I love NY, We love NYC, mudar é sempre um desafio!

O novo logo de Nova Iorque tem a difícil tarefa de substituir um ícone do marketing turístico

46 anos atrás, em 1977, a imagem de Nova Iorque era tão desastrosa quanto sua situação financeira. Numa situação de quase falência, a cidade era violenta, suja, insegura, e afugentava tanto os investidores quanto os turistas. No dia 13 de Julho, o caos virou geral quando uma queda de raios provocou um blecaute geral de 35 horas, com dramáticas consequências econômicas e humanas. Para reverter esse desastre, o governador do Estado pede a Wells Rich Greene – uma agência de publicidade pioneira famosa pela criatividade e o humor da sua presidente, Mary Wells Lawrence – para imaginar uma campanha para relançar o turismo para  a « Big Apple ».

A inspiração do Milton, desenhada no táxi que o levava para agência

Talvez inspirado de uma campanha do estado de Virginia “Virginia is for lovers”, o lema escolhido foi  « I Love New York ». Entregue ao famoso designer nova-iorquino de origem húngara, Milton Glaser (1929-2020), foi concentrado em três letras e um coração, uma genial inspiração que teria surgido no táxi que o levava para a agência. O tão simples e tão forte logo começou imediatamente a virar uma sucesso mundial: uma das criações gráficas mais copiadas da história em camisetas, sacolas, mugs, chaveiros, garrafas ou bonecos. Foi adotada por varias cidades no mundo e o desenho original faz hoje parte do acervo do Museum of Modern Art.

Depois do Covid, a crise financeira voltou a assustar Nova Iorque

Reinventar um monumento do marketing mundial era um impressionante desafio, mas depois dos 45.000 mortes da pandemia, de inúmeras falências de lojas e de restaurantes, bem como de muitos movimentos de moradores entre os 5 bairros da cidades e seus subúrbios, as autoridades acharam que era indispensável mudar para dar um novo impulso a imagem de Nova Iorque. O novo lema, « We Love NYC », quis abraçar duas fortes tendências do turismo internacional: a importância da comunidade e dos seus moradores – com o C de City-, e a necessidade do coletivo tanto local como global – com o We-, juntando todos aqueles que amam, segundo o prefeito Eric Adams, a maior cidade do mundo.

O novo design foi inspirado do metrô de Nova Iorque

O trabalho do designer Graham Clifford, sucessor do Milton Glaser, gerou um forte polêmica entre os moradores da cidade. O novo logo foi chamado de emoji desenhado por uma criança de 9 anos, o  The New Yorker   fez uma crítica violenta ao desenho que julgava “old fashioned”, outros acharam que se mudar devia ser para « Rats love NYC ».  Mas Graham defendeu o seu conceito. Explicou que procurou justamente modernidade respeitando o logo icônico, e que a nova police era inspirada da sinalização do metrô de Nova Iorque – coração da cidade onde todos, banqueiros ou operários, sentam lado a lado e criam esse espírito coletivo, o “we” tao característico da cidade.

Yes, We love NYC, and the times, they are a-changin.

Nova Iorque é mesmo um encontro de amor e de energia

 

Nova Iorque e Singapura agora destinos mais caros do mundo

Líder durante muitos anos, Singapura agora empata na liderança

Nos fatores que impactam a escolha dos destinos de viagens, os preços comparativos são cada vez mais decisivos e as fortes evoluções da era post pandemia poderiam anunciar novas tendências. De acordo com o Índice mundial do custo de vida , publicado pela Unidade de Inteligência da revista inglesa The Economist (EIU), a inflação mundial foi de 9% en 2022. A guerra na Ucrânia, as sanções ocidentais contre a Rússia, o disparo do petróleo e das commodities, bem como a subido dos juros e as variações de câmbio levaram a uma crise mundial. O relatório do EIU destaca assim que os aumentos de preços nas 172 cidades onde foram feitos os levantamentos foram os mais altos registrados nos últimos 20 anos, mexendo na tradicional e esperada lista dos destinos mais caros do mundo.

Nova Iorque seria agora a cidade mais cara do mundo

A maior novidade desse ranking vem de Nova Iorque. Mesmo se sempre apareceu no topo da lista – era em sexto lugar no ano passado-, a Big Apple chega pela primeira vês em primeiro lugar, empatando com Singapura. Puxadas pela valorização do dólar americano frente as principais divisas internacionais, outras cidades estado-unidenses aparecem também nas dez primeiras da lista: Los Angeles no quarto lugar e São Francisco no oitavo. No geral, as 22 cidades dos Estados Unidos onde a pesquisa foi feita esse ano tiveram fortes aumentos de custos e subiram no ranking, especialmente Portland, Boston, Chicago e Charlotte. 

