Democratas ou Republicanos, destinos são também Política?

A imagem do Presidente impacta a imagem do pais e do destino

As últimas eleições americanas, e a acirrada disputa que acabou com a vitória de Joe Biden, foram seguidas com muita atenção – e as vezes com muita paixão – pelos profissionais do turismo do mundo inteiro. Agentes de viagem ou hoteleiros sabem que as futuros decisões dos responsáveis políticos impactam de forma decisiva as escolhas dos viajantes. Com rumos diferentes dados pelos governos ao crescimento econômico,  aos índices da bolsa, ao valor de câmbio, as infraestruturas, bem como a imagem do país e de seu “comandante-em-chefe”, os fluxos de turistas podem aumentar, diminuir ou simplesmente mudar de destinos.

O dinamismo de Wall Street impacta diretamente as viagens dos americanos

Se olhar por exemplo os fluxos de turistas norte americanos para Europa nos últimos trinta anos, pode observar que dois desses fatores explicam as flutuações do número de viajantes. O valor do câmbio do USD frente as moedas européias e depois para o EUR, combinado com o nível do índice da bolsa de  Nova Iorque, definem assim claramente as evoluções anuais, baixando até menos de 10 milhões quando for desfavoráveis como em 2003 ou 2008, e subindo até um teto de 18 milhões quando a força do USD se junta com o otimismo de Wall Street, o que foi o caso em 2000, 2007 ou 2018.

Obama se empolgou pela promoção do turismo nos EEUU

Além das suas decisões e dos seus sucessos, os dirigentes democratas ou republicanos influenciam as viagens com sua própria imagem. Olhando a dura concorrência da Europa e dos Estados Unidos para o  primeiro lugar dos seus destinos junto aos viajantes brasileiras, é assim interessante de ver como os brasileiros votaram com as suas viagens. Atrás da Europa no início dos anos 90, os Estados Unidos passaram na frente durante a cia do Clinton. A liderança se inverteu na presidência do Bush, até que a chegada do Obama voltou a por os Estados Unidos no primeiro lugar, posição que eles perderam depois da eleição do Trump. Os jogos estão agora abertos para 2021….

As escolhas politicas americanas impactam os destinos europeus

Uma pesquisa realizada alguns anos atrás pela Atout France nos Estados Unidos mostrou que a própria escolha dos destinos depende também dos perfis políticos dos viajantes. 78% dos entrevistados declaravam que suas convicções partidárias influenciavam as suas viagens. Dos quatro grandes destinos europeus dos estadunidenses, a Inglaterra era “vermelha” (preferida por 87% dos republicanos e somente 18% dos democratas) assim como, em menor escala, a Alemanha (24% dos republicanos e 18% dos democratas), enquanto a França e a Itália eram azuis de forma arrasadora (respectivamente 8% republicana e 73% democrata para a primeira, 14% republicana e 57% democrata para a segunda). Será que viagem é mesmo também politica?

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Croácia, Colômbia, Ruanda, três lições de reconstrução da atratividade de um destino turistico

Para construir uma nova imagem, não pode fugir do passado

Vinte anos atrás, o  New York Times descrevia a Colômbia como um pais dominado pelas guerras de traficantes,  os crimes dos milicianos ou os sequestros da guerrilha. Nos anos anteriores, o Washington Post  tinha descrito a Croácia como um país destroçado pela guerra civil que somente podia ser visitado por aventureiros destemidos. E um artigo do  New Yorker  publicado durante o genocídio dos tutsis avisava que o Ruanda era tão perigoso que era desaconselhado para os raros visitantes de sair da área do aeroporto. Desde então, os conflitos terminaram e as infraestruturas foram reconstruídas. As economias deram a volta por cima, e o turismo se recuperou: 3 milhões e um leadership regional para a Colômbia, 1,5 milhão de turistas e o reconhecimento internacional para o  Ruanda, 19,7 milhões e um top ranking no Mediterrâneo para a Croácia.  As razões do sucesso desses três países na reconstrução da atratividade pode inspirar responsáveis do turismo no mundo inteiro.

A cultura tutsi sobreviveu ao genocídio

É impossível fugir do seu passado. Mesmo tendo uma das mais dinâmicas economias da África, Ruanda continua carregando a imagem do massacre de 800.000 tutsis. Integrada na União Europeia, a Croácia não apagou as lembranças da guerra civil. E a Colômbia continua sendo -por méio das novelas da Netflix ou da própria TV colombiana- a terra do terror, das drogas e da violência de Pablo Escobar. Mas em vez de esconder ou de negar esse passado, os três países estão mostrando que não podem ser resumidos a esses acontecimentos, tão trágicos que foram, e que não somente esses eventos foram marcados por emocionantes casos de compaixão ou de heroismo, mas que têm outros eventos e outras historias para contar. Em 2008, a Colômbia foi assim extremamente bem sucedida em lançar uma empolgante campanha “El riesgo es que te quieras quedar” (O risco é de você querer ficar) que não escondia os problemas mas mostrava que tinha também boas notícias.

Para quem não tem as pirâmides de Gizeh, a Torre Eiffel ou o Machu Picchu, foi importante encontrar um ícone que ajudou  a posicionar o destino e a consolidar a marca. A Croácia continua acreditando no dinamismo trazido pela sua seleção nacional de futebol – vice-campeã na Copa do Mundo da Rússia (2018).  Depois de muitas buscas, a Colômbia está agora apostando nos pássaros. Com 2000 espécies diferentes, anuncia a maior biodiversidade de aves e aproveita esse patrimônio para comunicar sobre a riqueza do meio ambiente e do turismo de natureza. Em Ruanda, o ministério do turismo aposta nos gorilas e nos esforços para protegê-los. Uma campanha nas mídias sociais promove as oportunidades de seguir os animais e de participar da festa anual da Kwita Izina, uma cerimônia ruandesa durante a qual é dado o nome dos gorilas recém nascidos.

Sente o ritmo é a nova campanha de marketing da Colômbia

A continuidade das campanhas de marketing foi um fator essencial de sucesso. Depois da campanha surpreendente de 2008, a Colômbia  continuou com um novo conceito homenageando o maior escritor do país, Gabriel García Márquez, por meio do “realismo fantástico” e com um vídeo que foi visto por mais de 3 milhões de internautas. Uma nova campanha, “Colômbia, feel the rhythm” ,  aproveite a riqueza do patrimônio musical do “país dos 1,000 ritmos”, querendo criar uma ligação entre música e turismo comparável à bem sucedida sinergia com a gastronomia. A Croácia procurou também uma campanha duradoura para poder interagir com os turistas. Na onda do Mundial 2018 na Rússia, o escritório nacional de turismo  lançou um vídeo que leve o internauta às regiões de origem de cada um dos mais populares jogadores do time, um video que já foi visto mais de um milhão de vezes.

Ruanda aposta nos jogadores do Arsenal como influenciadores

Os influenciadores ajudaram a construir a nova popularidade dos destinos. Ruanda aproveitou a atriz  Portia de Rossi e a sua esposa, Ellen DeGeneres, donas de mais de 80 milhões de seguidores, que patrocinaram  um novo centro para  The Dian Fossey Gorilla Fund  em  Kinigi. Essa fundação deu continuidade aos trabalhos de Dian Fossey, e tanto Portia de Rossi que Ellen DeGeneres  foram a Kinigi e no Ruanda, publicando fotos e vídeos nas suas páginas. Ruanda aproveitou também a parceria dos jogadores do Arsenal, time da primeira divisão inglesa, que entraram em campo com camisas estampadas “Visit Rwanda”. O time deve visitar o país para promover o futebol. O sucesso do “rebranding” precisa também de sorte. Para a Croácia, a escolha de Dubrovnik para filmagem de “Game of Thrones” deu um impulso excepcional para o turismo em todo o sul da Dalmácia, e as agências locais oferecem hoje vários circuitos. Um orgulho para uma cidade que foi bombardeada e ameaçada de destruição durante a guerra de 1991-1992.

Aparecer no Game of Thrones foi uma sorte excepcional para Dubrovnik

Esse artigo foi inspirado de um artigo original de Tariro Mzezewa no New York Times

Chegou a hora do “demarketing”?

O caminho Inca que leva somente 500 pax por dia para Machu Picchu

Mais de 1,4 bilhões de turistas viajaram pelo mundo em 2018, e, segundo a Oraganização Mundial do Turismo, serão 1,8 bilhão em 2030. Um crescimento que apavora muitos destinos, seja porque não possuíam as infraestruturas necessárias, seja porque os moradores já acham viver uma situação de overturismo. Para alguns especialistas, chegou a hora do “demarketing”, esse conceito inventado em 1971 por Philip Kotler e Sidney Levy que afirmavam que as superabundâncias podem ser tão problemáticas quanto as penúrias. Esses dois pesquisadores definiram então o demarketing com uma especialidade do marketing visando a desanimar os clientes – ou alguns segmentos- de consumir temporariamente ou definitivamente um produto ou um serviço. Já muito utilizado em setores como o cigarro, o álcool, ou o jogo, a demarketing chegou ao turismo.

demarketing-iamsterdam

As famosas letras, agora deslocadas, do painel I am-sterdam

As estratégias de de-crescimento do demarketing seguem as mesmas receitas que o marketing tradicional e os “4P” (promoção, praça, produto e preço).  Num território que não consegue mais administrar os fluxos de visitantes e cujos atrativos estão saturados, a primeira sugestão  é de reduzir ou até de parar qualquer tipo de promoção. Isso foi experimento há pouco pela Holanda cujo órgão oficial de turismo decidiu que concentraria seus esforços na gestão dos destinos e não na promoção. Só serão agora promovidas em nível internacional as regiões desconhecidas, uma decisão que vem depois de outras como a promoção exclusiva da baixa estação, a relocalização das famosas letras « I am-sterdam » e a sensibilização dos turistas aos comportamentos inconvenientes.

Source de la vidéo : YouTube

O demarketing pode também ajudar algumas praças ou alguns lugares que sofrem de overturismo e onde o meio ambiente é ameaçado. Foi assim que o famoso Vale de Jackson Hole, no Wyoming, pede aos visitantes de não indicar as coordenadas exatas das suas fotos mais atraentes e de utilizar uma localização genérica. Nas Filipinas, o sítio de Puerto Princesa, tombado pela UNESCO, retirou os lugares mais frágeis dos roteiros e dos mapas produzidos pelo Ministério do turismo.  Uma outra estratégia mais conhecida de demarketing é a imposição de cotas de visitantes, uma medida já existindo há anos nas trilhas do caminho inca em Machu Picchu, hoje utilizada por vários destinos como o Parque nacional da Península Bruce, no Ontário ( Canada). E a cobrança ou o aumento de tarifas, tradicionalmente exclusivo dos lugares privados, está hoje cada vez mais comum em áreas públicas.

Com menos entradas de turistas, a França reforça sua escolha pelo “melhor turismo”

O demarketing pode certamente ser uma opção para gerenciar os fluxos nem sempre controlados. É, porém, uma solução de desespero, e as receitas perdidas podem faltar a economia local. Antes de chegar a essa solução radical, uma boa planificação dos fluxos de visitantes pode ser suficiente para antecipar as consequências do sucesso de um destino. Foi a estratégia escolhida na França há duas décadas, quando a então Maison de la France lembrava que o “melhor turismo” deveria  prevalecer sobre o “mais turismo”. A prioridade  não era de aumentar os fluxos, mas de melhorar as receitas com visitantes gastando mais, vindo durante as baixas temporadas, visitando lugares esquecidos pelo turismo de massa e escolhendo atividades com forte valor agregado.  Hoje, em tempo de overturismo, o “melhor turismo” pode ainda ser a opção antes da difícil escolha da hora do demarketing.

Este artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Anne-Julie Dubois na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat 

Coletes amarelos, para o turismo francês um golpe que os profissionais ainda querem reverter!

Os Champs Elysées foram um dos principais alvos das violências

Se o movimento dos coletes amarelos está afetando há dezenove semanas toda a economia francesa, impactando seu crescimento anual de 0,2% segundo as últimas estimativas oficiais, os profissionais do turismo já estão sofrendo um impacto muito maior. O setor está não somente sofrendo pelos quebra quebras dos black blocks que atacam em prioridade restaurantes e lojas dos setores turísticos. Foram 200 milhões de euros de destruições em 19 semaines. Nos tão procurados Champs Elysees, 50% das 180 lojas mais emblemáticas  foram atingidos e 10% foram parcialmente ou, assim como o Fouquet’s,  completamente destruídas. Já tendo avisado o governo em novembro das dificuldades dos hoteleiros, dos comerciantes e dos donos de restaurantes, as grandes federações profissionais estão pedindo medidas urgentes.

Muito seguido fora de Paris, o movimento foi em geral pacífico

Alem dos estragos materiais, o turismo está sofrendo com os cancelamentos de viagens programados – especialmente de europeus- e com a falta de reservas dos mercados distantes – inclusive do Brasil. Com uma queda de 5 à 10% por mês desde o inicio do movimento dos coletes amarelos, é certo que o recorde de 2018 (90 milhões de turistas?) não será mais superada e que a liderança mundial – frente aos concorrentes estadounidense, espanhol e chinês – está sendo ameaçada. O secretario de turismo, Jean Baptiste Lemoyne, já previu que o esse ano será um ano difícil para o setor. Mas a preocupação dos profissionais do turismo vai alem de 2019. As imagens dos choques, dos incêndios e dos quebra quebras poderiam também impactar de forma duradoura a própria imagem da França.

Desde o mês de Novembro, algumas medidas de apoio ao turismo foram anunciadas, mas são principalmente adiamentos de pagamentos de impostos e taxas que serão insuficientes para aliviar as perdas do setor, e mais ainda para tranquilizar a curto e médio prazo os turistas internacionais. O pedido mais urgente dos profissionais (e dos moradores) é a tolerância zero com a violência, uma mensagem que parece ter sido ouvida especialmente em Paris onde, depois de mudanças dos responsáveis da ordem pública, os últimos protestos foram perfeitamente controlados tanto pelos  coletes amarelos que pela policia, ambos os lados parecendo ter percebido as ambiguidades não beneficiam a ninguém.

Em Toulouse, os comerciantes chamando atenção para crise

Os atores do turismo esperam também que  o governo será capaz de responder as preocupações que levaram os coletes amarelos a descer na rua. Contando no inicio com forte apoios dos comerciantes -cansados uma das maiores pressões fiscais do mundo, dos aposentados preocupados com a desindexação das aposentadorias, dos moradores dos milhares de vilarejos abandonados pelos serviços públicos, ou dos desempregados vitimas da deslocalização das suas fabricas, o movimento perdeu seus apoios pela sua falta de liderança e incapacidade a impedir a violência. Parece porem claro que somente umas respostas concretas aos problemas levantados poderão apaziguar de vez os ânimos e acabar com os protestos.

Os profissionais esperam uma nova campanha de promoção internacional

As lideranças do turismo esperam também que o governo apoia uma nova campanha de promoção do destino. Enquanto cortes de 4 milhões de Euros já foram anunciados no orçamento 2019-2020 da Atout France, eles pedem não somente que essa decisão seja reconsiderada, mas ainda que seja feitos os investimentos necessários para reverter os estragos que impactam diretamente ou indiretamente quase dois milhões de empregos, prejudicam um setor chave da economia francesa, e afetam a própria imagem internacional da França. Enquanto está apenas começando a primavera, os otimistas pensam que 2019 pode ainda ser uma boa safra para o turismo francês.

Jean Philippe Pérol

A crise do marketing de destino chega na França

Rendez vous en France, encontro dos parceiros franceses e internacionais

Alem de um brutal corte de orçamentos, a crise que explodiu a semana passada na Atout France, órgão oficial do turismo francês, significa talvez o fim de um modelo de parceria inventado pela equipe de um então ministro do governo Chirac. Exclusiva dos ministérios ou das administrações publicas desde as suas origens no inicio do século XX, a promoção do turismo internacional conheceu em 1987 uma verdadeira revolução. Agregando quatro órgãos oficiais preexistentes, o ministro Descamps convenceu setenta profissionais de entrar como parceiros numa nova estrutura co-gerenciada e co-financiada pelo governo federal e os profissionais públicos e privados do setor. Era o nascimento da Maison de la France,  uma associação que chegaria a juntar 1300 empresas francesas de turismo e a estabelecer relações estreitas com mais de mil operadoras em 35 países.

Com a mudança de 2009, Atout France integrou o Ministério das Relações exteriores

A Maison de la France acompanhou a volta da França na liderança do turismo mundial, e criou um novo modelo de parceria publico privado. Em 2009 virou Atout France, assumindo novas responsabilidades na planificação do turismo e na classificação hoteleira. Nessa trajetória de sucessos, as recentes decisões do governo chocaram os profissionais e a imprensa do trade e econômica. Atout France poderia ser obrigada a reduzir de um terço a sua presencia no exterior, encolhendo o seu quadro de colaboradores e talvez o numero de países onde está operando, um paradoxo para uma autarquia que depende agora do ministério das Relações Exteriores. As ambições do governo francês, 100 milhões de turistas em 2020 e 60 bilhões de euros de receitas, seriam então seriamente ameaçadas.

As campanhas B2C sofrem dos cortes de verbas

É certo que, mesmo se o corte de quatro milhões de Euros  pode parecer limitado porque representa somente 12% do aporte total do governo, as preocupações do setor devem ser tratadas com respeito e seu impacto não devem ser subestimado. Mas seria injusto de colocar toda a responsabilidade da situação nas últimas decisões do atual governo, isso por duas razões. Em primeiro lugar deve ser lembrado que os governos anteriores realizaram cortes mais importantes ainda nos últimos 15 anos, reduzindo de até 75% as verbas de promoção, e cortando de 80% o numero de funcionários públicos colocados gratuitamente a disposição da associação. A novas tarefas de engenharia e classificação, sem dúvidas muito gratificantes e estrategicamente interessantes, foram impostas sem nenhuma contrapartidas financeiras, aumentando mais os custos fixos.

Air France, desde as origens um apoio excepcional para o turismo francês

A redução dos gastos de promoção não foi também exclusiva do governo. As grandes empresas de viagens e turismo que investiam com força ao lado do governo, emprestando funcionários e participando de campanhas de imagem da França, reduziram suas participações.  Se o apoio da Air France continua sendo excepcional, grupos como Accor, Pierre et Vacances ou o Club Med representam hoje menos de um por cento das parcerias acumuladas. Os outros órgãos públicos de promoção, a níveis regionais ou municipais, também diminuíram as suas verbas, não somente porque falta dinheiro público, mas porque são cada vez mais preocupados promover suas próprias marcas com exclusividade, sem necessária associação com o destino França, desprezando as vezes a expertise que Atout France acumulou com seus colaboradores e seus contatos.

O apoio dos profissionais foi decisivo no sucesso da Atout France

Mostrando a insensibilidade do governo sobre a importância do setor, o choque levado pela Atout France com a redução das verbas públicas acelera as perguntas sobre o modelo criado em 1987. Os seus dois pilares, marketing e parcerias, não têm mais o mesmo apelo junto aos profissionais. O marketing perde força, exprimido entre o branding sempre muito ciumento e as vendas só interessadas por ações com resultados concretos e imediatos. Sem o atrativo do dinheiro publico e seu poder de impor mensagens claras, as parcerias são mais escassas  e as ações conjuntas cada vez mais complicadas. O novo modelo que tem que surgir não pode se restringir a uma (necessária) volta das verbas do governo, mas deve reinventar o posicionamento e os investimentos dos profissionais franceses e estrangeiros. Ao governo, sim, a responsabilidade de tomar a liderança dessa reconstrução, aproveitando as competências das suas equipes e as expectativas dos seus parceiros.

Jean Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue”  do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos 

Sucesso de parceria público/privado, um modelo a reinventar?

De Porto Rico a Salvador, e de Olkhon a Tahiti, os 52 destinos 2019 do New York Times

Salvador, único destino brasileiro da lista

Publicando a sua seleção 2019 dos 52 destinos sugeridos para o ano, o New York Times conseguiu mais uma vez inovar e surpreender. Iniciada em outubro, e liderado pela editora chefe do caderno de turismo do jornal, o processo mobilizou não somente a equipe nova iorquina mas os correspondentes, jornalistas e fotógrafos que o NYT tem nos cinco continentes. Alem dos critérios próprios de cada destino, foram também avaliados as novidades do local, o seu acervo cultural, a sua sustentabilidade, bem como os seus cuidados com o overturismo. É provável que nenhum turista – a não ser Sebastian Modak, o jornalista que foi escolhido para isso – vai visitar esses 52 lugares, mas a lista será sem dúvidas uma fonte de inspiração para muitos viajantes que querem seguir os novos trends do turismo mundial.

A Grécia, um dos destinos esquecidos nessa seleção 2019

O sério do jornal e a transparência do processo não impedem as primeiras críticas sobre as escolhas feitas. A lista é sem dúvidas muito “americana” com 11 destinos estadounidenses e 2 canadenses. A Europa é bem representada com 19 destinos, mas a Ásia (6), a América latina (4), a África (2), e o Oriente Medio (4) não parecem despertar o mesmo interesse. E se alguns destinos são incontestáveis boas dicas para 2019, outras parecem ter sido escolhidas somente para esbanjar originalidade, impedindo talvez a entrada de concorrentes mais atraentes e mais promissores. A notoriedade do New York Times e a qualidade do trabalho da equipe da editora chefe fazem assim mesmo da publicação das “52 places to go in 2019” um evento para todos aqueles que querem seguir os novos trends do turismo mundial.

Porto Rico liderando os destinos 2019 do NYT

Porto Rico, Hampi (na Índia) e Santa Barbara são os três destinos que dividem o pódio. Porto Rico parece ter sido mais premiado pela sua garra em se recuperar dos estragos feitos pelo furacão Maria, já que nenhuma das três novidades anunciadas – A programação do  Centro de Bellas Artes Luis A. Ferré , o anuncio do novo centro de lazer de San Juan, o District Live! , ou a nova escala dos navios de cruzeiros em Port das Américas, no litoral sul da ilha-, parece justificar a transformação do pequeno Estado associado na maior e mais excitante atração do turismo mundial. Hampi, sitio  tombada pela UNESCO agora mais acessível e com algumas infraestruturas novas, merece atrair os apaixonados de cultura indiana com suas mil construções preservadas desde o século XVI. Ao contrario parece surpreendente que um simpático foodie market seja suficiente  para por Santa Barbara em terceiro lugar.

As Ilhas de Tahiti foram merecidamente confirmadas na lista

A lista muitos acertos merecedores. O New York Times premiou alguns destinos tradicionais mas que devem ser relembrado como os Açores, Zadar e a costa da Croácia, o Irã, Tunis, Cadiz, ou as Ilhas de Tahiti. Lembrou também que grandes experiências podem ser vividas fora das grandes capitais, em Plovdiv na Bulgária, em Lyon ou Marselha na França, em Aalborg na Dinamarca ou em Perth na Austrália. Deve ser anotado alguns premios de criatividade, como as Ilhas Maluinas, a trilha de Paparoa (na Nova Zelândia), a ilha de Olkhon (no meio do lago Baical), ou o vale de Elqui no deserto do Atacama. O Brasil só teve um destino na lista, Salvador de Bahia, mas com um brilhante décimo quarto lugar apoiado na sua nova Casa do Carnaval , na abertura dos Fera Palace Hotel e do Fasano Salvador, ou do sucesso da franco-brasileira  Regata Transat Jacques Vabre. E agora, quais destinos brasileiros entrarão na lista 2020?

Jean-Philippe Pérol

Olkhon no lago Baical, uma escolha prêmio de criatividade!

Para escolher o seu destino, os serviços que você não quer (e provavelmente não vai) usar são fundamentais

O Vale de Papenoo, a beleza selvagem do interior da ilha de Tahiti

Seja para aproveitar em família uma praia num all inclusive, seguir um grupo organizado num circuito continental, explorar  sozinho caminhos  exclusivos, sonhar a dois frente a paisagens românticos,  enriquecer sua cultura – e dos seus filhos-  em sítios marcantes ou eventos excepcionais, ou simplesmente seguir em liberdade a vida de um morador, a escolha de um destino turístico ainda é uma alquimia muito pessoal.  Os desejos e os gostos de cada viajante se misturam com a beleza do lugar, o património, os preços, as infraestruturas, os serviços, os lazeres, a acessibilidade, o imaginário, e, ultimamente, até a facilidade de ser explorado nas mídias sociais. Assim, buscando o destino com o máximo e o melhor dos critérios seus, o turista define o seu destino entre a Riviera maia, Lisboa, Machu Pichu, Tahiti, Paris ou Nova Iorque.

Ministerios das relações exteriores publicam mapas dos riscos por pais

A segurança virou nos últimos trinta anos um critério fundamental, o primeiro para 67% dos viajantes europeus e norte americanos. Um critério que as autoridades e as operadoras estão levando muito a sério. Ele explica em parte tanto as dificuldades dos países do sul do Mediterrâneo e da América Latina (inclusive o Brasil), que o sucesso crescente dos países da Europa do Norte ( Islândia, Noruega, Suécia, Dinamarca) ou da Oceania (Austrália, Nova Zelândia ou Polinésia francesa). A segurança é em primeiro lugar a tranquilidade em relações as agressões e a violência contra as pessoas, mas inclui também o recuso absoluto de enfrentar riscos climáticos ou sanitários. Esses desafios devem hoje ser integrados a qualquer politica de desenvolvimento turístico.

Serviços de urgência integram as preocupações dos profissionais e dos turistas

Mas tem mais um fator essencial que deve ser considerado na escolha de um destino, são as infraestruturas e os serviços de saúde. Tendo sido recentemente colocado frente a um banal mas grave acidente, percebi a que ponto era importante dispor de uma assistência total em termos de urgências, de médicos, ou de hospitais. Participando de um seminário de turismo na Polinésia francesa, e durante uma excursão de bicicleta elétrica, a minha esposa caiu numa descida do vale do Papenoo, e, mesmo usando capacete, teve um traumatismo craniano alem de varias fraturas das costas e da clavícula. Foi um acidente que precisava de tratamento de extrema urgência, uma operação complexa, devendo ser realizada no máximo cinco horas depois do choque, enquanto o local era um vale isolado no final de uma trilha onde os celulares não pegavam.

Do terraço do hotel, olhando para o mar e esperando os pulos das baleias jubarte

O happy end desse drama mostrou toda a importância de uma cadeia completa de serviços funcionando perfeitamente: bombeiros chegando a tempo no local com o material necessário, hospital com todos os equipamentos de neurologia, neurocirurgião altamente qualificado de plantão, UTI de padrão internacional, enfermeiras e médicos competentes e atenciosos. E ainda uma impressionante equipe de Europ Assistance que se encarregou de toda a parte administrativa e financeira, e ainda organizou o repatriamento com conforto e carinho. A eficiência do sistema de saúde francês, a competência e a gentileza dos colegas e atendentes de Tahiti foi apesar do estresse um excepcional reconforto.

O sorriso da criança com seu tambor chamando para gente voltar

Claro que não viajamos pensando em acidente ou em ficar doente. Mas na longa lista de critérios de escolha do destino da nossa próxima viagem, verificar se existe por perto as infraestruturas e as competências para qualquer eventualidade é uma garantia que a sua viagem sempre terá um final feliz. Foi o caso para nos essa vez, talvez ajudado pela força do Mana, esse axé da Polinésia sempre lembrado pelos moradores. Mauruuru Tahiti, voltaremos.
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Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercados e Eventos

A Córsega, destino destaque da Forbes para 2018!

As torres, testemunhas do passado genovês

Agora destacada pela atualidade politica – os lideres pro-autonomia ganharam as ultimas eleições-, a Córsega está crescendo como destino turístico internacional. Na sua edição do 11 de Fevereiro, o magazine Forbes selecionou a “Ilha da Beleza” como o lugar mais deslumbrante para visitar em 2018. A seleção da conceituada revista, com foco nas paisagens, na cultura e na gastronomia, tinha como outros finalistas a Sicília, o Vale do Douro, a cidade austríaca de Innsbruck e o cantão suíço de Vaud. O destaque dado para Córsega foi talvez aquele “ooh-la-la”de uma geografia exuberante e diversa, com mais de 1500 quilômetros de litoral pitoresco, praias de cartão postal, rios cintilantes, trilhas desafiadoras, florestas exuberantes e montanhas acidentadas.

Em Ajáccio, as Jornadas napoleónicas comemoram o Imperador

Para Forbes, a personalidade peculiar da Córsega tem suas raízes próprias, mas integrou a alegria de viver e o carisma a francesa, bem como a historia e  a cultura italiana, visíveis nas torres ou nas fortalezas genoveses , e nos antigos vilarejos agarrados nos morros. Destino único e cativante, a Ilha surpreende até pela sua bandeira, a cabeça de mouro com uma faixa na testa, símbolo herdado seja da luta contra os mouros invasores seja do domínio dos reis aragoneses. A gloria passada é encontrada também em Ajáccio, cidade natal do Napoleão, que seduz pela sua catedral, sua fortaleza e mais ainda pelos bares espalhados na Praça do Maréchal Foch.

