
Árvores gigantes, igapós, mistérios e perigos no imaginário amazônico
“- Vão viajar nesse feriado?
– Vamos sim, viagem de barco com a nossa filha!
– Que bom! E vão para onde?
– Vamos para Amazônia.
– Com criança??? Mas é um perigo, tantos insetos, bichos, calor… E de barco ainda! Nem pensar!”

Entrosamento, compreensão e diversidade ajudam o sucesso da expedição
Quantas vezes ouvimos esses comentários falando com amigos sobre as maravilhosas viagens que podem ser organizadas no Rio Negro ou no Tapajós! Comentários tão distantes de uma realidade acolhedora, vibrante e instrutiva quando se tratar de viagens bem preparadas com profissionais da região. E quantas crianças voltaram de lá com experiências de natureza e de vida inesquecíveis depois de aproveitar as praias e as águas, de passear nas matas, de ver pássaros, macacos ou jacarés e de ter emocionantes momentos de compartilhamentos com outras crianças brasileiras nas comunidades caboclas ou indígenas.

O Jacaré Açú pronto para zarpar do Mirante do Gavião
Para uma menina de 5 anos na hora de zarpar do Mirante do Gavião em Nova Airão, a instalação no barco Jacaré Açu ,traz os primeiros momentos de deslumbramento. Na cabine, com sua cama dupla, sua janela panorâmica, suas paredes de madeira bruta e seu kit de bem-vinda, a preocupação sanitária combina com a promoção do artesanato da região. Na sala de jantar, com uma grande cesta cheias de balas, de chocolates e de pirulitos. No salão de jogo um imenso sofá e um telão de televisão parecem esperar a criançada. No deck é possível correr da popa para proa, ou de bombordo a estibordo para encontrar as mais bonitas vistas sobre a cidade, o Rio Negro ou as Anavilhanas.

O bicho pau fascina pela sua fragilidade
Na primeira parada está sendo construído o hotel Madadá e os quatro quilômetros da trilha das Cavernas são o primeiro teste. As crianças fazem questão de não serem carregadas, e seguem com atenção às instruções de segurança: não tocar em nada, não sair da trilha, não fazer barulho e sempre andar perto de um adulto. Cada uma das grutas é uma descoberta e os morcegos sobrevoando o grupo só assustam alguns adultos. Se a falta de concentração é difícil para eles na procura de macacos na copa das árvores, os pequenos são muito interessados pelas formigas, caranguejeiras, borboletas, bicho-paú ou lagartas, mais fácil de observar durante todo o percurso.

A magia do contato com os animais
Subindo o Rio Jauaperí, a vida selvagem não falta. Botos tucuxis ou cor de rosa são visto desde o deck, os passeios nos igapós são ocasiões de ver macacos-prego ou macacos-aranha, tucános, araras, papagaios e gaviões. À noite jacarés e bacuraus são momentos de emoção, bem como os gritos dos guaribas, dos sapos e das ariranhas. Com a tranquilidade trazida pela experiência dos guias de selva e a proximidade dos pais, a curiosidade das crianças supera muito o possível medo. Assim, durante a única noite num acampamento montado na selva do Rio Xixuaú, escuta-se uma criança deitada na rede perguntando para o pai: “Papai, vamos pegar a lanterna e ir na mata procurar uma onça?”….

As delicias de um banho seguro nas águas do Rio Negro
Quentes, tranquilas, com muito areia e poucos bichos, as águas negras são perfeitas para nadar e mergulhar. Se as praias brancas, virgens e infinitas só aparecem a partir de agosto tanto no Rio Negro que no Jauaperí, é possível tomar banho o ano inteiro com as devidas precauções, escolhendo no rio principal ou nos igarapés, um lugar livre de galhos submersos, de lodo, de capim ou da presença de animais. Pulando do deck ou agarrados numa boia, nadando ou remando numa canoa, os rios amazônicos trazem às crianças e às famílias muitos momentos de alegria.

O intercãmbio com as comunidades é uma experiência única
Para crianças e adultos as maiores emoções numa viagem para Amazonia são os encontros. Tendo viajado com a mãe no mundo inteiro, a filha de uma das maiores figuras do trade brasileiro fala ainda dez anos depois dos momentos passados se pintando de urucú com uma menina que a levou na sua casa de palafitas: “foi a melhor experiencia de viagem da minha vida”. Brincando com crianças nas comunidades visitadas – essa vez de Xiparinã-, conhecendo as suas moradias e modo de viver, compartilhando jogos ou atividades, a pequena viajante levou para São Paulo não somente emoções e alegrias, mas também uma visão muito melhor da realidade e do futuro do Brasil. Sim, turismo na Amazônia é mesmo para crianças.
Jean-Philippe Pérol

Olhar juntos as águas do Rio Negro ou do Tapajos, sempre um grande momento para pais e filhos