A polémica isenção de vistos é mesmo o x do problema?

Na guerra dos vistos, ninguém deve sair ganhando

Já discutida quando concedida unilateralmente pelo governo Bolsonaro, a isenção de visto a turistas dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e do Japão abriu uma nova polémica agora que o governo Lula anunciou sua revocação a partir de 1º de outubro. Segundo o Itamaraty, a intenção era de ampliar a medida na base da reciprocidade, mas devido a recusa das autoridades americanas, canadenses, japonesas e australianas de oferecer o mesmo benefício a cidadãos brasileiros, o Brasil não teve outra escolha que de voltar a exigir o visto.

A ambição de 12 milhões de entradas não sobreviveu a crise

Além desse principio diplomático de respeito e igualdade, o governo levantou um outro ponto, a dificuldade de mostrar que a medida tinha trazida um qualquer aumento de turistas oriundo desses países. Em março 2019, quando foi anunciada, o então ministro do turismo projetava um aumento de 35% das entradas de turistas em 2020, e a intenção era de chegar a 12 milhões de turistas por ano em 2022. Com a chegada da pandemia, a queda de 88% em dois anos das chegadas internacionais, e mesmo com os 3,65 milhões da boa surpresa de 2022,  foi impossível de verificar se as ambições do ministro eram realistas.

Na hora de apoiar a retomada, a medida chocou as entidades do trade

Tomada num momento onde o turismo começa a sair de uma crise que abalou, e as vezes matou, muitas empresas do setor, a decisão do Itamaraty, está revoltando todos os profissionais, juntando todas as lideranças de classe, transportadores, hoteleiros,  organizadores de eventos, comerciantes, o lazer e o corporativo, o setor privado e muitos órgãos públicos – inclusive a própria Embratur, num tentativa de reverter essa medida, e de retomar  os objetivos de crescimento do turismo receptivo brasileiro que tanto sofreu nos últimos dois anos.

Respeito mútuo e reciprocidade foram os pontos levantados pelo Itamaraty

Se o argumento da reciprocidade é politico, o turismo deve também analizar as observações feitas pelo governo sobre o impacto dos vistos sobre as entradas provenientes de quatro países que representam um pouco menos de 10% dos estrangeiros visitando o Brasil. E deve ajudar a définir se os vistos são realmente hoje o primeiro obstáculo ao desenvolvimento do turismo internacional no Brasil.
Sobre o impacto dos vistos, a pandemia impediu um comparativo. As experiencias anteriores  mostraram que o impacto existe, mas que ele não chega a atingir os valores ufanistas anunciadas quando foram cancelados as exigências em 2019. Para países distantes, foram observadas quedas de 3 à 5 % para França nos anos 90. Quedas muito maiores – como acontece agora entre o Brasil e os Estados Unidos- são muito mais decorrentes das dificuldades ou dos prazos de obtenção do que do proprio visto. Assim um visto eletrônico ou um visto obtido na chegada seriam talvez ideias a trabalhar para respeitar tanto as exigências de reciprocidade da politica que as reivindicações de liberdade dos turistas.

A Embratur tem um momento muito favorável pela frente

Os esforços para conseguir cancelar ou pelo menos aliviar a exigência de reciprocidade devem porém não esconder que os grandes obstáculos ao crescimento do turismo internacional no Brasil não são os vistos exigidos, ou não, dos japoneses, dos canadenses, dos australianos e dos estados-unidenses. A segurança, a qualificação da mao de obra e o respeito pelo meio ambiente são, com certeza, fatores muito mais imprescindíveis para quais devem ser mantida a mobilização da classe. Aproveitando o momento de melhoria da imagem internacional do Brasil, é também importante de apoiar os esforços da Embratur para voltar a comunicar sobre uma realidade do turismo nacional ainda muito pouco e as vezes muito mal conhecida nos grandes mercados emissores.
Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Boicotar a Copa?

O famoso estádio Al Janoub

12 anos depois da decisão da FIFA atribuindo o Mundial 2022, e a menos de dois meses do jogo de abertura, personalidades da cultura, do esporte e da politica estão  apoiando um movimento de boicote da Copa do Mundo no Qatar. Lançada na India, o ideia pegou força na Europa e na América do Norte, atraindo algumas importantes lideranças regionais e municipais, especialmente na Alemanha (Berlim), na Bélgica (Bruxelles) e na França (Lille, Lyon, Marselha, Bordeaux e Paris). Se é difícil antecipar até onde essa onda pode subir, é certo que ela já preocupa organizadores, patrocinadores, jogadores, autoridades e operadoras!