As crises politicas não tiraram Hong Kong dos destinos mais caros

Há muitos anos destacada nas campeãs de preços altos, a Ásia se beneficiou esse ano das evoluções cambiais. Vencedora de 2021, Tel Aviv caiu para a terceira posição, e somente Hong Kong se manteve na lista das dez cidades mais caras, enquanto Tóquio, Osaka, Pequim, Shanghai, Guangzhou e Seúl tiveram fortes quedas dos seus índices de preços que foram impactados pelas depreciações das suas moedas em relação ao dólar americano. É interessante anotar que o índice concorrente do The Economist, o ECA International, dando menos importância aos fatores cambiais e aos produtos de luxo importados, continua colocando cinco cidades da Ásia no topo da sua lista.

O Londres post Brexit ficou muito mais barato

Na Europa, pelo menos enquanto se trata de custo de vida, Londres parece ter beneficiado do Brexit. Saiu do topo da carestia e ficou em vigésimo sétimo lugar, longe das 4 cidades do Top 10. As duas grandes cidades da Suiça, Zurique e Genebra, são agora as mais caras da Europa, seguidas de Paris e Copenhagen. Com a guerra e uma inflação acelerada, as capitais dos países do leste, inclusivo Moscou e São Petersburgo, experimentaram aumentos significativos do custo de vida. Mas ao contrário, mesmo com um aumento medio de 22% do preço da gasolina, as quedas do Euro, da Libra e do Franco suíço fizeram muitas destinos europeus, como Estocolmo, Lyon ou Luxemburgo, cair de posição na lista

Tunisia é destaque dos destinos mais baratos

Para preparar suas viagens de 2023, o relatório do The Economist mostra algumas oportunidades. Excluindo uma dramatização da guerra,  a inflação deve diminuir para 6,5%, os preços dos combustiveis e dos produtos alimentares cair. Os bloqueios das cadeias de suprimentos ou de logistica devem ser superados, trazendo mais otimismo para os consumidores. Os viajantes deveriam também aproveitar as oportunidades,  seja nos tradicionais destinos europeus ( França, Espanha, Portugal) agora mais acessíveis, seja nos destinos mais baratos da lista oferecendo, na Tunísia, na Índia, ou na Ásia central, excepcionais custo/benefícios.

 

As 10 cidades mais caras do mundo em 2022, no ranking do The Economist

1. Nova Iorque

1. Singapura (empate)

3. Tel Aviv, Israel

4. Hong Kong

4. Los Ángeles (empate)

6. Zúrique

7. Genebra

8. São Francisco

9. París

10. Copenhagen

10. Sídnei (empate)

 

As 10 cidades mais baratas do mundo em 2022, no ranking do The Economist

161. Colombo (empate)

161.Bangalore (empate)

161. Alger  (empate)

164. Chennai

165 Ahmedabad

166. Almaty

167. Karachi

168. Tashkent

169. Tunis

170. Teheran

171. Tripoli

172. Damasco

 

Turismo de proximidade ou turismo internacional?

A Embratur apoiou o crescimento do turismo de proximidade

Valorizando viagens no raio máximo de 300 à 500 quilômetros da sua casa, de carro, de trem ou de ônibus, sem atravessar fronteiras e sem precisar de avião, o turismo de proximidade cresceu durante a pandemia. Foi para muitos destinos a única forma de manter alguma atividade no setor. E tradicionalmente focada nos mercados internacionais, as ações promocionais dos grandes atores mundiais voltaram para o turismo domestico. A Italia lançou o Bonus Vacanze para as famílias com baixa renda, a Malásia criou isenção fiscal para os gastos internos, a Costa Rica ampliou os feriados locais, a Atout France lançou  #CetÉtéJeVisiteLaFrance, e no Brasil, a Embratur realizou a campanha “ser brasileiro é estar sempre perto de um destino incrível”.

A França focou varias campanhas no turismo de proximidade

Na hora da retomada, o turismo de proximidade não perdeu essa dinâmica, encontrando importantes apoios junto a vários setores da sociedade. São em primeiro lugar os profissionais que nunca esquecerem que o turismo interno representa nos países da OCDE até 75% das receitas do setor, e que essas receitas são menos sujeitas as crises sanitárias, políticas ou climáticas que as receitas provenientes do turismo internacional. Mas dois fatores levaram o turismo de proximidade a novos apoios: os políticos, que viram num consumo local um meio de melhorar mais diretamente a vida dos moradores, e os defensores do meio-ambiente que mediram o menor impacto de um turismo utilizando menos transporte.

