Vendas diretas das operadoras, uma tendência irresistível?

Consumidor europeu na briga das agencias e das companhias pelas vendas diretas

Com viajantes cada vez mais informados e mais atentos para encontrar o melhor preço, as vendas diretas viraram um assunto de primeira importância para todos os atores do trade. No meio de uma polêmica com as agências europeias sobre a transparência e o custo de tais vendas, as companhias aéreas vêem nessa comercialização sem intermediários não somente um meio de reduzir seus custos, mas também uma ferramenta para criar ligações diretas com seus clientes.  Segundo um estudo da IATA de 2016,  as companhias aéreas já antecipam para 2021 a seguinte repartição de suas vendas: 9% de vendas com as OTA (-2%), 21% com as agências corporate (+1%), 16% com as agências tradicionais (que teriam uma queda de 4% de sua participação no mercado) e 52% de vendas diretas (+5%), um número que até pode ser superado no Brasil, onde algumas companhias já passam de 45%.

O espaço Braztoa no WTM Latin América

A batalha das vendas diretas deve em breve mudar de campo e as Operadoras serão, talvez, os atores que irão enfrentar agora as maiores mudanças. Sempre discretas sobre seus projetos de desenvolvimento em direção ao consumidor – e ainda no Brasil muito respeitosas às agências de viagem -, elas podem antecipar as evoluções olhando as tendências dos grandes mercados emissores. Assim, na França, a Associação das Operadoras (SETO, equivalente da BRAZTOA) mostrou as mudanças dos comportamentos de compra dos viajantes nos últimos cinco anos e a conclusão mais forte foi um espetacular crescimento das vendas diretas, que passaram de 31% a 45% entre 2012 e 2017, e até de 56% a 68% se incluir as agências pertencentes a estas operadoras.

Evolução por canal das vendas das operadoras francesas de 2012 a 2016

Os grandes vencedores desse novo mapa da distribuição são os sites B2C das operadoras, que dobraram sua faixa de mercado. As agências tradicionais continuam sendo o primeiro canal de vendas – especialmente nos pacotes mais caros-, mas são as grandes perdedoras, com uma queda de 27,3% em quatro anos. Estas evoluções não impedem, porém, as operadoras de serem muito cautelosas e de respeitar os comportamentos dos viajantes. Consumidores cada vez mais atentos, eles seguem utilizando vários canais, procurando na web, olhando nas mídias sociais, pedindo conselhos e dicas a um agente capacitado, reservando no call center ou se juntando a um grupo organizado por sua empresa. E, se o crescimento das vendas diretas é uma tendência irresistível nos mercados internacionais, os agentes tradicionais deveriam continuar a atrair os consumidores mais exigentes.

Jean-Philippe Pérol

Com 335.000 pacotes, as Ilhas Canárias são o destino mais vendido pelas operadoras francesas

O turista do Futuro: livre, sem estresse, online, transparente e ético?

Montreal no inverno

Montreal no inverno

A Universidade do Quebec e Turismo Montreal apresentaram dia 18 de Janeiro os trabalhos de dois especialistas do turismo internacional, Paul Arseneault e Pierre Bellerose, sobre as grandes tendências que vão definir o turismo mundial nas próximas décadas. As mudanças da ordem internacional e da demografia, as ameaças sobre o meio ambiente ou a mundialização das novas tecnologias devem não somente transformar toda a industria das viagens, mas também mudar o perfil dos futuros turistas. Esse turista do Futuro será mais livre, mais intolerante as preocupações e ao estresse, mais seguro de si, mais espontâneo, mais conectado, mais preocupado com sua ética e acima de tudo com a sua imagem. Três tendências  principais levarão a essas mudanças.

e durante o seminario

Arseneault e Bellerose durante a conferência

Com o crescimento da classe media, principalmente nos BRICS e nos outros países emergentes, o turista do Futuro será muito mais livre de viajar. Daqui a 2030,  a classe media passará de 27 a 60% da população mundial, e a VISA projeta que a metade terá acesso a viagens internacionais. Esses novos viajantes virão principalmente da América Latina e mais ainda da Ásia. A China, que já lidera as despesas de turismo internacional com USD 292 bilhões em 2015, poderá representar um terço dos turistas internacionais. A liberdade de viajar será também ampliada pela ampliação do acesso a Internet que deveria dar um pulo de 34 a 50% da população mundial até 2030. O viajante do Futuro será assim mais “inteligente”, querendo afirmar suas particularidades, seus desejos, seus gostos e suas opiniões até na construção dos seus roteiros.

