Boicotar a Copa?

O famoso estádio Al Janoub

12 anos depois da decisão da FIFA atribuindo o Mundial 2022, e a menos de dois meses do jogo de abertura, personalidades da cultura, do esporte e da politica estão  apoiando um movimento de boicote da Copa do Mundo no Qatar. Lançada na India, o ideia pegou força na Europa e na América do Norte, atraindo algumas importantes lideranças regionais e municipais, especialmente na Alemanha (Berlim), na Bélgica (Bruxelles) e na França (Lille, Lyon, Marselha, Bordeaux e Paris). Se é difícil antecipar até onde essa onda pode subir, é certo que ela já preocupa organizadores, patrocinadores, jogadores, autoridades e operadoras!

2 Dezembro 2010, a FIFA anunciando a escolha do Qatar

Logo que foi anunciada, a escolha do Qatar foi muito polémica. Mesmo sabendo que depois do Brasil em 2014 e da Russia em 2018, era logicamente a vez de um pais da Ásia, mesmo reconhecendo a popularidade do futebol no mundo árabe, mesmo com a qualidade do projeto, a decisão foi imediatamente criticada por vários motivos: um pais muito pequeno para um evento tão grande,  a ausência de tradição esportiva, um clima muito quente para atletas de alto nível, uma segurança complicada nessa região perturbada, e as rigorosas normas alimentares (proibição do alcool) ou comportamentais (restrições temidas para mulheres).

O estádio Lusail onde será jogada a final

O movimento para o boicote se apoia porem em primeiro lugar nas condições desumanas que teriam sido impostas aos imigrantes que construíram os estádios. A partir de fontes paquistaneses e indianas, o jornal The Guardian anunciou em fevereiro 2021 que um mínimo de 6.751 operários estrangeiros tinham morridos em consequências de maus tratamentos ou acidentes. Mesmo se o Qatar e depois a FIFA apresentaram números bem diferentes – 37 mortes nos últimos 11 anos, sendo 34 de doenças e 3 de acidentes-, e se a legislação trabalhista local melhorou no período, essa terrível denuncia foi, e ainda é, o primeiro incentivo para o boicote.

O Hamad Airport foi premiado em 2021 como o melhor do mundo

O outro grande argumento preocupante é um impacto ambiental do evento, devido a necessária refrigeração dos estádios mas também ao grande número de voos fretados. Muitos dos 1,2 milhão de visitantes devendo se hospedar fora do pais, são esperados 160 voos diários vindo dos países vizinhos. O Qatar já garantiu que o evento terá um balance carbone neutro, mas não conseguiu convencer os críticos, enfrentando uma oposição crescente dos ecologistas. Para o Presidente do comité de organização, o sucesso do evento será a melhor forma de convencer para os opositores, e contribuirá a rebater muitos argumentos as vezes discriminatórios.

O Hotel Souk e a Ilha do divertimento

Boicotar ou não? É surpreendente de levantar essa bandeira 12 anos depois da decisão da FIFA. Quais que foram os critérios da época, a escolha do Qatar levou a Copa para novos lugares e homenageou o crescimento do futebol no mundo árabe. E se os progressos podem ser julgados insuficientes, as condições trabalhistas, ambientais e societais são hoje melhores do que eram antes. Boicotar em nome da política, ato contrário aos ideais esportivos desde a Grécia antiga, significaria penalizar os atletas que estão se preparando há 4 anos, bem como mandar um recado de desconfiança para os organizadores e os patrocinadores dos futuros grandes eventos ou dos Jogos Olímpicos.

Al Barari, o novo conceito de balneário do deserto

Mas são sem dúvidas os atores do turismo que seriam os mais prejudicados com o eventual boicote. Os turistas, que estão esperando esta festa, muitas vezes com amigos ou familiares. As operadores e as agências de viagem internacionais, que já investiram há anos na compra das entradas, na consolidação de pacotes e na comercialização. As companhias aéras que já fechar as suas programações de voos regulares ou de voos fretados. Os profissionais do turismo Qatari que investiram em empreendimentos que devem fazer do pais um novo destino turístico, com parques temáticos, museus, e complexos hoteleiros espalhados nas praias e no deserto.