A rivalidade trem/avião é parte da briga proximidade/internacional

A valorização do turismo de proximidade está porem levando a alguns excessos. Regiões ou cidades estão escolhendo estratégias minorando o turismo internacional, e especialmente o turismo intercontinental, cortando as ações de promoção, reduzindo as ligações aéreas,  valorizando areas ou atividades pouco acessíveis a  uma clientela estrangeira. Os novos objetivos dessas políticas turísticas são claramente políticos. E mesmo quando só podem ser aplaudidos por todos – por exemplo quando favorecem a sustentabilidade, a inclusão ou os equilíbrios territoriais -, faltam as ações ou a comunicação para poder assim incrementar as experiências do viajante vindo do outro lado do mar.

Em Nova Iorque, os estrangeiros representam  20% dos visitantes e 80% das receitas

Na maioria dos grandes destinos, muitos atores do turismo não poderiam sobreviver a uma queda duradoura  dos fluxos internacionais que representam um terço das receitas do turismo global. Na França, líder mundial, os turistas internacionais representam 62% do total em Paris e mais de 30% nas capitais regionais. Nesse total, é importante anotar que os gastos médios dos viajantes intercontinentais – Chineses, Estado-unidenses, Japoneses ou Brasileiros- são pelo menos três vezes superiores aos gastos dos europeus, sendo imprescindíveis para os hotéis de luxo, os restaurantes estrelados ou as lojas especializadas.

Cidades catalãs apostam na proximidade

O turismo de proximidade e o turismo internacional não devem ser apresentados com escolhas conflitantes mas como estratégias complementares. Não somente por razões econômicas, mas pela natureza mesmo do turismo. O turismo nasceu como abertura ao mundo, descoberta e intercambio. Hoje ele integrou mais valores na sustentabilidade, no respeito das culturas locais e na vontade de convivência com os moradores. É essa diversidade que faz a atratividade dos grandes destinos turísticos. O crescimento do turismo de proximidade e o amadurecimento do turismo internacional, longe de ser opostos, deve então continuar a ser complementares.

Jean-Philippe Pérol

Saudade de viajar para onde?

O Mont Saint Michel, entre a Bretanha e a Normandia, patrimônio e fé no monumento preferido dos franceses

Depois de um ano de confinamento, os viajantes estão cada vez mais impacientes para ver a retomada do turismo. Com a abertura progressiva dos grandes (e dos pequenos) destinos, a vacinação em massa dos adultos, e a volta das linhas aéreas internacionais, as últimas pesquisas mostram que os brasileiros querem mesmo não somente voltar a viajar, mas também viajar de forma diferente. Querem mais segurança, mais exclusividade, mais bem estar, mais sustentabilidade e mais experiências transformacionais, esses novos critérios que vão definir os destinos que aproveitarão a retomada.

Quem não tem saudade do borbulho de Nova Iorque

Mas a saudade de viajar é antes de tudo muito pessoal, a escolha da primeira viagem pós confinamento vai assim depender das experiências e dos desejos de cada um: paisagens, cidades, e monumentos se mesclam com paixões e emoções para fazer uma lista onde terá que combinar sonhos e realidades. Assim a minha lista começa com cidades. Saudades da beleza de Paris que mexe com almas e corações, saudades do borbulho estressante de Nova Iorque, saudades da imponente e até arrogante tranquilidade de Bordeaux, da agitação descompromissada de Miami ou da carinhosa vibração de Montreal.

O Puy de Dôme, guardião das terras da Auvergne

Tenho também saudades das paisagens que ficaram impressos na minha memória. A imponência do Puy de Dôme que guarda a minha terra, a força das cataratas de Iguaçu que carrega a história das missões, a pureza infinita das dunas do Sahara em Zagora, Djanet ou Tozeur, bem como a pura beleza do Monte Otemanu e da lagoa de Bora Bora. Mais ainda, sinto saudade das matas e dos rios da Amazônia, da misteriosa neblina cobrindo a floresta de manhã cedo nas beiras do Rio Negro, ou do incomparável por do sol na baía do Rio Tapajós.

Em Teotihuacan, a pirámide da Lua vista da pirámide do Sol

Minhas saudades e emoções de viagem são ligados a lugares e monumentos especiais. Queria pular mais uma vez em cima da pirâmide do sol em Teotihuacan, sentar no Patio dos Leões do Palácio da Alhambra, chorar frente a resiliência de Santa Sofia, olhar as tragédias do Mar Morte desde a fortaleza de Massadá, e subir o Mont Saint Michel olhando o ouro do arcanjo. Preciso reviver o caminho do Inca e o espantoso nascer do sol clareando a magia de Machu Pichu, olhar para o oceano infinito além dos Moais da Ilha de Páscoa, escutar a chamada do muezin na Mesquita dos Omíadas, atravessar a praça São Marcos homenageando a glória cínica da Serenissima, ou  responder ao sorriso do anjo risonho na hora de entrar na Catedral de Reims.

