Saudade de viajar para onde?

O Mont Saint Michel, entre a Bretanha e a Normandia, patrimônio e fé no monumento preferido dos franceses

Depois de um ano de confinamento, os viajantes estão cada vez mais impacientes para ver a retomada do turismo. Com a abertura progressiva dos grandes (e dos pequenos) destinos, a vacinação em massa dos adultos, e a volta das linhas aéreas internacionais, as últimas pesquisas mostram que os brasileiros querem mesmo não somente voltar a viajar, mas também viajar de forma diferente. Querem mais segurança, mais exclusividade, mais bem estar, mais sustentabilidade e mais experiências transformacionais, esses novos critérios que vão definir os destinos que aproveitarão a retomada.

Quem não tem saudade do borbulho de Nova Iorque

Mas a saudade de viajar é antes de tudo muito pessoal, a escolha da primeira viagem pós confinamento vai assim depender das experiências e dos desejos de cada um: paisagens, cidades, e monumentos se mesclam com paixões e emoções para fazer uma lista onde terá que combinar sonhos e realidades. Assim a minha lista começa com cidades. Saudades da beleza de Paris que mexe com almas e corações, saudades do borbulho estressante de Nova Iorque, saudades da imponente e até arrogante tranquilidade de Bordeaux, da agitação descompromissada de Miami ou da carinhosa vibração de Montreal.

O Puy de Dôme, guardião das terras da Auvergne

Tenho também saudades das paisagens que ficaram impressos na minha memória. A imponência do Puy de Dôme que guarda a minha terra, a força das cataratas de Iguaçu que carrega a história das missões, a pureza infinita das dunas do Sahara em Zagora, Djanet ou Tozeur, bem como a pura beleza do Monte Otemanu e da lagoa de Bora Bora. Mais ainda, sinto saudade das matas e dos rios da Amazônia, da misteriosa neblina cobrindo a floresta de manhã cedo nas beiras do Rio Negro, ou do incomparável por do sol na baía do Rio Tapajós.

Em Teotihuacan, a pirámide da Lua vista da pirámide do Sol

Minhas saudades e emoções de viagem são ligados a lugares e monumentos especiais. Queria pular mais uma vez em cima da pirâmide do sol em Teotihuacan, sentar no Patio dos Leões do Palácio da Alhambra, chorar frente a resiliência de Santa Sofia, olhar as tragédias do Mar Morte desde a fortaleza de Massadá, e subir o Mont Saint Michel olhando o ouro do arcanjo. Preciso reviver o caminho do Inca e o espantoso nascer do sol clareando a magia de Machu Pichu, olhar para o oceano infinito além dos Moais da Ilha de Páscoa, escutar a chamada do muezin na Mesquita dos Omíadas, atravessar a praça São Marcos homenageando a glória cínica da Serenissima, ou  responder ao sorriso do anjo risonho na hora de entrar na Catedral de Reims.

Perto de Djanet, as emoções e a pureza do deserto

Viajar é preciso mesmo, e estamos hoje com saudade até das viagens que não fizemos e que já constam da lista das nossas descobertas pós Covid. Percorrer a Sicília nas pegadas dos gregos, dos romanos, dos árabes e dos normandos, ver Agrigento e os vinhedos de Nero d’Avola . Se emocionar em São Miguel das Missões sobre a epopéia dos jesuítas e a destruição do sonho guarani. Ser um dos primeiros a visitar o extraordinário acervo turístico de Al Ula, na rota que levava de Jerusalém à Meca, beber um Rioja nas espetaculares adegas desenhadas por Calatrava. Tentar entender na Bretanha, de Saint Malo até o pitoresco litoral da costa de granito cor de rosa, o por que da peculiaridade dessa região da França.

Santa Sofia, 1500 anos de afirmação da fé ortodoxa

Temos saudades desses lugares e de muitos outros, inclusive de alguns que ainda não conhecemos.  Saudade de viajar, saudade de novas emoções e de novos encontros. Na hora da retomada do turismo, relembrando os destinos marcantes e sonhando de novas experiências, poderemos assim relembrar essa frase do de Gaulle “Partir, c est vivre”.  Viajar é viver, vamos agora escolher para onde.

Jean-Philippe Pérol

No Rio Tapajós, a exclusividade de roteiros juntando ecoturismo e intercâmbio com as comunidades

 

Frente as ameaças do overturismo, a França da cultura procura novas oportunidades

O Palácio de Versalhes já ameaçado pelo overturismo?

Galinha dos ovos de ouro de muitos museus, monumentos, concertos, ou exposições, o turismo estaria agora virando o vilão da cultura? Até pouco tempo, pelo menos na França, a pergunta podia parecer estranha e os responsáveis da cultura só se preocupavam em conquistar mais visitantes internacionais. No Louvre eles chegam a representar 70% das entradas – com destaque para o milhão de  americanos, os 600.000 chineses e os 290.000 brasileiros -, e mais ainda das receitas do museu e do centro comercial. E para a imensa maioria dos principais museus e monumentos franceses, os turistas são uma fonte de renda essencial, ajudando as vezes uma politica de gratuidade para os moradores ou os cidadãos  da União Europeia. A importância dos turistas para cultura foi claramente percebida em 2016 quando faltaram, e depois em 2017 e 2018 quando voltaram. Mas agora é o “overturismo” que preocupa as autoridades do setor.

