Recorde de receitas turísticas preocupa a Espanha

O turismo espanhol deve ter em 2024 o melhor ano da sua história

As receitas turísticas da Espanha deveriam esse ano quebrar todos os recordes anteriores e chegar a € 202.651 bilhões, passando os 90 milhões de entradas de turistas (e chegando talvez ao primeiro lugar do turismo mundial em número de entradas contabilizadas). Com uma alta de 8,6% em relação ao ano 2023, que já tinha sido excepcional, o turismo representará 13,3% do Produto Interno Bruto do país. Anunciando a semana passada em Madri essas projeções históricas, José Luis Zoreda, vice-presidente da Exceltur (Alianza para la Excelencia Turística), associação das maiores empresas espanholas fundada em 2002 para ajudar ao desenvolvimento do setor, mostrava paradoxalmente pouca satisfação e muita preocupação.

Os novos trens da RENFE ajudaram no sucesso de 2023

Para Exceltur, esses números impressionantes são os resultados de vários fatores favoráveis. O primeiro é a situação política e a estabilidade da Espanha na hora de muitas perturbações nos grandes destinos concurrentes do Mar Mediterrâneo oriental, Turquia, Israel ou Egito.  O segundo é a retomada do turismo internacional não somente nos grandes mercados de proximidade – principalmente Reino Unido, Alemanha e França -, mas também nos mercados asiáticos. O terceiro fator favorável, em tempos de dificuldades de oferta de transportes, foi que a Espanha aproveitou bastante o crescimento das ligações aéreas bem como a chegada de novos operadores ferroviários.

Para afastar os turistas, Barcelona tirou um ónibus da Google map

José Luis Zoreda insistiu, porém, nas preocupações do setor frente às reações ao overturismo que vão crescendo no país inteiro, das Ilhas Baleares a Andaluzia, das Canárias a Barcelona e a vários lugares da Catalunha. Alugueis inflacionados, transportes urbanos saturados, falta de água em tempo de seca, alta dos preços dos produtos alimentares, muitos problemas da vida cotidiana são agora ligados nas mídias à “invasão” de turistas estrangeiros, às vezes  percebidos como invasores pelos moradores que esquecem em paralelo os benefícios trazidos em termos de empregos ou de infraestruturas públicas.

Exceltur quer ver a Espanha sair do turismo “sol y playa”

Frenteà rejeição dos turistas em varias regiões da Espanha, os profissionais  querem que o turismo continue de crescer além dos recordes de 2024, mas são extremamente conscientes que esse crescimento só será possível se for sustentável e assumido pelos moradores. Há anos, a Exceltur já tinha chamado a atenção das autoridades sobre a necessidade de sair do tradicional turismo de «sol y playa» e de espalhar mais os visitantes, seja em novos destinos do interior ainda pouco aproveitados, seja em épocas de baixa temporada. Para a associação, a Espanha deve agora ir mais longe e só aceitar um crescimento do turismo respeitoso dos lugares e trazendo benefícios claros para os moradores.

Jean-Philippe Pérol

Qual país será líder do turismo internacional em 2022?

A Grécia deve ser um dos grandes sucessos da temporada de 2022

Enquanto nem acabou a temporada de verão do hemisfério Norte, a briga pela liderança do turismo mundial já recomeçou e os principais destinos do turismo internacional já publicaram suas previas e suas análises dos resultados 2022. Os responsáveis políticos são unânimes a destacar a resiliência do setor, com resultados já próximos dos recordes de 2019, e apontam para algumas das tendências já  destacadas pelos profissionais. As lições da crise bem como as ações a priorizar divergem porém de um pais para o outro, bem como as projeções para o segundo semestre. Uma competição que deixa quase completamente abertas as apostas para as lideranças, tanto em numero de turistas que em receitas.

A Torre Eiffel voltou com uma atratividade renovada

A ministra francesa, Olivia Grégoire, anunciou na semana passada que o país devia receber esse ano de 65 a 70 milhões de visitantes. Seriam 20% a menos que os 89 milhões anunciados em 2019, mas, segundo ela, o suficiente para deixar a França na liderança mundial en numero de entradas turísticas. Dos visitantes internacionais, que representaram um terço do faturamento do setor, os mais numerosos  foram os europeus que já tinham voltado o ano passado. Mas o crescimento mais espetacular vem das Americas. O “revenge travel” e a fraqueza do euro deram um impulso espetacular a chegada de estado-unidenses (e de brasileiros) que compensaram em parte a ausência de chineses, japoneses e russos.

Cannes e a Riviera foram destaques da temporada de verão

Sem estatísticas convincentes, é ainda cedo para definir quais regiões francesas, além de Paris e da Riviera,  foram as mais beneficiadas pela retomada. Algumas tendências fortes foram porém destacadas pela ministra: as viagens de trem, o turismo de proximidade, o turismo rural, ou o turismo itinerante. O sucesso do turismo de luxo, especialmente em Paris, levou a uma alta dos preços de mais de 35% nos hotéis e terá um impacto positivo nas receitas turísticas que deveriam atingir os níveis de 2019. Para confirmar as projeções otimistas da ministra, a França deverá porem superar os problemas do setor: falta de mão de obra, inflação ameaçando principalmente o turismo dos seniors, e lentidão da incerta retomada das viagens de negócios.