Perto de Djanet, as emoções e a pureza do deserto

Viajar é preciso mesmo, e estamos hoje com saudade até das viagens que não fizemos e que já constam da lista das nossas descobertas pós Covid. Percorrer a Sicília nas pegadas dos gregos, dos romanos, dos árabes e dos normandos, ver Agrigento e os vinhedos de Nero d’Avola . Se emocionar em São Miguel das Missões sobre a epopéia dos jesuítas e a destruição do sonho guarani. Ser um dos primeiros a visitar o extraordinário acervo turístico de Al Ula, na rota que levava de Jerusalém à Meca, beber um Rioja nas espetaculares adegas desenhadas por Calatrava. Tentar entender na Bretanha, de Saint Malo até o pitoresco litoral da costa de granito cor de rosa, o por que da peculiaridade dessa região da França.

Santa Sofia, 1500 anos de afirmação da fé ortodoxa

Temos saudades desses lugares e de muitos outros, inclusive de alguns que ainda não conhecemos.  Saudade de viajar, saudade de novas emoções e de novos encontros. Na hora da retomada do turismo, relembrando os destinos marcantes e sonhando de novas experiências, poderemos assim relembrar essa frase do de Gaulle “Partir, c est vivre”.  Viajar é viver, vamos agora escolher para onde.

Jean-Philippe Pérol

No Rio Tapajós, a exclusividade de roteiros juntando ecoturismo e intercâmbio com as comunidades

 

Depois do Concorde, o sonho do Airbus 380 entra também na Historia

O Airbus A380 da Air France

Em novembro 2009, subindo a bordo do primeiro voo Nova Iorque Paris do A380 da Air France, a sensação era de participar, mais uma vez, do início de uma nova era do transporte aéreo internacional. Anunciado (e sendo) o avião mais silencioso e mais confortável do momento, capaz de transportar de 500 a 800 passageiros, o gigante da Airbus ia trazer para o transporte aéreo internacional uma revolução tão radical que o primeiro Jumbo 747 em 1969. O entusiasmo das 13 grandes companhias  participando em 1996 da primeira apresentação do então A3XX levaram a Airbus a lançar o programa em 2000, conseguindo logo 55 encomendas. A escolha do nome, A380 com o numero 8 vindo da numerologia chinesa, mostrava que a aposta principal era de se posicionar nos grandes hubs asiáticos.

São Paulo no ranking das viagens de negócios internacionais

Nova Iorque continua liderando os destinos de viagens de negócios

Depois da desanimadora pesquisa da Euromonitor que mostrava uma lista das 100 maiores cidades turísticas do mundo com o Rio de Janeiro sendo a única brasileira e só aparecia no nonagésimo lugar, a Egencia está repassando um pouco de otimismo para os profissionais do Brasil. Na pesquisa anual dessa OTA – subsidiaria corporativa da Expedia, São Paulo aparece numa honrada decima oitava posição. Mesmo devendo ser tomada com alguma cautela (Egencia, é presente somente em 65 países, e tem mais força junto as pequenas e medias empresas), a pesquisa fornece dados interessantes porque leve em consideração não somente as viagens corporativos, mas também os eventos, os seminários e o MICE, desenhando assim o novo mapa mundial das viagens de negócios internacionais.

As vinte mais das viagens de negócios no mundo

No pódio continuam as três cidades-mundo, com Nova Iorque em forte crescimento, superando Londres pelo quarto ano consecutivo. Paris, com um aumento de 20% das chegadas nos seus três aeroportos durante os últimos dois anos, se consolida em terceiro lugar e fica esperando que as transferência de sedes sociais consecutivas ao Brexit levam a melhorar ainda mais a sua posição em 2019. Talvez sinal de declínio da Europa nos negócios internacionais, nenhuma outra cidade europeia consta na lista, sendo a ausência da Alemanha e especialmente de Frankfurt (décimo quarto aeroporto mundial) uma das surpresas dessa pesquisa. 