O Louvre já preocupado com o overturismo

A Atout France, agencia de desenvolvimento do turismo da França, já está chamando a atenção sobre o problema, lembrando que não é imediato mas deve ser antecipado. O overturismo cultural está longe da realidade de 80% dos territórios que recebe somente 20% dos turistas internacionais, mas  ameaça especialmente  Paris onde quase todos os visitantes procuram os museus e monumentos das margens do Rio Sena. Ele preocupa também Versalhes e o Mont Saint Michel, ou até pequenos vilarejos como Saint Paul de Vence e sítios como os castelos do Loire. Todos devem preparar o futuro sabendo que a França vai receber 100 milhões de visitantes em 2020, e que a cidade de Paris, cuja população deve cair a menos de 2 milhões de habitantes, vai ver o seu números de turistas passar de 26 milhões esse ano para 54 milhões em 2050.

Veneza é o exemplo que todos querem evitar

Enquanto a cultura é a motivação principal de 50 à 70% dos turistas na França, exista mesmo uma urgência para encontrar soluções que não decepcionam os milhões de novos visitantes. Para facilitar os percursos nos sítios mais procurados, evitar as concentrações durante os grandes feriados e promover atrações culturais menos conhecidas, existem muitas experiências internacionais a ser analisadas. Firenze e Roma tentam impedir os piqueniques nas escadarias das praças ou das igrejas, Veneza experimenta bloqueios nos lugares mais procurados nas horas de pique, e destinos como Machu Pichu (Peru), Dubrovnik (Croácia), o Taj Mahal (índia), Santorini (Grécia) e a Ilha de Páscoa já tomaram medidas para reduzir o numero de turistas – quotas menores e tarifas mais altas sendo soluções cada vez mais avançadas.

O Louvre Lens, uma grande ideia para desviar fluxos de turismo cultural

Os grandes museus da França estão na mesma lógica que seus concorrentes internacionais. Todos temem que as frustrações dos amadores de arte e dos moradores frente as filas ou as confusões que fazem as galerias onde são expostas as obras mais procuradas aparecer shopping centers em tempos de promoções. Todos eles, sejam o National Gallery em Londres, o Prado em Madrid, o Ermitage em São Petersburgo ou o Metropolitan em Nova Iorque, estudam meios de canalizar os fluxos turísticos hoje imprescindíveis para suas sobrevivências financeiras: ampliar horários, melhorar acessos, orientar os fluxos, facilitar as reservas, abrir novas salas ou até criar “subsidiarias” -solução imaginada pelo Louvre em Lens e o Centro Pompidou em Metz. A médio prazo todos sabem porem que o aumento dos preços das entradas para os turistas não residentes, por discriminatório que pode parecer, é talvez a única solução que poderá tranquilizar os moradores e garantir aos visitantes o acesso a riquezas culturais que são a grande motivação do turismo internacional.

Jean-Philippe Pérol

O Met de Nova Iorque cobra agora 25 USD dos visitantes, exceto dos moradores

 

A França, ainda líder do turismo mundial?

A França mais uma vez líder do turismo mundial em 2017

Mesmo publicadas com um pouco de atraso, as estatísticas 2017 do turismo francês são importantes para analisar a evolução do primeiro destino mundial. Com 86,9 milhões de entradas, a França continuou na liderança em entradas de turistas, na frente da Espanha (81,8 milhões, em expansão de 8,6% no conturbado mundo mediterrâneo) que passou na frente dos Estados Unidos (73,0 milhões, pagando talvez com uma queda de 3,8%  a rigidez migratória do Trump). Com um crescimento de 5,1% foi não somente borrada a queda provocada pelos terríveis atentados de novembro 2015 e julho 2016, mas também ultrapassado o recorde anterior de 2015. Anunciando com muito orgulho esse resultado, o ministro das relações exteriores e do turismo confirmou que a França deveria atingir em 2020 a meta de 100 milhões de entradas e consolidar sua liderança.

Com alta de 47%, o turismo russo foi o que mais cresceu

Se esse bom resultado era esperado, os profissionais ficaram surpresos pelo desempenho dos mercados internacionais. Os esperados turistas asiáticos ainda não recuperaram os níveis de 2015, a China crescendo pouco (4,9%), a Índia ainda caindo (-5,6%), e somente o Japão tendo um crescimento forte (17,8%). Os americanos (5,6%) e mais ainda os brasileiros (17,9%) voltaram com toda força, mas foi da Europa que foram registrados os maiores fluxos com destaque para Rússia (43,4%), Espanha (17,3%), Bélgica (9,6%). Primeiro mercado europeu, o Reino Unido não pareceu sofrer do Brexit se consolidou na frente da Alemanha, chegando a 12,7 milhões de entradas e  6%  de crescimento, uns números decisivos para oferecer a França o seu novo recorde de 2017.

EEUU lideram disparados o ranking das receitas do turismo internacional

O ranking do turismo mundial é porem bem diferente quando as receitas internacionais são o primeiro critério de classificação. A liderança disparada pertence nesse caso aos Estados Unidos com 190 bilhões de Euros, seguindo da Espanha com 60,3 bilhões. Mesmo tendo revisado os seus números e “re-encontrado” 10 bilhões de euros de receitas suplementares, a França fica somente em terceiro lugar com 54 bilhões de euros, uma posição ainda ameaçada pela China e pela Tailândia que poderiam subir no pódio já em 2018. Com a OMT projetando há 20 anos a chegada de  130 milhões de turistas na China em 2020, com os Estados Unidos e a Espanha num trend de forte crescimento, é certo que o título de pais mais visitado do mundo trocará de titular, e  que ambas lideranças em receitas e em entradas de turistas internacionais serão então perdidas.

