Do Atacama até Al Ula, a nova onda do eterno fascínio pelo deserto

O Vale da Morte no Nevada inspirou muitos filmes de Hollywood

Com o medo do overturismo e o desejo crescente de exclusividade, cresce a vontade de descobrir novos destinos, longe dos lugares tradicionais dos Estados Unidos, do Portugal, da Itália ou da França, onde tantos viajantes gostam de  ser vistos. A post pandemia tem novas regras do jogo, o medo das multidões  afugenta os turistas, procura-se pureza e autenticidade, cresce a exigência de viagens transformadores, e a Instagram permite de intercambiar com o mundo nos lugares mais isolados. A natureza preservada é uma das grandes temáticas que completa este novo quadro, seja nos safaris africanos, nas montanhas do sub-continente indiano, nas geleiras dos dois polos, nas florestas e nos rios da Amazônia, e, mais ainda, nos desertos dos cinco continentes.

Os barrancos do Wadi Rum no filme Lawrence da Arabia

O deserto têm um apelo especial que sempre fascinou os viajantes e antes deles os profetas e os exploradores. Foi no seu silencio e na sua imensidões que nasceram ou cresceram as religiões monoteístas, e que Abraão, Moises, Joao Batista, Jesus Cristo e Maomé acharam suas inspirações. Frente a sua beleza depurada e atemporal, esta dimensão spiritual ou até mística continua sendo uma das razões do seu atrativo. O cinema contribui a combinar deserto com sonho e aventura, de Lawrence da Arábia até Mad Max ou de Sergio Leone até Indiana Jones, cada um ajudando a promover a notoriedade de destinos nos cinco continentes, o Sahara, o Nefud, o Wadi Rum, a Norob National Park, o deserto de Tabernas ou o Vale da Morte.

O Rallye Aicha des Gazelles tenta combinar esporte, ecologia, feminismo e luxo

Os desertos estão se destacando como novos destinos turísticos, juntando aventura, cultura, luxo e sobriedade, apostando na beleza e na sustentabilidade. Mesmo se são por natureza imunes aos estragos do overturismo, a fragilidade dos seus ecosistemas deve porem levar a muita cautela. Os excessos passados do Paris Dakar ou os exageros do Burning Man Festival tiveram que se adaptar as novas exigências dos moradores e dos viajantes, e o Rallye Aicha des Gazelles do Marrocos foi a primeira corrida do gênero a obter o Iso 14001 da sustentabilidade. As preocupações sobre o uso dos Quads e dos Quatro rodas levaram as operadoras locais a restringir, regular ou pelo menos compensar os seus impactos sobre o meio ambiente.

Em Djanet, pedras esculpidas pelo vento chamam as oferendas do viajante

O sucesso dos desertos chegou também porque as ofertas das operadoras estão cada vez mais diversificadas. Aos tradicionais cartões postais – já muito conhecidos pelos turistas- de Zagora no Marrocos, de Ghardaia ou Djanet na Algeria, de Tozeur na Tunisia, do Atacama no Chile ou de Petra na Jordania, elas acrescentaram lugares mais exclusivos, as Wahiba sands do Omã, a costa do Namib na Namibia, o Salar de Uyuni na Bolivia, o Lago Assal na Etiópia, o Gobi na Mongólia e as dunas de Thar na India. E a Arábia Saudita, investindo de forma espetacular nas riquezas arqueológicas e nas infraestruturas turísticas da região de Al Ula, está agora inaugurando o mais luxuoso dos destinos de desertos do mundo.

En Al Ula, o luxo, a cultura e a exclusividade do deserto

Se conseguir combinar abertura ao turismo e preservação dos seus ecosistemas naturais e humanos, os desertos (e todas as áreas de natureza preservada do Brasil e do mundo) devem continuam a crescer como destinos turísticos modelos, exclusivos pela raridade das infraestruturas, pelas dificuldades de acesso, pelos espaços de vida limitados, e pelos preços elevados que operadores e moradores devem cobrar para viabilizar essas experiências únicas e frágeis.

Jean Philippe Pérol

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Esse artigo foi inspirado de um artigo original de publicado na revista profissional Tourmag

Amsterdã seguindo sua luta contra o overturismo, a qual custo?