La Défense, o bairro Business de Paris

Se a América do Norte ainda consegue colocar seis cidades alem de Nova Iorque nesse ranking ( quatro dos EE-UU e duas do Canadá: a anglófona Toronto e a francófona Montreal), o crescimento da Ásia é mais uma vez comprovado. Singapura registrou o mais forte aumento de trafico nos últimos quatro anos, mais de 200% e oito cidades asiáticas se destacam. Xangai, capital comercial da China, já está em quarto lugar, na frente de Hong Kong e Pequim, bem como de quatro outras cidades do continente: Singapura, Tóquio, Mumbai e Seul. Do outro lado da Ásia, Dubai conseguiu ficar em décimo primeiro lugar, não tanto pela sua atração nas viagens corporativos, mas pelo seu sucesso como destino de congressos e viagens de incentivo.

São Paulo, único destino destacado na América do Sul

A América Latina só conseguiu colocar duas cidades nesse ranking mundial, mostrando que ainda está longe de responder ao mesmo nível que a Ásia as esperanças dos grandes players dos negócios internacionais. A liderança regional ficou com México, homenagem a maior cidade latina com 23 milhões de habitantes.Mas São Paulo, listada em décimo oitavo lugar, poderia nos dois próximos anos aproveitar a volta do crescimento econômico do pais bem como as ambições da Egencia para conseguir subir no ranking.

 

 

Os pedestres, novos reis dos destinos turísticos?

A Rue Cremieux, rua de pedestres em Paris

Quando fundou, em parceria com a Air France uma agencia de receptivo onde queria mostrar sua reconhecida criatividade, Gilbert Trigano fez questão de colocar os passeios guiados a pé como alguns dos produtos bandeira da nova empresa. Era o ano de 1976, e mais uma vez, ele foi pioneiro a se lançar numa aventura que a Tourisme France International continuou durante quase trinta anos. Mesmo na época dos ônibus de turismo ou dos carros de aluguel, o  inventor do Club Med já tinha percebido que os passeios a pé eram para o visitante a melhor forma de explorar um destino, de assimilar o seu ambiente, de sentir os seus cheiros, de vibrar aos sons da sua música, de mergulhar na sua cultura e de se comunicar com os seus moradores. Quarenta anos depois, reforçada pelas exigências ambientais e a procura de exercícios físicos, a ideia seduziu muitos grandes destinos que estou desenvolvendo a sua “caminhabilidade”.

A rua Saint Paul no centro histórico de Montreal

Cada vez mais preocupadas pela sua sustentabilidade, muitas cidades estão relembrando que andar a pé é o jeito mais simples de se locomover, tanto para os moradores que para os turistas. Elas desenvolvem a sua “caminhabilidade” – termo traduzido do inglês walkability, a capacidade para um destino de facilitar  a locomoção dos pedestres. Para o trabalho, os estudos ou os lazer, andar a pé necessita segurança, distancias curtas, serviços e meio ambiente agradáveis.  O site Walk Score classifica as cidades americanas, canadenses a australianas em função dessa “walkability” (tendo também outros ranking sobre a qualidade do transito urbano e as facilidades para os ciclistas). Cada cidade recebe uma nota em função das infraestruturas ajudando os pedestres a caminhar, bem como da proximidade dos serviços e das lojas, sejam padarias, supermercados, farmácias, bancos, restaurantes, shopping e parques.

Mais de 500 cidades já assinaram a carta Walk21

Sendo 100 a nota máxima, as cidades com índice superior a 90 são consideradas os paraísos dos pedestres, aquelas com índices de 70 a 89 muito boas para caminhar. Com menos de 50, uma cidade privilegia o papel dos carros e dos transportes coletivos. Nessa classificação, Montreal conseguiu em julho desse ano chegar a 70 pontos, fruto de um longo trabalho que começou em 2006, com a Declaração dos direitos do Pedestre  (Charte du piéton). Depois de dez anos, a prefeitura lançou um  Programa de implantação de ruas para pedestres ou para usos mistos para ajudar os distritos da cidade nos seus projetos  de infraestruturas viárias, de arquitetura urbana, de arborização, de parques ou até de animações artísticas ou musicais. 45 ruas já foram assim entregas para pedestres, representando quase sete quilômetros de caminhadas (e de alegrias) para os moradores e os visitantes.

Nova Iorque amplia as áreas reservadas aos pedestres

Nos Estados Unidos, o ranking de Walkscore coloca Nova Iorque em primeiro lugar com 89,2 pontos, na frente de San Francisco (86) e de Boston (80,9). A Big Apple começou a sua transformação urbana em 2007 com a ampliação da área pedestre de Times Square. Durante o verão 2009, Broadway foi fechada para o transito, e foram construídas áreas exclusivas temporárias ou permanentes. Foi também em 2009 que foi aberto o primeiro trecho da Highline, esse viaduto abandonado pelos trens que virou uma das mais concorrida caminhada dos nova-iorquinos e dos visitantes. Outras áreas de pedestres foram instaladas na cidade, por exemplo na 23, nos arredores do edifício Flatiron, onde a Prefeitura instalou verdadeiras praças para pedestres com mesas, cadeiras e guarda-sóis. 