Nas Sources de Caudalie, liderança em bem estar e enogastronomia

Na hora da sustentabilidade e da valorização do impacto econômico e social do turismo, os profissionais estranham a insistência dos políticos em se vangloriar de resultados quantitativos discutíveis. A França já  se posiciona como um grande líder mundial do “melhor turismo” em vez do “mais turismo”, respondendo as expectativas tanto dos seus turistas que dos seus moradores. Numa concorrência mundializada, três fatores diferenciantes contribuem a uma nova liderança: a imagem de um acervo cultural mundialmente reconhecido, um bem viver autêntico e protegido, uma oferta temática completa, especialmente nos segmentos com mais valor agregado (luxo, gastronomia, bem estar, enologia, esqui, congressos ou grandes eventos.

Nos vilarejos da Provence, as mesas esperam turistas e moradores

Se o seu primeiro lugar em números de chegadas de turistas não vigorará alem dessa década, a França pode guardar sua liderança como destino de “melhor turismo” frente as novas tendências que estão se desenhando hoje. Pode continuar liderando pelo seu forte conteúdo cultural, seu patrimônio , seus museus, sua arquitetura, mas também pela alternativa que ele oferece ao modelo do concorrente norte americano. Pode liderar pela especificidade do seu arte de viver, o seu estilo de vida autentico compartilhado entre os viajantes internacionais, os turistas locais (mais de dois terços do turismo francês é domestico) e os moradores. Pode liderar pelas suas normas sempre rígidas, protegendo o consumidor em termos de sustentabilidade, de uso do espaço público, de alimentação ou de ética social.

O Mont Saint Michel, patrimônio e fé no monumento mais visitado fora de Paris

A França vai também guardar a sua liderança pela riqueza da sua oferta turística. Com uns 40 destinos internacionais, consegue oferecer uma excepcional diversidade que inclui produtos e serviços de excelência em quase todos os segmentos. A Pirámida do Louvre, o Palácio dos Festivais de Cannes, as pistas de Courchevel, o Mont Saint Michel, os bangalós  de Bora Bora, os Hospices de Beaune, os vinhedos de Bordeaux, o bar do Lutetia, o Versailles do Ducasse, as adegas de Reims, os “bouchons”de Lyon, a vida de Saint Tropez, o castelo de Chenonceaux, o porto de Honfleur, o Hotel du Palais em Biarritz, ou as simples ruas e praças de Paris, Saint Paul de Vence, Saint Emilion ou Cap Ferret, são esses lugares de excelência, mais que números discutíveis, que ajudarão a França a liderar o turismo mundial.

Jean-Philippe Pérol

O porto de Honfleur, seduzindo os turistas pela sua luz e sua História

Esse artigo foi inicialmente publicado no “Blog Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

Encontros bem sucedidos mostram cultura e espiritualidade como novas tendências do turismo na Normandia

Perto da nova catedral, o centro antigo de Rouen

Perto da nova catedral, o centro antigo de Rouen

Recebendo o salão Rendez vous en France, o maior encontro do turismo francês – com 740 expositores e 892 agentes de viagens e operadores vindo do mundo inteiro, inclusive 40 brasileiros-, a cidade de Rouen e a região da Normandia mostraram que estão se consolidando como um grande destino do turismo francês. Foi, em primeiro lugar, um sucesso para Rouen que mostrou  que tinha muito que mostrar alem da força da memória de Joana d’Arc e do excepcional patrimônio histórico dos arredores da sua catedral. Convenceu  que era capacitada para organizar grandes eventos,  utilizando o Rio Sena para opções criativas de hospedagem e de passeios, envolvendo os moradores bem como os profissionais da cultura, da alimentação e do lazer.

A Ferme Saint Simeon, onde um Relais Châteaux guarde o ambiente criado pelos impressionistas

A Normandia atrai os visitantes pelo impressionismo, o atrativo turístico mor da região . É foi mesmo o famoso quadro “Impressão, sol nascendo”, pintado pelo Monet em Le Havre em 1872, que batizou esse movimento artístico. Monet escolheu a pequena cidade de Giverny onde trabalhou 43 anos no ateliê hoje aberto ao publico. Junto com ele, Corot foi trabalhar em Barbizon, Millet morou em Cherbourg e depois em Le Havre, Pissaro ficou em Eragny sur Epte, e o parisiense Renoir passava o verão no litoral normando. Todos esses artistas se encontravam  nos arredores de Dieppe ou de Honfleur, especialmente na Ferme Saint Simeon, hoje um Relais Châteaux que se orgulha de oferecer a seus visitantes o mesmo ambiente e o mesmo carinho que a Mère Toutain, então dona do local, oferecia aos primeiros “impressionistas”.