Amsterdã quer reduzir a 20 milhões o número de turistas

Tendo sido pioneira na luta contra o overturismo desde 2016, quando anunciou que nada mais devia ser feito para atrair visitantes, Amsterdã voltou a lembrar que a prioridade da cidade era de ser um espaço para os moradores viver e trabalhar. As decisões anteriores – regulação dos cruzeiros, restrição a compra de maconha, projetos de mudança do distrito vermelho, limitação das autorizações de abertura de novos hotéis – não impedindo a volta de turistas e os conflitos com os moradores, a prefeitura decidiu ser mais rigorosa. Foi assim definido um teto anual de 20 milhões de visitantes (abaixo das 20,665 milhões registradas em 2023, e muita abaixo das 25,2 milhões atingidos em 2019, antes da pandemia).

O abertura do Rosewood não deveria ser impactada pelas novas regras hoteleiras

Para atingir esse objetivo decidido com os proprios moradores, foram anunciadas novas medidas referente a hotelaria, e aos cruzeiros fluviais. A construção  de novos hotéis estará agora proibida, a não ser que seja em substituição ao fechamento de um hotel antigo, o numero de quartos não podendo ser aumentado. As autorizações serão submetidas a melhoria de qualidade, de modernidade e de sustentabilidade do estabelecimento, e a preferencia será dada à localizações na periferia. Para não prejudicar os projetos já adiantados – 26 estão em fase de aprovação ou de realização, incluindo um muito esperado Rosewood de 134 quartos -, eles poderão por enquanto ser finalizados.

A prefeitura vai reduzir de 50% o número de cruzeiros fluviais

Varias medidas tinham sido tomadas o ano passado para proibir o acesso dos cruzeiros marítimos ao terminal do centro da cidade. Mas frente ao sucesso dos cruzeiros fluviais, um turismo que seduz cada vez mais os consumidores e que cresceu de forma excepcional nos últimos 12 anos, passando de 1.327 barcos em 2011 para 2.125 no ano passado, mais de 540.000 cruzeiristas que obrigaram a prefeitura a tomar novas providencias. Amsterdã vai assim reduzir pela metade o número de barcos autorizados a atracar. Frente as reclamações dos profissionais do setor que denunciaram as perdas financeiras, essa redução será realizada de forma progressiva até chegar ao objetivo de 1.150 em 2028.

A vontade da prefeitura de reduzir o overturismo para melhorar a qualidade de vida dos moradores e dos proprios visitantes vai também levar a outras ações. Mudanças importantes devem ser anunciadas sobre o projeto de deslocalização do bairro da Luz Vermelha e as campanhas promocionais para afastar os turistas indesejáveis podem ser reiniciadas. Lançadas em 2023 no mercado inglês, essas campanhas não tiveram os resultados esperados. Focando jovens ingleses de 18 a 35 anos atraídos pelas bebidas, a droga e o sexo, com a clara mensagem Stay Away ,  as 3,3 milhões de leituras não tiveram o impacto esperado. A campanha deve então ser reiniciada e mesmo reforçada.

A imagem jovem e festeira de Amsterdã será atingida pela nova politica

Aparentemente popular, essa luta pioneira contre o overturismo deixa porem varias perguntas em aberto. A primeira é o seu impacto econômico. Baixar de 25 a 20 milhões de visitantes vai representar para Amsterdã um prejuízo de quase um bilhão de euros, bloquear novos hotéis e reduzir os cruzeiros vai levar a uma perda de milhares de empregos. A imagem jovem, festiva, democrática e livre desta “Veneza do Norte” sera também impactada alem dos viajantes indesejáveis focados na campanha.  A indispensável luta contre o overturismo deve ainda achar novas ideias para combinar sustentabilidade e desenvolvimento, no respeito e no acesso de todos aos grandes valores do turismo.

Jean Philippe Pérol

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Recorde de receitas turísticas preocupa a Espanha

O turismo espanhol deve ter em 2024 o melhor ano da sua história

As receitas turísticas da Espanha deveriam esse ano quebrar todos os recordes anteriores e chegar a € 202.651 bilhões, passando os 90 milhões de entradas de turistas (e chegando talvez ao primeiro lugar do turismo mundial em número de entradas contabilizadas). Com uma alta de 8,6% em relação ao ano 2023, que já tinha sido excepcional, o turismo representará 13,3% do Produto Interno Bruto do país. Anunciando a semana passada em Madri essas projeções históricas, José Luis Zoreda, vice-presidente da Exceltur (Alianza para la Excelencia Turística), associação das maiores empresas espanholas fundada em 2002 para ajudar ao desenvolvimento do setor, mostrava paradoxalmente pouca satisfação e muita preocupação.