Os Champs Elysées só para pedestres

Em Paris, a prefeita anunciou em 2017 o projeto “Paris piétons”, uma série de medidas incluindo a assinatura da Carta Internacional Walk21. Vários projetos foram lançados: travessias do anel rodoviário, trilhas verdes aproveitando as grandes avenidas, uma grande área exclusiva para pedestres no bairro do Marais. Algumas áreas serão fechadas ao transito durante os finais de semana, outras durante alguns feriados excepcionais, incluindo os próprios Champs Elysées, ampliando experiências anteriores. Painéis com mapas especificos e sugestões de roteiros para caminhadas turísticas ajudarão visitantes e moradores a descobrir a cidade luz de forma diferente, aquela mesma que o Trigano tinha imaginado há mais de 40 anos.
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Esse artigo foi adaptado de um artigo original de Chantal Neault na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat 

Mundo, França, Brasil, os discutíveis mas interessantes Awards 2016 da Trip Advisor

Saint Malo, novo destino no Top 10 da França

Saint Malo, novo destino no Top 10 da França

A  Trip Advisor divulgou dia 30 de Março os seus Travelers’Choice Awards 2016, seguindo um algoritmo misturando os números  de comentários, os elogios dos visitantes as belezas naturais, atrações, hotéis ou restaurantes dos destinos,  bem como os  números de reservas feitas no próprio site da Trip Advisor. Se as criticas referentes a opacidade das ponderações, a realidade dos comentários ou a falta de valorização dos critérios quantitativos  ainda perduram, a lista é porem interessante, tanto pelas cidades que a componham que pelas evoluções aparecidas desde o ano passado, tanto a nível mundial que na França ou no Brasil.

Londres, vencedora dos Awards mundiais 2016

Londres, vencedora dos Awards mundiais 2016

And the winner is … Londres. A capital britânica, que briga com Paris pela liderança do turismo internacional, está recolhendo os resultados do seu dinamismo, da sua diversidade cultural, das exposições do British Museum e da National Gallery, das compras no Harrods ou do charme de Abbey Road. Os ingleses souberam também aproveitar muito bem os seus grandes eventos, incluindo o pós-Jogos Olímpicos ou a expectativa dos 400 anos da morte do Shakespeare. DSCN0279 - copieSe a lista dos 10 mais mundiais perdeu as duas metrópoles chinesas, ela voltou a incluir Nova Iorque que tinha sido injustiçada em 2015. E mesma se a Ásia continua de mostrar a sua força – com Siem Reap, Hanoi e agora Bali- , os grandes clássicos europeus como Roma e Praga seguem bem posicionados. Passando da sétima a quarta posição, Paris mostrou que guarda todo o seu poder de atractividade, e que as numerosas novidades – museus abertos ou renovados, mas também novas opções de shopping-  estão atraindo apaixonados bem como novos viajantes.

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Nos arredores de Paris, a Fundação Louis Vuitton

O TOP 10 dos destinos turísticos da França trouxe muitas novidades. Os quatros líderes  (Paris, Nice, Lyon e Bordeaux) conservaram os seus rankings, mas Marselha está colhendo os benefícios da novidades trazidas em 2013 pelo ano europeu da cultura, especialmente o surpreendente Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (MUCEM).MUCEM de Marselha Com a Disneyland Paris e seus doze milhões de visitantes anuais, com seu outlet “La Vallée” e seu shopping gigante , a chegada de Marne la Vallée não é uma verdadeira surpresa, especialmente para os brasileiros. É também com toda lógica que a cidade bretã  de Saint-Malo entrou nessa lista. Acesso privilegiado ao Mont Saint Michel, ela atrai pelo seu acervo arquitectural, o seu porto fortificado e sua excepcional historia marítima que deixou rastros no mundo inteiro, inclusive na América Latina onde as Malvinas (“Malouines” em francês) carregam o seu nome!