O Arcanjo dourado vigiando o Monte Saint Michel e os peregrinos

Mas os vários tours oferecidos aos participantes mostraram que a Normandia é mesmo um destino turístico internacional surpreendendo pela sua diversidade, com dois destaques: o turismo de memória nas praias do D-Day e no memorial de Caen, e o turismo  religioso. Para os viajantes em busca de espiritualidade, a Normandia oferece três lugares imperdíveis. O Monte Saint Michel passou por uma renovação completa, incluindo até o rejuvenescimento do Arcanjo dourado guardião do local. O monte recuperou sua vocação de ilha com a nova passarela, oferecendo uma paisagem excepcional e uns momentos de grandes emoções. Destino de peregrinações desde a sua fundação em 708, ele  é hoje um dos dez monumentos mais visitados da França, e o mais visitado fora de Paris.

A procissão levando a châsse – a historia de amor da Santa com o Brasil

Os brasileiros têm um carinho especial pela Santa Teresa e a cidade de Lisieux, sendo a quinta nacionalidade a visitar o  santuário. Se Teresa nunca teve ligação direta com o Brasil, mas a devoção de um dos seus conterrâneos, o jesuíta Henri Rubillon, radicado no Rio de Janeiro, divulgou o seu culto. Em 1919 recolheu dinheiro para mandar para o Carmel uma bandeira dentro de um magnifico cofre de madeira de lei. Com o sucesso popular dessa primeira arrecadação, as freiras sugeriram para o padre de presentear o relicário. A  grande mobilização dos devotos deu para financiar uma verdadeira obra de arte, a “châsse du Brésil”, toda de prata, ouro e ônix, onde foram colocadas em 1923 os restos mortais da Santa, homenageados numa procissão emocionante cada último sábado de Setembro.

Show de beleza e bom gosto nas ruas da cidade velha de Rouen

A espiritualidade da Normandia vive também em Rouen, nos passos da Joana d’Arc. A presencia da santa guerreira se vê em todos os cantos, caminhando nas ruas da cidade velha, visitando a torre onde ele ficou em cativeiro, parando  na praça do Velho mercado onde ela foi queimada no dia 30 de Maio de 1431, olhando a cruz erguida no local da fogueira, ou rezando na Igreja Sainte Jeanne d’Arc inaugurada em 1979. No antigo arcebispado, um surpreendente museu, o “Historial da Joana d’Arc”, conta aos visitantes toda a historia e os mitos da mais famosa das heroínas francesas. Rouen aproveita também seu passado para construir seu futuro, reinventando no Panorama XXL a arte das telas gigantes, ou utilizando a majestuosidade da sua catedral para organizar grandes eventos.

A catedral, um espetacular palco para eventos!

Encontros, turismo cultural, turismo de memória, ou turismo espiritual, há muito tempo interligada como Brasil, a Normandia mostrou nesses “Rendez-vous” bem sucedidos que tem tudo para crescer como destino predileto dos brasileiros. Brindando com sidra, ou comemorando com Calvádos?

Jean-Philippe Pérol

Alguns participantes dos Encontros Rendez vous en France

O Monte Saint Michel

Mundo, França, Brasil, os discutíveis mas interessantes Awards 2016 da Trip Advisor

Saint Malo, novo destino no Top 10 da França

Saint Malo, novo destino no Top 10 da França

A  Trip Advisor divulgou dia 30 de Março os seus Travelers’Choice Awards 2016, seguindo um algoritmo misturando os números  de comentários, os elogios dos visitantes as belezas naturais, atrações, hotéis ou restaurantes dos destinos,  bem como os  números de reservas feitas no próprio site da Trip Advisor. Se as criticas referentes a opacidade das ponderações, a realidade dos comentários ou a falta de valorização dos critérios quantitativos  ainda perduram, a lista é porem interessante, tanto pelas cidades que a componham que pelas evoluções aparecidas desde o ano passado, tanto a nível mundial que na França ou no Brasil.

Londres, vencedora dos Awards mundiais 2016

Londres, vencedora dos Awards mundiais 2016

And the winner is … Londres. A capital britânica, que briga com Paris pela liderança do turismo internacional, está recolhendo os resultados do seu dinamismo, da sua diversidade cultural, das exposições do British Museum e da National Gallery, das compras no Harrods ou do charme de Abbey Road. Os ingleses souberam também aproveitar muito bem os seus grandes eventos, incluindo o pós-Jogos Olímpicos ou a expectativa dos 400 anos da morte do Shakespeare. DSCN0279 - copieSe a lista dos 10 mais mundiais perdeu as duas metrópoles chinesas, ela voltou a incluir Nova Iorque que tinha sido injustiçada em 2015. E mesma se a Ásia continua de mostrar a sua força – com Siem Reap, Hanoi e agora Bali- , os grandes clássicos europeus como Roma e Praga seguem bem posicionados. Passando da sétima a quarta posição, Paris mostrou que guarda todo o seu poder de atractividade, e que as numerosas novidades – museus abertos ou renovados, mas também novas opções de shopping-  estão atraindo apaixonados bem como novos viajantes.

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Nos arredores de Paris, a Fundação Louis Vuitton

O TOP 10 dos destinos turísticos da França trouxe muitas novidades. Os quatros líderes  (Paris, Nice, Lyon e Bordeaux) conservaram os seus rankings, mas Marselha está colhendo os benefícios da novidades trazidas em 2013 pelo ano europeu da cultura, especialmente o surpreendente Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (MUCEM).MUCEM de Marselha Com a Disneyland Paris e seus doze milhões de visitantes anuais, com seu outlet “La Vallée” e seu shopping gigante , a chegada de Marne la Vallée não é uma verdadeira surpresa, especialmente para os brasileiros. É também com toda lógica que a cidade bretã  de Saint-Malo entrou nessa lista. Acesso privilegiado ao Mont Saint Michel, ela atrai pelo seu acervo arquitectural, o seu porto fortificado e sua excepcional historia marítima que deixou rastros no mundo inteiro, inclusive na América Latina onde as Malvinas (“Malouines” em francês) carregam o seu nome!

