A America Latina aderindo ao slow turismo?

As ruas coloridas de Pijao

Agora com 287 associados, a rede internacional Cittaslow continua crescendo, mas com cautela. Frente ao risco sempre presente do overturismo, a preocupação é de respeitar a promessa de lentidão e de tranquilidade, e de seguir a risca  os 70 critérios da sua carta-compromisso referente ao meio ambiente, as tradições locais, ao desenvolvimento regional, a mobilidade urbana, a hospitalidade e ao bem estar tanto dos moradores quanto dos visitantes. Nascida na Itália, popular há anos na Polônia, na Alemanha e em toda Europa, Cittaslow se espalhou em novos destinos, na Turquia, em Chipre, e na Ásia em Taiwan e na Coreia do Sul.

O intercâmbio com os moradores é um dos charmes da cidade

O turismo tranquilo tem, porém, mais dificuldades para conquistar a América Latina.  Poucos viajantes, mesmo amigos da Colombia, conhecem Pijao, um pequeno vilarejo na área cafeteira, 300 quilômetros ao oeste de Bogotá, que foi porém em 2014 o primeiro destino do continente a aderir ao “slow turismo”. Pijao tem que ser percorrido com calma para aproveitar as casas coloridas, visitar suas lojas de antiguidades, caminhar nas trilhas das suas fazendas de café, descobrir  sua floresta de palmeiras de cera gigantes, ou aproveitar as oportunidades de “bird watching”. E acima de tudo falar com os moradores, ter o tempo de escutar histórias.

Na vizinha Salento, um modelo de turismo mais intenso

Esse turismo tranquilo foi a escolha de Pijao quando aderiu a Cittaslow, um caminho diferente de outros vilarejos da região como Salento ou Filandia cujas cores viraram os xodós dos turistas instagramers cada vez mais numerosos nas rotas do café da Colombia. A escolha da autenticidade, da sustentabilidade e dos fluxos controlados reune a maioria dos comerciantes, dos hoteleiros e dos guias de turismo numa associação que monitora o respeito da carta-compromisso. Voluntários ajudam a preservar as tradições locais, a incentivar os circuitos comerciais curtos, a limitar a poluição sonora, e … a convencer os opositores que a liberação de um turismo menos seletivo não traria a longo prazo nenhum benefício para a cidade.

Em Socorro, os incriveis por do sol da Pedra Bela Vista

A cidade paulista de Socorro é segundo socio latino americano da Cittaslow, e o primeiro no Brasil.Para a  Secretária de Turismo da cidade, Tereza Monica Sartori Marcheto, ” a vocação de um turismo sem pressa surgiu devido a característica do município, a importância da natureza, o interesso pela cultura, a vontade de trabalhar a sustentabilidade e a necessidade de valorizar o bem estar da população”. Com experiencias anteriores de certificação – a cidade foi classificada como Safe Travel pela WTTC-, Tereza destaca que, para seguir os compromissos da carta, é necessário continuar a mobilização, mapear os principais pontos da certificação e sensibilizar a comunidade para multiplicar as adesões. Um guia Descubra Socorro vai assim ser divulgado não somente para os profissionais do turismo e os comerciantes, mas também nas escolas e nas comunidades.

Tereza Marcheto acredita que o slow turismo é um diferencial que vale a pena

Ao contrario do que parece, o slow turismo necessita então um importante trabalho de preparação para ser apropriado por todos seus atores. Muito elogiado pelas mídias nacionais e internacionais, ele traga para Socorro e para todos os destinos que fazem com essa escolha importantes diferenciais competitivos. É, porem, uma tarefa árdua, já que, pelo menos na primeira fase, os resultados  demoram para ser percebidos, e que, a medio e longo prazo, o sucesso junto aos profissionais e a população dependerá das receitas turísticas e dos novos empregos que serão gerados pelo esforço de todos. Um desafio para o slow turismo na América Latina, mas também em todos os destinos que se juntaram a essa nova tendência.