A Espanha deve receber mais de 65 milhões de turistas

A Espanha publicou também seus resultados dos sete primeiros meses do ano, com números detalhados e projeções mais cautelosas dos profissionais. 39,3 milhões de turistas estrangeiros já chegaram no país até o final de Julho, 300% a mais que em 2021, mas ainda 17% abaixo dos números atingidos em 2019.  As estatísticas da Frontur  mostram que o primeiro mercado volta a ser o Reino Unido com 8,4 milhões de viajantes, seguido da Alemanha com 5,5 milhões e da França com 5,3 milhões. As regiões mais beneficiadas foram a Catalunha com 8 milhões de visitantes, as Ilhas Baleares com 7,5 milhões e as Ilhas Canárias com 6,8 milhões. As receitas turísticas são estimadas a final de Julho em 47 Bilhões de Euros, uns 10% abaixo dos recordes de 2019.

O turismo estado-unidense quer privilegiar a qualidade

Com os Estados Unidos insistindo mais em resultados qualitativos – somente 55,4 milhões de turistas internacionais mas umas receitas devendo chegar a  USD 200 bilhões, os três grandes líderes do turismo mundial já anunciaram suas estimativas de resultados para 2022, e os dois pódios (número de turistas e volume de receitas) estão se definindo. Para as receitas de turismo internacionais, os estado-unidenses devem seguir na absoluta liderança, seguindo da Espanha, mas a França deveria se aproximar do segundo lugar devido a seus excelentes resultados no turismo de luxo.

Na era do turismo sustentável, um novo ranking dos destinos lideres?

Para os números de turistas internacionais, o terceiro lugar ficará com os Estados Unidos (em parte por escolha própria), mas a briga pelo primeiro lugar será certamente muita apertada entre os franceses e os espanhóis. Lamentando o foco dado aos resultados quantitativos pelos políticos e pela mídia,  muitos consumidores, moradores e profissionais desses dois países pensam porém que a verdadeira liderança do turismo internacional deveria ser definida somente por critérios econômicos, sociais e ambientais. O novo pódio poderá assim ficar aberto a muitos novos competidores.

Jean Philippe Pérol

 

As surpresas dos novos rankings das cidades turísticas

Bangkok, em 2017 a cidade mais visitada pelos turistas internacionais

Se vários rankings dos destinos turísticos internacionais estão sendo publicado nos últimos anos, o « Global Destination Cities Index » da Mastercard é sem dúvidas um dos mais interessantes, não somente por levar em consideração os números de visitantes e os seus gastos, mas por analisar as performances de 162 cidades nos cinco continentes. Mais completa que a pesquisa da WTTC que mede exclusivamente o impacto econômico do turismo domestico e internacional em 72 destinos,  o relatório da Mastercard projeta os resultados do ano a partir dos números de visitantes internacionais, das despesas turísticas, das transações com o cartão de crédito e dos fluxos financeiros. A análise detalha também a duração das estadias bem como a média de gastos diários, mostrando surpreendentes evoluções no posicionamento dos grandes destinos.

TOP 10 VISITANTES Visitantes 2017 Crescimento 2018 Pernoites medios Gasto diario medio
Bangkok 20.050.000 9,60% 4,7 noites USD 173
Londres 19.830.000 3,00% 5,8 noites USD 153
Paris 17.440.000 2,90% 2,5 noites USD 301
Dubai 15.790.000 5,50% 3,5 noites USD 537
Singapura 13.910.000 4,00% 4,3 noites USD 286
Nova Iorque 13.130.000 4,10% 8,3 noites USD 147
Kuala Lumpur 12.580.000 7,50% 5,5 noites USD 124
Tóquio 11.930.000 1,60% 6,5 noites USD 154
Istambul 10.700.000 19,70% 5,8 noites USD 108
Seul 9.540.000 6,10% 4,2 noites USD 181
… São Paulo 1.920.000 13,13% 10,8 noites USD 61

 

Singapura se firma como uma das maiores cidades turísticas da Ásia

Pelo segundo ano consecutivo, o turismo urbano da Ásia confirma a sua liderança com o primeiro lugar de Bangkok que recebeu em 2017 mais de 20 milhões de visitantes internacionais. Essa liderança deve ser confirmada em 2018 com um crescimento previsto de 9,6%  o que fará com que os tradicionais rivais Paris e Londres batalhem agora pelo segundo lugar. Aproveitando o dinamismo dos mercados emissores da região, principalmente da China, mas também do Japão, da ASEAN  e até da Índia, quatro outras cidades asiáticas chegaram na lista das dez cidades mais visitadas pelos turistas internacionais: Singapura, Kuala Lumpur, Tóquio e Seul. Com crescimento bem superior a media mundial,  Pukhet, Hong Kong, Pattaya, Xangai, Pequim, Macau, e Shenzhen já estão também brigando para entrar nesse cobiçado grupo de líderes. 

Dubai, estratégia e investimentos construindo um grande destino

As cidades do Oriente Médio se fortaleceram em 2017. Dubai chegou em quarto lugar e continuou a surpreender com sua ousadia. O ano passado testou com sucesso os primeiros taxis voadores e quebrou um novo recorde do hotel mais alto do mundo. Com uma oferta turística luxuosa e cada vez mais diversificada, a cidade consegue incentivar seus visitantes a gastar impressionantes USD 537 por dia, um recorde nas 162 cidades da pesquisa. Varias outros destinos da região estão se destacado, seja a Meca pela primeira posição en volume de receitas,  Istambul pela sua nona posição no ranking mundial e seus 20% de crescimento previstos para 2018,  Antalya pelos seus 9,4 milhões de visitantes, ou Teerã pelo seu crescimento de 2017 e 2018. Mesmo muito dependente da conjuntura politica e securitária, a região se consolida como um dos novos pólos do turismo internacional.

TOP 10 RECEITAS Receitas em MM USD Crescimento 2018 Gasto diário médio
Dubai 29,7 7,8%% USD 537
Meca 18,45 7,40% USD 135
Londres 17,45 13,70% USD 153
Singapura 17,02 7,40% USD 286
Bangkok 16,36 13,80% USD 173
Nova Iorque 16,1 4,10% USD 147
Paris 13,05 16,00% USD 301
Palma 11,96 16,20% USD 220
Tóquio 11,91 7,80% USD 154
Pukhet 10,46 12,60% USD 239
…. São Paulo 1,35 13,13% USD 61

Paris seguindo no pódio das grandes cidades turísticas

Mesmo perdendo posições, as cidades da Europa continuam sendo muito procuradas, Londres ou Paris alternando na liderança dependendo do critério geográfico utilizado para o calculo das estatísticas (o município de Paris sendo muito menor que o grande Londres, Paris só passa na frente quando incluir os subúrbios). A força do turismo europeu pode porem ser medida pelo numero de destinos destacados nas pesquisas da Mastercard e da WTTC, tanto tradicionais como Milão, Veneza, Barcelona ou Firenze, que mais recentes como Dublin, Palma, Praga ou Dubrovnik. Ao contrario, os rankings carecem de cidades latino americanas, México sendo a única da região em posição de destaque. São Paulo é a primeira cidade brasileira, mas longe dos lideres, em 8º lugar na América latina pelo número de visitantes (1,92 milhões) e em 9º lugar em gastos por visitante na região, com somente USD 61 de gasto diário por pessoa e por dia, e USD 1,35 bilhões movimentados. Na nova conjuntura que se abre agora para o Brasil, vale esperar que o turismo urbano terá um merecido impulso.

Os novos pólos do turismo mundial

Esse artigo foi inspirado de um artigo original de Serge Fabre na revista on-line Pagtour

China x EEUU: a guerra comercial já prejudica o turismo

A liberdade iluminando o mundo… ainda?

Mexendo a cada lance com centenas de bilhões de USD, a guerra comercial que o Trump declarou para resto do mundo, e mais especialmente para China, está preocupando os profissionais do turismo dos Estados Unidos. A US Travel Association lembra que o setor teve nos últimos anos um forte crescimento, mas uma desaceleração  começou em 2017 com a queda do turismo proveniente da América Latina e do Oriente Medio. As entradas aumentaram ainda de 0,7% em 2017 e os 77 milhões de visitantes internacionais gastaram um recorde de USD 251,4 bilhões, mas com somente 2%  de alta em relação a 2016, longe da media de 8,9% dos anos Obama. A chave da expansão do turismo americano está agora no mercado chinês, responsável hoje por 3 milhões de entradas e mais de USD 35 bilhões de receitas, e com perspectivas de quase 5 milhões de entradas e  de mais de USD 50 bilhões de receitas projetadas para 2023.

Entre os EEUU e a China, um confronto global pode impactar todos os setores

Mesmo se o NTTO (National Trade and Tourism Office) está esse ano com alguns problemas para publicar estatísticas confiáveis, varias pesquisas mostram tendência negativa  em 2018. Um USD muito forte, a fraqueza da economia de vários países da América Latina -incluindo o México e o Brasil, bem como a desastrosa imagem do Presidente americano, seriam responsáveis de uma queda de quase 4% do numero de turistas e de USD 4,6 bilhões das receitas, bem como da perda de 40.000 empregos. E a guerra comercial sino-americana poderia piorar essas projeções. Desde março, o turismo chinês para os EEUU está em queda de 8,9%, e as reservas de grupos estão 34,4% abaixo dos números de 2017. Considerando os gastos elevados desses turistas ( uma media de USD 7000 por pessoa enquanto as outras nacionalidades não passam de USD 4400), uma pesquisa da Forwardkeys estima em USD 500 milhões o impacto da primeira batalha..

A guerra comercial vai prejudicar as metas de 5 milhões de turistas chineses em 2023

As novas taxas impostas essa semana sobre USD 200 bilhões de produtos chineses, e as retaliações de Pequim, vão ampliar a guerra comercial, e o impacto sobre o turismo pode ainda aumentar. Se é em principio descartado umas restrições explicitas sobre as viagens para os Estados Unidos, as autoridades chineses têm varias maneiras de provocar uma queda significava. Podem por exemplo ampliar os avisos negativos para os viajantes, assim que já fizeram em julho chamando atenção sobre a violência, a falta de segurança e até a sinofobia ameaçando os turistas chineses nas grandes cidades americanas. As mídias chineses podem até liberar a fibra nacionalista de uma população que ficou chocada pelas medidas de Trump e que pode muito bem desviar as suas preferências para outros destinos do Pacifico, da Ásia, da Europa ou da América Latina. A guerra somente está começando, mas os primeiros acontecimentos não são favoráveis para os profissionais do turismo dos Estados Unidos.

Esse artigo foi inspirado de um artigo de  Serge Fabre na revista profissional on-line La Quotidienne

A França, ainda líder do turismo mundial?

A França mais uma vez líder do turismo mundial em 2017

Mesmo publicadas com um pouco de atraso, as estatísticas 2017 do turismo francês são importantes para analisar a evolução do primeiro destino mundial. Com 86,9 milhões de entradas, a França continuou na liderança em entradas de turistas, na frente da Espanha (81,8 milhões, em expansão de 8,6% no conturbado mundo mediterrâneo) que passou na frente dos Estados Unidos (73,0 milhões, pagando talvez com uma queda de 3,8%  a rigidez migratória do Trump). Com um crescimento de 5,1% foi não somente borrada a queda provocada pelos terríveis atentados de novembro 2015 e julho 2016, mas também ultrapassado o recorde anterior de 2015. Anunciando com muito orgulho esse resultado, o ministro das relações exteriores e do turismo confirmou que a França deveria atingir em 2020 a meta de 100 milhões de entradas e consolidar sua liderança.

Com alta de 47%, o turismo russo foi o que mais cresceu

Se esse bom resultado era esperado, os profissionais ficaram surpresos pelo desempenho dos mercados internacionais. Os esperados turistas asiáticos ainda não recuperaram os níveis de 2015, a China crescendo pouco (4,9%), a Índia ainda caindo (-5,6%), e somente o Japão tendo um crescimento forte (17,8%). Os americanos (5,6%) e mais ainda os brasileiros (17,9%) voltaram com toda força, mas foi da Europa que foram registrados os maiores fluxos com destaque para Rússia (43,4%), Espanha (17,3%), Bélgica (9,6%). Primeiro mercado europeu, o Reino Unido não pareceu sofrer do Brexit se consolidou na frente da Alemanha, chegando a 12,7 milhões de entradas e  6%  de crescimento, uns números decisivos para oferecer a França o seu novo recorde de 2017.

EEUU lideram disparados o ranking das receitas do turismo internacional

O ranking do turismo mundial é porem bem diferente quando as receitas internacionais são o primeiro critério de classificação. A liderança disparada pertence nesse caso aos Estados Unidos com 190 bilhões de Euros, seguindo da Espanha com 60,3 bilhões. Mesmo tendo revisado os seus números e “re-encontrado” 10 bilhões de euros de receitas suplementares, a França fica somente em terceiro lugar com 54 bilhões de euros, uma posição ainda ameaçada pela China e pela Tailândia que poderiam subir no pódio já em 2018. Com a OMT projetando há 20 anos a chegada de  130 milhões de turistas na China em 2020, com os Estados Unidos e a Espanha num trend de forte crescimento, é certo que o título de pais mais visitado do mundo trocará de titular, e  que ambas lideranças em receitas e em entradas de turistas internacionais serão então perdidas.

Nas Sources de Caudalie, liderança em bem estar e enogastronomia

Na hora da sustentabilidade e da valorização do impacto econômico e social do turismo, os profissionais estranham a insistência dos políticos em se vangloriar de resultados quantitativos discutíveis. A França já  se posiciona como um grande líder mundial do “melhor turismo” em vez do “mais turismo”, respondendo as expectativas tanto dos seus turistas que dos seus moradores. Numa concorrência mundializada, três fatores diferenciantes contribuem a uma nova liderança: a imagem de um acervo cultural mundialmente reconhecido, um bem viver autêntico e protegido, uma oferta temática completa, especialmente nos segmentos com mais valor agregado (luxo, gastronomia, bem estar, enologia, esqui, congressos ou grandes eventos.

Nos vilarejos da Provence, as mesas esperam turistas e moradores

Se o seu primeiro lugar em números de chegadas de turistas não vigorará alem dessa década, a França pode guardar sua liderança como destino de “melhor turismo” frente as novas tendências que estão se desenhando hoje. Pode continuar liderando pelo seu forte conteúdo cultural, seu patrimônio , seus museus, sua arquitetura, mas também pela alternativa que ele oferece ao modelo do concorrente norte americano. Pode liderar pela especificidade do seu arte de viver, o seu estilo de vida autentico compartilhado entre os viajantes internacionais, os turistas locais (mais de dois terços do turismo francês é domestico) e os moradores. Pode liderar pelas suas normas sempre rígidas, protegendo o consumidor em termos de sustentabilidade, de uso do espaço público, de alimentação ou de ética social.

O Mont Saint Michel, patrimônio e fé no monumento mais visitado fora de Paris

A França vai também guardar a sua liderança pela riqueza da sua oferta turística. Com uns 40 destinos internacionais, consegue oferecer uma excepcional diversidade que inclui produtos e serviços de excelência em quase todos os segmentos. A Pirámida do Louvre, o Palácio dos Festivais de Cannes, as pistas de Courchevel, o Mont Saint Michel, os bangalós  de Bora Bora, os Hospices de Beaune, os vinhedos de Bordeaux, o bar do Lutetia, o Versailles do Ducasse, as adegas de Reims, os “bouchons”de Lyon, a vida de Saint Tropez, o castelo de Chenonceaux, o porto de Honfleur, o Hotel du Palais em Biarritz, ou as simples ruas e praças de Paris, Saint Paul de Vence, Saint Emilion ou Cap Ferret, são esses lugares de excelência, mais que números discutíveis, que ajudarão a França a liderar o turismo mundial.

Jean-Philippe Pérol

O porto de Honfleur, seduzindo os turistas pela sua luz e sua História

Esse artigo foi inicialmente publicado no “Blog Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

A França com menos turistas, mas uma liderança confirmada e muitos eventos pela frente!

Biarritz, o Vieux Port e a Pedra da Virgem

Biarritz, o Vieux Port e a Pedra da Virgem

Em visita oficial em Biarritz, no Pais Basco, o Ministro francês das Relações Internacionais e do Turismo divulgou os primeiros resultados do turismo para 2016. Confirmou a queda que os profissionais e a imprensa tinham antecipados tanto na França que nos grandes mercados emissores, inclusive no Brasil. Os números ainda não são definitivos, mas a estimativa é de 82,5 a 83 milhões de turistas estrangeiros, seja uma baixa de 2,3% a 2,9% sobre os resultados de 2015. O ministro confirmou que os trágicos atentados sofridos em Paris e em Nice foram os principais motivos dessa evolução, e que as greves do segundo trimestre e as chuvas do verão tiveram também um impacto negativo.
Na Riviera francesa, muitas esperanças para um grande ano turístico 2017

Na Riviera francesa, muitas esperanças para um grande ano turístico 2017

 Mas mesmo com a queda, o turismo francês tem boas razões para confiar no futuro. França  deverá guardar em 2016 a sua posição de primeiro e preferido destino dos turistas internacionais, na frente dos Estados Unidos, da Espanha e da China. Uma forte tendência de alta apareceu nos últimos meses do ano passado – os pernoites chegando a superar o nível recorde de 2014- e está se confirmando no inicio de 2017, especialmente nos mercados mais atingidos em 2016:  Russia, Japão, Brasil. Os brasileiros estão voltando mesmo em Paris, com 26,5% de alta das chegadas em Janeiro e uma expectativa de mais de 40% para os próximos meses.
A Torre Eiffel, garota propaganda de Paris para 2024

A Torre Eiffel, garota propaganda de Paris para 2024

As boas perspectivas ajudaram a reafirmar o objetivo de 100 milhões de turistas que a França definiu para 2020, aproveitando os seus importantes investimentos tanto para melhorar a segurança dos seus visitantes que para reestruturar a sua oferta nos seus grandes destinos já conhecidos internacionalmente. Na véspera de grandes eventos internacionais, da Ryder Cup até a Expo 2025, e poucos meses antes da decisão do CIO sobre a candidatura de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024, Biarritz e o Pais Basco, conhecidos dos brasileiros tanto pelas suas ondas de surfe que pelos seus campos de golfe, eram sem dúvidas o perfeito local para passar uma mensagem de otimismo tanto aos profissionais franceses que aos turistas do mundo inteiro.