A Disneyland Paris levando Marne-la-Vallée no Top 10 francês

A Disneyland Paris levando Marne-la-Vallée no Top 10 francês

Discutíveis pela falta de transparência e pelos conflitos de interesse, o Top 10 da Trip advisor é, assim mesmo, um indicador de tendências, tanto a nível mundial que ao nível de cada pais. A força de Londres, Paris ou Nova Iorque, a irresistível ascensão da Ásia, o eterno charme de Roma ou Istambul são indiscutíveis, e não pode ser desprezado o dinamismo de pequenos mas fascinantes destinos como Angkor (Siem Reap) ou Bali (Ubud) . Achille na praia de IpanemaNa França, as chegadas de Marselha, de Saint Malo ou de Marne la Vallée mostraram a importância dos grandes investimentos em infra-estruturas, sejam culturais, patrimoniais, comerciais ou turísticas. No Brasil também, as evoluções 2015 – recuo de São Paulo, Gramado ou Florianópolis, subida dos destinos de praias do Nordeste e do Rio de Janeiro – traduzem a crise econômica que pesa sobre as viagens de negócios, e a expectativa do impacto dos Jogos Olímpicos  . Agora, que serão os Top 10 Awards 2017?

Jean-Philippe Pérol

O Top 10 dos Destinos Travelers’ Choice no mundo (e a evolução 2015/2014, saíram Pequim e Xangai):
1 – Londres (+2)
2 – Istambul (-1)
3 – Marrakech (+3)
4 – Paris (+3)
5 – Siem Reap (+4)
6 – Praga (-1)
7 – Roma (-5)
8 – Hanoi (=)
9 – Nova Iorque (novo)
10 – Ubud (novo)

O Top 10 dos Destinos Travelers’ Choice na França (e a evolução 2015/2014, saíram Bayeux, Lourdes, Cannes, e Morzine):
1 – Paris (=)
2 – Nice (=)
3 – Lyon (=)
4 – Bordeaux (=)
5 – Marselha (novo)
6 – Marne-la-Vallée (novo)
7 – Estrasburgo (novo)
8 – Aix-en-Provence (+2)
9 – Chamonix (-1)
10 – Saint-Malo (novo)

O Top 10 dos destinos no Brasil ((e a evolução 2015/2014, saíram Curitiba e Porto Alegre):

1- Rio de Janeiro (+1)

2- Gramado (-1)

3- Jericoacoara (+4)

4- Ipojuca (+4)

5- São Paulo (-2)

6- Foz de Iguaçu (-1)

7- Florianópolis (-3)

8- Buzios (novo)

9- Natal (novo)

10- Salvador (-4)

Estrasburgo, colocando a Alsácia nos melhores da França

Estrasburgo, colocando a Alsácia nos melhores da França

 

“Tour de France” 2016, privilegiando montanhas e riquezas turísticas

Mont-St-Michel

Depois de dois anos começando no exterior, na Holanda (Utrecht 2015) ou na Inglaterra (Leeds 2014), o “Tour de France” escolheu de homenagear uma das maiores atrações francesas, o Mont Saint Michel, para dar o inicio da sua 103a edição com uma etapa na Normandia, ligando a Maravilha do Ocidente e as praias do Dia D. O roteiro completo da mais prestigiosa corrida ciclista foi anunciado dia 20 de Outubro, com muitas surpresas para alegrar não somente os esportistas mas também os turistas.

O circioto do Tour de France 2016

O circuito do Tour de France 2016

A montanha vai ser muito prestigiada. O “Tour de France” chegará no dia 14 de Julho no temido Mont Ventoux, e passará sua ultima semana nos arredores do Mont-Blanc. No total serão nove etapas de montanhas, as mais dramáticas mas as mais queridas dos torcedores, com vinte e nove passos e quatro linhas de chegadas nos topos em Andorra, no Mont Ventoux, em Finhaut-Emosson e em Saint-Gervais Mont-Blanc. Uma das duas etapas do famoso “contra o relógio” será também disputado  perto do Mont-Blanc. E se oito etapas foram desenhadas nas planícies para ajudar os “sprinters”, é claro que essa nova edição do “Tour” vai, segundo o próprio Christian Prudhomme, diretor da corrida, favorecer os especialistas da montanha, seja nos Alpes, nos Pirenéus ou nos vulcões da Auvergne.

Grotte Chauvet

A Caverna do Pont d’Arc, replica da “Grotte Chauvet”, patrimonio da UNESCO

Se o “Tour” guardou um toque internacional, com breves passagens na Espanha, em Andorra e na Suíça, ele deu, esse ano, um cuidado especial na valorização das novidades e nas riquezas do turismo francês. Além do Mont Saint Michel e das praias da Normandia, terá algumas paradas em lugares especiais  que vão alegrar os seus seguidores. DSCN0049 - copieDestacam-se assim Carcassonne – com as suas muralhas fortificadas patrimônio mundial da UNESCO -, a Gruta Chauvet – também recentemente listada pela UNESCO-, ou a estação de esqui de Megève tão querida pelos brasileiros. No meio das 273 candidaturas de municípios querendo receber o “Tour”, os organizadores também escolheram alguns charmosos vilarejos como Sainte-Marie-du-Mont (Normandia), Arpajon-sur-Cère (Auvergne), L’Isle-Jourdain (Midi Pyrénées), Villars-les-Dombes (Jura), Moirans-en-Montagne (Jura), Finhaut (Suiça) —, talvez para se preparar melhor com o contrasta da tradicional chegada nos Champs-Elysées em Paris.

