Hotel ou barco, qual opção para viver a Amazônia brasileira?

A vila flutuante da Jangada de Jules Verne

No seu famoso livro “La Jangada”, Jules Verne descrevia a maneira então mais luxuosa de viajar e de descobrir a Amazônia. Numa balsa de 300 metros de comprimentos e de 20 de largura, com uma casa grande, dois alojamentos para 80 empregados,  uma cabine de comando, vários armazéns e uma capela, o herói Joam Garal descia o Solimões, parava em São José da barra do Rio Negro (hoje Manaus) e seguia o Amazonas até chegar a Belém. Hospedado com o máximo de conforto permitido na época, dispondo de varias canoas para descer em terra, fez uma viagem extraordinária, parando onde queria para explorar a selva, mergulhar nos rios, visitar as cidades e entrar em contato com as comunidades ribeirinhas.

O Mirante do Gavião e sua arquitetura inspirada dos barcos regionais regionais

Sem essa opção, o viajante moderno tem que escolher entre navegar num barco ou se hospedar num hotel, escolher entre a cidade e a selva, entre a terra e a água. Numa região aonde o nível dos rios variam cada ano de 6 a 17 metros segundo as estações do ano, mudando completamente as paisagens e os hábitos de vida das populações, a época da viagem vai também ajudar na escolha. De setembro a fevereiro é época de praias, de abril a agosto, tempo de igapós. O nível das águas, e a necessária ligação com o rio, deixam poucas opções de hotéis com localizações capazes de seduzir o viajante o ano inteiro. É porem justamente o atrativo dos dois melhores estabelecimentos de luxo da Amazônia, ambos em Nova Airão, o Mirante do Gavião e o Anavilhanas lodge, ambos escondidos nas arvores mas olhando para o Rio Negro.

O Belle Amazon num dos roteiros da Turismo Consciente

Para viver as experiências da Amazônia, o barco oferece uma opção diferente ao viajante. Escolhido pelo seu conforto e sua segurança, com motor potente mas pouco calado, ele pode levar grupos pequenos nos cantos mais escondidos de uma região onde o respeito da natureza e dos moradores descarta o turismo de massa. O barco permite o acesso a lugares ou comunidades inacessíveis por terra, libera dos constrangimentos ligados as flutuações do nível das águas ou aos tempos de chuva. Mais ainda, ele é o lugar privilegiado para sentir a imensidade dos rios, suas praias, suas intimidades com a floresta, e aproveitar esse extraordinário sentimento de grandeza e de liberdade que eles só oferecem na Amazônia brasileira.

Com a Turismo Consciente, força dos momentos passados numa aldeia Mundurucu

Que seja o hotel ou o barco, a escolha do viajante experiente deve levar em consideração as três imprescindíveis características de um bom roteiro amazônico: permitir a descoberta dos rios e da mata, oferecer um máximo de conforto e se possível de luxo, integrar uns intercâmbios autênticos e sinceros com as comunidades. Caboclas, quilombolas ou indígenas, essas comunidades hospedem os melhores guias para entender e aproveitar esse tão peculiar mundo da Amazônia brasileira. O barco é assim indispensável, tanto para transporte que para hospedagem, mesmo quando parte da estada é feita nos hotéis (e restaurantes!) de Manaus, Alter do Chão e Belém, ou nos requintados hotéis de selva de Nova Airão, Autazes ou Barcelos.

Por-do-sol no Rio Tapajós

Para viver o mundo amazônico descrito com tanto pioneirismo pelo Jules Verne, tanto o hotel que o barco podem ser a chave de uma viagem extraordinária. Pela liberdade de ir e vir que ele oferece, pela sua capacidade de transformar tempos de transportes ou traslados em passeios, pelo simplicidade de ter uma hospedagem só durante todo um roteiro, pela praticidade dos acessos que ele permite o ano inteiro, pela corrente que ele favorece entre os participantes e até com os tripulantes, confesso minha preferência pelo barco, reforçada na minha última experiência na Turismo Consciente. Quatro dias a bordo do Belle Amazon durante os quais tomamos banho de rio, jogamos futebol com os índios Mundurucus, trançamos chapéus de palha numa comunidade, seguimos nove quilômetros de trilha, e fizemos um churrasco na praia tomando aulas de carimbó. De dar ciúme para o Joam Garal?

Jean Philippe Pérol

Turismo Consciente, a emoção de um encontro com uma artesã de Urucureá

Acessível com os barcos da Katerre, a cachoeira do Parque do Araçá

O luxo amazônico no Anavilhanas Lodge