Jean Philippe Pérol

 

Croácia, Colômbia, Ruanda, três lições de reconstrução da atratividade de um destino turistico

Para construir uma nova imagem, não pode fugir do passado

Vinte anos atrás, o  New York Times descrevia a Colômbia como um pais dominado pelas guerras de traficantes,  os crimes dos milicianos ou os sequestros da guerrilha. Nos anos anteriores, o Washington Post  tinha descrito a Croácia como um país destroçado pela guerra civil que somente podia ser visitado por aventureiros destemidos. E um artigo do  New Yorker  publicado durante o genocídio dos tutsis avisava que o Ruanda era tão perigoso que era desaconselhado para os raros visitantes de sair da área do aeroporto. Desde então, os conflitos terminaram e as infraestruturas foram reconstruídas. As economias deram a volta por cima, e o turismo se recuperou: 3 milhões e um leadership regional para a Colômbia, 1,5 milhão de turistas e o reconhecimento internacional para o  Ruanda, 19,7 milhões e um top ranking no Mediterrâneo para a Croácia.  As razões do sucesso desses três países na reconstrução da atratividade pode inspirar responsáveis do turismo no mundo inteiro.

A cultura tutsi sobreviveu ao genocídio

É impossível fugir do seu passado. Mesmo tendo uma das mais dinâmicas economias da África, Ruanda continua carregando a imagem do massacre de 800.000 tutsis. Integrada na União Europeia, a Croácia não apagou as lembranças da guerra civil. E a Colômbia continua sendo -por méio das novelas da Netflix ou da própria TV colombiana- a terra do terror, das drogas e da violência de Pablo Escobar. Mas em vez de esconder ou de negar esse passado, os três países estão mostrando que não podem ser resumidos a esses acontecimentos, tão trágicos que foram, e que não somente esses eventos foram marcados por emocionantes casos de compaixão ou de heroismo, mas que têm outros eventos e outras historias para contar. Em 2008, a Colômbia foi assim extremamente bem sucedida em lançar uma empolgante campanha “El riesgo es que te quieras quedar” (O risco é de você querer ficar) que não escondia os problemas mas mostrava que tinha também boas notícias.

Para quem não tem as pirâmides de Gizeh, a Torre Eiffel ou o Machu Picchu, foi importante encontrar um ícone que ajudou  a posicionar o destino e a consolidar a marca. A Croácia continua acreditando no dinamismo trazido pela sua seleção nacional de futebol – vice-campeã na Copa do Mundo da Rússia (2018).  Depois de muitas buscas, a Colômbia está agora apostando nos pássaros. Com 2000 espécies diferentes, anuncia a maior biodiversidade de aves e aproveita esse patrimônio para comunicar sobre a riqueza do meio ambiente e do turismo de natureza. Em Ruanda, o ministério do turismo aposta nos gorilas e nos esforços para protegê-los. Uma campanha nas mídias sociais promove as oportunidades de seguir os animais e de participar da festa anual da Kwita Izina, uma cerimônia ruandesa durante a qual é dado o nome dos gorilas recém nascidos.

Sente o ritmo é a nova campanha de marketing da Colômbia

A continuidade das campanhas de marketing foi um fator essencial de sucesso. Depois da campanha surpreendente de 2008, a Colômbia  continuou com um novo conceito homenageando o maior escritor do país, Gabriel García Márquez, por meio do “realismo fantástico” e com um vídeo que foi visto por mais de 3 milhões de internautas. Uma nova campanha, “Colômbia, feel the rhythm” ,  aproveite a riqueza do patrimônio musical do “país dos 1,000 ritmos”, querendo criar uma ligação entre música e turismo comparável à bem sucedida sinergia com a gastronomia. A Croácia procurou também uma campanha duradoura para poder interagir com os turistas. Na onda do Mundial 2018 na Rússia, o escritório nacional de turismo  lançou um vídeo que leve o internauta às regiões de origem de cada um dos mais populares jogadores do time, um video que já foi visto mais de um milhão de vezes.