As praias cercam a cidade de Porto Vecchio

Nos pontos altos do patrimônio cultural da Córsega, os jornalistas destacaram Bonifácio e suas falésias brancas, Porto Vecchio e seu colar de praias charmosas, Corte, a capital histórica, e sua fortaleza cercada de imponentes montanhas, Cargese orgulhosa do seu passado grego, e Bastia com a faixada artística da igreja de São João Batista. A atualidade da cultura local impressionou também esses visitantes, seja pelos numerosos eventos organizados pelas prefeituras, ou pela presencia da musica tradicional, cantos polifônicos masculinos que são ouvidos em concertos ou improvisados em festas de família, nas albergues e até nos bares frente as praias.

Patrimônio arquitetural e “maquis” ao longo das trilhas

O parques naturais da ilha foram também lembrados pela Forbes, pelo  deslumbrante Golfo de Porto, inscrito no património mundial pela UNESCO, ou pelas trilhas mágicas onde  os esportistas podem caminhar, andar de bicicleta, olhar os pássaros, ou simplesmente cheirar os perfumes da vegetação característica da região, o “maquis” – um ecosistema as vezes comparado a caatinga nordestina. É nesse mato que se encontram as castanhas portuguesas, que os moradores utilizam para fazer farinha, e os diferentes tipos de mel,  os escuros “miellats du maquis”, ou os perfumados méis de primavera.

Embutidos da Córsega

Ingredientes únicos somente encontrados na ilha, tradições gastronômicas específicas, encontros com as culinárias francesa e italiana, a cozinha da Córsega surpreendeu e agradou os jornalistas da Forbes, com guisado de javali, cordeiro assado, vitela com azeitonas, ou torta de farinha de castanha. Cada prato pode ser harmonizado com um dos vinhos locais, elaborados com uvas originais,  Niellucciu ou Sciaccarellu para os tintos,  Vermentinu para os brancos. Pouco conhecidos, os vinhos corsos são porem interessantes e calorosos, especialmente quando acompanhando os bem temperados embutidos da Corsega – presuntu, copa ou salsichão- , ou os inesquecível brocciu, queijo de leite de ovelha comprado nas feiras livres diretamente dos produtores.

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original da Laura Menske na revista Forbes 

Os cantos polifônicos, orgulho da cultura corsa

“Vive la différence”, o Brexit favorecendo o turismo?

Os clichês de Londres mais procurados depois do Brexit

Os clichês britânicos mais procurados depois do Brexit

Se os políticos e os economistas do mundo inteiro foram muito negativos sobre as consequências do Brexit, os turistas internacionais parecem ter aprovado a decisão dos ingleses. Aproveitando  uma queda da libra de quase 10% – a moeda atingiu seu nível mais baixo dos últimos 30 anos-, as entradas de turistas subiram de 4,3% em julho. Se as chegadas da Europa ainda são fracas (em recuo de 1,8% mas caiam de 6,8% antes do plebiscito) , a alta é puxada pelos os chineses, os americanos, os canadenses e a maior parte dos não-europeus que crescem de 8,6%. E se ainda é cedo para desenhar tendências a longo prazo, a alta deve se prolongar nos próximos meses: as reservas da International Net bookings, que eram em queda de 2,8% em maio, estão agora também em alta de 4,3%.

American tourist in London

Turista americano em Londres

Os americanos são há muito tempo os mais numerosos turistas internacionais na Inglaterra. Foram 3,3 milhões em 2015, um crescimento de 10% em relação a 2014, e, segundo Visit Britain – a agencia nacional de promoção do turismo, vários indicadores mostram que a popularidade do pais cresceu depois do Brexit. Os números estão bastante impressionante na Internet: 38% de visitantes a mais no próprio site da VisitBritain, mas também  138% a mais nas pesquisas no site da British Airways nos Estados Unidos, 30% a mais no site e nas vendas da Expedia. Os hoteleiros ingleses confirmam um crescimento das reservas, especialmente os “last minut bookings”.

O distrito financeiro de Londres

O distrito financeiro da City

A  fraqueza da libra depois do Brexit é dada pelos profissionais como a primeira razão desse crescimento surpreendente. Num destino visto há anos como muito caro, ela não somente impulsionou as reservas internacionais, mas impactou também as viagens dos próprios britânicos. Com um poder aquisitivo diminuído e já impactando os destinos ligados ao dólar,  eles estão  aumentando sua procura de viagens domésticos, e a  Airbnb já anunciou que a  procura de apartamentos no mercado inglês subiu de 122% desde o plebiscito. Essa tendência favorecendo as “staycations” está sendo observada também pela Expedia.

Abbey Road, um dos imperdíveis clichês de Londres

Abbey Road, um dos imperdíveis clichês

O maior impacto do Brexit sobre o turismo na Grã Bretanha deverá porem se medir em termo de imagem. Em primeiro lugar pelo reposicionamento em termo de preços que os hoteleiros já perceberam e ampliaram com uma seria de iniciativas para dar aos visitantes “more value for money”, oferecendo up-grades, diárias de cortesia ou serviços complementares. A libra barata reforça a atratividade da marca, e deve aumentar ainda mais sua força nas clientelas mais jovens e nos mercados emergentes. JPP LONDRESMas o maior impulso dado a imagem do pais será de mostrar a sua diferencia. Enquanto os destinos turísticos devem cada vez mostrar uma identidade forte e um conteúdo que justifica a escolha de viajantes internacionais cada vez mais experientes, o novo posicionamento britânico vai ser uma extraordinária oportunidade. Frente a uma Europa aonde a “harmonização” poderia levar a uma banalização, a Grã Bretanha poderá atrair ainda mais pelo sua peculiaridade. Para os destinos turísticos,  é importante  lembrar que “Vive la différence”.