A FIFA pediu que os comportamentos respeitam tanto as tradições dos moradores que os direitos dos visitantes

Recusar o boicote não é porém negar os progressos que os grandes atores da Copa devem com certeza fazer nas questões que preocupam os viajantes, seja no bem estar dos trabalhadores, no respeito das metas ambientais, na luta contre as discriminações e a favor da diversidade, ou na transparência da informação. Esse recado deve ser mandado para o Qatar para a Copa de 2022, mas o principal destinatário deve ser a FIFA, para que as futuras Copas sejam atribuídas na base de critérios claros, menos mercantis, integrando os valores sem as quais nem os grandes eventos nem mesmo os destinos turísticos do século XXI não poderão mais existir.

Katara Towers, um dos prédios icônico da Copa

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Em Saint Martin, histórias de sucessos anunciam uma animada temporada

A Praia da Anse Marcel, do Meridien ao Secrets, uma das mais atraente da Ilha

Saint Martin dá os últimos retoques para estar pronta no início da temporada turística, e pode até se adiantar, segundo as palavras do presidente da ilha francesa, Daniel Gibbs, já que as obras vão além da reconstrução. A remoção das marcas deixadas pelo furacão, o recapeamento das estradas, ou o enterramento de todos os cabos e fiações, e outras verdadeiras novidades serão prontas para mostrar aos viajantes que a ilha voltou mesmo a sorrir. Lembrando que foi uma destino pioneiro do Caribe no Brasil (chegou nos anos 1990 a ter até dois voos semanais operados com DC-10 da VARIG), e o pequeno território dividido entre a Holanda e a França quer mesmo agora voltar a ser o xodó caribenho dos brasileiros.

La Samanna, pronto para atender os clientes mais exigentes a partir de dezembro

A grande maioria dos hotéis já foi renovada, e já reabriram o Mercure, o L’Esplanade, o Petit Hôtel, o Grand Case Beach Club, o La Plantation, ou o La Playa Orient Bay. O famoso e luxuoso Belmond la Samanna vai reabrir dia 1ero de dezembro, e, se o Beach Hotel de Marigot, muito querido dos brasileiros, vai ser completamente reconstruído, a grande novidade vai ser a chegada da AM Resorts com a marca Secrets. Na Anse Marcel, no local que já foi do Meridien, do Radisson e do RIU, respeitando a arquitetura requintada dos  prédios, vai abrir em fevereiro de 2020  o Hotel Secrets Saint Martin Resort & Spa, com 258 apartamentos e suites, um SPA, cinco restaurantes, seis bares, uma espetacular piscina e o acesso direto a uma das mais bonitas praias da ilha.

Pequenos restaurantes também competem pela gastronomia

Bares e restaurantes continuam a honrar o valioso título de “Capital Gastronômica do Caribe” do qual se orgulha a parte francesa da ilha. Seja nos restaurantes das marinas, com seu jeito de “Côte d’Azur”, seja nas bem típicas e redesenhadas  cantinas dos cais de Marigot, seja no estrelado “Le Pressoir” ou nos exóticos restaurantes chineses ou indianos, as opções não faltam para agradar o paladar do viajante. Ainda dá para ter saudade do tão badalado “Calmos Café” (cuja equipe abriu por enquanto o restaurante “Télégraphe” na Baie Orientale), mas em compensação a gastronomia e o “fooding” local têm grandes novidades, sendo a mais espetacular em Grand Case, o restaurante  “Barranco” do casal Raoul e Anne Sebbagh.