A Disneyland Paris levando Marne-la-Vallée no Top 10 francês

A Disneyland Paris levando Marne-la-Vallée no Top 10 francês

Discutíveis pela falta de transparência e pelos conflitos de interesse, o Top 10 da Trip advisor é, assim mesmo, um indicador de tendências, tanto a nível mundial que ao nível de cada pais. A força de Londres, Paris ou Nova Iorque, a irresistível ascensão da Ásia, o eterno charme de Roma ou Istambul são indiscutíveis, e não pode ser desprezado o dinamismo de pequenos mas fascinantes destinos como Angkor (Siem Reap) ou Bali (Ubud) . Achille na praia de IpanemaNa França, as chegadas de Marselha, de Saint Malo ou de Marne la Vallée mostraram a importância dos grandes investimentos em infra-estruturas, sejam culturais, patrimoniais, comerciais ou turísticas. No Brasil também, as evoluções 2015 – recuo de São Paulo, Gramado ou Florianópolis, subida dos destinos de praias do Nordeste e do Rio de Janeiro – traduzem a crise econômica que pesa sobre as viagens de negócios, e a expectativa do impacto dos Jogos Olímpicos  . Agora, que serão os Top 10 Awards 2017?

Jean-Philippe Pérol

O Top 10 dos Destinos Travelers’ Choice no mundo (e a evolução 2015/2014, saíram Pequim e Xangai):
1 – Londres (+2)
2 – Istambul (-1)
3 – Marrakech (+3)
4 – Paris (+3)
5 – Siem Reap (+4)
6 – Praga (-1)
7 – Roma (-5)
8 – Hanoi (=)
9 – Nova Iorque (novo)
10 – Ubud (novo)

O Top 10 dos Destinos Travelers’ Choice na França (e a evolução 2015/2014, saíram Bayeux, Lourdes, Cannes, e Morzine):
1 – Paris (=)
2 – Nice (=)
3 – Lyon (=)
4 – Bordeaux (=)
5 – Marselha (novo)
6 – Marne-la-Vallée (novo)
7 – Estrasburgo (novo)
8 – Aix-en-Provence (+2)
9 – Chamonix (-1)
10 – Saint-Malo (novo)

O Top 10 dos destinos no Brasil ((e a evolução 2015/2014, saíram Curitiba e Porto Alegre):

1- Rio de Janeiro (+1)

2- Gramado (-1)

3- Jericoacoara (+4)

4- Ipojuca (+4)

5- São Paulo (-2)

6- Foz de Iguaçu (-1)

7- Florianópolis (-3)

8- Buzios (novo)

9- Natal (novo)

10- Salvador (-4)

Estrasburgo, colocando a Alsácia nos melhores da França

Estrasburgo, colocando a Alsácia nos melhores da França

 

Concorde da Air France. Soy loco por ti, America!

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Na chegada do voo inaugural Paris México, traslados de carruagem para Gilbert Pérol e os convidados da Air France

Para os engenheiros da empresa francesa Sud Aviation, os voos supersônicos teriam sido uma historia bem europeia, com a então chamada “Super Caravelle” percorrendo trechos de medio alcance a uma velocidade acima do som. De Gaulle; vamos construir o ConcordeNo dia 29 de Novembro 1962, o casamento com a construtora inglesa BAC levou a decisão que o novo avião tinha que chegar até a América, e os ingleses aceitaram a sugestão do De Gaulle, de mudar o nome para Concorde – com um controvertido “e” no fim para guardar um jeito afrancesado.

CP CONCORDE RIO

Os americanos foram mais difíceis de convencer que os ingleses, e quando chegaram em 1975 os primeiros aviões, tanto da British Airways que o da Air France,  não tinham autorização para pousar em Nova Iorque. E enquanto os ingleses seguiram para o Oriente, de Bahrein a Singapura, a Air France decidiu honrar a sua gloriosa historia latino-americana. concorde ccs 1981Depois de Paris-Dakar-Rio (por pouco um Paris Recife Rio) no dia 21 de Janeiro 1976, foi assim abertas a rotas Paris-Santa Maria-Caracas no dia 9 de Abril do mesmo ano, uma decisão mais política que económica: os estudos de mercado assinalavam que a ocupação não passaria de 36%, uma estimativa que foi (infelizmente) perfeita. Se o voo era muito deficitário e fechou no dia primeiro de Abril de 1982, foi nessa rota que o Concorde quebrou os recordes dos seus voos mais longos. Dois deles (um programado, o outro por acaso) conseguiram fazer a ligação direta, seja  7780 km em 4 horas e 19 minutos, sem parar nos Açores.AF PUBLICIDADE CCSDepois da abertura de Nova Iorque em maio de 1976, a América Latina foi mais uma vez o destino final de uma rota do Concorde, com um voo Paris-Washington-México. Foi inaugurado no dia 20 de Setembro 1978,  amadrinhado pela então primeira dama Dona Carmen Romano de López Portillo. braniff2México ficava a somente 7 horas de Paris em vez de 12 horas e 20 minutos nos voos subsônicos. Em Março de 1981 Washington foi substituído por Nova Iorque, tanto para Dallas que para México, mas a crise económica levou o ano seguinte ao fechamento das duas rotas. 