Jean Philippe Pérol

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Entre a Europa e o mar aberto, a Grã Bretanha sempre deverá escolher o mar aberto

Esse artigo foi publicado na revista profissional Mercados e Eventos   

Os destinos turísticos devem agora ficar inteligentes!

Em Nantes, o pioneirismo em destino turístico inteligente

Em Nantes, o pioneirismo em destino turístico inteligente

Depois do sucesso dos edifícios inteligentes, capazes de interligar e racionalizar segurança, consumo de energia, recolhimento de dados e conforto dos moradores, as mesmas inovações estão chegando ao nível das cidades e até dos territórios , ajudando os atores do turismo a melhorar a experiência dos seus visitantes misturando criatividade humana e inovações numéricas. As cidades inteligentes – smart cities em inglês – estão se espalhando no mundo, e a Forbes considerou Barcelona, Nova Iorque, Londres, Nice e Singapura as mais avançadas. Na França já são  vinte, incluindo grandes metrópoles como Paris, Marselha, Toulouse, Lyon, Montpellier ou Bordeaux, mas também cidades menores como Rennes, Chartres, Mulhouse ou Angers. Os critérios para entrar nessa lista seleta não exclusivamente numéricos (transparências dos dados, facilidade de acesso ao wi-fi …), mas também tocam a ecologia, a gestão da energia (smart grid), os transportes públicos ou a gestão participativa, para o beneficio dos moradores e dos visitantes.

Encontros das francofonias do turismo 2016

Encontros das francofonias do e-turismo 2016

Alem da cidade inteligente, a temática dos encontros das Francofonias do e-turismo em Quebec foi esse ano de definir as expectativas do turista nos destinos turísticos inteligentes, territórios onde o humano e o numérico devem se misturar para oferecer ao visitante um espaço mais  fácil de entender e mais confortável para viver. Com o objetivo de desenvolver a atractividade do local e de mobilizar os seus moradores, a organização de um território inteligente é uma combinação de fatores tecnológicos, humanos e institucionais. As autoridades municipais ou estaduais devem abrir todos os seus dados (big data), criar parcerias publico-privado, envolver a população, informar os visitantes e, mais ainda, investir nas infra-estruturas indispensáveis dos territórios turísticos  inteligentes: wi-fi acessível para todos, outdoors numéricos de informação, códigos QR, transportes urbanos eficientes e sustentáveis incluindo tomadas para recarga de carros elétricos, controle permanente da qualidade do meio-ambiente …

Bluecab, os carros elétricos da cidade de Bordeaux

Bluecab, os carros elétricos da cidade de Bordeaux

No destino turístico inteligente, a analise do “big data” ajuda a melhorar a experiência do visitante entendendo os seus trajetos, os seus comportamentos e sua percepção. Pode ser o controle das filas de espera durante um festival, o envio de informações sobre os transportes, as mudanças na programação de eventos em função da meteorologia ou da poluição, a colocação de telas informativas na recepção dos hotéis ou a oferta de lugares nos estacionamentos. Pode também ser a existência de plataformas ou de aplicativos onde o visitante deixa seus comentários e suas impressões sobre a sua estadia.  Com o apoio das autoridades, as inovações em aplicativos são decisivas para melhorar a experiência do visitante nos destinos inteligentes. Depois do sucesso dos modelos mundiais de transporte e alojamento (Airbnb ou Uber), as novidades são agora esperadas ou para serviços em regiões delimitadas (por exemplo trajetos em carros particulares em Paris) ou para segmentos específicos (Stay22 para eventos , Share Shed  para os amadores de camping …).

Montreal, investindo na inovação numérica inteligente

Montreal, investindo 100 milhões de CAD na inovação numérica inteligente

Se os investimentos e os ferramentas tecnológicos são importantes para os territórios querendo desenvolver o turismo inteligente, as exigências éticas e humanas devem ser sempre priorizadas inclusive nos aspectos legais como a proteção dos dados, a privacidade dos usuários ou a transparência das decisões.  Para os especialistas reunidos nas Francofonias do e-turismo em Quebec, o destino turismo inteligente deve nascer da colaboração entre as coletividades, os especialistas das novas tecnologias e os profissionais do turismo, reunidos para construir um território mais acessível, mais ergonômico, mais humano e mais acolhedor, pelo maior beneficio dos turistas, dos moradores e de todos os atores econômicos.

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Aude Lenoir na revista on-line Reseau Veille Tourisme de la chaire de tourisme Transat

Rennes, no top 10 das cidades inteligentes da França

Rennes, no top 10 das cidades inteligentes da França