Raoul e Anne, criadores da espetacular novidade gastronômica de Saint Martin

Com experiência das praias de Saint-Tropez e da vida noturna da Borgonha, Raoul e Anne tinham comprado um restaurante em Grand Case dois meses antes do furacão, e apenas acabaram as primeiras obras que tiveram que recomeçar. Com garra, trazendo ideias, móveis e design de Marrakech, do Caribe, e do famoso bairro Barranco de Lima (Peru) que acabou dando o nome do local, eles conseguiram abrir um estabelecimento juntando alto gastronomia e animação noturna. Com um casal de dois chefs franceses – que trabalharam na França com Joel Robuchon e Anne-Sophie Pic-, e um cardápio com grandes destaques – entradas caribenhas, “oeuf parfait à la truffe”, ou costela de boi da Galícia – o Barranco já compete para ser um dos melhores da ilha.

O perfeito “oeuf parfait à la truffe” do Barranco

Aberto do pôr do sol até a madrugada, com um mixologista italiano, um bem escolhido cardápio de vinhos e de runs, e uma música estudada para estimular os visitantes a dançar, o Barranco já virou o lugar imprescindível, um dos símbolos marcantes da simpatia, da alegria de viver e do bom gosto de Saint Martin, a franco-caribenha que voltou mesmo a sorrir.

Jean Philippe Pérol

Entre a praia e a marina, os telhados azuis do novo Secrets Resort and Spa

Com o casal de chefs Louis Verstrepen e Justine Bonnet do Barranco

Turismo atingido preocupa economia, cultura e liberdade!

Abaixo da Pirámida do Louvre

A desvalorização do real, a falta de perspectivas econômicas e as incertezas políticas levaram as viagens internacionais dos brasileiros a uma seria queda em 2015. Se os números finais ainda não são completamente conhecidos, já parece claro que todos os principais destinos – Argentina, Estados Unidos, França, Portugal ou Caribe – enfrentaram redução de 5 a 10% das chegadas de turistas brasileiros. Mars 2015 , um avião quase vazio para MiamiA queda já comprovada dos gastos dos brasileiros no exterior chegou a  31%, de 24 bilhões de dólares em 2014 para 16 bilhões em 2015. Os viajantes se adaptaram com a nova realidade do Real frente ao Euro e (mais ainda) ao Dólar. Os destinos de shopping – e as despesas de compras- caíram, os hotéis mais econômicos e a AirBnb foram destaques de vendas, e a procura pelas promoções de ultima hora das companhias aéreas mudou os hábitos de reserva.

Destinos de compras sofrem com a crise

Com menos viajantes gastando menos, mesmo se adaptando com mais criatividade e mais esforços de produtividade, as operadoras e as agencias de viagem estão enfrentando um cenário de crise, e varias empresas conceituadas já tiveram que demitir funcionários ou até fechar as portas.  Enfraquecidas pela conjuntura, elas estão agora ameaçadas de receber um novo golpe com  mudanças de tributação. Edmar BullDramaticamente denunciada por todos os profissionais, a não reversão da incidência de 25% para 6,38% dos  tributos sobre remessas para o exterior pode levar a um encarecimento violento e uma queda mais brutal ainda das viagens internacionais. Numa carta endereçada a Presidente Dilma, as entidades do setor, lideradas pela Abav e a Braztoa,  lembraram os riscos econômicos que o imposto de 33% traria para as empresas de turismo, podendo levar a perda de  600 mil empregos diretos e indiretos, a R$ 20 bilhões de impacto negativo na economia brasileira, e ao enfraquecimento de um setor que movimentou em 2014, segundo dados da WTTC, 9,6% do PIB nacional.

Dilma e o turismo

Mas o apelo para que não se desse um novo golpe ao turismo brasileiro não deve se limitar a seu impacto econômico. Viajar para o exterior é hoje uma aspiração profunda a qual ninguém está pronto a renunciar, especialmente esses novos viajantes que, nos últimos dez anos,  colocaram o Brasil nas grandes potências do turismo mundial. Para 66 % dos viajantes(*), viagem é cultura, seja vendo monumentos, visitando museus, assistindo a espetáculos, encontrando gente diferente, descobrindo outras gastronomias e outras maneiras de viver, e mais ainda encontrando gente com visões diferentes do mundo. Turismo é cultura! Bloquear as viagens internacionais é também negar esse direito que tantos brasileiros adquiriram há pouco tempo.  Mais ainda, viajar é não somente um direito, mas também uma liberdade fundamental que não pode ser restrita numa democracia. Impedir os seus cidadãos de ir e vir pelo mundo colocando obstáculos – fossem eles financeiros ou tributarios-  não seria um bom sinal nem para os brasileiros nem para o mundo. O turismo internacional deve sem duvidas trazer sua participação a retomada econômica do Brasil, gerando empregos e riquezas. Será porem, com certeza, recebendo muito mais visitantes vindos do mundo inteiro, trabalhando o acervo conquistado na Copa e nos Jogos Olímpicos,  e não tentando impedir as classes emergentes brasileiras de ter acesso a essas maravilhosas experiências de cultura e de liberdade que o turismo pode trazer a cada viajante.

Jean-Philippe Pérol

A estatua da Liberdade e a Torre Eiffel

 (*) Fonte: Pesquisa Atout France e Swiss tourism sobre o turismo exterior da classe media brasileira (2014)

Da Copa para os Jogos, lucros e lições para o turismo brasileiro !

Christ_on_Corcovado_mountain

Segundo o jornal l’Equipe, a Copa 2014 mereceu o título de Copa mais bonita da história, homenagem merecida de uma mídia que chegou a ser muito negativa mas soube reconhecer o sucesso do Brasil. Mag_1_20140712_1669_Page001No embalo do indiscutível impacto positivo sobre a economia das grandes cidades sede, os responsáveis do turismo chegam a anunciar números impressionantes para economia do setor para qual o evento teria gerado um milhão de turistas internacionais ou três bilhões de dólares de receitas . Talvez ainda seja cedo para tirar todas as conclusões sobre o impacto global da Copa, mas algumas tendências e lições confiáveis  podem ser tiradas dos primeiros resultados, para o turismo internacional tanto receptivo que  exportativo.

 Um milhão de turistas internacionais chegaram no Brasil em junho e julho, seja 35% a mais que o ano passado. Mas a Copa só durou um mês, com 530.000 chegadas, das quais  70% eram ligadas ao evento. Um total de 360.000 turistas “Copa” confirmados pelos 840.000 ingressos  colocados a disposição pela FIFA  numa média de 2,4 jogos por torcedor. fotoPode parecer decepcionante para alguns, mas a experiência das Copas e dos Jogos anteriores, assim que o forte impacto negativo sobre os turistas afugentados pelos grandes eventos, seus preços e suas multidões (uma queda estimada em mais de 30%), mostram que os números são satisfatórios. Serão mais satisfatórios ainda a médio prazo pelos investimentos em infraestruturas e pela extraordinária visibilidade positiva que o Brasil ganhou com o sucesso da organização ” encantadora” e “maravilhosa” do segundo maior evento do Planeta. Se os crescimentos observados em outros mercados se verificaram, pode-se esperar, assim que anunciou a Embratur, passar dos 10 milhões de visitantes antes do fim da década. Os números da Copa mostraram também que os países vizinhos, não somente Argentina mas também Chile, Colômbia, Peru e México, que representaram mas de 50% dos clientes “Copa”, ainda tem um potencial excepcional, especialmente se a oferta de produtos se diversificar melhor tanto no segmento de luxo que nos segmentos populares.

hu_pacote_lisboa_paris_aereo_001_normal

O bom desempenho do turismo receptivo, e os 500 milhões de novas receitas internacionais  anunciadas, não se encontraram infelizmente no turismo emissivo. O fortíssimo impacto da Copa sobre as viagens dos brasileiros não foi com certeza bastante antecipada. Nem no turismo doméstico que só ficou estável, as viagens de torcedores e os preços tardiamente reajustados afugentando os turistas tradicionais, com queda de 20 à 40% das vendas das operadoras. Nem no turismo internacional no qual as altas de preços das passagens, a prioridade dada pelas companhias aéreas a visitantes estrangeiros, a vontade de viver a Copa com amigos e familiares, levaram a uma queda de mais de 10%  das viagens. téléchargementEssa decepção, prolongada nos meses de julho e agosto, se deve também a retração da economia brasileira e as incertezas eleitorais. Mas ficou claro que produtos e promoções diferenciadas deverão ser imaginadas para que os próximos grandes eventos sejam no futuro um sucesso para todos os atores do turismo no Brasil, pela satisfação de todos os viajantes, brasileiros ou estrangeiros, turistas ou torcedores.

Jean-Philippe Pérol

Depois do Brasil e do Mundial Fifa 2014, lá vem a França e o Uefa Euro 2016.

 

 

Logo2016_Lnd_Full_OnBlk

MARSEILLE VELODROME 2014

Eliminada pelo mesmo adversário que o Brasil na Copa do mundo, a França vai tentar com o UEFA EURO 2016 vencer um duplo desafioIDENTITE VISUELLE. Terá  não somente de chegar à final da segunda maior competição do futebol mundial que ela já ganhou duas vezes (1984 e 2000), mas também de mostrar os mesmos talentos organizacionais que o Brasil que realizou esse ano, segundo o jornal l’ Equipe, “a mais bem organizada Copa dos tempos modernos”… Tantos os brasileiros como os franceses vão gostar da temática desse grande evento: “Vamos festejar a arte do futebol”. A identidade visual, que vai acompanhar o logotipo, mostra de forma artística a festa dos torcedores em volta de um campo onde as traves parecem dois arcos de triunfos. Um piscar de olho para Paris e sua região onde serão realizados doze jogos, incluindo a abertura e a final.

Para esse grande “Rendez-vous na França” que acontecerá do dia 10 de junho ao dia 10 de julho de 2016, as dez cidades sede já estão se preparando: VILLE HOTEos estádios de Saint Denis, Lille, Nice, e agora Marselha são prontos, os de Lyon, Bordeaux, Saint Etienne, Lens, Paris e Toulouse devem ser inaugurados entre dezembro 2014 e novembro 2015. Para assegurar a hospedagem e os serviços necessários, a operadora Kuoni foi escolhida como agência oficial, devendo cuidar de mais de 250.000 pernoites.

COUPE DELAUNAYEntão chamado de Copa da Europa das Nações, o UEFA Euro teve sua primeira realização em 1960 com 17 países participantes, sendo 4 na fase final. Em 2016, pela décima quinta Copa, serão 54 países na fase de qualificação e 24 na fase final que brigarão pela Taça Delaunay, o troféu do torneio cuja replica de 12 metros de altura já foi apresentando em Paris no mês de junho.

Holland_-_France_Euro_2008_entrance_into_stadium

Para a França e o turismo francês, esse evento é uma grande oportunidade e uma imensa responsabilidade para os organizadores e para cada francês. Vamos poder mostrar para os 2,5 milhões de torcedores presentes e para os 150 milhões de telespectadores não somente a nossa capacidade de organizar um grande espetáculo, mas também as riquezas do nosso patrimônio histórico, cultural, gastronômico e esportivo. As lições do sucesso da organização do mundial no Brasil serão, sem dúvida, aproveitadas para esse “Rendez vous” . A ver o entusiasmo que os 4,5 milhões de fãs franceses e estrangeiros estão demonstrando nas páginas facebook UEFAEUROFR, vai ser mesmo  uma festa maravilhosa.

Jean Philippe Pérol

Para mais informações veja o site da UEFA http://bit.ly/EURO 2016

 

100 milhoes de turistas nos EE-UU em 2020?

DSCN0015

Pelo menos na sua política de turismo, Obama esta mostrando que “Yes, he can”. Visitando na semana passada o “Hall of fame” do baseball em Cooperstown, ele anunciou as ambições americanas nesse setor: “Quero passar de 70 milhões de turistas em 2013 para 100 milhões logo no inicio dos anos 20. 052214_potus_cooperstown (1)“ No mesmo discurso, ele declarou também que tinha pedido aos Secretários do Comercio e da Segurança de trabalhar com as companhias aéreas, os hoteleiros, os Estados e os municípios para encurtar os tempos de demora nas filas de imigração e para melhorar a experiência vivido pelos viajantes nos aeroportos americanos. Fez questão de lembrar que o recado devia ser simples: mais turistas estrangeiros significava mais empregos para os americanos. “Melhorando o tempo de espera na chegada (sem fazer nenhum compromisso com a segurança), os turistas ficarão mais satisfeitos. Em Dallas e Chicago, já conseguiram reduzir o tempo médio de espera a menos de 15 minutos. “ ainda lembrou Obama, insistindo que cada turista bem recebido virava um embaixador do turismo americano junto a sua família e seus amigos.