Os novos trens da RENFE ajudaram no sucesso de 2023

Para Exceltur, esses números impressionantes são os resultados de vários fatores favoráveis. O primeiro é a situação política e a estabilidade da Espanha na hora de muitas perturbações nos grandes destinos concurrentes do Mar Mediterrâneo oriental, Turquia, Israel ou Egito.  O segundo é a retomada do turismo internacional não somente nos grandes mercados de proximidade – principalmente Reino Unido, Alemanha e França -, mas também nos mercados asiáticos. O terceiro fator favorável, em tempos de dificuldades de oferta de transportes, foi que a Espanha aproveitou bastante o crescimento das ligações aéreas bem como a chegada de novos operadores ferroviários.

Para afastar os turistas, Barcelona tirou um ónibus da Google map

José Luis Zoreda insistiu, porém, nas preocupações do setor frente às reações ao overturismo que vão crescendo no país inteiro, das Ilhas Baleares a Andaluzia, das Canárias a Barcelona e a vários lugares da Catalunha. Alugueis inflacionados, transportes urbanos saturados, falta de água em tempo de seca, alta dos preços dos produtos alimentares, muitos problemas da vida cotidiana são agora ligados nas mídias à “invasão” de turistas estrangeiros, às vezes  percebidos como invasores pelos moradores que esquecem em paralelo os benefícios trazidos em termos de empregos ou de infraestruturas públicas.

Exceltur quer ver a Espanha sair do turismo “sol y playa”

Frenteà rejeição dos turistas em varias regiões da Espanha, os profissionais  querem que o turismo continue de crescer além dos recordes de 2024, mas são extremamente conscientes que esse crescimento só será possível se for sustentável e assumido pelos moradores. Há anos, a Exceltur já tinha chamado a atenção das autoridades sobre a necessidade de sair do tradicional turismo de «sol y playa» e de espalhar mais os visitantes, seja em novos destinos do interior ainda pouco aproveitados, seja em épocas de baixa temporada. Para a associação, a Espanha deve agora ir mais longe e só aceitar um crescimento do turismo respeitoso dos lugares e trazendo benefícios claros para os moradores.

Jean-Philippe Pérol

Boicotar ou não boicotar os turistas russos?

Na França, Courchevel era um dos destinos favoritos dos Russos

No complicado contexto da invasão na Ucrânia,  a Rússia anunciou que o seu turismo emissivo atingiu em 2023 24 milhões de viagens internacionais, um crescimento de 16,4% em relação a 2022, mas um resultado ainda longe dos quase 48 milhões que saíram do país em 2019, antes do Covid-19 e dos boicotes impostos depois do início da guerra. Nessa época, o turismo russo representava 3% do turismo mundial. Os destinos vizinhos – Turquia, Finlândia, Cazaquistão, Ucrânia e Estônia- lideravam as preferencias dos russos, mas países ocidentais como França, Itália, Espanha e Suiça brigavam para atrair estes clientes prontos a gastar fortunas nos palácios das capitais ou nos resorts luxuosos de Courchevel, Ibiza, Saint Tropez, Marbella, Gstaadt ou Veneza.

A Riviera turca atraindo cada vez mais os turistas russos

Tudo mudou no dia 24 de fevereiro de 2022. A guerra levou quase todos os países da Europa e da América do Norte a um boicote quase total dos intercâmbios de transporte e de turismo com a Federação Russa. Essa decisão não somente atrasou a recuperação das viagens internacionais mas ainda modificou bastante os destinos desses polêmicos turistas, com um novo ranking mostrando claramente os ganhadores. São a Turquia, com 6,3 milhões de visitantes e um crescimento de +20,7% em relação a 2022, os Emirados Árabes com 1,7 milhão e +42,5%, a Tailândia com 1,48 milhão e +240,6%, o Egito com 1,28 milhão e +35,4%, a China com quase um milhão e + 420%, as Maldivas com 209.1oo e +3.6%, o Sri Lanka com 197.000 e +116,4%, Cuba com 185.000 e +240%, e a Indonésia com 160.000 e +115%. Com 106.000 chegadas, o Brasil recebe hoje 5 vezes mais russos que antes da crise.