2 Dezembro 2010, a FIFA anunciando a escolha do Qatar

Logo que foi anunciada, a escolha do Qatar foi muito polémica. Mesmo sabendo que depois do Brasil em 2014 e da Russia em 2018, era logicamente a vez de um pais da Ásia, mesmo reconhecendo a popularidade do futebol no mundo árabe, mesmo com a qualidade do projeto, a decisão foi imediatamente criticada por vários motivos: um pais muito pequeno para um evento tão grande,  a ausência de tradição esportiva, um clima muito quente para atletas de alto nível, uma segurança complicada nessa região perturbada, e as rigorosas normas alimentares (proibição do alcool) ou comportamentais (restrições temidas para mulheres).

O estádio Lusail onde será jogada a final

O movimento para o boicote se apoia porem em primeiro lugar nas condições desumanas que teriam sido impostas aos imigrantes que construíram os estádios. A partir de fontes paquistaneses e indianas, o jornal The Guardian anunciou em fevereiro 2021 que um mínimo de 6.751 operários estrangeiros tinham morridos em consequências de maus tratamentos ou acidentes. Mesmo se o Qatar e depois a FIFA apresentaram números bem diferentes – 37 mortes nos últimos 11 anos, sendo 34 de doenças e 3 de acidentes-, e se a legislação trabalhista local melhorou no período, essa terrível denuncia foi, e ainda é, o primeiro incentivo para o boicote.

O Hamad Airport foi premiado em 2021 como o melhor do mundo

O outro grande argumento preocupante é um impacto ambiental do evento, devido a necessária refrigeração dos estádios mas também ao grande número de voos fretados. Muitos dos 1,2 milhão de visitantes devendo se hospedar fora do pais, são esperados 160 voos diários vindo dos países vizinhos. O Qatar já garantiu que o evento terá um balance carbone neutro, mas não conseguiu convencer os críticos, enfrentando uma oposição crescente dos ecologistas. Para o Presidente do comité de organização, o sucesso do evento será a melhor forma de convencer para os opositores, e contribuirá a rebater muitos argumentos as vezes discriminatórios.

O Hotel Souk e a Ilha do divertimento

Boicotar ou não? É surpreendente de levantar essa bandeira 12 anos depois da decisão da FIFA. Quais que foram os critérios da época, a escolha do Qatar levou a Copa para novos lugares e homenageou o crescimento do futebol no mundo árabe. E se os progressos podem ser julgados insuficientes, as condições trabalhistas, ambientais e societais são hoje melhores do que eram antes. Boicotar em nome da política, ato contrário aos ideais esportivos desde a Grécia antiga, significaria penalizar os atletas que estão se preparando há 4 anos, bem como mandar um recado de desconfiança para os organizadores e os patrocinadores dos futuros grandes eventos ou dos Jogos Olímpicos.

Al Barari, o novo conceito de balneário do deserto

Mas são sem dúvidas os atores do turismo que seriam os mais prejudicados com o eventual boicote. Os turistas, que estão esperando esta festa, muitas vezes com amigos ou familiares. As operadores e as agências de viagem internacionais, que já investiram há anos na compra das entradas, na consolidação de pacotes e na comercialização. As companhias aéras que já fechar as suas programações de voos regulares ou de voos fretados. Os profissionais do turismo Qatari que investiram em empreendimentos que devem fazer do pais um novo destino turístico, com parques temáticos, museus, e complexos hoteleiros espalhados nas praias e no deserto.

A FIFA pediu que os comportamentos respeitam tanto as tradições dos moradores que os direitos dos visitantes

Recusar o boicote não é porém negar os progressos que os grandes atores da Copa devem com certeza fazer nas questões que preocupam os viajantes, seja no bem estar dos trabalhadores, no respeito das metas ambientais, na luta contre as discriminações e a favor da diversidade, ou na transparência da informação. Esse recado deve ser mandado para o Qatar para a Copa de 2022, mas o principal destinatário deve ser a FIFA, para que as futuras Copas sejam atribuídas na base de critérios claros, menos mercantis, integrando os valores sem as quais nem os grandes eventos nem mesmo os destinos turísticos do século XXI não poderão mais existir.

Katara Towers, um dos prédios icônico da Copa

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Turismo de proximidade ou turismo internacional?

A Embratur apoiou o crescimento do turismo de proximidade

Valorizando viagens no raio máximo de 300 à 500 quilômetros da sua casa, de carro, de trem ou de ônibus, sem atravessar fronteiras e sem precisar de avião, o turismo de proximidade cresceu durante a pandemia. Foi para muitos destinos a única forma de manter alguma atividade no setor. E tradicionalmente focada nos mercados internacionais, as ações promocionais dos grandes atores mundiais voltaram para o turismo domestico. A Italia lançou o Bonus Vacanze para as famílias com baixa renda, a Malásia criou isenção fiscal para os gastos internos, a Costa Rica ampliou os feriados locais, a Atout France lançou  #CetÉtéJeVisiteLaFrance, e no Brasil, a Embratur realizou a campanha “ser brasileiro é estar sempre perto de um destino incrível”.

A França focou varias campanhas no turismo de proximidade

Na hora da retomada, o turismo de proximidade não perdeu essa dinâmica, encontrando importantes apoios junto a vários setores da sociedade. São em primeiro lugar os profissionais que nunca esquecerem que o turismo interno representa nos países da OCDE até 75% das receitas do setor, e que essas receitas são menos sujeitas as crises sanitárias, políticas ou climáticas que as receitas provenientes do turismo internacional. Mas dois fatores levaram o turismo de proximidade a novos apoios: os políticos, que viram num consumo local um meio de melhorar mais diretamente a vida dos moradores, e os defensores do meio-ambiente que mediram o menor impacto de um turismo utilizando menos transporte.

A rivalidade trem/avião é parte da briga proximidade/internacional

A valorização do turismo de proximidade está porem levando a alguns excessos. Regiões ou cidades estão escolhendo estratégias minorando o turismo internacional, e especialmente o turismo intercontinental, cortando as ações de promoção, reduzindo as ligações aéreas,  valorizando areas ou atividades pouco acessíveis a  uma clientela estrangeira. Os novos objetivos dessas políticas turísticas são claramente políticos. E mesmo quando só podem ser aplaudidos por todos – por exemplo quando favorecem a sustentabilidade, a inclusão ou os equilíbrios territoriais -, faltam as ações ou a comunicação para poder assim incrementar as experiências do viajante vindo do outro lado do mar.

Em Nova Iorque, os estrangeiros representam  20% dos visitantes e 80% das receitas

Na maioria dos grandes destinos, muitos atores do turismo não poderiam sobreviver a uma queda duradoura  dos fluxos internacionais que representam um terço das receitas do turismo global. Na França, líder mundial, os turistas internacionais representam 62% do total em Paris e mais de 30% nas capitais regionais. Nesse total, é importante anotar que os gastos médios dos viajantes intercontinentais – Chineses, Estado-unidenses, Japoneses ou Brasileiros- são pelo menos três vezes superiores aos gastos dos europeus, sendo imprescindíveis para os hotéis de luxo, os restaurantes estrelados ou as lojas especializadas.

Cidades catalãs apostam na proximidade

O turismo de proximidade e o turismo internacional não devem ser apresentados com escolhas conflitantes mas como estratégias complementares. Não somente por razões econômicas, mas pela natureza mesmo do turismo. O turismo nasceu como abertura ao mundo, descoberta e intercambio. Hoje ele integrou mais valores na sustentabilidade, no respeito das culturas locais e na vontade de convivência com os moradores. É essa diversidade que faz a atratividade dos grandes destinos turísticos. O crescimento do turismo de proximidade e o amadurecimento do turismo internacional, longe de ser opostos, deve então continuar a ser complementares.

Jean-Philippe Pérol

O turismo e o boicote dos Jogos Olímpicos

The flags of China and the Olympics are seen being raised before the handover ceremony in Athens

Na entrega da chama em Olimpia, as bandeiras da China e do C.O.I.

As tentativas de boicote não afetavam muito os Jogos Olímpicos da Grécia antiga. De 776 a.C. até 393 d.C, foram somente três tentativas, duas por motivos políticos e uma por motivo de corrupção, cada uma referente a exclusão de uma cidade, e todas fracassadas. Os espartanos  em 420 a.C., os acadianos em 364 a.C. e os atenienses em 332 a.C. acabaram participando, seja por medo de um conflito armado, seja para não ofender os deuses ou seja para seguir a vontade popular para qual esse trégua devia ser, a cada 4 anos, um momento sagrado de comunhão do mundo helénico.

Os Jogos de Moscou sofreram o maior boicote da historia olímpica

Os Jogos modernos foram ao contrario marcadas por muitas polémicas políticas.  Em varias ocasiões países insatisfeitos cancelaram sua participação (Turquia em 1896, Taiwan em 1952, China em 1958  ou Coreia do Norte em 1988), países foram excluídos (os vencidos das guerras mundiais em 1920 e 1948, a Africa do Sul em 1964), e três olimpíadas foram marcadas por boicotes maciços: Montreal 1976 (países africanos protestando contra a apartheid), Moscou 1980 (Estados Unidos e aliados protestando contre a invasão do Afeganistão) e Los Angeles 1984 (países comunistas retalhando 1980).

A ceremônia de abertura é sempre um grande momento dos J.O.

Enquanto a pandemia já vai impedir aos espectadores, tanto estrangeiros que chineses, o acesso aos estádios e aos centros de competição, os profissionais do turismo só podem lamentar esse novo golpe para o setor, as reservas perdidas e o clima de retomada mais uma vez adiado. Alem do impacto sobre esses Jogos de Inverno, o boicote só vai ajudar a aumentar as incertezas referentes a outros grandes eventos esportivas que exigem pesados investimentos dos hoteleiros e das operadoras, bem como decisões muito antecipadas dos viajantes.

Os Jogos de 2024 já mobilizam os parisienses

Torcer para o sucesso dos Jogos de Inverno 2022 não é um ato político, é uma homenagem aos atletas olímpicos e paraolímpicos que trabalham há quatro anos para isso, símbolo da resiliência de toda a humanidade frente a pandemia. Para o turismo, não se trata somente de torcer para o sonho olímpico de Pequim, mas de contribuir, fora da política, a um clima de segurança, de estabilidade e de tolerância que vai acelerar a retomada e ajudar  todos os profissionais que trabalham para os grandes eventos que estão chegando – Copa do Mundo no Qatar 2022 ou Jogos de Paris 2024 -, e de muitos outros para vir.

Jean Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Na nova era pos pandemia, o agente de viagem voltando com mais legitimidade

No pos Covid, um turismo a reinventar

Se ainda existam dúvidas sobre o calendário da retomada – as viagens internacionais sendo muito perturbadas pela nova variante-, os profissionais são todos convencidos de uma coisa: o mundo do turismo pos Covid está renascendo com profundas mudanças. Essas mudanças vão impactar os consumidores, as companhias aéreas, os hotéis, os restaurantes e as atrações. Para as agencias de viagens é sem dúvidas uma verdadeira revolução que deve ser esperada, mas as consequências podem talvez ser mais positivas do que podia se esperar no auge da crise.

A pandemia prejudicou todos os setores do turismo

No mundo inteiro, as agencias enfrentaram queda de atividade de até 80%, prejuízos financeiros, demissões forçadas . 70% delas ficaram temporariamente fechadas e as previsões mais pessimistas  projetam que  20% delas não vão reabrir. No Brasil a última pesquisa Cap Amazon/ Mercado & Eventos projetava que 7% das agencias ficaria fechadas, mas  indicava  que 27% iam ficar virtuais. Mesmo com a retomada virando uma realidade, a primeira revolução da nova era pos Covid parece mesmo ser uma queda do numero de agencias, reforçada com uma queda do numero de funcionários – e mais ainda de funcionários em carteira.
Credito: DepositPhoto

Os novos viajantes voltam nas agencias tradicionais

Por difícil que seja, algumas agências vejam no novo quadro do turismo umas oportunidades. Profissionais estão vendo e-consumidores voltando para o presencial depois de meses de dificuldades enfrentando inteligências artificiais on-line. Num clima de incertezas, de cancelamentos ou de regras sanitárias mudando diariamente,  a presencia humana informa e tranquiliza melhor que o “aperto 1, aperto 2, aperta *”. Claro que não se trata de questionar a força do digital, mas de constatar que o conselho, a personalização e a reatividade vão agora levar a uma coabitação perene entre o físico e o on-line.

A então agência Wagons lits//Cook no RIo em 1934

A coabitação entre o assistante virtual das OTA e o “Travel advisor” das agências vai talvez ser ajudado pela nova importância dos “home agents”. Outra consequência da pandemia e das demissões em massa de funcionários, o número de agentes independentes, trabalhando em casa em relação ou não com agencias de viagens tradicionais, está crescendo. Seguindo o modelo da América do Norte, pode chegar a representar quase a metade dos empregos do setor. Com toda sua legitimidade vindo da sua capacitação profissional e do perfeito conhecimento dos seus clientes aos quais ele oferece um serviço extremamente personalizado, o “home  agent” vai ser um ator incontornável da retomada.

Nas novas agencias, experiências digitais e virtuais

Carregando a bandeira da defesa do consumidor, oferecendo uma experiência de serviço logo na preparação da viagem, oferecendo uma verdadeira “expertise” na escolha e na negociação do itinerário, as agencias estão investindo em vendas multicanais, mas também em locais de atendimento mais aconchegantes e renovados com recursos tecnológicos. Enquanto seu desaparecimento já foi anunciado varias vezes no passado, na época do corte das comissões ou mais recentemente com o crescimento das OTA e dos sites comparativos, o agente de viagens – agora Travel advisor, Travel planner ou até Travel designer-  vai mostrar na era da pos pandemia que ganhou mais legitimidade, sendo o verdadeiro Fenix de um setor que vai rapidamente recuperar todo seu peso econômico, social e humano.

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

 

Bilionários inaugurando mais uma vez o turismo espacial?

Dennis Tito, o primeiro turista espacial da história

Em 2002, na abertura da primeira edição do ILTM de Cannes, o Diretor do salão destacou um dos expositores que , segundo ele, mostra o caminho do turismo do futuro: era uma operadora que oferecia por uns 20 milhões de USD o primeiro passeio no espaço. Co-presidindo o evento, o então diretor geral da Maison de la France, fez questão de lembrar que era sem dúvidas um acontecimento, mas que com certeza os viajantes que aceitavam de pagar um tal preço par uma experiência de alguns minutos não representavam mais que uma micro-niche que não ia acrescentar muitas receitas ou muitos empregos ao desenvolvimento sustentável do turismo internacional.

Guerra de egos ou nova era do turismo mundial?

Quase vinte anos e dez clientes depois, o turismo espacial volta a ser noticia, essa vez como competição de ego três bilionários mediatizados, todos com grandes investimentos nos transportes para o espaço: Egon Musk da Tesla- que teria sempre sonhar em abrir a colonização da planeta Mars mas já conseguiu para SpaceX fabuloso contratos com a NASA-, Richard Branson da Virgin – interessado há anos pelas viagens supersônicas e as ascensões em balões através da Virgin Galactic-, e Steff Bezos da Amazon – sonhando desde 2000 com colônias espaciais flutuantes construídas e lançadas pela sua empresa especializada Blue Origin.

A largada do VSS Unity desde seu lançador

Se nenhum dos três poderá alegar ser o primeiro turista espacial ( Dennis Tito no 21 de Abril 2001, e depois dele uns dez milionários pagaram nos últimos vinte anos uns 20 milhões de USD para viajar a bordo de foguetes Soyuz), Richard Branson foi mesmo o primeiro a viajar a bordo do seu proprio navio espacial. No dia 11 de julho, o excêntrico empresário sai na frente com três outros passageiros e dois pilotos no VSS Unity, levado pelo lançador VSS Eve. Depois da largada, subiu até 90 quilômetros de altura -10 quilômetros acima do limite do espaço definido pela Aeronáutica estado-unidense – e foi pousar na base de Spaceport no Novo México onde nada menos que Elon Musk esperava para reservar uma vaga num próximo voo.

No deserto do Texas, o Blue Origin de Steff Bezos

Jeff Bezos saiu nove dias mais tarde, dia 20 de julho, com o seu foguete New Shepard, atingiu 107 quilômetros de altura, e depois de dez minutos voltou abrindo os três paraquedas da capsula para pousar no deserto do Texas. Se não foi na dianteira, Jeff levou vantagem sobre o seu rival. Em primeiro lugar ultrapassou a barreira do espaço, 100 quilômetros de altura segundo as convenções internacionais. Em segundo caprichou no conteúdo emocional, com a presencia a bordo de vários objetos carregados de símbolos fortes: colar da sua mãe, pedaço do avião dos irmãos Wright, medalhão de Montgolfier, e convite a pioneira da aviação americana Wally Funk, hoje com 82 anos.

Olivier Daemen junto com Jeff Bezos, Mark Bezos, e Wally Funk

Jeff Bezos superou também Richard Branson em levar um passageiro pagante – o montante exato, superior a 20 milhões de USD, não foi porem divulgado. O feliz escolhido foi um neerlandês de 20 anos, Oliver Daemen, que foi presenteado pelo pai, dono do hedge fund Somerset Capitol Partners. Oliver tinha chegado em segundo lugar num leilão disputadíssimo de 75 pessoas, mas o vencedor teve que adiar a viagem e seguirá nos outros voos programados, dois em 2021 e vários em 2022. Nessas previsões de turistas espaciais, a Blue Origin tem ambições mais modestas que a Virgin Atlantic que já vendeu mais de 600 passagens de USD 250.000 cada e está programando 400 voos comerciais nos próximos anos.

O impacto do turismo espacial já preocupa os ambientalistas

Mesmo se os três bilionários insistam na dimensão sustentável e social desses projetos, as reações da imprensa bem como das mídias sociais foram pelo menos cautelosas, pouco jornalistas ou influenciadores sendo convencidos que os bilhões gastos nesses voos ajudaram ou ajudarão a encontrar soluções as crises de curto ou longo prazo, e muitos deles achando que essas viagens não se encaixa nas novas tendencias de sustentabilidade e de responsabilidade social. Para os profissionais, mesmo nas hipóteses mais favoráveis de algumas centenas de passageiros nos próximos anos, o turismo espacial,  continua pertencendo ao distante futuro.

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Para os agentes de viagem, a retomada é agora

Desde que a atividade turística foi a perto de zero no início da pandemia no Brasil, a pergunta que todo o trade fazia era: quando será a retomada? Questão difícil de responder, muitas vezes especialistas faziam apostas, mas pouco das projeções se concretizou. Agora, porém, com uma parte da população vacinada, os agentes de viagens – principal canal de comercialização de produtos turísticos, estão mais otimistas.