Essas medidas se inscrevem na estratégia de apoio ao turismo que o Obama desenvolveu desde 2011 com a reativação de Brand USA, a criação de um fundo de promoção de 100 milhões de dólares e a multiplicação de contatos com os lideres do setor, sendo a ultima vez dia 22 desse mês na Casa Branca . E interessante notar que Obama não esquece o quanto é fundamental convencer a opinião publica da importância do turismo na economia mas também na imagem dos Estados Unidos.?????????? As declarações do Presidente lembram que de oito a quatorze milhões de empregos dependem do turismo, que 150.000 empregos novos sao criados cada ano, e que esses empregos não podem ser deslocalizados. Destacam também que o fato de receber turistas do mundo inteiro deve ser para cada americano um motivo de orgulho, e que essas visitas são boas para os monumentos, os parques ou as lojas, mas também boas para toda economia americana.

mascote-copa-2014-tatu-bolaNa véspera da Copa, pensando no impulso que poderá ser dado ao turismo no Brasil nos próximos anos, a política seguida pelos Estados Unidos tem muitas ideias para ser seguidas: estratégia discutida com todos os atores, envolvimento das autoridades no mais alto nível, orçamento ambicioso e gerenciado em PPP, mobilização da população em torno do atendimento aos turistas, objetivos de criação de empregos e de crescimento econômico claramente anunciados.

Com centenas de destinos turísticos brigando pelo bilhão de turistas internacionais que viajam pelo mundo, a concorrência vai ficar cada vez mais forte. Entre os grandes, os Estados Unidos estão agora querendo desafiar a Franca, a Espanha e a Itália e a China para pegar o primeiro lugar não só em receitas (eles já tem) mas também em passageiros. Ainda na trigésima sétima posição do turismo receptivo internacional, o Brasil tem também tudo a ganhar a entrar nessa briga.

Jean Philippe Pérol

DSCN0120

Esse artigo foi escrito utilizando um artigo e umas informações provenientes da revista online Pagtour

Sao Paulo, a Nova Iorque latina que inventa o amanhã…

20090914200646b2_0049

Se, na véspera da Copa, muitas duvidas aparecem na imprensa internacional (e brasileira) sobre a conjuntura ou até o futuro do Brasil, o diário francês “Le Figaro” publicou hoje uma elogia apaixonada de São Paulo. Lembrando que a cidade acolherá o jogo inaugural, o jornalista Jean-Pierre Chanial elogiou o vanguardismo, a criatividade e o dinamismo da cidade, sua energia para inventar hoje o mundo de amanha, definir novas tendências e ser uma Nova Iorque latina onde as coisas acontecem. Impressionado pelo seu gigantismo, sua área cinco vezes maior que Paris e sua aglomeração, seus 2578 arranha-ceús, suas 2000 boates, seu milhão de pizzas comidas cada dia ou suas pinturas de ruas, ele destacou algumas preferências para justificar esse amor a primeira vista: o futebol, o mercado municipal, a arte de rua da Vila Madalena, e a Avenida Paulista.

A paixão pelo futebol parece ao Chanial um dos fundamentos da sociedade paulista. No coração da cidade, ele achou que isso  reúne os executivos, os vendedores de rua, os loiros, os índios, os pretos ou os morenos de todas as miscigenações, os pedreiros ganhando 1000 reais por mês ou os engenheiros formados nos Estados Unidos. 20090604123647b2_0099Esse povo  construiu a capital econômica do Brasil mas sempre se lembra que o primeiro jogo de futebol aconteceu aqui em 1894. Em São Paulo o futebol tem seu museu,  um paraíso dos fãs de todas as idades onde o visitante é guiado por um Pelé virtual, e em São Paulo a Fifa se surpreendeu como o novo estádio do Corinthians que já está pronto para a Copa.

O Mercado municipal é para Chanial um verdadeiro Graal dos sabores, No imenso galpão de tijolos e de teto de vidro, a mortadela e os queijos italianos lembram que três milhões de paulistas são  descendentes dos imigrantes que vieram trabalhar nas fazendas de café no final do século XIX. Mais que os 250 feirantes, o que fascina o turista são uns vinte pequenos restaurantes, servindo por menos de dez reais pratos típicos preparadas por “mammas” que parecem chegar de Napoli, mexendo nas panelas ou assando as bruschettas sem perder a amabilidade e a sinceridade. Para ele, uma outra surpresa vem das paredes da cidade.

Podem ser simples palavras “sou eu, então é você”, “f… a policia”ou “arte não é crime”. Podem ser verdadeiros quadros “naif” ou abstratos, tipo quadrinhos ou realistas, mas as vezes impressionantes. Podem chegar a ser geniais, como é o caso no Beco do Batman, no bairro de Vila Madalena, onde as paredes dos sobrados viram explosões de formas e de cores, de sonhos e de desejos. Nessas ruas estreitas, não são os grandes arquitetos que assinam o novo look da cidade, mas pintores de rua como Nina Pandolfo ou Minhau, Chivitz. A cada esquina, o turista pode parar tomar uma cerveja num barzinho “bobo” onde cada jogo da Copa será com certeza uma grande festa.

Para o jornalista do Figaro, o ultimo imperdível da cidade é a Avenida Paulista, para ele o Champs Elysées de São Paulo…20090604121829b2_0030Saudades das mansões dos barões do café hoje quase desaparecidas, beleza imponente dos aranha céus que grandes arquitetos construíram para os maiores bancos do pais, ou lojas e restaurantes para todos os bolsos, impressionaram porem menos que a multidão nos calçadões. O balé dos colarinhos brancos grudados nos celulares e das fashionistas mostrando as grifes das suas bolsas, os olhares trocados de beleza mestiça, deram a Jean Pierre Chanial a impressão que era ai mesmo que São Paulo era pronta para enfrentar sem medo o seu destino.

foto[6]

Merci, Monsieur Chanial, para essa animadora visão de São Paulo!

Jean Philippe Pérol

Para ler o artigo completo em francês: http://www.lefigaro.fr/voyages/2014/05/02/30003-20140502ARTFIG00243-so-paulo-rendez-vous-avec-la-demesure.php

Na mesmo edição do Le Figaro, ler também os outros artigos sobre a moda e os negócios em  Sao Paulo.

Merci para 2013 e sucessos para 2014!

2014

JOYEUX NATAL ET FELIZ NOUVELLE ANNÉE!

A  todos os colegas e amigos do trade, agradeço os avanços do turismo francês no Brasil e desejo um ano 2014 cheio de sucessos. As oportunidades vão ser muitas. A Copa, e seus milhares de turistas chegando ou fugindo. Os novos consumidores que vão trocar os seus hábitos de consumo para procurar (ou não) novas maneiras de viajar. As novas rotas aéreas que vão abrir novos destinos ou ligar mais cidades brasileiras para o mundo. Os novos canais de distribuição no web, sites, facebook, e-marketing, que vão continuar a mudar em profundidade a paisagem do trade brasileiro.

paris-reveillonEm 2014, vamos torcer, para um grande Ano para o turismo brasileiro, vamos torcer pelo sucesso pessoal e profissional  dos nossos parceiros, e esperar que cada um consegue também o tempo e o sossego para belas viagens pela França. E vamos, sim, torcer pelo Brasil na Copa!

O TURISMO VAI MESMO GANHAR A COPA ?

cafu-segura-o-trofeu-apos-o-brasil-ganhar-o-penta-da-copa-do-mundo-1259255834261_615x300Na véspera da Copa, são muitas as perguntas sobre o impacto que esse evento vai ter sobre o turismo brasileiro. Os profissionais receberam com ceticismo o anúncio da Embratur de 25,2 bilhões de reais de receitas, incluindo 6,85 bilhões gastos por 600.000 turistas estrangeiros. Mas os investimentos hoteleiros e o aumento de capacidade das companhias aéreas ( +28% para Air France) mostram também que muitos acreditam no sucesso.

Vendo o acontecido na França em 1998, os resultados das duas últimas Copas da Alemanha e da África do Sul, e também o ‘case’ de Londres com os J.O.,  três pontos devem ser lembrados.

footix1O primeiro é que  ano de grande evento esportivo nem sempre foi um bom ano para o turismo receptivo do país organizador, mas nunca foi negativo. Na França em 1998, crescemos   4%, mesmo se menos que os anos anteriores e muito menos que os 12% da Espanha naquele mesmo ano. Na África do Sul, as chegadas caíram nos mercados próximos, mas cresceram bod 10,1% no geral.  A Inglaterra, no ano dos Jogos, perdeu dois postos no ranking da OMT, e teve uma queda durante o evento, mas fechou o ano com crescimento de 0,9%. Podemos então antecipar que os números anunciados no Brasil são provavelmente exagerados. Eles não levam em consideração os gargalos dos mês de Junho e Julho e esquecem as perdas com os turistas apavorados pelos preços altos ou os aviões lotados. Mas  teremos, sem dúvida, em 2014 um crescimento das chegadas e mais ainda das despesas de turistas internacionais.

O segundo é que os investimentos em infraestrutura e promoção deram um retorno indiscutível nos anos seguintes. Todos lembram o fabuloso impulso que Barcelona deu a seu turismo depois do J.O. . A França conseguiu renovar e rejuvenescer sua imagem depois da Copa 98, mostrando capacidade de organização e melhorando suas infraestruturas. Esses dois fatores contribuíram a um crescimento de 10% nos quatro anos que seguiram, não só em Paris mas em cidades sede como Bordeaux, Marseille, Lyon ou Montpellier. imagesK53UBP0ZNa Alemanha, os pernoites aumentaram  4% em 2007, um impacto positivo que foi além do turismo internacional e que impactou o turismo interno. Para a África do Sul, os resultados foram ainda mais espetaculares, não só no próprio ano da Copa, mas em 2011 ( +4%) e em 2012 ( +23%), com uma expectativa de 9% para 2013. Na mesma lógica, podemos esperar no Brasil depois de 2014 excelentes perspectivas para o turismo se o sucesso do evento se confirmar. Com a infraestrutura nova, com profissionais mais capacitados, será então possivel sonhar  com 7 milhões de chegadas,  8 bilhões de receitas e em turistas estrangeiros descobrindo novos destinos.

untitledPara o turismo emissivo, é difícil dar um palpite seguro. Mas os exemplos mostram que os anos de grandes eventos se encaixam quase sempre nas tendências anteriores, ou seja,  de baixa na Alemanha, de alta na África do Sul ou de estagnação na Inglaterra. No Brasil também os apaixonados que ficarão em casa para ver os jogos vão deixar os lugares para aqueles que querem de qualquer jeito fugir da agitação das torcidas. Os meses de junho e julho, tradicionalmente muito fortes, vão com certeza ser muito difíceis para nossos colegas nas agências de viagens, nos hotéis ou nos aeroportos. Mas no geral do ano, o dinamismo do evento e os aumentos das ofertas aéreas devem multiplicar as oportunidades e assegurar um crescimento conforme a tendência já observada esse ano.

Não devemos esperar demais de 2014, mas não precisamos ser pessimistas e temos que acreditar no futuro. No receptivo e no emissivo, a curto prazo e mais ainda a longo prazo,  o turismo brasileiro vai mesmo ganhar a Copa.

Jean-Philippe Pérol

mascote-copa-2014-tatu-bola