Jean-Philippe Pérol

Chegada do Tour de France nos Campos Eliseus

Chegada do Tour de France nos Campos Elísios

 

 

Normandia, recebendo turistas brasileiros há mais de 500 anos ….

Faixadas das casas antigas de <a href="http://www.rouentourisme.com/Default.aspx?tabid=3423&amp;language=pt-PT">Rouen</a>, na Praça do Vieux Marché

Se turismo fosse só Historia, o primeiro destino dos turistas brasileiros no mundo não seria Miami, Orlando ou Nova Iorque. Seria Rouen! Foi em 1504 que desembarcou na capital da Normandia o carijó Içámirim, levado pelo capitão normando Binot de Gonneville que precisava formar um interprete. A Viagem de GonnevilleEsse primeiro turista brasileiro gostou tanto da França que ficou e casou com a filha do benfeitor, virou o Príncipe Essomericq, teve 14 filhos e uma prolífica descendência. O turismo verde amarelo não parou ai, vieram depois os primeiros grupos organizados. Em Outubro 1550, na frente do Rei Henri II e de toda a corte, 50 índios brasileiros e centenas de marinheiros franceses fizeram uma reconstituição da vida e das lutas nas terras dos Papagaios. Para essa primeira festa brasileira na Europa, não faltou carruagens, reconstituições de malocas, redes penduradas, decorações vegetais, animais exóticos como macacos soínhos ou araras, e foliões quase nus. Entrada de Charles IX em RouenFalando em língua tupi, normandos e tupinambás mostraram cenas de pesca e caça, negociações de pau-brasil, e até uma batalha naval entre os portugueses e os franceses, aliados dos índios. A festa agradou tanto a realeza que, em 1562, o novo Rei Charles IX mandou repetir o evento, essa vez acompanhado do grande escritor Montaigne.

honfleur

Hoje, a Normandia continua atraindo os viajantes brasileiros que não perdem Giverny e os jardins de Monet, Deauville e suas famosas tábuas – “Les Planches”-, o Mont Saint Michel e a sua nova passarela, Lisieux e as relíquias de Santa Teresa, sempre incluídos nos seus roteiros. Honfleur, cidade de pintoresAs cidades normandas, de onde saíram os aventureiros que percorriam as costas brasileiras, continuam porem atraindo os visitantes tupiniquins. Foi de Honfleur que zarparam Gonneville e Bois Lecomte. Foi também deste tão pequeno e tão pitoresco porto que se organizou o comercio do pau-brasil, zombando das autoridades portuguesas. Hoje dividido entre veleiros e barcos de pesca, o porto atraiu pela beleza do seu conjunto de casas antigas, o seu “Vieux Bassin”, e as imagens que deixaram pintores como Monet, Courbet ou Boudin.  O vulcão de Niemeyer em Le HavreOs cariocas se emocionam em Le Havre, o porto da onde Villegagnon levou para o Rio de Janeiro seu sonho fracassado duma França Antártica. Festejando esse ano seus 500 anos, Le Havre se orgulhou de inaugurar um centro cultural excepcional, o Vulcão, uma obra cujo arquiteto foi o próprio Niemayer, assinando assim as ligações com o Brasil!

Vista de Rouen desde o Rio Sena

Na cidade onde pisou o primeiro turista brasileiro na Franca, Rouen, os visitantes buscam os passos da Joana d’Arc, que foi queimada viva pelos ingleses na praça do Velho Mercado, frente a catedral que Monet imortalizará .CATEDRAL DE ROUEN Inaugurado em fevereiro desse ano, o Historial lembra a extraordinária historia da Donzela de Orleans. No mesmo edifício do arcebispado onde ela foi condenada em 1431 – e reabilitada em 1456-, os visitantes podem descobrir a sua epopeia e sua lenda. Os brasileiros poderão assim  seguir os passos  da santa guerreira  que foi adotada como a Obá do candomblé baiano. Nesse grande porto sobre o Rio Sena, mais uma ligação entre a Normandia e o Brasil?

