Geadas, queimadas, aquecimento global, frequência inesperada dos eventos meteorológicos extremos, os vinhedos, e consequentemente o enoturismo, são muito impactados pelas mudanças climáticas que os produtores devem enfrentar. Os ciclos vegetais acelerados, as vindimes precoces, os graus de álcool mais elevados e as mudanças das características dos terroirs não poupam nenhum profissional do setor. Todos ficam assim com a obrigação de reagir, de antecipar, de inovar, e de colaborar para inventar um novo enoturismo adaptado não somente as novas exigências dos consumidores mas também ao novo mapa mundial da viticultura que está sendo desenhado.
As inovações tocam muito nas variedades de uva. Assim por exemplo os produtores da região de Valpolicella, na Italia, estão redescobrindo antigas variedades que tinham sido esquecidas. Assim o Castelrotto, o Bressa ou o Sprigamonte têm características interessantes frente ao aquecimento global como resistencia a seca, maturação tardia, ou alta acidez natural. Produtores do Sul da França, na região de Corbières, tiveram ideias semelhantes, alguns voltando ao tradicional Carignan, outros plantando variedades ibéricas (alvarinho ou verdejo) menos sensíveis ao calor. Preocupação com quentura e seca levaram também a experimentar na Provence novos tipos de mourvèdre branco e cinzo. No Quebec, com o problema inverso, os produtores dos Cantons-de-l’Est estão introduzindo novas variedades que eram até hoje impossível de plantar devido ao lendário inverno da região.
As pesquisas sobre o impacto das mudanças climaticas para a viticultura também tragam inovações. O Conselho interprofissional dos vinhos de Bordeaux (CIVB) investe anualmente 1,2 milhão de euros, e varias tecnicas estão sendo testadas: aumento da biodiversidade com plantio de arvores e de cercas vegetais, gestão das variedades de uva, mudança das densidade de plantio, desenvolvimento das tecnologia de viticultura de precisão. No Quebec, o Centro de pesquisas agroalimentares de Mirabel (CRAM) trabalha nos processos de resistência dos vinhedos ao frio, e desenvolveu novas utilizações das mantas geotêxtil para proteger as plantações do granizo ou das geadas.
A adaptação da viticultura aos impactos das mudanças climáticas necessita também ações concretas para a sustentabilidade. O Chile oferece vários exemplos interessantes, assim no vale de Casablanca onde os viticultores trabalham com vários ministérios e autoridades locais na melhoria das metas de meio ambiente dos vinhedos. O projeto prevê a exclusão de adubes químicos, a utilização de materiais reciclados ou eco-energéticos para construção das infraestruturas, bem como o compromisso de incluir na importante oferta enoturística da região a sensibilização dos visitantes aos grandes desafios de desenvilvimento sustentável da viticultura chilena.
A diversificação das atividades, sendo a primeira o enoturismo, é essencial para esticar a temporada de trabalho e trazer novas fontes de renda. Em todas as regiões vinícolas, da França até a California, da Argentina a Italia ou do Chile até o Canada, os viticultores experimentam novas ideias para atrair novos visitantes, e esticar a temporada de verão para as outras três estações do ano. Na primavera podem ser oferecidas atividades de poda, assim nos vinhedos franceses Vignoble Alain Robert e Domaine Pierre & Bertrand Couly. O outono é a época das vindímas as quais alguns viticultores conseguem associar os turistas, assim no Canadá os vinhedos de Rivière du Chêne, Domaine & Vins Gélinas, Le Chat Botté, Orpailleur ou Saint-Gabriel. No inverno, a California oferece exemplos de animações bem sucedidas na Napa Valley. Visit Calistoga criou o Winter in the Wineries Passport, um passe dando direito a degustações gratuitas e a descontos em hotéis, spas e lojas da região.
Os profissionais já está encontrando soluções para enfrentar as mudanças climáticas globais que estão impactando a vinicultura e consequentemente o enoturismo . Para responder ao novo mapa mundial que está se definindo, e assegurar o futuro das numerosas experiencias que estão sendo realizadas, o enoturismo está não somente se adaptando mas também se renovando.
Este artigo foi adaptado de um artigo original de Elisabeth Sirois na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat