A Air France voltando a ligar as Amazônias brasileira e francesa

Depois de 37 anos, Belém voltando nas rotas da Air France

Reforçando a sua malha regional no Caribe, a Air France vai reabrir a partir de 5 de maio de 2023 um voo direto entre Belém e Caiena (Guiana Francesa), atualmente abandonado pela Azul. O voo será semanal, operado com um Airbus A320 equipado com Wi-Fi. Ele seguirá sem precisar de conexão  para Fort-de-France (Martinica), e depois para Pointe-à-Pitre (Guadalupe), reconectando diretamente o Caribe francês com o Brasil.  Os horários foram também escolhidos para oferecer aos viajantes da região norte mais uma possibilidade de viajar para França, com uma conexão para Paris-Orly.

Air France voltando para a Amazônia

Muito sazonal, devido ao fraco intercâmbio econômico e turístico, essa rota sempre foi difícil e, em trinta anos, oito companhias se sucederam entre os aeroportos de Val-de-Cans (Belem)  e de Felix Eboué (Caiena). Os mais velhos se lembram da Cruzeiro do Sul, da TABA, da VARIG, da Penta, da TAF, da Suriname Airways e da Air Caraïbes, além, claro, da própria Air France que já explorou esse voo de 1984 a 1986. E para quem viveu a febre de desenvolvimento da Amazônia nos anos 1970, essa volta da Air France não pode deixar de relembrar a emocionante abertura do voo Manaus Caiena Paris, um inesquecível pouso de um B747 o dia 31 de março  de1977 (era programado para ser dia 1 de abril, mas as autoridades aeronáuticas da época pediram adiantar de um dia para coincidir com o aniversário dos eventos de 1964).

A ponte unindo as duas margens do Rio Oiapoque

Se a história mostra que a ligação aérea entre as duas margens do Oiapoque foi sempre muito aleatória, existem pelo menos três razões de pensar que a Air France pode agora sem bem sucedida: a primeira é que a nova conjuntura política facilitou a volta do Brasil nas agendas dos principais líderes políticos, e as grandes mídias francesas, europeias e norte americanas estão apoiando novas iniciativas de intercâmbio. Essa tendencia se traduz também a níveis regionais, com os países das Guianas e do Caribe muito interessados em multiplicar as relações culturais e econômicas. Do lado francês, a Martinica, a Guadalupe e a própria Guiana já mostraram ser surpreendentes mercados emissores para o Brasil, além de parceiros interessados pela cooperação regional.

O voo deve relançar a cooperação inter-regional, Guiana no Amapá, ou Martinica no Pará

Mas as maiores perspectivas são mesmo amazônicas. A Guiana francesa é também a Amazônia francesa, cobrindo menos de 2% da imensa bacia do Rio Mar, 30 vezes menos que o lado brasileiro, mas o suficiente para ser parte do pequeno e exclusivo grupo de 9 países que devem definir o futuro dessa região tão cobiçada pelas outras grandes potências. Concentrando as atenções pelo impacto do seu necessário desenvolvimento sobre o aquecimento global, a Amazônia vai, sem dúvida, ver nos próximos anos uma aceleração dos investimentos internacionais, dos intercâmbios culturais e das chegadas de turistas. Para Air France, umas oportunidades  para continuar a acompanhar e até a escrever paginas da História desta fascinante Amazônia onde a França tem sua mais extensa fronteira internacional.

 

Jean-Philippe Pérol

 

Horarios dos voos da Air france:

AF603:  saída de Belém nos sábados as 09:35, chegando em  Caiena aa 11:10

AF602: saída de Caiena nas sexta-feiras as 15:40, chegando em Belém as 17:15

A polémica isenção de vistos é mesmo o x do problema?

Na guerra dos vistos, ninguém deve sair ganhando

Já discutida quando concedida unilateralmente pelo governo Bolsonaro, a isenção de visto a turistas dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e do Japão abriu uma nova polémica agora que o governo Lula anunciou sua revocação a partir de 1º de outubro. Segundo o Itamaraty, a intenção era de ampliar a medida na base da reciprocidade, mas devido a recusa das autoridades americanas, canadenses, japonesas e australianas de oferecer o mesmo benefício a cidadãos brasileiros, o Brasil não teve outra escolha que de voltar a exigir o visto.

A ambição de 12 milhões de entradas não sobreviveu a crise

Além desse principio diplomático de respeito e igualdade, o governo levantou um outro ponto, a dificuldade de mostrar que a medida tinha trazida um qualquer aumento de turistas oriundo desses países. Em março 2019, quando foi anunciada, o então ministro do turismo projetava um aumento de 35% das entradas de turistas em 2020, e a intenção era de chegar a 12 milhões de turistas por ano em 2022. Com a chegada da pandemia, a queda de 88% em dois anos das chegadas internacionais, e mesmo com os 3,65 milhões da boa surpresa de 2022,  foi impossível de verificar se as ambições do ministro eram realistas.

Na hora de apoiar a retomada, a medida chocou as entidades do trade

Tomada num momento onde o turismo começa a sair de uma crise que abalou, e as vezes matou, muitas empresas do setor, a decisão do Itamaraty, está revoltando todos os profissionais, juntando todas as lideranças de classe, transportadores, hoteleiros,  organizadores de eventos, comerciantes, o lazer e o corporativo, o setor privado e muitos órgãos públicos – inclusive a própria Embratur, num tentativa de reverter essa medida, e de retomar  os objetivos de crescimento do turismo receptivo brasileiro que tanto sofreu nos últimos dois anos.

Respeito mútuo e reciprocidade foram os pontos levantados pelo Itamaraty

Se o argumento da reciprocidade é politico, o turismo deve também analizar as observações feitas pelo governo sobre o impacto dos vistos sobre as entradas provenientes de quatro países que representam um pouco menos de 10% dos estrangeiros visitando o Brasil. E deve ajudar a définir se os vistos são realmente hoje o primeiro obstáculo ao desenvolvimento do turismo internacional no Brasil.
Sobre o impacto dos vistos, a pandemia impediu um comparativo. As experiencias anteriores  mostraram que o impacto existe, mas que ele não chega a atingir os valores ufanistas anunciadas quando foram cancelados as exigências em 2019. Para países distantes, foram observadas quedas de 3 à 5 % para França nos anos 90. Quedas muito maiores – como acontece agora entre o Brasil e os Estados Unidos- são muito mais decorrentes das dificuldades ou dos prazos de obtenção do que do proprio visto. Assim um visto eletrônico ou um visto obtido na chegada seriam talvez ideias a trabalhar para respeitar tanto as exigências de reciprocidade da politica que as reivindicações de liberdade dos turistas.

A Embratur tem um momento muito favorável pela frente

Os esforços para conseguir cancelar ou pelo menos aliviar a exigência de reciprocidade devem porém não esconder que os grandes obstáculos ao crescimento do turismo internacional no Brasil não são os vistos exigidos, ou não, dos japoneses, dos canadenses, dos australianos e dos estados-unidenses. A segurança, a qualificação da mao de obra e o respeito pelo meio ambiente são, com certeza, fatores muito mais imprescindíveis para quais devem ser mantida a mobilização da classe. Aproveitando o momento de melhoria da imagem internacional do Brasil, é também importante de apoiar os esforços da Embratur para voltar a comunicar sobre uma realidade do turismo nacional ainda muito pouco e as vezes muito mal conhecida nos grandes mercados emissores.
Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Em Djanet, a Argelia quer mostrar que o Saara tambem é cultura

O deserto do Tassili, paisagem de espiritualidade

O deserto, e mais ainda o Saara, é certamente uma das paisagens que mais fascina os viajantes. Conhecido desde a antiguidade pelos romanos, percorrido durante toda a Idade Média pelos exploradores e os missionários árabes e parcialmente integrado ao Reinado Marroquino em 1591, foi somente a partir do final do século XVIII que ele interessou os aventureiros e os científicos europeus. Saindo da Gâmbia, o escocês Mungo Park chegou em 197 até o Rio Niger, mas não conseguiu continuar. Foi o francês René Caillé, vindo da velha colônia de Saint Louis do Senegal, que entrou na cidade mítica e proibida de Tombuctu, para seguir atravessando o Saara até a costa marroquina.

Perto de Marrakech, a mais famosa placa de transito do Saara

René Caillé ficou decepcionado com a sua viagem: não tinha em Tombuctu os telhados de ouro e as ruas de paralelepípedos de pedras preciosas descritos nas legendas, mas a fama de cidade se espalhou pela Europa e o mito perdurou. Hoje o turismo no Sahara tem dois principais pontos de entrada: no Marrocos e na Tunísia. Perto de Marrakech, a cidade de Zagora se orgulha de dar aos turistas um primeiro cheiro de deserto, e quem visitou a famosa oasis se lembra de ter sonhado frente a famosa placa de trânsito: Tombuctu, 52 dias de camelo. No Sul da Tunisia, Tozeur reivindica também a condição de portão de entrada do deserto, um título sem dúvidas justificado pela beleza das suas paisagens, a sua cultura tamazigh, a imensidão salgada do lago Chott el Jerid e a imponência do seu palmeiral.

A reabertura dos voos deve beneficiar turistas e moradores

Dona da maior parte do Saara, abrigando alguns dos mais famosos pontos de interesse da região – de Ghardaia à Tamanrasset ou à Djanet-, a Argélia quer agora aproveitar do crescimento da procura dos viajantes para os grandes desertos. Deu um passo importante no mês retrasado não somente abrindo um voo direto de Paris para Djanet, mas ainda liberando os turistas deste voo da exigência do visto prévio se tiver serviços reservados com agências locais. Ainda longe de competir com seus vizinhos da África do Norte, ainda sem muitas opções de turismo balneário no seus 1200 km de litoral, o ministério argelino quer aproveitar o potencial e da notoriedade do seu imenso deserto.

As pinturas rupestres são uma grande atracão do Tassilí

A nova estratégia da Argélia é de fazer de Djanet, e do Parque Nacional Cultural do Tassili um dos motores da retomada turística do pais. O parque, além da beleza das suas paisagens de pedras e de areias coloridas, das suas oasis de intensa vegetação e da sua rica fauna,  é um verdadeiro museu a céu aberto, com milhares de pinturas e gravuras rupestres. Essas pinturas dão testemunho de 10.000 anos atrás, quando a região ainda tinha uma rica vegetação e os povos caçadores aproveitavam girafas, elefantes, antílopes, leões, búfalos e cavalos  antes das mudanças climáticas que transformaram o Saara no atual deserto.

O chá no deserto é sempre uma grande experiência

Os viajantes são também fascinados pela peculiar cultura dos moradores que pertencem a grande etnia  Tuareg. Na contrapé do islã rigorista, os homens tem a cara coberta com o “cheche”, um turbante de 8 metros de comprimento e as mulheres não têm véus, e andam de roupas coloridas. Falando a sua própria língua, da família do tamazigh, com uma escritura geométrica original ( o Tifinagh), eles guardam fortes tradições culturais nos vários países onde são espalhados. Os visitantes se encantam pela convivialidade do seu culinário, a emoção da sua cerimônia do chá, a força do seu artesanato, ou a surpreendente alegria das suas danças. Na nova corrida ao turismo de deserto onde muitos destinos estão agora competindo – do Marrocos a Arabia Saudita, da Tunisia ao Omã e aos Emirados-, a Argélia pode também chegar a uma posição de destaque.

Jean-Philippe Pérol

Os inseparáveis camelos vêm até cumprimentar os convidados

 

Em Veneza, um novo conceito da hospedagem de luxo

Veneza, lógica escolha do Grupo Evok para sua abertura internacional

Para os três co-fundadores do grupo hoteleiro francês Evok Collection, Pierre Bastid, Romain Yzerman e Emmanuel Sauvage, era lógico que Veneza, cidade de história e de emoções, sonho de viajantes de todas as nacionalidades e todos os perfis, devia ser a primeira abertura internacional. Com a compra de um palácio veneziano localizado a 400 metros da Praça São Marco, nasceu assim  em dezembro de 2017 um projeto ambicioso, abrir – com a marca Nolinski – uma nova referência em hotelaria de luxo na Sereníssima. As obras de renovação respeitaram o estilo do prédio que já misturava o Liberty, o Art Nouveau e partes mais modernas (mas também tombadas).

No Nolinski Venezia, o charme discreto do luxo sóbrio e descontraido (@Evok Collection)

O Nolinski Venezia é, pela classificação italiana, um 5 estrelas de luxo, mas segue o DNA da Evok Collection, inspirando novas tendências de vida, oferecendo discrição e bem estar no coração de bairros animados, criando novos códigos para hotelaria de alto padrão. Nolinski brinca com os materiais e as harmonias, peças de arte integram decorações clássicas, uma inspiração marina combina com a arquitetura do palácio. O trabalho de artesãos locais pode ser visto através de savoir-faire típicos de Veneza como o  marmorino, mas foram também introduzido elementos contemporâneos combinando com o clássico design italiano.  

Emmanuel Sauvage, co-fundador e Dietor Geral da Evok Collection (@Cedric Crouillat/Evok Collection)

Para Emmanuel Sauvage, é importante entender os clientes dos hoteis de luxo estão mudando, cada vez mais numerosos mas também mais jovens e mais diversificados, com estilos diferentes. Para ele, “o tradicional palace já pertence ao passado,  a Evok represente o futuro com um luxo mais sóbrio, mais sereno, criador de experiências memoráveis, oferecendo mais sonhos de vida”. Esse conceito tem em comum com os grandes hotéis tradicionais de oferecer um serviço muito personalizado, mas essa promessa deve também se livrar dos constrangimentos do passado, com uma visão modernizada, mais intimista, mais discreta e mais descontraída.

Nas pequenas praças de Veneza, o prazer de escapar ao overturismo

Para os quase 30 milhões de turistas que visitam Veneza anualmente, a Praça São Marco, a Basílica ou Palácio Ducal são experiências imprescindíveis,  mas uma nova clientela quer viver Veneza de outra forma.  Além de um hotel diferente, a Evok quer oferecer a Veneza dos venezianos. A cidade está fazendo um trabalho impressionante para mudar sua imagem, controlar o overturismo, desenvolver um turismo responsável, mais qualitativo, e com mais benefícios para os moradores.  O Nolinski Venezia quer ser o portão de entrada desse dinamismo, do seu arte contemporâneo, das suas exposições, dos seus eventos culturais, das suas lojas de luxo.
Le Nolinski Venezia entend s'adresser aussi à une clientèle plus jeune et plus décontractée (@Nolinski Venezia)

O Nolinski Venezia quer atrair uns viajantes mais jovens e mais descontraídos (@Nolinski Venezia)

O Nolinski Venezia tem 43 quartos, sendo 8 suites juniors e 12 grandes suites, com preços a partir de 850 €. Todos os quartos têm vista para as ruas ou os tetos da Sereníssima. No sexto andar, a vista é de 360 graus, em volta da única piscina aberta num hotel veneziano. Um lugar perfeito para relaxar antes de tomar um aperitivo no bar do terceiro andar, ou de jantar no Palais Royal Restaurant dirigido pelo chef Philip Chronopoulos, atual chef do restaurante Palais Royal de Paris (2 estrelas no Michelin) e do restaurante do Nolinski Paris. A abertura oficial do hotel foi marcada para o 1 de Julho, mas a equipe já está completa para um « soft opening » no 1 de Maio.

Esse artigo foi inspirado de uma entrevista do Emmanuel Sauvage, Diretor Geral do Grupo Evok, e de Alessandro Caristo , Diretor Geral do Nolinski Venezia, pela jornalista Paula Boyer, publicado na revista profissional francesa TourMag

Para a OCDE, a retomada do turismo ainda precisa ser acompanhada

A OCDE sugere ideias para uma retomada sustentável

Na euforia da retomada e dos bons resultados de muitos setores do turismo mundial – receitas em alta, revenge travel, boom do luxo ou fortalecimento do turismo domestico-, vários dados mostram também que o fraco desempenho da economia internacional, o choque energético, a guerra na Europa, a volta da inflação e a queda do poder aquisitivo das classes medias podem resfriar o entusiasmo dos profissionais. Segundo o relatório 2022 Organização pela Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a volta dos números de turistas internacionais aos niveis de 2018/2019 não deve agora ser projetada antes de 2025, e talvez somente em 2026.

Segundo o NTTO, os fluxo Brasil Estados Unidos só voltarão em 2027 aos níveis de 2018

Os últimos dados da Organização Mundial do Turismo sobre 2022 mostram um volume de 900 milhões de turistas internacionais, 37% a baixo dos nivéis observados em 2019, mas com variacões regionais extremamente forte, de menos 77% na Asia a menos 17% no Oriente Medio, passando por menos 35% nas Américas e menos 21% na Europa. Assim que foi observado no Brasil – onde os fluxos para Europa já chegaram perto dos nivéis pre-pandemia enquanto o número de turistas para Estados Unidos so deverão voltar aos valores de 2018 em 2027-, o relatório lembra que a situação é assim extremamente diferenciada dependendo de cada pais e de cada mercado.

A Slovénia já se recuperou da crise

Num setor que foi extremamente fragilizado pela crise – a participação do turismo ao PIB nos paises da Organização caiu em media de 1,9%-, a OCDE destaca o sucesso de vários destinos que já superaram o ano passado os números anteriores a 2019. Os destaques são na Europa o Dinamarca, a Slovénia, a Grécia, o Luxemburgo, e a Espanha. No Portugal e na Turquia,  os resultados se aproximam dos obtidos antes da crise em numeros de entradas, mas as receitas turísticas já ultrapassaram os valores anteriores. No Oriente Medio, o Egito já recuperou os volumes anteriores e antecipa um forte crescimento das reservas para esse ano.

O Chile lançou um ambicioso programa de apoio ao setot

Para a OCDE, os sucessos de alguns paises não devem esconder que a crise do setor continua em outras regiões, especialmente na Europa Oriental, na Ásia, e que todas devem resolver problemas estruturais – alta dos precos da energia, falta de mao de obra, investimentos em normas ambientais-. Sem pessimismo -e sem ufanismo-, a retomada ainda deve ser sustentada, e varias medidas são sugeridas para as autoridades responsáveis.

  • Reforçar a colaboração entre os setores publico e privado para apoiar o crescimento construindo o futuro. Nos Estados Unidos por exemplo, a estrategia national para o turismo e as viagens  (National Travel and Tourism Strategy 2022) vai mobilizar toda a administração federal mas será executada sob o controle do Conselho da Politica do Turismo (Tourism Policy Conseil) em parceria com o setor privado.
  • Construir um setor solido e estável , mais preparado aos futuros (e inevitáveis) choques. Para reduzir as fragilidades do setor, é importante reforçar a capacidade  das administrações e das empresas de reagir muito rapidamente para poder enfrentar mudanças conjunturais ou novas crises politicas, financeiras, climáticas ou sanitárias. Foi assim lançado no Chile  um programa “PAR Chile Apoya Turismo 2022” para pequenas e medias empresas. Esse projet integra capacitações profissionais, planificação operacional, assessoria técnica, bem como financiamentos capital de giro e de novos investimentos.
  • Tomar medidas de curto e longo prazo para transformar o setor numa atividade verde. A Noruega criou um ferramenta chamado “CO2RISM” para calcular a quantidade de emissões de CO2 ligadas ao transporte dos turistas domésticos e internacionais no pais. Essa calculadora é um exemplo das medidas tomadas dentro da estratégia nacional de turismo que foi adotada pelo governo norueguês para ajudar os profissionais e os destinos a planificar e desenvolver até 2030 um turismo sustentável respeitoso do meio ambiente, da natureza e dos moradores.

Nova Iorque e Singapura agora destinos mais caros do mundo

Líder durante muitos anos, Singapura agora empata na liderança

Nos fatores que impactam a escolha dos destinos de viagens, os preços comparativos são cada vez mais decisivos e as fortes evoluções da era post pandemia poderiam anunciar novas tendências. De acordo com o Índice mundial do custo de vida , publicado pela Unidade de Inteligência da revista inglesa The Economist (EIU), a inflação mundial foi de 9% en 2022. A guerra na Ucrânia, as sanções ocidentais contre a Rússia, o disparo do petróleo e das commodities, bem como a subido dos juros e as variações de câmbio levaram a uma crise mundial. O relatório do EIU destaca assim que os aumentos de preços nas 172 cidades onde foram feitos os levantamentos foram os mais altos registrados nos últimos 20 anos, mexendo na tradicional e esperada lista dos destinos mais caros do mundo.

Nova Iorque seria agora a cidade mais cara do mundo

A maior novidade desse ranking vem de Nova Iorque. Mesmo se sempre apareceu no topo da lista – era em sexto lugar no ano passado-, a Big Apple chega pela primeira vês em primeiro lugar, empatando com Singapura. Puxadas pela valorização do dólar americano frente as principais divisas internacionais, outras cidades estado-unidenses aparecem também nas dez primeiras da lista: Los Angeles no quarto lugar e São Francisco no oitavo. No geral, as 22 cidades dos Estados Unidos onde a pesquisa foi feita esse ano tiveram fortes aumentos de custos e subiram no ranking, especialmente Portland, Boston, Chicago e Charlotte. 

As crises politicas não tiraram Hong Kong dos destinos mais caros

Há muitos anos destacada nas campeãs de preços altos, a Ásia se beneficiou esse ano das evoluções cambiais. Vencedora de 2021, Tel Aviv caiu para a terceira posição, e somente Hong Kong se manteve na lista das dez cidades mais caras, enquanto Tóquio, Osaka, Pequim, Shanghai, Guangzhou e Seúl tiveram fortes quedas dos seus índices de preços que foram impactados pelas depreciações das suas moedas em relação ao dólar americano. É interessante anotar que o índice concorrente do The Economist, o ECA International, dando menos importância aos fatores cambiais e aos produtos de luxo importados, continua colocando cinco cidades da Ásia no topo da sua lista.

O Londres post Brexit ficou muito mais barato

Na Europa, pelo menos enquanto se trata de custo de vida, Londres parece ter beneficiado do Brexit. Saiu do topo da carestia e ficou em vigésimo sétimo lugar, longe das 4 cidades do Top 10. As duas grandes cidades da Suiça, Zurique e Genebra, são agora as mais caras da Europa, seguidas de Paris e Copenhagen. Com a guerra e uma inflação acelerada, as capitais dos países do leste, inclusivo Moscou e São Petersburgo, experimentaram aumentos significativos do custo de vida. Mas ao contrário, mesmo com um aumento medio de 22% do preço da gasolina, as quedas do Euro, da Libra e do Franco suíço fizeram muitas destinos europeus, como Estocolmo, Lyon ou Luxemburgo, cair de posição na lista

Tunisia é destaque dos destinos mais baratos

Para preparar suas viagens de 2023, o relatório do The Economist mostra algumas oportunidades. Excluindo uma dramatização da guerra,  a inflação deve diminuir para 6,5%, os preços dos combustiveis e dos produtos alimentares cair. Os bloqueios das cadeias de suprimentos ou de logistica devem ser superados, trazendo mais otimismo para os consumidores. Os viajantes deveriam também aproveitar as oportunidades,  seja nos tradicionais destinos europeus ( França, Espanha, Portugal) agora mais acessíveis, seja nos destinos mais baratos da lista oferecendo, na Tunísia, na Índia, ou na Ásia central, excepcionais custo/benefícios.

 

As 10 cidades mais caras do mundo em 2022, no ranking do The Economist

1. Nova Iorque

1. Singapura (empate)

3. Tel Aviv, Israel

4. Hong Kong

4. Los Ángeles (empate)

6. Zúrique

7. Genebra

8. São Francisco

9. París

10. Copenhagen

10. Sídnei (empate)

 

As 10 cidades mais baratas do mundo em 2022, no ranking do The Economist

161. Colombo (empate)

161.Bangalore (empate)

161. Alger  (empate)

164. Chennai

165 Ahmedabad

166. Almaty

167. Karachi

168. Tashkent

169. Tunis

170. Teheran

171. Tripoli

172. Damasco

 

A “baguette” entrando no patrimônio mundial, justo homenagem ou clichê redutor?

Macron chamou a baguette de magia e perfeição do quotidiano

Na cidade de Rabat (Marrocos), na sua primeira reunião presencial depois de dois anos de pandemia, o Comitê da UNESCO colocou a icônica “baguette” parisiense na lista do patrimônio culturel imaterial da humanidade.  A decisão homenageou um “savoir faire” dos padeiros franceses, destacando todas as fases da fabricação, desde os quatro ingredientes (farinha, água, sal e levedura), até a fermentação, o preparo e o cozimento varias vezes ao dia em pequenos fornos.  Uma receita de extrema simplicidade com a qual cada artesão padeiro consegue chegar a um produto único, fruto da sua técnica, dos produtos selecionados, bem como da temperatura e da humidade do seu local de trabalho.

A baguette modificou até as prateleiras das padarias 

A UNESCO lembrou o impacto da baguette na vida social. Seis bilhões são fabricadas e compradas cada ano, cem por cada Francês, com práticas de consumo diferentes dos outros pães.  A baguette tem que ser produzida e comprada cada dia, e mesmo duas vezes por dia, para guardar seu frescor. Sendo fina e comprida (uma media de 65 cm de comprimento para um diâmetro de 6 à 7 cm), ela é fácil de transportar (sendo a mão, num saquinho ou numa folha de papel), e tem variedades suficientes para cada parisiense escolher a sua: clássica, tradição, moulée, viennoise, bem passada … Algumas padarias aceitam de vender meia baguette, outras produzem a sua irmã menor (a “ficelle”) ou seu irmão maior (o “batard”).

A padaria do austríaco Zang, um dos possíveis pais da baguette

Na sua decisão, os sábios do Comitê não oficializaram nenhum das lendas urbanas sobre a origem da baguette: pão de forma oval já produzido em Paris no inicio do século XVII, evolução do “Pain Egalité” votado pelos revolucionários de 1793, criação dos padeiros de Napoleão para ser mais fácil a transportar pelos soldados que a tradicional “miche” redonda e mais pesada, lançamento inspirado do austríaco August Zang na abertura da sua padaria parisiense em 1839, ou pedido dos construtores do metrô de Paris que queria um pão que pudesse ser compartilhado sem precisar da faca também usada pelos operários para brigas mortais.

Uma da três padarias de Auzances, vilarejo da família do autor

Qual que seja a sua origem, a baguette virou um ícone de Paris a partir dos anos 20, quando os turistas internacionais – especialmente os ingleses e os estado-unidenses – se apaixonaram por esse pão sofisticado, tão diferente da “miche” pesada e grosseira que se comia no campo.  Foram eles que fizeram da baguette um símbolo da França eterna tão forte (mas tão saudosista) que Edith Piaf, a boina, o camembert e o salsichão. Se a delegação francesa no Marrocos festejou a decisão da UNESCO, os criticas em gastronomia foram mais cautelosos. Muitos acharam que a distinção deveria ter sido mais específica, somente a baguette tradição (com a levedura tradicional), com uma escolha de ingredientes mais rigorosamente codificada, merecendo ser destacada.

Os 76 pães da famosa carta de Poilane

Outros especialistas levantaram que muitos outros pães eram mais significativos da excelência das padarias francesas, tanto pelas suas qualidades gustativas que pelas suas raizes nos “terroirs” de muitas regiões onde 76 tipos de pães contribuam a riqueza cultural local, incorporando novidades trazidas pelo bio e pela procura crescente pela qualidade. Um reconhecimento de todos teria sido importante frente as ameaças que pesam sobre o setor. Nos últimos 50 anos, 20.000 padarias fecharam na França, outras viraram simples distribuidoras de pães industrializados. Na hora do bio, da qualidade e da excelência francesa, a França deve com certeza comemorar a decisão da UNESCO, mas deve também lembrar que a baguette é o fruto de técnicas, de tradições, de ingredientes, e de criatividade da padaria francesa, junto com muitos outros pães para ser comemorados.

Jean-Philippe Pérol

 

Depois da crise, a resiliência e o novo impulso do turismo religioso

 

A Basílica de Santa Maria de Guadalupe recebe até 20 milhões de peregrinos

O turismo religioso não foi poupado pela crise. Até na Terra Santa: enquanto o ministro israelense do turismo esperava superar em 2020 o recorde de 4,6 milhões de turistas do ano anterior, pela primeira vez em 1600 anos,  nenhum peregrino foi rezar em Jerusalém. Os outros grandes destinos de peregrinação, Guadalupe no México, Lourdes na França, Fátima no Portugal ou Santiago na Espanha perderam a quase totalidade dos seus 3, 4, 6 ou 10 milhões de visitantes. A Inglaterra, que tinha preparado uma série de grandes eventos para comemorar os 850 anos da morte de Thomas Becket, o arcebispo assassinado em Canterbury, teve que cancelar toda a programação.

Os caminhos de Santiago, antiga caminhada agora nas novas tendências

Mas o mais antigo turismo do mundo aproveitou também a crise para mostrar a sua resiliência, e uma pesquisa feita durante a pandemia junto aos peregrinos dos Caminhos de Santiago de Compostela mostrou que as dificuldades e as restrições podiam não somente não desanimar alguns viajantes, mas ainda podiam trazer novos motivos para iniciar uma caminhada. Além da espiritualidade e da descoberta de um patrimônio cultural, as peregrinações atraíam agora também pela conexão com a natureza, o respeito ao meio ambiente, a autenticidade dos encontros, o bem estar emocional, e o poder transformador do espaço pessoal criado na lentidão da caminhada. 

No Reek de Croagh Patrick, a maior peregrinação da Irlanda

Os santuários também souberam encontrar soluções criativas para responder as perturbações geradas pela pandemia. Na Irlanda, a tradicional peregrinação do último domingo de Julho, o Reek de Croagh Patrick, foi agora estendida ao mês inteiro, limitando assim as aglomerações e os riscos sanitários. Em Santiago de Compostela, foi concedido um privilegio papal para esticar o Xacobeo (O Ano Santo, assim chamado quando o 25 de Julho, dia da abertura, cai um domingo), dando assim aos peregrinos mais tempo para gozar do privilegio de entrar na magnífica Catedral através da Porta Santa antes que ela esteja murada para os próximos onze anos.

A fé e a espiritualidade das procissões noturnas de Lourdes

O turismo religioso entrou também com força na era digital, criando eventos virtuais nas principais plataforma de mídias sociais. Nossa Senhora de Lourdes lançou Lourdes United, a sua primeira peregrinação digital. Enquanto o santuário só tinha até então uma página en francês na Facebook, abriu mais quatro em inglês, espanhol, italiano e português. De seis milhões de peregrinos físicos até 2018, conseguiu pular a 80 milhões de e-peregrinos durante a espetacular  peregrinação virtual do dia 16 de Julho de  2020.

Em Orcival (Auvergne), um exemplo de peregrinação de proximidade

Muitos santuários aproveitaram para lançar novas ideias, e relançar um turismo religioso combinado com as novas exigências dos viajantes, como procura por natureza, bem estar e espiritualidade. Três tendências se destacaram:

  • as micro-peregrinações: longos itinerários tradicionais oferecem alternativas mais acessíveis. Em vez de 40 quilômetros, a Cwmhir Heritage Trust Abbaye do Pais de Gales abriu um caminho novo de somente a metade da distância. E para seu milenário, a Catedral cathédrale Saint–Edmundsbury anunciou vários itinerários de um até 30 quilômetros como opção aos 120 quilômetros da marcha anglicana inaugurada em 1539.
  • as peregrinações locais são estimuladas pelo avanço do turismo de proximidade. Nos Estados Unidos, várias revistas católicas deram um novo impulso às visitas do patrimônio religioso norte americano. Na Austrália, o magazine  The Catholic Weekly promoveu uma seleção de sete peregrinações regionais.
  • a personalização dos itinerários chegou ao turismo religioso. O site do  British Pilgrimage Trust oferece um guia para ajudar a desenhar uma peregrinação pessoal, dando também ao viajante a opção de escolher o seu meio de transporte: a pé, de carro, de bicicleta ou a cavalo.

Este artigo foi adaptado de dois artigos originais de Siham Jamaa na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat  

Na Suiça Romanda, os hotéis urbanos imaginando o seu futuro

Os hotéis dos centros urbanos estão preocupados com o retorno improvável dos viajantes de negócios aos níveis pre-pandemia. Como compensar essa queda, procurar novos clientes, redefinir os serviços e os espaços, se reposicionar na vizinhança? Para tentar responder a essas perguntas, a Associação dos hoteleiros da Suiça Romanda e dois institutos de formação da região realizaram uma importante pesquisa que mobilizou grupos de hoteleiros, de especialistas do turismo e de técnicos. Todos concordaram no fato que o hotel deve voltar a ser um lugar de vida multifuncional, e estabeleceram uma lista de propostas que foram testadas e depois organizadas em torno de quatro temáticas principais.

Ecole Hôtelière de Lausanne (EHL) revela as principais tendências de viagens atuais

A prestigiosa Escola Hoteleira de Lausanne foi um dos parceiros da pesquisa

A primeira idéia é que os hotéis devem ser mais abertos para as comunidades, os moradores e os outros turistas. Eles devem favorecer e até incentivar os encontros, os intercâmbios e a convivialidade entre os hospedes, os visitantes e as populações. Os hotéis podem oferecer a produtores e atrações locais de apresentar ou até vender os seus produtos dentro dos seus espaços. Os restaurantes podem aproveitar a disponibilidade da baixa estação para organizar cursos de cozinha regional. A diversificação das atividades vai gerar novas fontes de renda tanto para os estabelecimentos que para os locais,  reforçando a visibilidade e a integração.

Os hotéis urbanos da Suiça querem seduzir os millennials

Os hotéis urbanos do futuro devem ter espaços interiores mais flexíveis para responder as novas exigências e atrair uma clientela mais diversificada, incluindo os millennials. Além dos quartos para os hóspedes, deverão ser oferecidos a clientes externos opções de alugueis de  salas de bem estar, de lojas, ou de salas de reuniões. O novo modelo econômico integrará ofertas para estudantes, funcionários temporários ou pessoas com estadas longas ( vários meses, até um ano ou mais ). Esses segmentos vão necessitar de tarifas especiais ou de quartos personalizados, mas também de serviços diferenciados – maquina de lavar, cozinha, correios …

WOJO, espaço de co-working colaborando com Accor

Para esses novos clientes, os hotéis poderão integrar espaços de trabalho, configurações de teletrabalho e mesmo de co-working. As salas deverão responder as exigências desses consumidores (sejam eles hospedes ou moradores), com os equipamentos requeridos mas também com ambientes favorecendo o contato, as interações entre colegas e os intercâmbios com os funcionários. Os serviços oferecidos deverão incluir refeições, atividades e parcerias com empresas locais, fazendo dos hotéis não somente os locais de estadias para os viajantes mas verdadeiros destinos,  centros de networking entre moradores e visitantes.

Os millennials pedem um novo relacionamento com o mundo do trabalho

Hoteleiros, especialistas e técnicos concordam sobre a importância da personalização e da diversificação das ofertas de cada estabelecimento para poder atrair esses novos clientes, especialmente aqueles que estão procurando estadias longas. Essa virada necessitará umas respostas a muitos desafios, o maior sendo a dificuldade de encontrar os colaboradores capacitados para enfrentar as mudanças. Para isso as empresas deverão mudar seus esquemas de trabalho e se adaptar as exigências de novas gerações de funcionários que dão prioridade a sua qualidade de vida. Os hoteleiros que poderão se adaptar a essas novas expectativas dos viajantes, dos moradores e dos colaboradores serão os pioneiros do turismo urbano do futuro.

Este artigo foi adaptado de um artigo original de Elisabeth Sirois na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat  

Encontros de tele-colegas ou bleisure tele-trabalhado, os novos tipos de viagens corporativas

A pandemia acelerou a evolução das viagens de negócios

Depois de dois anos quase paradas, as viagens corporativas estão agora crescendo num cenário completamente transformado, com ritmos diferentes por atividades e por setor, algumas já atingindo o nível de 2019, outras ainda esperando a retomada Segundo as mais recentes estatísticas da Global Business Travel Association (GBTA), estas despesas internacionais vão atingir em 2022  65 % dos US$ 1,4 bilhões que foram gastos em 2019, com um crescimento de 34 % em relação a 2021. Mas os profissionais do turismo devem agora esperar até 2026 para superar definitivamente a crise aberta pela pandemia. 

A preocupação com a pegada carbono freia as decisões de viagens

Vários fatores estão pesando sobre a retomada: as tensões geopolíticas, os preços da energia, a alta da inflação, as perturbações de logística internacional e a falta geral de mão de obra. As empresas estão também preocupadas com a recuperação dos seus lucros, a redução das suas emissões de carbone, e querem aproveitar ao máximo as novos ferramentas de comunicação  para facilitar as reuniões virtuais. No proprio setor do turismo, os hotéis, os restaurantes e as agências de viagem estão vendo um forte crescimento dos pedidos, mas em muitos lugares (especialmente na Europa) enfrentam dificuldades para responder por falta de pessoal ou falha dos fornecedores.

Os novos encontros profissionais exigem criatividade

Os novos comportamentos dos viajantes exigem também novas respostas dos profissionais. Os cancelamentos de última hora atingem agora até 20% dos participantes e as condições devem ser revistas. A procura de eventos de medio e pequeno porte cresceu muito mais que a media, necessitando reconfigurações dos espaços. As empresas pedem muito mais criatividade nas programações que devem mostrar um valor agregado mais forte para as empresas e mais atraente para os participantes. E no mesmo tempo as reservas têm uma tendência a ser cada vês mais de última hora, exigindo muita reatividade.

Os tipos de encontros estão mudando. Para um funcionário em teletrabalho, ir para o escritório seria uma viagem corporativa? Se reunir com seus tele-colegas seria um evento profissional? De certa forma, sim. Devendo se adaptar as novas relações no trabalho, as empresas organizam seminários, reuniões e atividades para compensar o distanciamento das equipes virtuais. Em tempo de mão de obra escassa, essas reuniões devem não somente informar, aproximar e incentivar os colaboradores, mas também ser agradáveis e até divertidas. Os destinos já estão integrando essas novas dimensões e o seríssimo turismo da Suiça lançou uma campanha dizendo que “Precisamos de viagens corporativas com cara de ferias”.

O teletrabalho está abrindo mais oportunidades de viagens corporativas

Uma outra tendência observada nas viagens corporativas é o crescimento do bleisure. Antes mesmo da pandemia, a prorrogação de uma viagem profissional por motivos pessoais era cada vez mais popular, especialmente junto aos milênios. Segundo uma pesquisa da  Future Market Insights report, o bleisure representa hoje de 30à 35% das viagens mundiais, mas o teletrabalho está abrindo muitas novas opções. O colaborador poderá prorrogar suas ferias com um bleisure tele-trabalhado, um conceito atrativo na hora de achar novas ideias para melhorar as condições de trabalho, e incentivar o pessoal num momento de muitas turbulências necessitando criatividade, audácia e flexibilidade.

Este artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Amélie Racine na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat  

 

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