A mais recente edição do TERMÔMETRO DO TURISMO – projeto de pesquisa feito em conjunto pela CAP AMAZON e pelo MERCADO & EVENTOS – mostra que o pessimismo está ficando para trás. A pesquisa consulta exclusivamente agentes de viagens de todo o País e contou com mais de 100 respostas.

Retomada do turismo

Na opinião de 62% dos profissionais, a retomada ocorre agora no segundo semestre de 2021. Mais especificamente, 35% projetam o aquecimento das vendas neste terceiro trimestre e 27% para os últimos três meses do ano. Para uma parte dos agentes – que corresponde a 10% do total – a retomada já aconteceu no primeiro semestre, enquanto 11% acredita que esta página já ficou para trás e apontam que a retomada começou em 2020. Mais cautelosos, 17% esperam uma volta somente em 2022.Nordeste continua líder na preferência dos viajantes

Em relação aos destinos mais procurados, o nacional segue sendo a maior aposta. Dentro do Brasil, o Nordeste está ainda na liderança, com 53%, mas menor do que na edição de março, quando apareceu com 66%. Em seguida o Sudeste está voltando, passando de 14 para 27%. Depois vem o Sul- puxado por Gramado- que passou de 16 para 18%. Centro Oeste e Norte aparecem com somente 1% cada.No internacional, o Caribe é o destino mais produrado

No que diz respeito ao exterior, já é possível perceber o efeito dos destinos que já estão abertos para brasileiros. O Caribe- com México e as quarentenas para os EE UU- é líder com 47%, sendo que na pesquisa anterior, tinha aparecido com 30%. Europa passou de 23 para 20%, com forte domínio do Portugal, a América do Sul de 24 para 7% devido ao fechamento de quase todas as fronteiras, e América do Norte de 13 para 18%, aproveitando o impacto das vacinas.

Para os agentes, o lazer irá liderar a retomada

Os segmentos que mais devem viajar, na opinião dos agentes segue liderado pelo lazer com 47%, seguido de Família e Amigos com 32%. Depois vêm Corporativo (10%, em queda), Cruzeiros (9%, voltando a crescer) e Mice (2%).

27% das agências irão operar no regime de home office definitivamente

O home office vem para ficar

Otimismo aparece também na previsão de faturamento das agências

Otimismo aparece também na previsão de faturamento das agências

Em relação ao faturamento, há também melhores perspectivas. 35% dos agentes espera resultados um pouco acima do mesmo período do ano passado. Outro dado importante é que 32% dos pesquisados já estão operando normalmente, enquanto 61% estão em home office (27% de forma definitiva) e 7% encerraram as atividades, porém, com uma parte da população vacinada, os agentes de viagens – principal canal de comercialização de produtos turísticos, estão mais otimistas.

Além do Covid, um “Brazilian bashing” ?

A variante brasileira do virus preocupa muito cientistas e políticos

O hashtag #VariantBresilien é talvez mais um exemplo da degradação da imagem do Brasil junto as opiniões públicas da América do Norte e da Europa ocidental. Empurrados pelo descontrole da pandemia, fakes ou verdadeiros, os rumores sobre as variantes “sul americanas” são motivos para discriminar brasileiros, bloquear ou suspender voos internacionais , ou simplesmente para  impedir a entrada de viajantes provenientes do Brasil. Em uma reportagem publicada no dia 18 de Abril, a Folha de São Paulo citou casos no Portugal, na Irlanda, na Holanda e na França, e lembrou o risco de xenofobia e de violências como foi o caso nos Estados Unidos com a comunidade chinesa.

A suspensão dos voos da Air France foi uma das decisões mais fortes

Na França, as medidas contre os viajantes provenientes da América do Sul foram endurecidas essa semana. Sem poder limitar as chegadas de vários países europeus – Suécia, Polônia ou Hungria- onde a pandemia tem índices muito mais altos que no Brasil ou no Chile, o governo impõe uma quarentena para todos os residentes de 4 países sul americanos, incluindo seus próprios cidadãos. As restrições contra o Brasil estão virando um assunto político, simpatias “latinas” virando suspeitas, viagens para América do Sul sendo julgadas escandalosas, a direita esquecendo a herança do de Gaulle e pedindo mais “firmeza”, a esquerda  confundindo proximidades políticas e relações com estados e povos.

As divergências sobre o futuro da Amazônia alimentam o “Brazilian bashing”

Se a situação sanitária e a preocupação com as variantes brasileiras do vírus são uma realidade, esse “Brazilian bashing” se inscreve infelizmente em uma tendência de vários anos. As mudanças na politica internacional do Brasil, suas evoluções sobre assuntos de sociedades, bem como o novo relacionamento do poder politico com a imprensa não foram sempre bem compreendidos pelas mídias que constroem a opinião mundial. E os crescentes mal-entendidos sobre a Amazônia, cuja realidade é parcialmente ou totalmente desconhecida pelos governos estrangeiros, pesam cada vez mais sobre a imagem do país, afetando a economia, as exportações, os investimentos e o turismo.