Jean-Philippe Pérol

Igreja Joana d'Arc em Rouen

Em Lourdes, as novas dimensões do turismo religioso

 

O santuário de Lourdes

O santuário de Lourdes

 

Enquanto o turismo moderno só começou no século XIX com o Thomas Cook e os viajantes ingleses, uma forma de turismo já existia há mais de três mil anos: as peregrinações e o turismo religioso. Começou na Antiguidade grega, em cidades como Delfi, Éfeso ou até Olímpia. SANTIAGO MATAMOUROSEm todos os continentes, de Teotiuacan a Jerusalém ou a Lhassa, a fé sempre foi uma forte razão para atrair viajantes vindo de longe, incentivando as infraestruturas de transporte, de hospedagem e de alimentação para receber-los. E desde as épocas mais remotas da Idade Media, o cristianismo foi em todo o mundo ocidental o primeiro motivo para viajar, primeiro para Roma e a Terra Santa. Depois da aparição do apóstolo Santiago na batalha de Clavijo, começaram as peregrinações para Santiago de Compostela, nos quatro caminhos  (Paris, Vezelay, Le Puy e Arles) descritos num dos livros do Codex Calixtino,  escrito em 1140 e considerado o primeiro guia de turismo. Na França o Mont Saint Michel foi também desde o século IX um santuário onde as relíquias de santos (Aubert, Agnes, Hilario, Martin ..), bem como o escudo e a espada de São Miguel, atraíram milhares de romeiros vindo de toda Europa nos “Caminhos do Paraíso”.

MONTE SAINT MICHEL, A VIAGEM MARAVILHOSA

Há cento e cinquenta anos, o crescimento do turismo religioso acompanha a multiplicação das   viagens internacionais. Jerusalém, Mecca, Roma, Fatima ou Lourdes viraram no século XX alguns dos destinos mais visitados do mundo. E, com o século XXI anunciado como sendo o século da espiritualidade, a crise da fé atravessada por muitas religiões não parece gerar ameaças para as romarias que sigam prosperando, inclusive no Brasil onde tanto o Círio de Nazaré que o santuário de Nossa Senhora Aparecida continuam atraindo multidões.

CIRIO DE NAZARÉ 2014

O Círio de Nazaré 2014

Na França, o exemplo de Lourdes, com seus seis milhões de romeiros, mostra que o turismo religioso goza mesmo duma eterna juventude. Presente em São Paulo com uma delegação da cidade marial e da região Midi-Pyrénées, Monsenhor Xavier d’Arodes de Peyriade, capelão do santuário, deu duas grandes razões justificando a atualidade dessa peregrinação. Monsenhor d'Arodes e Jean Philippe Pérol Foto Panrotas A primeira é o próprio santuário, sua beleza, seus monumentos, sua gruta onde as paredes são esculpidas pelas mãos dos milhões de devotos, os encontros com a fé dos romeiros vindo do mundo inteiro, a energia comunicativa das procissões das tochas. A segunda razão é no mesmo tempo mais pessoal e mais forte. Frente as certezas e a tranquilidade dos outros visitantes, frente a força encontrada nos doentes esperando um milagre, o romeiro é levado a relativizar seus problemas, a adquirir uma nova serenidade, a repensar seu destino . Católico ou não, acreditando em Deus ou não, a romaria é também um momento de retiro espiritual, de reconsideração das suas prioridades que leva o viajante a voltar com uma nova visão da sua própria vida. Será talvez isso o verdadeiro milagre de Lourdes e do turismo religioso.

Jean-Philippe Pérol

A CATEDRAL DE ALBI

A Catedral de Albi

Quais orientações para o turismo em 2015?

Courchevel e AirBnB, uma nova e surpreendente promoção.

Courchevel e AirBnB, uma nova e surpreendente promoção.

Em toda o planeta turismo, observadores, profissionais e viajantes tentam adivinhar as grandes orientações de 2015. No Brasil as primeiras análises parecem pessimistas, ninguém se arrisca a prever um crescimento tanto das chegadas de turistas internacionais quanto das viagens dos brasileiros para o exterior. CB_GUEULETON_CR_UNE_2-400x400As transportadoras já esperam uma super capacidade da oferta, as operadoras e as agências só mostrarão previsões de altas com crescimentos externos alegrando as Bolsas mas não aumentando o número de clientes. A morosidade dos viajantes não impede porém novas mudanças que continuam revolucionando o setor. Pelo terceiro ano, o seminário organizado no Quebec pelo Paul Arseneault, da Universidade do Quebec em Montreal, e  o Pierre Bellerose, de Tourisme Montréal, tentou apontar as ideias marcantes para 2015, algumas já influenciando o mercado brasileiro do turismo.

O turismo virou imagens que devem contar historias personalizadas. O viajante quer bater fotos, fazer selfies, mandar vídeos onde ele vai ser valorizado, essa valorização pessoal sendo quase tão importante quanto o próprio destino escolhido. As informações correm rápido, no Facebook, no Youtube ou no Instagram, e a viagem deve permitir não somente  contar mas construir essa historia. Essa nova atitude deve ser respeitada logo na promoção, a hiper-personalização fazendo de cada cliente uma “nicho” de mercado e matando o marketing de massa.

Os serviços devem sempre incluir qualidade, conforto, criatividade e experiência global. Essas são agora exigências com as quais todos devem se submeter. Em um hotel se espera não somente um colchão de qualidade, um wifi grátis e de alta velocidade, mas um checkin relâmpago, o respeito ao meio ambiente e até uma integração da comunidade local. O restaurante tem que trabalhar com produtos e pratos regionais, oferecer uma verdadeira experiência gastronômica e saber gerenciar as exigências de reservas. Exif_JPEG_PICTUREOs novos conceitos atingem até os aeroportos. Ai o viajante não é mais somente um passageiro com um checkin beneficiado pelas novas tecnologias, cartão de embarque no smartfone e chips para identificar a mala. Ele é um consumidor passeando  em um shopping gigante, comendo em restaurantes ou se divertindo aproveitando um wifi grátis.