Jean-Philippe Pérol

O campo de golfe de Saint Quentin, pronto para Ryder Cup 2018

O campo de golfe de Saint Quentin, pronto para Ryder Cup 2018

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

Em tempo de crises, a OMT destaca a resiliência, a busca de segurança e a dinâmica regional do turismo internacional

Menos turistas na França em 2016, mesmo se a liderança continuará

Menos turistas na França em 2016, mesmo se a liderança continuará

Enquanto o turismo internacional enfrenta no Brasil (e na França) um clima de morosidade, a Organização Mundial do turismo acabou de publicar resultados animadores do primeiro semestre , uma alta de 4% em relação a 2016 com um total de chegadas de turistas passando de 540 a 561 milhões. Comemorando esses números, o Secretario Geral da Organização, Taleb Rifai, destacou a resiliência da economia turística, continuando a criar milhões de empregos em tempos de crise, interligando pessoas de todas origens em tempos de guerra e de insegurança.  Lembrou que o turismo voltará a crescer mais ainda se os governos conseguem trabalhar juntos para melhorar  a tranquilidade e a segurança que aparecem sempre como os primeiros critérios de decisão dos viajantes.

Com 7,9% de crescimento, Tahiti contribui ao sucesso da região Asia Pacifico

Com 7,9% de crescimento, Tahiti contribuiu ao sucesso da Ásia Pacifico

 

Os grandes destinos turísticos tiveram resultados muito diferenciados. Os maiores crescimentos -9%-  foram registrados na Ásia e no Pacifico. Com um forte  impulso das chegadas provenientes da própria região, a dinâmica foi compartilhada por quase todos, com destaque para a Austrália, a China e o Vietnã.  A Europa ficou com um crescimento de somente 3%, mas com grande desigualdade. Enquanto a Escandinávia ou a Republica Tcheca  registrava  altas de 5%, os países do Mediterrâneo cresciam de 2%, e os da faixada atlântica ficaram  em somente 1%. Na África, os destinos ao sul do Saara conheceram um impressionante sucesso com 12% de turistas internacionais a mais, mas a África do Norte e o Egito, desgastados pela insegurança, sofreram um queda de 9% que colocou o setor em crise. A mesma queda, pelas mesmas razões, foram observadas pela OMT nos países do Oriente Médio. Nas Américas, as chegadas de turistas internacionais seguiram o crescimento mundial, com uma alta de 4%, sendo mais forte na América Latina (+7%), incluindo no Brasil.

Os chineses liderando o crescimento do turismo mundial

Os chineses liderando o crescimento do turismo mundial

A evolução dos mercados emissores confirmou as tendências que o dinamismo  das economias e a força das moedas já tinham indicadas. A China, hoje líder mundial, aumentou de 20% seus gastos em viagens internacionais no primeiro trimestre do ano. Aproveitando a evolução do dólar, os Estados Unidos, segundo mercado, gastaram 8% a mais até julho, e a Alemanha 4%. Nos destaques anota-se os fortes crescimentos das viagens internacionais na Espanha (+20%), na Noruega (+11%) e da Austrália (+10%). E como era de se esperar, as maiores quedas foram observadas na Rússia e no Brasil (- 28,6% de janeiro a agosto).

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A OMT é também otimista para o segundo semestre do ano, tradicionalmente mais forte, especialmente nos países do hemisfério norte. Os especialistas já anotaram que o crescimento continuou em julho e agosto, e que as reservas para os últimos meses do ano seguem a mesma tendência. Um clima de otimismo poderia até impactar os fluxos de turistas internacionais para a Ásia, o Pacifico, a África e as Américas. A evolução da Europa e do Meio Oriente é vista com mais cautela, mas pode até surpreender  se foram superados o impacto dos eventos trágicos que abalaram a imagem de segurança desses destinos.

O bem sucedido êxito dos JO vai beneficiar o turismo brasileiro

Crescimento e criação de empregos mesmo em tempo de crise, segurança como critério-mor da escolha dos destinos, peso cada vez maior dos mercados asiáticos, fluxos intra-regionais  crescentes, especialmente na América latina, a publicação pela OMT do balance do primeiro semestre desse ano traz não somente otimismo para o turismo internacional, mas também algumas ideias de prioridades para argumentar novas estratégias e aproveitar novas oportunidades.

Jean-Philippe Pérol

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A Turquia, um dos destinos turísticos mais atingidos no Oriente Medio

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

Os países (proporcionalmente) menos turísticos do mundo, uma lista com algumas surpresas!

Barco de passeio no Bangladesh

Barco de passeio no Bangladesh

Para muitos viajantes, o pior pesadelo  é de encontrar outros turistas, e o sonho seria de visitar lugares onde a proporção de turistas em relação a população esteja a menor possível. why-now-is-the-time-to-visit-cuba1Nos últimos meses aparecerem assim artigos ou promoções incentivando a viajar para Cuba “antes que seja tarde demais”, antes que a autenticidade da ilha desaparece com invasão de 2, 3 ou 5 milhões de turistas americanos. Querendo ajudar os amadores de destinos exclusivos a encontrar lugares preservados, o site de analise de dados econômicos  Priceonomics publicou a lista dos 25 países os menos turísticos do mundo. Para estabelecer esse ranking muito peculiar, os técnicos dividiram o numero de habitantes de cada pais pelo numero de turistas publicado pela OMT – organização mundial do turismo.