Dubai tentando atrair turismo e negócios russos

Aproveitando este sucesso, vários destes destinos já anunciaram que querem se abrir ainda mais ao turismo russo. O Ministro do Turismo do Egito projeta 3 milhões de viajantes russos em 2028, a autoridade de turismo da Tailândia já anunciou uma meta de mais de 2 milhões de entradas logo em 2024, o governo de Cuba assinou um acordou para receber em média 500.000 turistas russos por ano, e a Turquia prevê um crescimento de 10 a 30% em 2024. Dubai oferece vantagens para as viagens de negócios combinando com luxo e segurança, a Tunísia liberou os vistos, e vários países como a Índia, Birmania, Omã, Sri Lanka, Irã e Marrocos estão conversando com o governo russo.

O turismo em Chipre sofreu com o fim dos passaportes dourados

Com motivos políticos ou éticos, o boicote teve consequências importantes para o turismo dos destinos que tinham mais investido no mercado russo. Assim nos Estados Unidos que passaram de 300.000 turistas russos em 2017 a menos de 50.000 em 2022, e em quase todos os países da União Europeia que perderam quase 85% desses fluxos, com um impacto forte nas receitas considerando a forte proporção do segmento luxo e o alto gasto médio por dia. Na Europa, Chipre foi um dos destinos mais impactados, com seu turismo dependendo mais de 30% dos russos, e o setor imobiliário tendo beneficiado dos “passaportes dourados” vendidos por Euros 2,5 milhões a ricos investidores.

Influenciadora russa teve que pedir perdão à arvore sagrada de Bali

Não se pode analisar o impacto destas brutais mudanças dos fluxo turísticos da Rússia sem considerar também o impacto que tiveram para as populações dos destinos e para as outras comunidades. Na hora do overturismo e da crescente preocupação pelo equilibro local, os novos turistas russos tiveram as vezes dificuldades para entender as exigências culturais ou religiosas dos moradores. Em Bali, na Índia ou no Sri Lanka, turistas e locais se desentenderam e as autoridades tiveram que interferir para colocar panos quentes. No Sri Lanka e no Egito, incidentes entre turistas russos e ucranianos tiveram que ser resolvidos. Nos países da Europa, mais implicados no boicote, a situação politica levou a incidentes discriminatórios contra os russos que deixarão marcas no futuro.

A Igreja Russa, um dos pontos esperando a volta dos turistas russos em Nice

O balanço do boicote é hoje difícil de fazer pelas suas múltiplas motivações. Mas, para o setor, ele representa em primeiro lugar um prejuízo importante para o turismo mundial – aproximadamente 20 milhões de viajantes e quase US$ 20 bilhões de receitas a menos, boa parte para os grandes destinos da União Europeia. Mesmo repudiando a guerra e a falta de respeito do direito internacional, os profissionais e os viajantes só podem lamentar que problemas políticos entre governos prejudiquem as atividades de milhares de profissionais que trabalham num setor que se caracteriza justamente por ser uma indústria de paz, de intercâmbio multicultural e de liberdade individual.

Jean Philippe Pérol

O clima vai mudar o mapa mundial do enoturismo?

Os vinhedos frente ao aquecimento global

Geadas, queimadas, aquecimento global, frequência inesperada dos eventos meteorológicos extremos, os vinhedos, e consequentemente o enoturismo, são muito impactados pelas mudanças climáticas que os produtores devem enfrentar. Os ciclos vegetais acelerados, as vindimes precoces, os graus de álcool mais elevados e as mudanças das características dos terroirs não poupam nenhum profissional do setor. Todos ficam assim com a obrigação de reagir, de antecipar, de inovar, e de colaborar  para inventar um novo enoturismo adaptado não somente as novas exigências dos consumidores mas também ao novo mapa mundial da viticultura que está sendo desenhado.