As agências tradicionais e as agencias on-line vão se reaproximar. Neste fim da época de ouro do crescimento com dois dígitos, as agencias on-line estão reinventando o seu relacionamento com seus clientes. Frente a agencias tradicionais agora mais consolidadas, convergências vão aparecer. As experiências físicas e virtuais vão se tornar complementares com o uso de todos os canais – on line em computadores, tablets ou celulares , agências, centrais telefônicas, entrega a domicilio. A aparição de uma nova ferramenta da Apple para gerenciar a globalidade das viagens é também uma possibilidade.

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O turismo colaborativo vai continuar a crescer, pelo menos na hospedagem e no transporte. Mesmo com uma forte hostilidade dos outros atores do setor – agências, hotéis ou táxis -, e com necessários acertos com as autoridades – controle de qualidade, taxas ou impostos-, a oferta de serviços colaborativos convenceu os usuários do mundo inteiro. As plataformas de hospedagens e de transporte urbano vão continuar a se expandir, e outros setores, como as visitas com guia ou até a alimentação, podem seguir.

Norte do Peru

Mesmo com uma economia parada e um crédito escasso, as novas tendências vão se firmar no Brasil, cada uma no seu ritmo. A força das mídias sociais, o potencial de algumas operadoras, a recente privatização dos aeroportos vão até acelerar certas mudanças apontadas no exterior. A provável apatia do mercado vai do seu lado dificultar a aparição de novos destinos. JPP NO LES SOURCES DE CAUDALIESCom menos reais e um dólar caríssimo, o crescimento da América do Sul (Chile, Bolívia ou Peru),  e a consolidação dos grandes destinos tradicionais na Europa ( Itália com Milão e Roma, França com Paris, o Mont Saint Michel, Bordeaux ou a Borgonha) devendo ser as tendências mais marcantes.

Jean-Philippe Pérol

Na França, quarenta destinos turisticos?

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No mundo globalizado, são mais de 300 destinos que tentam seduzir o viajante, uma concorrência que os grandes lugares de destaque como Nova Iorque, DSCN0921Londres, Las Vegas, a Grécia ou a Flórida aprenderam a respeitar com novas tendências levando turistas para Dubai, o Vietnã, Istambul ou amanha Cuba. Os grandes campeões do turismo europeu já contam com vários destinos nos seus territórios: a Itália têm Roma, Veneza, a Toscana, Milão ou Nápoles, a Espanha tem Barcelona, Madrid, a Andaluzia e Santiago.

Na França, a força mágica de Paris esconde ainda hoje os outros destinos do primeiro pais turístico do mondo,20082691_800x533_0 especialmente para os visitantes vindo de longe – assim, 85% dos brasileiros não saiam da capital. Portanto, segundo o Laurent Fabius, ministro das Relações exteriores encarregado do turismo, 40 regiões, territórios, departamentos, municípios ou sítios, reuniam as 4 condições para ser destinos turísticos internacionais: atratividade de pelos menos uma temática forte, boas infraestruturas de acesso, hospedagens e equipamentos de lazer, e uma marca internacional reconhecida.

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Com “contratos de destinos” reunindo profissionais da área, foram anunciados os onze primeiros destinos escolhidos. Vários deles se encaixam perfeitamente nas tendências, nos lugares e nas temáticas já antecipadas pelos viajantes brasileiros na França. Patrimônio com fama mundial justificou colocar nessa primeira lista o Mont Saint Michel, a maravilha do Ocidente cujas obras de renovação vão acabar esse ano, bem como o Val de Loire, com seus castelos, seu Rio classificado pela Unesco e seus vinhedos alegres.

restaurant_by_night_bordeauxPatrimônio e vinhedos justificaram a inclusão na lista de Bordeaux e da Borgonha que oferecem hoje o melhor do turismo enológico e da gastronomia, com os acervos arquiteturas e culturais de duas grandes marcas internacionais. Capital da gastronomia francesa, Lyon não podia deixar de constar como um dos grandes destinos apresentado pelo ministro. hotel_du_palais_-_biarritz_0Entre as ondas do Atlântico e as montanhas bascas, a cidade de Biarritz apostou com sucesso na temática do Golfe para reforçar a atratividade do seu litoral. E os brasileiros não serão surpresos de ver que a Normandia, saudosa terra dos contrabandistas do pau-brasil, também entrou nessa lista, escolhendo como temática principal os seus pintores e o impressionismo.

Os familiares do esqui já esperavam os Alpes como um grande destino turístico internacional. DSCN8898E os vulcões da Auvergne mostraram a força do turismo de bem estar que aproveita os espaços e as águas saudáveis dessa minha região. As surpresas ficaram com os últimos da lista, o Jura e os Vosges, mais virados para a clientela de proximidade vindo da Alemanha ou da Suíça.

Os outros destinos e marcas internacionais que vão completar essa lista de 40 serão publicados em breve. Se, em cada um dos lugares escolhidos, será necessário um trabalho de todos os profissionais para melhorar os serviços e ampliar a promoção, a mensagem ficou clara para todos.giverny3 A França não quer mais ser somente o maior destino turístico do mundo, centralizado em volta de Paris. A França quer ser a terra a onde cada viajante poderá encontrar o seu destino turístico, descobrir as paisagens e o patrimônio que ele procurava, viver a temática que ele escolheu, junto com profissionais e moradores comprometidos com a promessa feita.

Jean-Philippe Pérol

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