A volta dos brasileiros ajudará a imagem a dar a volta por cima

Mesmo com esse quadro negativo, os profissionais do turismo – especialmente aqueles que estão envolvidos nas relações com a França, devem acreditar que essa situação será superada, tendo várias razões para isso.

  • a pandemia é um fator importante da aceleração desse “Brazilian bashing”, mas as campanhas de vacinação bem sucedidas levarão ao final dessa crise, mesmo se pode demorar ainda vários meses.
  • a guerra verbal sobre a Amazônia vai ter que evoluir em uma cooperação respeitosa da soberania brasileira, assegurando os objetivos de luta contra as mudanças climáticas. Longe de ser um bloqueio ao desenvolvimento da região, um novo acordo internacional pode abrir oportunidades – inclusivo no turismo- e  ajudar a mudar a imagem do Brasil.
  • a relação especial entre os dois países tem raizes na história e na cultura, muito mais fortes que divergências pontuais. Auguste Comte e Santos Dumont sempre superaram o Conde d’Eu, o litígio do contestado ou a guerra da lagosta.
  • as mudanças politicas nas perspectivas de 2022, e a troca de ministro das relações exteriores, deveriam afastar a ideia que o Brasil vai aceitar de ser um pária através do mundo.
  • A França sempre foi um dos mais importantes destinos dos turistas brasileiros, e ser brasileiro sempre foi na França um motivo de atendimento especial (Como foi no Brasil  para os turistas franceses). Multiplicando os encontros e as relações pessoais, a retomada do turismo deve ser outro importante fator para acabar com esse triste “Brazilian bashing”.

Jean Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Agentes de viagens esperam recuperação mais lenta

 

Os agentes de viagens estão se mostrando mais pessimistas

A quinta rodada da pesquisa TERMÔMETRO DO TURISMO, uma parceria entre o MERCADO & EVENTOS e a CAP AMAZON, mostra que há uma incerteza muito grande por parte dos agentes de viagens em relação a recuperação do setor. Entre os respondentes, 32% acreditam que a retomada das viagens ocorrerá apenas no segundo semestre de 2021; 27% apostam no segundo trimestre e 26% acredita que isso ocorrerá apenas em 2022. Para 9% a retomada teve início em 2020 e os outros 6% disseram que a retomada ocorre neste primeiro trimestre. Os dados foram colhidos em fevereiro e os resultados englobam um universo de mais de 300 agências de todo o Brasil. Do total de empresas que responderam, 85% têm menos de dez funcionários; outros 9% têm de dez a 50 e os outros 6% contam com mais de 50 colaboradores. 76% são especializados em lazer, 12% corporativo e 12 em outros nichos específicos.

Gráfico 1

“Na última pesquisa, que foi feita entre novembro e dezembro, o mercado estava começando a esquentar e os agentes já estavam caminhando com clientes voltando a viajar. Desta vez, sentimos que a conjuntura é muito diferente, com esta nova onda da Covid-19 muitos países se fecharam e as restrições são enormes. Agora não é só não poder sair, também não tem muito onde ir. É um pessimismo que vai muito além do Turismo e atinge todos os setores”, destacou Jean-Phillipe Pérol, diretor da Cap Amazon. Para o diretor de Redação do M&E, Anderson Masetto, a situação é parecida com o início da pandemia, quando as principais notícias eram as de fechamento de fronteiras, hotéis e atrativos. “Estamos vendo notícias iguais no início da pandemia. Tudo isso começou com o surgimento das novas variantes, primeiro a do Reino Unido e depois a do Brasil. As fronteiras começara ser fechadas e temos hoje poucos países que aceitam receber pessoas que estiveram no Brasil. O fato é que as pessoas estão cansadas, mas enquanto a situação não estiver minimamente controladas, as viagens estarão cada vez mais restritas, infelizmente. Mas por outro lado, a campanha de vacinação já começou e vemos uma porta de saída”, afirmou.

Gráfico 4

O pessimismo se reflete também na previsão de faturamento. Embora o maior percentual (36%) acredite que será um pouco maior do que no ano passado, é necessário lembrar que a comparação é com 2020, quando as vendas despencaram. Outros 26% vêem um faturamento muito abaixo e 15% um pouco abaixo. Para 14% será igual e 6% um pouco acima. Faturamento menor também leva as agências a buscarem uma redução de custos. Gráfico 5O número de empresas operando em home office aumentou em relação a última pesquisa de 68% para 72%. 25% estão operando normalmente, enquanto 3% estão fechadas. “Mesmo antes da pandemia, esta era uma tendência observada em outros países e que a gente já esperava que fosse acontecer aqui. A pandemia acelerou esta tendência”, ressaltou Masetto. “Também acredito que a crise está acelerando fenômenos que já estavam a caminho. O crescimento dos chamados home agents é um fenômeno importante nos Estados Unidos e aqui é uma adaptação a evolução do mercado, não apenas por conta da pandemia”, complementou Pérol.