Em Corbieres, os viticultores estão revalorizando o Carignan

As inovações tocam muito nas variedades de uva. Assim por exemplo os produtores da região de Valpolicella, na Italia, estão redescobrindo antigas variedades que tinham sido esquecidas. Assim o Castelrotto, o Bressa ou o Sprigamonte têm características interessantes frente ao aquecimento global como resistencia a seca, maturação tardia, ou alta acidez natural. Produtores do Sul da França, na região de Corbières, tiveram ideias semelhantes, alguns voltando ao tradicional Carignan, outros plantando variedades ibéricas (alvarinho ou verdejo) menos sensíveis ao calor. Preocupação com quentura e seca levaram também a experimentar na Provence novos tipos de mourvèdre branco e cinzo. No Quebec, com o problema inverso, os produtores dos Cantons-de-l’Est estão introduzindo novas variedades que eram até hoje impossível de plantar devido ao lendário inverno da região.

Contra as geadas, o geotextil podera oferecer alternativas as fogueiras

As pesquisas sobre o impacto das mudanças climaticas para a viticultura também tragam inovações. O Conselho interprofissional dos vinhos de Bordeaux (CIVB) investe anualmente 1,2 milhão de euros, e varias tecnicas estão sendo testadas: aumento da biodiversidade com plantio de arvores e de cercas vegetais, gestão das variedades de uva, mudança das densidade de plantio, desenvolvimento das tecnologia de viticultura de precisão. No Quebec, o Centro de pesquisas agroalimentares de Mirabel (CRAM) trabalha nos processos de resistência dos vinhedos ao frio, e desenvolveu novas utilizações das mantas geotêxtil para proteger as plantações do granizo ou das geadas.

No Vale de Casablanca, o pioneirismo do vinhedo Matetic

A adaptação da viticultura aos impactos das mudanças climáticas necessita também ações concretas para a sustentabilidade. O Chile oferece vários exemplos interessantes, assim no vale de Casablanca onde os viticultores trabalham com vários ministérios e autoridades locais  na melhoria das metas de meio ambiente dos vinhedos.  O projeto prevê a exclusão de adubes químicos, a utilização de materiais reciclados ou eco-energéticos para construção das infraestruturas, bem como o compromisso de incluir na importante oferta enoturística da região a sensibilização dos visitantes aos grandes desafios de desenvilvimento sustentável da viticultura chilena.

No Quebec, enoturismo pode combinar com neve

A diversificação das atividades, sendo a primeira o enoturismo, é essencial para esticar a temporada de trabalho e trazer novas fontes de renda. Em todas as regiões vinícolas, da França até a California, da Argentina a Italia ou do Chile até o Canada, os viticultores experimentam novas ideias para atrair novos visitantes, e esticar a temporada de verão para as outras três estações do ano. Na primavera podem ser oferecidas atividades de poda, assim nos vinhedos franceses  Vignoble Alain Robert e Domaine Pierre & Bertrand Couly. O outono é a época das vindímas as quais alguns viticultores conseguem associar os turistas, assim no Canadá os vinhedos de Rivière du Chêne, Domaine & Vins Gélinas, Le Chat Botté, Orpailleur ou Saint-Gabriel. No inverno, a California oferece exemplos de animações bem sucedidas na Napa Valley. Visit Calistoga criou o Winter in the Wineries Passport, um passe dando direito a degustações gratuitas e a descontos em hotéis, spas e lojas da região.

Em Smith Haut Lafitte, antigas técnicas tragam soluções inovadoras

Os profissionais já está encontrando soluções para enfrentar as mudanças climáticas globais que estão impactando a vinicultura e consequentemente o enoturismo . Para responder ao novo mapa mundial que está se definindo, e assegurar o futuro das numerosas experiencias que estão sendo realizadas, o enoturismo está não somente se adaptando mas também se renovando.

Este artigo foi adaptado de um artigo original de Elisabeth Sirois na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat  

Fim da linha para a “Compagnie Internationale des Wagons-lits et du tourisme” …

Um vulcão islandês (re)lembra a fragilidade do turismo

A lagoa azul ameaçada pelo vulcão Sundhnjukagigar

No Sul da Islândia, o resort Blue Lagoon é um dos mais procurados cartões postais da ilha com suas piscinas naturais de águas cristalinas e quentes cercadas de rochas negras e seus SPA famosos pelos eficientes tratamentos aproveitando a alta concentração de algas e sais minerais, mas nas últimas semanas, enquanto os profissionais da região estavam projetando uma temporada de sucesso, uma corrente de lava obrigou a uma evacuação emergencial de todos os quase mil hóspedes. Enquanto os vulcões da Península de Reykjanes pareciam adormecidos há 800 anos, vários sinais já tinham sido anotados desde 2021, e as recentes erupções obrigaram a evacuar também a cidade próxima, Grindavik, ameaçada, tanto pela lava do Sundhnjukagigar quanto pelos riscos de terremoto.

