A Suécia quer lembrar que não é a Suiça

Na reunião da OTAN, Biden confundiu a Suiça com a Suécia

Quando o proprio Presidente dos Estados Unidos confunde os dois países, uma gafe feita agora pelo Biden mas que o Carter e o Bush filho já tinham feito antes, tanto a Suécia quanto a Suiça podem ser conscientes de que existe um problema de notoriedade. Os presidentes americanos não foram os únicos a fazer essa confusão: a sueca Spotify entrou na Bolsa de Nova Iorque embaixo de uma bandeira da Suiça, os esportistas suiços escutam regularmente tocar o hino sueco, 10% dos ingleses pensam que Ikea é uma empresa helvética, e 50% dos estado-unidenses confessam não saber diferenciar os dois países, inclusive quando se trata de preparar uma viagem.

Foi talvez por isso que os responsáveis de Visit Sweden, órgão oficial turismo da Suécia, decidiram aproveitar a oportunidade para desafiar os Suíços, lembrando que ainda que os dois países tivessem muito em comum – riqueza, neutralidade, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente-, eles eram bem diferentes.  Num clip inovador lançado no Youtube dia 24 de Outubro, a apresentadora Emma Peters interpelou os suíços, cercada por duas bandeiras nacionais e lendo uma declaração extremamente formal para os líderes e os cidadãos da Suiça, com uma lista de “propostas” misturando humor e agressividade.

No inverno sueco, a magia surreal da aurora boreal

A Suécia oferece, afim de diferenciar os dois países, sete “pontos de negociação” devendo integrar uma nova comunicação. Os bancos seriam suíços, os bancos de areia suecos. Os topos das montanhas suícos, os roof tops suecos. Os Yodel (cantos tipo tirolês) suíços, o silencio sueco. As emoções surreais na Suiça viriam do LSD (foi inventado por um quimico suico), na Suécia das auroras boreais. A Suíça teria a energia vindo do seu acelerador de partículas, a Suécia da sua tranquilidade. A moda na Suíça ficaria nas suas tradicionais bermudas de couro, na Suécia nos seus desfiles contemporâneos. E o luxo na Suíça estaria atrelado a seus relógios caríssimos, enquanto o luxo na Suécia seria de esquecer o tempo.

O silencio ou o Yodel, duas opções para escutar a natureza

A polemica iniciada pela Visit Sweden pode ajudar a promoção dos dois países. O video já foi visto por quase meio milhão de pessoas. Mais de 15.000 suíços já responderam a proposta com o mesmo humor ou a mesma agressividade, lembrando por exemplo que os mais famosos dos suecos, como o fundador da IKEA Ingvar Kamprad, tiveram que fugir para Suíça para escapar de um dos piores impostos de renda do mundo. No jogo do “Fale bem ou fale mal, mas fale de mim”, a Suécia tem porém, muito para ganhar. Se ela carregou durante muitos anos valores positivao, a liberdade, a segurança, a igualdade e a alta tecnologia, ela deve hoje enfrentar sérios problemas. A violência urbana, os riscos de atentados ligadas as polêmicas religiosas, o fim da neutralidade diplomática que vigorava desde a chegada ao poder do Marechal francês Bernadotte em 1818, foram fatores negativos que impactaram a imagem do país.

Com a campanha, e a competição criada com um destino turístico exemplar aproveitando o lapso do Presidente Americano, Visit Sweden espera não somente tranquilizar os seus visitantes tradicionais mas também atrair novos viajantes. Estes poderão assim entrar na polemica e pelo menos atestar com argumentos pessoais que a Suécia não é mesmo a Suiça.

A relojoaria suíça defende uma certa concepção do luxo

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