeiro plano que levou o reinado a passar em 2010 os 10 milhões de turistas-, o governo anunciou agora seus novos objetivos, 17,5 milhões para 2026 e 30 milhões para 2030, com um forte impacto social (geração de 200.000 empregos diretos e indiretos) e econômico ( Euros 11 bilhões de receitas internacionais) nos próximos 4 anos.
A ministra Fatima Zahra Ammor quer ambição e audácia para o turismo do seu pais
Essas ambições foram confirmadas pela ministra do turismo, Fatima-Zahra Ammor, que quer reposicionar o turismo como setor chave da economia marroquina, passando de 7% a 12% do Produto Interno Bruto e puxando outros setores de atividades. Para a ministra “O momento chegou de mostrar mais ambições e audácia, com uma clara visão, o dobramento do numero de chegadas internacionais e o posicionamento do Marrocos nos grandes destinos do turismo mundial”. Com um orçamento a altura dessas ambições – mais de 130 milhões de Euros por ano, o governo acredita que vai conseguir mobilizar o setor.
A Royal Air Maroc, inaugurando mais uma vez em 2023?
A estratégia da ministra é de trabalhar junto com os profissionais em três direções. Com as companhias aéreas, o objetivo é de dobrar o numero de assentos até 2030, assinando o máximo de parcerias. Logo em 2023, dez empresas assinaram convênios, abrindo 35 novas rotas para oito cidades do pais – as rotas para o Brasil, tradição da Royal Air Maroc desde os anos setenta, não foram confirmadas mas estão sendo estudadas. Com os hoteleiros, a prioridade será de melhorar e de modernizar a oferta, incentivando tanto a renovação do parque como a construção de novos estabelecimentos. Para atrair novos turistas e para fidelizar os visitantes, Fatima-Zahra Ammor quer abrir novos destinos e multiplicar as temáticas: praias, esportes náuticos, trekking, turismo urbano, aventura no deserto, congressos ou circuitos culturais.
As ambições do turismo marroquino vão também ajudar a valorizar o patrimônio imaterial do pais, seja a gastronomia, os festivais, o artesanato, ou a sustentabilidade, capitalizando sobre sua longa história e sua peculiaridade, bem como sobre a exposição mundial que o país ganhou durante a última Copa do Mundo. O futebol foi, por sinal, um tópico importante da apresentação da ministra que lembrou a candidatura do país, junto com a Espanha e o Portugal, para a Copa 2030. Mesmo se ainda não são definidas cidades que participariam – Tanger, Rabat, Casablanca, Agadir, Marrakech e Fès são as principais opções-, o Marrocos vai talvez ganhar mais uma ocasião de se projetar a nível internacional.
Esse artigo foi adaptado de um artigo original da revista francesa profissional on-line Mister Travel
Mazagão, um dos lugares onde a história do Marrocos encontra o Brasil
Depois de 37 anos, Belém voltando nas rotas da Air France
Reforçando a sua malha regional no Caribe, a Air France vai reabrir a partir de 5 de maio de 2023 um voo direto entre Belém e Caiena (Guiana Francesa), atualmente abandonado pela Azul. O voo será semanal, operado com um Airbus A320 equipado com Wi-Fi. Ele seguirá sem precisar de conexão para Fort-de-France (Martinica), e depois para Pointe-à-Pitre (Guadalupe), reconectando diretamente o Caribe francês com o Brasil. Os horários foram também escolhidos para oferecer aos viajantes da região norte mais uma possibilidade de viajar para França, com uma conexão para Paris-Orly.
Air France voltando para a Amazônia
Muito sazonal, devido ao fraco intercâmbio econômico e turístico, essa rota sempre foi difícil e, em trinta anos, oito companhias se sucederam entre os aeroportos de Val-de-Cans (Belem) e de Felix Eboué (Caiena). Os mais velhos se lembram da Cruzeiro do Sul, da TABA, da VARIG, da Penta, da TAF, da Suriname Airways e da Air Caraïbes, além, claro, da própria Air France que já explorou esse voo de 1984 a 1986. E para quem viveu a febre de desenvolvimento da Amazônia nos anos 1970, essa volta da Air France não pode deixar de relembrar a emocionante abertura do voo Manaus Caiena Paris, um inesquecível pouso de um B747 o dia 31 de março de1977 (era programado para ser dia 1 de abril, mas as autoridades aeronáuticas da época pediram adiantar de um dia para coincidir com o aniversário dos eventos de 1964).
A ponte unindo as duas margens do Rio Oiapoque
Se a história mostra que a ligação aérea entre as duas margens do Oiapoque foi sempre muito aleatória, existem pelo menos três razões de pensar que a Air France pode agora sem bem sucedida: a primeira é que a nova conjuntura política facilitou a volta do Brasil nas agendas dos principais líderes políticos, e as grandes mídias francesas, europeias e norte americanas estão apoiando novas iniciativas de intercâmbio. Essa tendencia se traduz também a níveis regionais, com os países das Guianas e do Caribe muito interessados em multiplicar as relações culturais e econômicas. Do lado francês, a Martinica, a Guadalupe e a própria Guiana já mostraram ser surpreendentes mercados emissores para o Brasil, além de parceiros interessados pela cooperação regional.
O voo deve relançar a cooperação inter-regional, Guiana no Amapá, ou Martinica no Pará
Mas as maiores perspectivas são mesmo amazônicas. A Guiana francesa é também a Amazônia francesa, cobrindo menos de 2% da imensa bacia do Rio Mar, 30 vezes menos que o lado brasileiro, mas o suficiente para ser parte do pequeno e exclusivo grupo de 9 países que devem definir o futuro dessa região tão cobiçada pelas outras grandes potências. Concentrando as atenções pelo impacto do seu necessário desenvolvimento sobre o aquecimento global, a Amazônia vai, sem dúvida, ver nos próximos anos uma aceleração dos investimentos internacionais, dos intercâmbios culturais e das chegadas de turistas. Para Air France, umas oportunidades para continuar a acompanhar e até a escrever paginas da História desta fascinante Amazônia onde a França tem sua mais extensa fronteira internacional.