
O sucesso do terminal de cruzeiros não agradou a prefeitura
Em nome da luta contra a poluição e o aquecimento global, o prefeito de Marselha, maior cidade portuária da França, lançou um abaixo-assinado pedindo a proibição dos navios de grande porte, e mais especificamente dos navios de cruzeiros, no seu porto e no seu terminal de cruzeiros. Numa cidade que nasceu do mar, fundada há 2600 anos por marinheiros gregos vindo de Foceia, que foi um porto aliado abrindo a Galia ao Império Romano, depois uma praça estratégica ligando a França com o Mar Mediterrâneo e com as suas ex colónias, e que segue até hoje o primeiro porto francês, a declaração surpreendeu moradores e profissionais.

O uso da energia elétrica durante as escalas já é um compromisso das companhias de cruzeiros
Surpreendeu mas ainda a associação dos cruzeiristas que acompanhou nos últimos anos o impressionante crescimento de Marselha não somente como escala mas também como ponto de saída de cruzeiros. Em 2019, a cidade tinha recebido 497 navios que compraram suprimentos, trouxeram 1,8 milhões de turistas que gastaram mais de EUR 90 milhões, e geraram um total de 3500 empregos diretos. Respondendo ao prefeito numa carta argumentada, lembraram os investimentos das companhias de cruzeiros para antecipar a transição energética, Marselha sendo hoje, com Singapore e Roterdã, um dos portos mais avançados nas energias alternativas como o GPL, ou no uso da rede elétrica local durante as escalas.

O MUCEM e o Forte São João, pontos altos do turismo de Marselha
O abaixo assinado do prefeito, denunciando (sic) suas aguas como sendo as mais poluídas do mundo, e o nível de poluição da cidade como sufocante e perigoso para a saude dos moradores, alem de ser inexato e de desprezar as melhorias importantes dos últimos anos, chega de forma muito inoportuna num grande momento do turismo local. Capital européia da cultura em 2013, Marselha ganhou um novo impulso com a abertura do MUCEM, a reabilitação da cidadela, as renovações arquiteturais, e a abertura de um hotel já icônico, o Intercontinental Hotel Dieu, prédio tombado onde funcionava o antigo hospital da cidade.
O urbanismo e a cultura foram duas das razões que levaram o prestigioso magazine Time a destacar Marselha com uma dos « 50 melhores destinos a visitar em 2022 ». Foi também lembrada a gastronomia local, que vai agora muito além da famosa “bouillabaisse”. Time elogiou as Grandes Halles du Vieux-Port, recentemente abertas, onde pequenos restaurantes valorisent todos os sabores do Mar Mediterraneo, ou endereços inovadores como o Le Présage, primeiro restaurante funcionando exclusivamente com energia solar, e o La Famille Marseille, restaurante vegetariano de inspiração marroquina.
O grande destaque deste ano foram as “calanques“, esses peculiares barrancos do litoral da cidade. Acessíveis por terra – agora com quotas de pedestres para proteger o seu frágil eco-sistema, elas são também famosas pelos passeios de barco e pelas opções de mergulho. Mas a grande novidade desse ano foi a inauguração da réplica de uma gruta pré-histórica hoje submarina e só acessível para os mergulhadores autorizados, a gruta Cosquer. Com um extraordinário trabalho de reconstituição exposto na “Villa Méditerrannée”, é agora possível de descobrir 480 pinturas parietais realizadas pelos nossos ancestrais 20 a 30.000 anos atrás. Mesmo com as surpreendentes declarações do seu prefeito, Marselha parece mesmo ter o acervo necessário para se consolidar como um grande destino turístico internacional.

Mar, falésias e águas cristalinas na calanques de Marselha
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