Grindavik ainda é ameaçada pela lava e pelo terremoto

Com essa ameaça e com o fechamento da Lagoa Azul, os turistas estão abandonando toda peninsula de Reykjanes onde vinham não somente para aproveitar as águas quentes mas também os concorridos pontos de vista para as espetaculares auroras boreais. Vários hotéis tiveram que fechar ou procurar alternativas para manter uma atividade para seus funcionários, mas a preocupação dos responsáveis do turismo na região é saber se o atual desastre natural não vai impactar todo o ecosistema da Lagoa, a energia geotérmica gerada pelo vulcão, e a beleza do local que atrai milhares de viajantes vindo da Europa, Estados Unidos e mesmo do Brasil.

Aurora boreal na peninsula de Reykjenes

Para Islândia, o impacto da erupção vai muito além da península de Reykjenes: as consequências da erupção são perceptíveis em todas as atividades turísticas da ilha. Desde novembro, as autoridades estão medindo uma queda significativa no número de turistas entrando no país. A companhia nacional, Icelandair, também avisou que está enfrentando um impacto negativa nas reservas. A companhia low-cost Play fala até de um congelamento dos pedidos para o destino desde as primeiras notícias sobre a erupção. Por medo de ampliar mais ainda o problema, e criticando o alarmismo da mídia internacional, ninguém publicou números sobre os cancelamentos ou sobre os prejuízos financeiros do setor.

A Islândia sempre soube mostrar criatividade na sua comunicação

Sempre brilhantes e criativos no marketing deste pequeno país que fez do turismo uma das suas atividades principais, os profissionais da Islândia devem levar em conta o paradoxo da situação atual, os danos causados pelo vulcão enquanto a grande peculiaridade do destino é justamente um turismo de aventura em torno dos seus mais de 100 vulcões e dos seus ecosistemas de águas quentes, de pedras, de gêiseres e de geleiras. Sem esta natureza brava, é provável que o turismo islandês não seria o mesmo. Além da Islândia, o vulcão Sundhnjukagigar vem também lembrar para os profissionais do mundo inteiro que, por mais que a retomada do setor seja agora consolidada, o turismo continua sendo uma atividade extremamente sensível a todas as crises, sejam elas sanitárias, politicas, militares ou naturais.

O novo ranking do turismo na América Latina

A energia mágica de Teotihucán

Publicando as suas esperadas estatísticas 2023, a ONU turismo (ex OMT, Organização Mundial do Turismo) mostrou muita confiança nos resultados da América latina. Superando a pandemia,  essa região do mundo se firmou com suas grandes variedades de belezas naturais, de  experiências culturais e humanas, e de riquezas patrimoniais ou históricas. O novo ranking da ONU turismo destacou evidentemente o México,  um pais que voltou a ser o líder indiscutível do setor, disparando na frente do segundo colocado – a popular Republica Dominicana- e longe do terceiro – a criativa e diversa Colombia.

A República Dominicana se consolidou num tranquilo segundo lugar

Com mais de 38 milhões de entradas, já superando de 13,4% os números de 2019, o turismo internacional do México registrou um aumento de 6,1% em relação a 2022, principalmente nos três paises que representam mais de 76% dos seus visitantes: Estados Unidos, Canada e Columbia. Os números mostram que esses três mercados de proximidade cresceram de 23 à 27% em relação a 2019, sendo responsáveis  pelo sucesso da recuperação pos pandemia de 13,4% do setor, compensando a demora da retomada dos viajantes internacionais oriundos do resto do mundo.

Perto de Cancun, o excepcional acervo maia de Tulum

Perto de Cancun, o excepcional acervo maia de Tulum

Procurando praias, cidades históricas, sítios arqueológicos únicos, cozinha peculiar e festas autenticas, os turistas se concentram principalmente em três regiões do Mexico. Em primeiro lugar se destaca Cancún, a Riviera Maia e o Yucatan, com quase 50% das entradas de turistas, onde os atrativos do Caribe se juntam com as ruinas excepcionais de Tulum, Chichen Itza, Uxmal ou Palenque. Vem depois com 20% das chegadas a cidade de Mexico e seu acervo de turismo urbano combinando as heranças de Teotihuacan e de Tenochtitlan, as arquiteturas coloniais, e um dinamismo envolvente. Com um dinamico coquetel de praias, aventuras e enoturismo, a Baja California vem em terceiro lugar com 11% dos viajantes internacionais.

A experiência exclusivo do por de sol em Los Cabos

O ranking estabelecido pelo relatório da ONU turismo surpreendeu muitos especialistas. O Peru ficou no décimo lugar, um posicionamento decepcionante para um pais já conhecido pela riqueza da sua herança cultural, as suas infraestruturas hoteleiras de qualidade, uma gastronomia que se firmou nos últimos anos e umas campanhas de promoção emblemáticas. O Brasil do seu lado segue num modesto quinto lugar, longe do seu potencial de primeira potência da América latina, e da sua oferta tão abrangente.

Mesmo com seu acervo excepcional, o Brasil não passa de um quinto lugar

Segundo a ONU turismo, o ranking dos paises da América Latina que receberam o maior numero de turistas em 2023 é o seguinte :

1) Mexico : 38,33 milhões

2) República Dominicana : 7,16 milhões

3) Colombia : 4,40 milhões

4) Argentina : 3,89 milhões

5) Brasil : 3,63 milhões

6) Jamaica : 2,48 milhões

7) Uruguai : 2,43 milhões

8) Costa Rica : 2,35 milhões

9) Chile : 2,03 milhões

10) Peru : 2,01 milhões

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original da revista francesa profissional on-line Mister Travel  

Os pets na onda do Hotel Brach Paris

A recepção do Brach Paris, assinada pelo Philippe Stark

Localizado no coração do imponente e exclusivo XVI distrito de Paris, o Brach Paris oferece aos viajantes uma experiência de arte calorosa, sofisticada, alegre e autêntica num lugar de cultura, de bem estar e de encontros. Nos espaços decorados pelo Philippe Stark, a atenção chega a cada detalhe, seja no lobby, nos quartos, na academia, no bar, nas lojas ou na doceria. Desde a sua abertura, essa filosofia do atendimento 5 estrelas vale também para os proprietários de animais, e o hotel sempre deu uma atenção especial aos pets, aceitando-os com prazer nos quartos, no Clube e no restaurante, oferecendo até um serviço de guarda enquanto os donos jantam ou estão malhando.

O estilo bem parisiense das bolsas de viagem da French Bandit @

Nasceu então naturalmente o projeto de uma parceria original, da arte de viver parisiense com o luxo canino, do Brach Paris com a empresa francesa French Bandit para uma coleção de acessórios exclusivos para pets.  French Bandit oferece desde 2019 produtos para gatos e cachorros ligando conforto, estilo e qualidade, inovando em colaboração com grandes marcas, como a icônica Lancel para os artigos de couro ou a Flotte para as capas de chuva. Inspirada por sua mascote, o cão Bandit que ela adotou na Romênia, a empresa é também a primeira marca solidaria de acessórios para pets: para cada produto vendido, um Euro é repassado a uma associação de proteção animal.

A French Bandit já faz parceria com a Lancel  @Gilles Rivollier

Dessa nova parceria entre Brach Paris e French Bandit nasceu uma coleção de acessórios de alta qualidade para os passeios, as viagens e a vida cotidiana dos pets com seus donos. São propostos coleiras, guias, peitorais, bandanas, varias roupinhas para chuva e frio, bem como uma cama de luxo. Todos os modelos são fabricados na França e têm um acabamento extremamente bem cuidado. Com um design mostrando a identidade das duas marcas, eles vão oferecer aos animais a oportunidade de seguir as últimas tendências da moda parisiense. As compras poderão ser feitas tanto no site da French Bandit como na loja do hotel.