Gráfico 3

A pesquisa abordou ainda as tendências. Os agentes foram perguntados para quais destinos acreditam que a recuperação será mais rápida. O campeão, novamente, foi o Nordeste, com 65% das respostas, seguido do Sul com 16%, Sudeste com 14%, Centro Oeste com 3% e Norte com 2%.

Os destinos caribenhos – incluindo o México- seguem líderes das preferências

No caso do internacional, Caribe, incluindo o México, está na frente com 30%. Em seguida vem América do Sul, com 24%; Europa, com 23%; Europa, com 23%; e América do Norte em forte alta com 13%. Os demais destinos somaram 10%. O primeiro segmento a retomar, para as agências pesquisadas são o lazer com 44%, visita a familiares e amigos com 34%, corporativo com 15%, cruzeiros com 4%, e feiras e MICE, com 2%.

Novas tendências vão impactar a retomada

Na opinião das agências consultadas, a retomada é mais uma vez foi recuada, em média, para o segundo semestre deste ano, um pessimismo marcante em relação a pesquisa anterior. Por outro lado, ainda impactada pelo fechamento de fronteiras, a procura de destinos favorece o doméstico. “O pessimismo é também ligado ao fato que as os setores mais “agenciados” (corporativo, cruzeiros e internacional) não estão dando sinais significativos de saída da crise. Além disso, a retomada do doméstico é mais difícil de ser captada pelos agentes”, finalizou Pérol.

Veja aqui a apresentação completa dos resultados:

Democratas ou Republicanos, destinos são também Política?

A imagem do Presidente impacta a imagem do pais e do destino

As últimas eleições americanas, e a acirrada disputa que acabou com a vitória de Joe Biden, foram seguidas com muita atenção – e as vezes com muita paixão – pelos profissionais do turismo do mundo inteiro. Agentes de viagem ou hoteleiros sabem que as futuros decisões dos responsáveis políticos impactam de forma decisiva as escolhas dos viajantes. Com rumos diferentes dados pelos governos ao crescimento econômico,  aos índices da bolsa, ao valor de câmbio, as infraestruturas, bem como a imagem do país e de seu “comandante-em-chefe”, os fluxos de turistas podem aumentar, diminuir ou simplesmente mudar de destinos.

O dinamismo de Wall Street impacta diretamente as viagens dos americanos

Se olhar por exemplo os fluxos de turistas norte americanos para Europa nos últimos trinta anos, pode observar que dois desses fatores explicam as flutuações do número de viajantes. O valor do câmbio do USD frente as moedas européias e depois para o EUR, combinado com o nível do índice da bolsa de  Nova Iorque, definem assim claramente as evoluções anuais, baixando até menos de 10 milhões quando for desfavoráveis como em 2003 ou 2008, e subindo até um teto de 18 milhões quando a força do USD se junta com o otimismo de Wall Street, o que foi o caso em 2000, 2007 ou 2018.

Obama se empolgou pela promoção do turismo nos EEUU

Além das suas decisões e dos seus sucessos, os dirigentes democratas ou republicanos influenciam as viagens com sua própria imagem. Olhando a dura concorrência da Europa e dos Estados Unidos para o  primeiro lugar dos seus destinos junto aos viajantes brasileiras, é assim interessante de ver como os brasileiros votaram com as suas viagens. Atrás da Europa no início dos anos 90, os Estados Unidos passaram na frente durante a cia do Clinton. A liderança se inverteu na presidência do Bush, até que a chegada do Obama voltou a por os Estados Unidos no primeiro lugar, posição que eles perderam depois da eleição do Trump. Os jogos estão agora abertos para 2021….

As escolhas politicas americanas impactam os destinos europeus

Uma pesquisa realizada alguns anos atrás pela Atout France nos Estados Unidos mostrou que a própria escolha dos destinos depende também dos perfis políticos dos viajantes. 78% dos entrevistados declaravam que suas convicções partidárias influenciavam as suas viagens. Dos quatro grandes destinos europeus dos estadunidenses, a Inglaterra era “vermelha” (preferida por 87% dos republicanos e somente 18% dos democratas) assim como, em menor escala, a Alemanha (24% dos republicanos e 18% dos democratas), enquanto a França e a Itália eram azuis de forma arrasadora (respectivamente 8% republicana e 73% democrata para a primeira, 14% republicana e 57% democrata para a segunda). Será que viagem é mesmo também politica?

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

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