As Américas foram sem dúvidas os destinos preferidos dos Concorde da Air France, não somente com um quase monopólio dos voos regulares (seis num total de sete), mas com muitas outras cidades recebendo voos excepcionais, GISCARD NO AEROPORTO DE MANAUStanto charters comerciais que fretados para viagens governamentais. Foi assim que o Concorde pousou em São Paulo (Viracopos) em 1971 numa viagem do então ministro francês da fazenda, Giscard d’Estaing, que voltou em outubro 1979 no Brasil, chegando de novo no supersónico mas voltando de Manaus num voo regular. Em 1975 pousou em Montreal, numa homenagem a inauguração do novo aeroporto de Mirabel. E em 1976 uma viagem presidencial o levou a Pointe-a-Pitre, Saint Martin, Nova Orleans, e Houston. Concorde em Foz de IguaçuVindo para Rio-92, o Presidente da França Mitterrand realizou o maior roteiro feito pelo Concorde nas Américas: Brasília, Rio, São Paulo, Recife, Bogotá e finalmente Cartagena. Os voos fretados abriram também mais de vinte escalas no continente: de Las Vegas a Acapulco ou San Juan,  de Iguaçu a remota Ilha de Páscoa! E se o Concorde da Air France parou de pousar nas Américas em novembro de 2003, a legenda que a Air France escolheu de escrever com ele no Novo Mundo  vai continuar ainda por muito tempo!

Jean-Philippe Pérol

Giscard d'Estaing chegando de Concorde em Viracopos

Giscard d’Estaing chegando de Concorde em Viracopos

Mirabel

De particular a particular, a revolução da hospedagem.

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Com mais de um terço dos viajantes americanos ou brasileiros ficando fora dos hotéis tradicionais, os especialistas (incluindo da Atout France) anunciavam há vários anos essa nova tendência, a procura de meios de hospedagem diferentes e fora dos circuitos profissionais.  Uma verdadeira revolução que a Airbnb soube aproveitar. Sete anos depois do seu lançamento, essa start-up, com serviço de aluguel de particular a particular , já é valorizada pelos mercados em 10 bilhões de dólares, seja mais que um grupo hoteleiro tradicional como Hyatt.

airbnb-logoO sucesso da empresa de São Francisco disparou nos últimos dois anos depois que fundos de investimentos trouceram mais de 800 milhões de dólares no capital. Em 2013 foram realizadas mais de 6 milhoes de reservas oriundas de 175 paises, mais do dobro do ano anterior. No site são oferecidos uns 600.000 apartamentos, casas ou simples quartos, a preços extremamente em conta comparando com os hotéis. O volume de vendas já atinge 250 milhões de dólares, com um crescimento de quase 100%.

Esse sucesso num setor novo esta criando problemas. Os alojamentos  oferecidos não tem sempre contratos de propriedade ou de aluguel autorizando esse tipo de atividade, e a parte fiscal (pagamento de taxas turísticas ou de impostos municipais ou federais) não esta sempre muito clara. Mesmo se queixando das autoridades que, segundo Joe Gebbia, um dos fundadores da Airbnb, “não estaõ facilitando nada”, a start-up esta tentando negociar. Assim por exemplo em São Francisco onde aceitou de pagar uma taxa de 4% sobre todas as reservas feitas. Um exemplo que outros municípios poderiam seguir.

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A industria hoteleira começa também a se preocupar porque algumas ofertas chegam a ser não  somente de semanas mas de diárias, competindo diretamente com ela sem ter as mesmas obrigações legais  e fiscais. vários municípios, incluindo Nova Iorque ou Paris, começar a preocupar se tanto com a proteção dos consumidores que com a concorrência desleal feita a um setor econômico chave. Mas a complexidade desse circuito de venda direta de particular a particular não facilita a intervenção publica.

Quais que sejam os problemas que Airbnb – ou alguns dos seus concorrentes como HomeAway- vão enfrentar, é certo que os viajantes já mostraram que esse tipo de serviço tem um campo imenso pela frente. Não somente pelos preços atrativos, mas também porque se encaixam nessa nova tendência de querer viajar vivendo em Nova Iorque feito um nova-iorquino ou em Paris feito um parisiense. Os profissionais do ramo, tanto hoteleiros que agentes de viagem, tem que ver nisso não uma ameaça mas uma nova oportunidade. Cabe também as autoridades encontrar um quadro legal protegendo uma justa concorrência com os meios de hospedagem mais convencionais bem como os próprios turistas.

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Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi traduzido e adaptado do Le Monde