Ruanda aposta nos jogadores do Arsenal como influenciadores

Os influenciadores ajudaram a construir a nova popularidade dos destinos. Ruanda aproveitou a atriz  Portia de Rossi e a sua esposa, Ellen DeGeneres, donas de mais de 80 milhões de seguidores, que patrocinaram  um novo centro para  The Dian Fossey Gorilla Fund  em  Kinigi. Essa fundação deu continuidade aos trabalhos de Dian Fossey, e tanto Portia de Rossi que Ellen DeGeneres  foram a Kinigi e no Ruanda, publicando fotos e vídeos nas suas páginas. Ruanda aproveitou também a parceria dos jogadores do Arsenal, time da primeira divisão inglesa, que entraram em campo com camisas estampadas “Visit Rwanda”. O time deve visitar o país para promover o futebol. O sucesso do “rebranding” precisa também de sorte. Para a Croácia, a escolha de Dubrovnik para filmagem de “Game of Thrones” deu um impulso excepcional para o turismo em todo o sul da Dalmácia, e as agências locais oferecem hoje vários circuitos. Um orgulho para uma cidade que foi bombardeada e ameaçada de destruição durante a guerra de 1991-1992.

Aparecer no Game of Thrones foi uma sorte excepcional para Dubrovnik

Esse artigo foi inspirado de um artigo original de Tariro Mzezewa no New York Times

Cartagena das Índias: história, prazer de viver, arte e criatividade

O imponente Castelo San Felipe domina a cidade e o porto

Do terraço do Hotel Allure Canela, a visão do Castelo São Felipe de Barajas lembra ao visitante a potencia e a riqueza passadas da cidade de Cartagena das Índias. Construída a partir de 1656, depois dos ataques dos piratas ingleses – o famoso Drake saqueou a cidade em 1586 -, a fortaleza não evitou uma conquista francesa em 1697, mas protegeu perfeitamente depois dessa data o maior porto da América espanhola. Em baixo das suas muralhas e dos seus 73 canhões, passavam as exportações de ouro e prata vindo de Nova Granada, mas também do Equador e do Peru, bem como os terríveis comboios de escravos africanos mandados para as minas ou as plantações de cana de açúcar. Maior construção humana do continente americano, o Castelo é hoje Património da Humanidade.

Os casarões coloridas

O passado dourado de Cartagena encontra-se dentro dos onze quilômetros de muralhas que cercam a cidade fortificada. Nas ruas estreitas, cada casarão, cada varanda florida e cada portão de madeira maciça tem uma historia para contar que o turista vai descobrir caminhando nas ruas ou entrando nos pátios das casas antigas hoje transformadas em pousadas, lojas ou restaurantes. Os locais mais vibrantes são sem dúvidas as praças. Frente a igreja Santo Domingo e sua escultura de Botero, frente ao Palácio da Inquisição e seu parque arborizado, palenqueiras, músicos, camelôs, guias e garçons agitam a multidão onde se mistura moradores, turistas nacionais, ou visitantes liderados por americanos, franceses e brasileiros. Todos se encontrarão depois em cima das muralhas para apreciar o por do sol no Café del Mar.

Os animados por do sol do Café del Mar

 

O pátio onde o Sofitel Santa Clara esbanja beleza e arte de viver

Se por momentos ameaçada pelo overturismo – a concentração dos fluxos nas ruas do centro e a insistência dos camelôs podem incomodar -, Cartagena surpreende pela diversidade e a qualidade dos seus serviços, dos seus restaurantes e dos seus hotéis. Dentro do centro histórico, as opções de hospedagem não faltam, das tradicionais pousadas até os modernos e convenientes Allure, ou o antiquado mas charmoso Relais Chateaux Casa Pestagua. Mas, seja para uma estadia, uma refeição ou pelo menos uma visita, nenhum visitante pode deixar de conhecer o Sofitel Santa Clara, merecidamente consagrado como o melhor hotel da América do Sul. Antigo Convento das Irmãs Clarissas construído em 1621 – data agora lembrada pelo nome do imperdível, restaurante gastronômico-, o hotel esbanja beleza, bom gosto, e o cuidado permanente de um pessoal excepcionalmente atencioso.

A criatividade nas ruas de Cartagena

Orgulhosa da sua historia,  Cartagena mostra aos visitantes uma atualidade e uma criatividade que se encontram nas ruas, nos bares, nos restaurantes e mais ainda nas lojas. Os fãs de shopping ficam surpresos. Numa cidade turística onde seria esperado de encontrar somente o costumeiro “artesanato mundializado”, com seus objetos fabricados na Ásia ou copiados de reportagens da CNN, as boas surpresas não param. São bijuterias e jóias de ouro ou esmeraldas inspiradas tanto da ourivesaria precolombiana que das tendências atuais, são lojas e galeria de moda onde jovens designers apresentam roupas, chapéus, bolsas, acessórios  ou objetos de decoração juntando raízes – indígenas, coloniais ou “republicanas”- , e modernidade global. E mesmo se as boas praias deve ser procuradas fora da cidade – até Barranquilla ou Santa Marta– , os ritmos da cúmbia lembram que Cartagena é também a capital do Caribe colombiano.

Jean-Philippe Pérol

O St Dom concept store

 

A loja Lili Duran Studio

Karisma hotéis e resorts, luxo e inovação no Mar do Caribe

No El Dorado Maroma, encontram-se os Palafitos, os primeiros bangalôs sobre as águas do Caribe

Impressionado pelo interesse dos turistas brasileiros para os destinos caribenhos, o grupo hoteleiro euro-colombiano Karisma decidiu investir no Brasil, escolhendo a agência boutique Cap Amazon para desenvolver um ambicioso plano de promoção. Com forte atuação na Riviera Maia, Colômbia, Jamaica e República Dominicana,  a Karisma gerencia uma coleção de hotéis e resorts de destaque, todos premiados com 4 ou 5 estrelas, com serviços claramente segmentados para clientelas específicas. As vinte propriedades únicas são  classificadas em sete marcas, cada uma com características próprias: El Dorado Spa & Resorts; Azul Beach Resorts; Karisma Villas; Generations Resorts; Allure Hotels; Hidden Beach Resort e Nickelodeon Hotels & Resorts.

Luxo e privacidade na praia do Azul Negril – Jamaica

Empresa jovem – o seu primeiro hotel foi incorporado em 2000-, a Karisma faz questão de ser uma rede pioneira com práticas inovadoras, várias delas iniciadas na Riviera Maia. Foi assim com o Gourmet Inclusive que redefiniu todo o conceito “all inclusive” com toque de luxo e qualidade gastronômica, serviço “a la carte” a altura dos seus 5 estrelas, foi assim com as swim-up suítes (cujos terraços abrigam piscinas privativas), ou com a ousada iniciativa do primeiro resort naturista localizado na Riviera Maia – o Hidden Beach.  Através de parcerias estratégicas, o grupo inovou também trazendo a experiência Nickelodeon para a marca Azul Beach Resort, com a presença dos icônicos personagens do canal infantil e com decoração temática.

No Sul da Riviera Maia, a magia única de Tulum

Em 2017, Karisma deu um passo a frente, com a abertura do primeiro e único hotel com bangalôs sobre as águas no Caribe, o  Palafitos, localizado na belíssima praia de Maroma, entre Cancún e Playa del Carmen, a uma hora do sitio mágico de Tulum. Interligados com o resort El Dorado Maroma, as trinta suites esbanjam luxo e inovações: area de 75 metros com terraço privativo, piscina exclusiva de borda infinita, jacuzzi, pisos de cristal, chuveiros externo “águas do amor” e mordomo 24 horas. Um restaurante “Haute Cuisine” oferece café da manha, almoço e jantar a la carte, mas quem fica no mínimo cinco noites pode também aproveitar um jantar degustação privativo servido pelo próprio chefe na intimidade do seu bangalô.

Frente a Fortaleza de Cartagena, a piscina do Allure Canela

Karisma pretende expandir a sua rede e abrir novas propriedades no México, nas ilhas do Caribe, na Europa, e na América do Sul. Alem de acreditar no Brasil – que oferece para os destinos vizinhos do Caribe da América do Sul um potencial único de novos viajantes-, a empresa quer também participar da expansão do turismo domestico no Brasil. Vendo nas belezas naturais dos  7.400 quilômetros de praias do litoral brasileiro imensas perspectivas de desenvolvimento, a Karisma está aberta a novos investimentos. Não seria então uma surpresa de ver uma das suas marcas inaugurar um resort no Brasil num futuro próximo.

A difícil mas bem sucedida combinação da gastronomia com o all inclusive

130 milhões de viagens de chineses em 2017, umas idéias para o Brasil?

Os chineses já representam 30% do turismo da Tailândia

As primeiras estimativas do turismo chinês para 2017 chegam a 130 millions de viajantes, com despesas globais de 285 bilhões de USD, mantendo a China como primeiro mercado mundial. As expectativas são hoje de 200 milhões de turistas chineses para 2020, turistas cobiçados por todos os grandes destinos. Mas a Europa terá talvez que esperar um pouco, a maioria deles escolhendo a Ásia, mais próxima e mais acessível. Assim a metade desses turistas não viajaram alem de Hong Kong (47 milhões), Macau (20 milhões) ou Taiwan, (3 milhões), e no Top 10 dos seus destinos preferidos, todos são asiáticos com exceção dos Estados Unidos e da França. No Top 20, também dominado pelos países vizinhos, só deveriam entrar ainda a Rússia, as Ilhas Maldivas, a Alemanha e a Suíça.

Oito países asiáticos no Top 10 dos viajantes chineses

Mesmo alem da grande China, essas viagens internacionais são concentradas em poucos destinos, cinco deles somando mais de 50% dos viajantes. Tailândia é hoje o destino que recebe mais turistas chineses, mais de 10 milhões. Representando quase um terço dos visitantes, eles empurraram o Reinado no Top 10 do turismo mundial e mais ainda no pódio nos países com as maiores receitas de turismo internacional, passando até a França. No Japão , os 7 milhões de visitantes vindo da China ajudaram o pais a virar em cinco anos um grande destino turístico.  Tradicionalmente muita apreciada pela sua cultura, a Coreia do Sul sofreu das ameaças de guerra com seu vizinho do Norte, e, se atraiu 4,2 milhões de chineses em 2017, deve ser esse ano passada pelo dinamismo do turismo vietnamita que cresceu 48,6%.

Turistas Chineses na Baia de Ha Long (Viet Nam)

Os vizinhos da China estão também tentando seduzir os seus turistas, investindo e antecipando as novas tendências: roteiros personalizados, serviços de melhor qualidade, menos shopping e mais experiências e intercâmbios. A Indonésia quer investir em dez “novas ilhas de Bali”. Os países da ASEAN vão investir mais de USD 100 bilhões para construir em aeroportos, ligações ferroviárias, hotéis e parques temáticos adaptados aos clientes chineses. Nos principais sítios turísticos do Japão, as lojas oferecem mais serviços em chinês, guias de compras em chinês estão sendo distribuídos, e milhares de comerciantes estão aderindo aos sistemas de pagamentos chineses Alipay e Wechat, aplicações multifunções que estão se espalhando em 30 países da região.

VisitBrasil marcando presencia na China

Para o Brasil, esses resultados impressionantes do primeiro parceiro dos BRICS deve levar a duas observações. A primeira é a fraqueza do fluxo de chineses para o Brasil, menos de 60.000. Um número difícil de comparar com os resultados dos países asiáticos ou dos grandes destinos europeus ou norte americanos, mas que fica complicado de entender quando se pensa no milhão de turistas chineses visitando a distante África do Sul. Para atingir a meta do plano Brasil Turismo, 12 milhões de visitantes até 2022, a China será com certeza a chave do sucesso. A segunda observação é o imensa potencial de viagens que os países vizinhos oferecem para um mercado emissor amadurecendo. Enquanto na China e no mundo inteiro 80% das viagens internacionais são concentrados em países limítrofes, no Brasil essa proporção é somente de 50%. Colômbia, Peru, Chile, Argentina ou Uruguai têm talvez ideias a buscar nos vizinhos da China …

Jean-Philippe Pérol

O turismo brasileiro para Colômbia dobrou em 5 anos

 

 

 

 

 

Da Copa para os Jogos, lucros e lições para o turismo brasileiro !

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Segundo o jornal l’Equipe, a Copa 2014 mereceu o título de Copa mais bonita da história, homenagem merecida de uma mídia que chegou a ser muito negativa mas soube reconhecer o sucesso do Brasil. Mag_1_20140712_1669_Page001No embalo do indiscutível impacto positivo sobre a economia das grandes cidades sede, os responsáveis do turismo chegam a anunciar números impressionantes para economia do setor para qual o evento teria gerado um milhão de turistas internacionais ou três bilhões de dólares de receitas . Talvez ainda seja cedo para tirar todas as conclusões sobre o impacto global da Copa, mas algumas tendências e lições confiáveis  podem ser tiradas dos primeiros resultados, para o turismo internacional tanto receptivo que  exportativo.

 Um milhão de turistas internacionais chegaram no Brasil em junho e julho, seja 35% a mais que o ano passado. Mas a Copa só durou um mês, com 530.000 chegadas, das quais  70% eram ligadas ao evento. Um total de 360.000 turistas “Copa” confirmados pelos 840.000 ingressos  colocados a disposição pela FIFA  numa média de 2,4 jogos por torcedor. fotoPode parecer decepcionante para alguns, mas a experiência das Copas e dos Jogos anteriores, assim que o forte impacto negativo sobre os turistas afugentados pelos grandes eventos, seus preços e suas multidões (uma queda estimada em mais de 30%), mostram que os números são satisfatórios. Serão mais satisfatórios ainda a médio prazo pelos investimentos em infraestruturas e pela extraordinária visibilidade positiva que o Brasil ganhou com o sucesso da organização ” encantadora” e “maravilhosa” do segundo maior evento do Planeta. Se os crescimentos observados em outros mercados se verificaram, pode-se esperar, assim que anunciou a Embratur, passar dos 10 milhões de visitantes antes do fim da década. Os números da Copa mostraram também que os países vizinhos, não somente Argentina mas também Chile, Colômbia, Peru e México, que representaram mas de 50% dos clientes “Copa”, ainda tem um potencial excepcional, especialmente se a oferta de produtos se diversificar melhor tanto no segmento de luxo que nos segmentos populares.

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O bom desempenho do turismo receptivo, e os 500 milhões de novas receitas internacionais  anunciadas, não se encontraram infelizmente no turismo emissivo. O fortíssimo impacto da Copa sobre as viagens dos brasileiros não foi com certeza bastante antecipada. Nem no turismo doméstico que só ficou estável, as viagens de torcedores e os preços tardiamente reajustados afugentando os turistas tradicionais, com queda de 20 à 40% das vendas das operadoras. Nem no turismo internacional no qual as altas de preços das passagens, a prioridade dada pelas companhias aéreas a visitantes estrangeiros, a vontade de viver a Copa com amigos e familiares, levaram a uma queda de mais de 10%  das viagens. téléchargementEssa decepção, prolongada nos meses de julho e agosto, se deve também a retração da economia brasileira e as incertezas eleitorais. Mas ficou claro que produtos e promoções diferenciadas deverão ser imaginadas para que os próximos grandes eventos sejam no futuro um sucesso para todos os atores do turismo no Brasil, pela satisfação de todos os viajantes, brasileiros ou estrangeiros, turistas ou torcedores.

Jean-Philippe Pérol

Columbia, tierra querida!

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Não é por acaso que a Atout France decidiu esse ano fazer o seu seminário Américas em Bogotá. Nos últimos anos, o crescimento econômico constante e a notável melhoria da segurança publica levaram a um forte aumento do mercado turístico colombiano, tanto exportativo (passou de 1,5 a 3,2 milhões de saídas de 2005 a 2013) que receptivo (media de + 10,4% por ano desde 2005). Com esses resultados e perspectivas, a Colômbia entrou no pódio das potencias turísticas da América Latina.

Para todos os profissionais, a Colômbia chamou também muita a atenção por ser um novo ‘case’ de marketing turístico com duas campanhas promocionais elogiadas por todos os marketeiros.1181_colombia_wanting_saty_plan A primeira foi lançanda em 2009. Para enfrentar o desafio da péssima imagem do pais, ‘O perigo é você querer ficar’ conseguiu o sonho de qualquer publicitário:  encarrar um ponto fraco, quase arrasador, e transformar-lo numa mensagem forte e positiva. A campanha convenceu, e os viajantes confirmaram que a Colômbia podia entrar nos roteiros mais cautelosos e mais exigentes.

Com o sucesso, precisava então não somente convencer mas também seduzir novas clientelas, de mais poder aquisitivo. Foi assim que surgiu esse ano a segunda campanha. O ‘Realismo Mágico’, emprestado do Garcia Marquez, foi mais uma grande cartada do turismo colombiano. Calorosos, positivos, diferenciados, e muito colombianos, os anúncios convinçam da capacidade da Colômbia de entregar a seus visitantes os sonhos que foram prometidos.

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Mesmo para um simples seminário de quatro dias, Bogotá convenceu com três pontos fortes: qualidade do atendimento, animação e riqueza cultural. Tantos nos hotéis (do aconchegante e atencioso Sofitel até a pequena pousada Masaya), nos restaurantes (adorei a Cevicheria), nas ruas da Candelaria ou nos shoppings, o colombiano trata o turista com simpatia, querendo sempre ajudar ou dialogar. PENTAX ImageIsso vale mais ainda quando cair na salsa ou na rumba, seja numa ‘Chiva rumbera’ ou na animadíssima casa ‘Andrès carne de rés’. Mas a magia de Bogotá vem mais ainda do seu patrimônio, sejo as maravilhas da época pré-colombiana do Museu do Ouro (e a imperdível balsa do Eldorado), a Arte Sagrada da época colonial (e as 1600 esmeraldas da Lechuga) ou a imponente Praça Bolívar.??????????????????????????????? O dinamismo cultural colombiana impressiona porque não se limita as glorias do passado. Continua hoje com uma força e uma atualidade surpreendente, na musica, na literatura ou na pintura, sendo o melhor exemplo o Museu Botero, antigo mosteiro onde são expostas mais de cento e vinte quadros do mestre.20131214_121817_Carrera 13

Convencidos pelo pais, voltam também convencidos pelo mercado. Não tem duvidas que o fluxo de viajantes vai continuar crescendo, com oportunidades para os grandes atores on-line ou as operadoras. E se hoje a França recebem somente 65.000 colombianos, o dinamismo da Colômbia nos da a certeza de dobrar esses números antes do final da década. Com um pouco do talento dos nossos colegas da Pro-export, conseguiremos com a condição que os profissionais franceses  investem conosco nesse novo emergente, acreditando na realidade magica dos fluxos turísticos entre os dois países.

Jean-Philippe Pérol

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