Os pets serão as vedetes do evento “Dogs vibes only”

Para festejar esse lançamento, Emmanuel Sauvage, Diretor Geral do Grupo Evok ( ao qual pertence o Brach Paris) e Mathieu Even, fundador da French Bandit, organizam no próximo mês de dezembro um evento “Dog Vibes Only”.  Os convidados, animais de estimação com seus donos, viajantes ou visitantes, poderão descobrir essa coleção exclusiva, ser os primeiros a adquirir os acessórios, e comemorar juntos no hotel a paixão pelos nossos amigos de quatro patas. As duas marcas vêem esse lançamento como  um passo a mais para inovação e a excelência, o Brach Paris pela atenção especial “5 estrelas” dada aos pets e aos seus proprietários, a French Bandit pelo conforto oferecido aos animais até durante as viagens.

No roof top do Brach Paris, um ambiente perfeito para eventos

 

 

 

A Suécia quer lembrar que não é a Suiça

Na reunião da OTAN, Biden confundiu a Suiça com a Suécia

Quando o proprio Presidente dos Estados Unidos confunde os dois países, uma gafe feita agora pelo Biden mas que o Carter e o Bush filho já tinham feito antes, tanto a Suécia quanto a Suiça podem ser conscientes de que existe um problema de notoriedade. Os presidentes americanos não foram os únicos a fazer essa confusão: a sueca Spotify entrou na Bolsa de Nova Iorque embaixo de uma bandeira da Suiça, os esportistas suiços escutam regularmente tocar o hino sueco, 10% dos ingleses pensam que Ikea é uma empresa helvética, e 50% dos estado-unidenses confessam não saber diferenciar os dois países, inclusive quando se trata de preparar uma viagem.

Foi talvez por isso que os responsáveis de Visit Sweden, órgão oficial turismo da Suécia, decidiram aproveitar a oportunidade para desafiar os Suíços, lembrando que ainda que os dois países tivessem muito em comum – riqueza, neutralidade, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente-, eles eram bem diferentes.  Num clip inovador lançado no Youtube dia 24 de Outubro, a apresentadora Emma Peters interpelou os suíços, cercada por duas bandeiras nacionais e lendo uma declaração extremamente formal para os líderes e os cidadãos da Suiça, com uma lista de “propostas” misturando humor e agressividade.

No inverno sueco, a magia surreal da aurora boreal

A Suécia oferece, afim de diferenciar os dois países, sete “pontos de negociação” devendo integrar uma nova comunicação. Os bancos seriam suíços, os bancos de areia suecos. Os topos das montanhas suícos, os roof tops suecos. Os Yodel (cantos tipo tirolês) suíços, o silencio sueco. As emoções surreais na Suiça viriam do LSD (foi inventado por um quimico suico), na Suécia das auroras boreais. A Suíça teria a energia vindo do seu acelerador de partículas, a Suécia da sua tranquilidade. A moda na Suíça ficaria nas suas tradicionais bermudas de couro, na Suécia nos seus desfiles contemporâneos. E o luxo na Suíça estaria atrelado a seus relógios caríssimos, enquanto o luxo na Suécia seria de esquecer o tempo.

O silencio ou o Yodel, duas opções para escutar a natureza

A polemica iniciada pela Visit Sweden pode ajudar a promoção dos dois países. O video já foi visto por quase meio milhão de pessoas. Mais de 15.000 suíços já responderam a proposta com o mesmo humor ou a mesma agressividade, lembrando por exemplo que os mais famosos dos suecos, como o fundador da IKEA Ingvar Kamprad, tiveram que fugir para Suíça para escapar de um dos piores impostos de renda do mundo. No jogo do “Fale bem ou fale mal, mas fale de mim”, a Suécia tem porém, muito para ganhar. Se ela carregou durante muitos anos valores positivao, a liberdade, a segurança, a igualdade e a alta tecnologia, ela deve hoje enfrentar sérios problemas. A violência urbana, os riscos de atentados ligadas as polêmicas religiosas, o fim da neutralidade diplomática que vigorava desde a chegada ao poder do Marechal francês Bernadotte em 1818, foram fatores negativos que impactaram a imagem do país.

Com a campanha, e a competição criada com um destino turístico exemplar aproveitando o lapso do Presidente Americano, Visit Sweden espera não somente tranquilizar os seus visitantes tradicionais mas também atrair novos viajantes. Estes poderão assim entrar na polemica e pelo menos atestar com argumentos pessoais que a Suécia não é mesmo a Suiça.

A relojoaria suíça defende uma certa concepção do luxo