O Taj Mahal no por do sol

O Taj Mahal no por do sol

O destino vencedor é o Bangladesh, o oitava pais mas populoso do mundo, com 160 milhões de habitantes mas que recebe somente 125.000 turistas, menos que o vizinho Butão, um atraso que as autoridades querem compensar com uma nova campanha de promoção “Visite Bangladesh antes dos turistas”. A campanha do BengladeshMesmo com cada visitante podendo se perder no meio de 1273 moradores, será porem difícil para o pais compensar a sua péssima imagem,  a sua falta de preparo frente aos desastres naturais, a sua insegurança e o atraso em infraestruturas publicas e turísticas. Vários países dessa lista dos “Top menos” – a Guinea, a Moldávia, a Serra Leoa, o Niger, a Papuásia ou o Tajiquistão – enfrentem problemas similares. Mais surpreendentes são as presença de potências turísticas como a Índia ou o Quênia, talvez prejudicadas pela  importância das suas populações. É mais surpreendente ainda a vigésima terceira posição do Brasil que recebe somente um turista para cada 32 habitantes, uma posição que não pode ser justificada somente com a distancia dos grandes centros emissores da Europa e da América do Norte .

PAISES DO “TOP MENOS” Turistas  (2014) Habitantes RATIO H./Tur
1 Bangladesh 125.000 159.078.000 1.273
2 Guinea 33.000 12.276.000 372
3 Moldavia 11.000 3.556.000 323
4 India 7.679.000 1.295.292.000 169
5 Serra Leoa 44.000 6.316.000 144
6 Niger 135.000 19.114.000 142
7 Etiopia 770.000 96.959.000 126
8 Chade 122.000 13.587.000 111
9 Madagascar 222.000 23.572.000 106
10 Mali 168.000 17.086.000 102
11 Burkina Faso 191.000 17.589.000 92
12 Bielorussia 137.000 9.470.000 69
13 Sudão 684.000 39.350.000 58
14 Costa do Marfim 471.000 22.157.000 47
15 Tanzania 1.113.000 51.823.000 47
16 Benin 242.000 10.598.000 44
17 Papuasia 182.000 7.464.000 41
18 Angola 595.000 24.228.000 41
19 Tadjikistão 213.000 8.296.000 39
20 Venezuela 857.000 30.694.000 36
21 Nepal 790.000 28.175.000 36
22 Quenia 1.261.000 44.864.000 36
23 Brasil 6.430.000 206.078.000 32
24 Uganda 1.266.000 37.783.000 30
25 Ilhas Salomão 20.100 572.000 28

Utilizando a mesma metodologia, Priceonomics publicou também a lista dos 25 países recebendo o maior numero de turistas por habitantes. Os vencedores não são as tradicionais maiores potências turísticas, França, Estados Unidos, China, Itália ou Espanha, mas pequenos países da Europa e do Caribe que souberam aproveitaram ao máximo seus recursos turísticos, sendo a Andorra o pais campeão. Igreja de São Estevo (Andorra)Esse pequeno principado dos Pirenéus, independente desde o Carlos Magno, e cujos co-presidentes são o Presidente da França e o bispo de Urgell na Espanha,  recebe mais de 2 milhões de visitantes para seus 73.000 habitantes, sendo o turismo responsável por 75% da sua economia. Na lista constam também pequenos pais de sucesso como Aruba, Hong Kong, Mônaco ou Bahrein, bem como destinos confirmados como Áustria, Grécia ou Croácia. Primeiro do ranking mundial pelo numero de turistas recebidos, a França não entrou nesse “Top 25” devido a importância da sua população, mas as projeções para 2020 – 100 milhões de turistas- devem lhe permitir de chegar perto.

Jean-Philippe Pérol

PAISES DO “TOP MAIS” Turistas (2014) Habitantes RATIO Tur/H
1 Andorra 2.363.000 73.000 32
2 Aruba 1.072.000 103.000 10
3 Monaco 329.000 38.000 9
4 Bahrein 10.452.000 1.362.000 8
5 Palau 141.000 21.000 7
6 Malta 1.690.000 427.000 4
7 Hong Kong 27.770.000 7.242.000 4
8 Bahamas 1.427.000 383.000 4
9 Bermuda 224.000 65.000 3
10 Icelandia 998.000 327.000 3
11 Maldivas 1.205.000 401.000 3
12 Austria 25.291.000 8.546.000 3
13 Curação 452.000 156.000 3
14 Croatia 11.623.000 4.238.000 3
15 Antigua 249.000 91.000 3
16 Seichelas 233.000 91.000 3
17 São Marino 75.000 32.000 2
18 Estonia 2.918.000 1.315.000 2
19 Montenegro 1.350.000 622.000 2
20 Singapora 11.864.000 5.470.000 2
21 Chipre 2.441.000 1.154.000 2
22 St Kitts 113.000 55.000 2
23 Grecia 22.033.000 10.870.000 2
24 Irlanda 8.813.000 4.616.000 2
25 Luxemburgo 1.038.000 556.000 2

Esse artigo foi inspirado de um artigo original da revista profissional francesa l’Echo Touristique

A França, de novo primeiro destino turístico mundial em 2013, verdade ou marmelada?

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Com 84,7 milhões de entradas de turistas internacionais, a França foi de novo, em 2013, o país mais visitado do mundo, à frente dos Estados Unidos (70 milhões) , da Espanha (61 milhões) e da China (51 milhões). Mesmo esperada, essa notícia, anunciada pelo próprio ministro da economia , mostrou o dinamismo do turismo francês que continua com a preferência dos viajantes do mundo inteiro. Com muitos mercados europeus  ainda em recuperação – com um crescimento médio de 1,2% -, esses resultados devem muito ao desempenho da  Alemanha (+6,4%) , da América do Norte (+5,8%) e mais ainda da China que cresceu de 23,4%. A Rússia e a Índia participam dessa euforia, o Brasil se consolidando numa nona posição mas sendo o único BRICS a não ter um crescimento de dois dígitos.

Entradas de turistas estrangeiros (em milhões)

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O sucesso da França deve muito a Paris, que se consolidou frente a Londres como primeira cidade turística do mundo com 47 milhões de visitantes em relação a sua concorrente inglesa com 35, mas também as regiões de Nice e de Lyon que atraem cada vez mais turistas. O objetivo do ministro Laurent Fabius, 100 milhões de turistas dos quais 1,5 milhões de brasileiros, deveria assim ser atingindo em 2022.

Receitas do turismo internacional (em bilhões de dólares)

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Mesmo positivos, esses números foram recebidos com muitas críticas de vários profissionais franceses. A principal é que a forca econômica do turismo deve ser medida pelas receitas e não pelo número de entradas. The Louvre, Paris, FranceNesse ranking os grandes vencedores são os Estados Unidos com mais de 200 bilhões de dólares, enquanto a França tenta encostar na Espanha  com 63 bilhões. A segunda crítica se refere a metodologia. Para a Organização Mundial do Turismo, qualquer viajantes que fica mais de uma noite é um turista. Mas os 84,7 milhões de turistas que entram a França não são todos interessados pelas belezas das suas paisagens  ou pela arte francesa de viver. 15 milhões estão somente em trânsito de uma ou duas noites, atravessando o território ou dormindo perto de um aeroporto no caminho de um outro destino final. Todos esses turistas também não se hospedem em hotéis ou resort, quase um terço escolhem hospedagens não comerciais.

Mas a metodologia é a mesma para todos, os passageiros com multi-destinos existem em todos os países, e a França é mesmo o primeiro destino turístico mundial. As críticas não são justificadas, – os números estão certos e não tem nenhum fundamento falar de “marmelada” na publicação dessas estatísticas, porém é importante  levá-las em consideração. A  satisfação dos resultados não deve esconder o trabalho a fazer para melhorar.IMG_2420 A França precisa mesmo aumentar suas receitas turísticas, incrementar a qualidade do seu atendimento, oferecer serviços ainda mais diversificados, continuar a renovar a sua oferta hoteleira e atrair turistas em mais regiões. A liderança é com certeza uma satisfação, mas também uma grande responsabilidade. E as estatísticas são necessárias tanto para medir as realizações tanto quanto para lembrar o percurso a seguir.

Jean Philippe Pérol

Cenário de mudanças , mas agora conhecendo o final….

Nesse final de ano, o mercado do turismo não deixa mais uma vez de surpreender os profissionais.

Em primeiro lugar pela sua capacidade a reagir frente a queda do real. Mesmo com um poder aquisitivo no exterior reduzido de trinta por cento, as viagens aumentaram de mais de dez por cento em volume e de quase quatorze em valor. O dinamismo do setor aproveitou em primeiro lugar para os Estados Unidos que vão passar a barra dos dois milhões de turistas brasileiros, mas a França vai também se sair bem, ficando na liderança na Europa com um crescimento de oito por cento e uma previsão de 660.000 entradas de brasileiros.
Mas a outra grande preocupação do trade não e o volume de vendas, mas a nova repartição do bolo entre os grandes atores. Os fornecedores, que estão ampliando cada dia as vendas diretas. As agências tradicionais, que lutam para encontrar como agregar valor. As OTA , on-line travel agencies, que devem antecipar, no web ou na Facebook, os comportamentos ainda para nascer. A briga no Brasil ainda vai ser grande, mas pela primeira vez esse ano, podemos antecipar aonde vamos chegar. Dos Estados Unidos já estão chegando informações que, depois de quinze anos de revolução, o mercado está se estabilizando. Os fornecedores estão ficando com a metade das vendas, mas OTA com 23% e as agências tradicionais com 27%. Aqui no Brasil não temos então o calendário, mas já temos o final.
Tendo apostado em todos os canais de distribuição mas mais ainda na permanência do papel importante do trade, a França se alegra assim de ver que as agências continuarão a ser parceiros chaves na promoção dos destinos.

Jean-Philippe Pérol