Decreto de Trump levando caos nos aeroportos americanos

Decreto de Trump levando caos nos aeroportos americanos

O turista do Futuro não aceitará preocupações ou estresse, seja pelas situações políticas, pelos riscos de segurança ou pelo aquecimento global. Num mundo mais protecionista e com algumas fronteiras mais fechadas, com populações priorizando a segurança, as viagens domésticos ou para destinos priorizando a segurança vão aumentar, bem como a preferência por grandes marcas de turismo (hotéis, cruzeiros ou operadoras) capazes de responder a essas problemas. As preocupações do turista, e a procura do risco zero, vão abranger também os efeitos do aquecimento global e até as responsabilidades sociais das empresas que contribuirão para suas viagens. Os cancelamentos ou as mudanças em caso de qualquer tipo de problemas terão que ser mais fáceis. .

Web e mídias sociais vão impactar os comportamentos

Web e mídias sociais vão impactar os comportamentos de viagem

Segundo o Foro econômico mundial, 80% da população mundial terá uma identidade numérica até 2023. Web, e-marketing e midias sociais vão impactar as decisões dos turistas do Futuro. Os dados pessoais, mesmo confidenciais, serão mais difíceis de proteger, levando as empresas a oferecer propostas de serviços mais personalizadas. Gerenciar sua imagem no web será cada vez mais importante, impactando a escolha dos  destinos, dos estabelecimentos, e até o comportamento. O numérico levará mais mutações no turismo: o uso das tecnologias para reduzir os estresses do viajante (Amadeus está investindo nisso USD 500 milhões por ano), a chegada de aplicativos que serão verdadeiras agencias de viagem moveis, capazes de acompanhar o turista durante toda a sua viagem, a mundialização das interações nas mídias sociais ou, mais importante ainda, a percepção do próprio turismo como uma necessidade imperativa!

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de  Aude Lenoir  na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat . A apresentação completa pode ser vista nesse link ou no vídeo abaixo apresentado.

As agencias atraindo novas gerações de viajantes, olho no olho mas com ajuda da Internet!

Paris ainda favorito mas agora competindo com novos destinos

Paris ainda favorito mas agora competindo com novos destinos

Preocupados com o futuro da sua profissão, cada vez mais ameaçados pelos novos canais de informação e de vendas, os agentes de viagem vão achar no “Consumer trends survey” da revista americana Travel Weekly algumas razões de comemorar. A proporção de viajantes utilizando os seus serviços nos Estados Unidos teria quase dobrado em três anos, passando de 18% em 2014 a 26% em 2015 e 28% em 2016. Os viajantes seriam também cada vez mais satisfeitos do atendimento das agencias, sendo 66% a ser muito satisfeito ou bastante satisfeito – comparando com somente 49% em 2012. Esse resultado se deve em primeiro lugar aos investimentos do setor em funcionários bem treinados, capaz de passar aos clientes os seus conhecimentos e a sua “expertise”, com sugestões de experiências  personalizadas, tanto na escolha de um hotel  ou de um cruzeiro que na montagem de um pacote de golfe, de mergulho ou de veleiro.

Os "milenios" voltando com força nas agencias de viagem

Os “milênios” voltando com força nas agencias de viagem

A boa surpresa para os agentes de viagem é que essa nova tendência vem justamente do comportamento de viajantes mais jovens, os “Geracão Y” , chamados também de “milênios”, a primeira geração que dominou a Internet e poderia ser totalmente alheia as agencias tradicionais. Viciados pelos seus celulares ou seus computadores – mas talvez também desnorteados pela abundância de informações que eles encontram no web-, os “milênios” surpreenderem porque utilizam cada vez mais as agencias de viagem, e mais que outros viajantes mais velhos. Nos últimos 12 meses, 45% deles utilizaram uma agencia (tinham sido  31% no ano anterior), enquanto os  “Geração X” foram somente 28% e os  baby boomers 15% , numa inesperada inversão das expectativas.

Os viajantes cada vez mais satisfeitos com as suas agencias

Essa renovada procura para os agentes de viagem foi mostrada também em maio desse ano numa pesquisa da American Association of Travel Agents. Os resultados confirmam que as compras de viagens através de agencias estão se consolidando em 22% do total, mas que essa proporção subiu a 30% nos consumidores “milênios”. Mais ainda, 45% deles já recomendaram um agente de viagem para um amigo ou um familiar. A motivação principal fica sem duvidas na procura de conselhos e de dicas, já que, segunda a CNN, eles são ainda fieis a destinos tradicionais como Paris ou Roma, mas também interessados em novidades como Taipé, Kuala Lumpur, Cartagena, Havana ou Dubai.

Cartagena, um dos destinos sonhados dos "milenios"

Cartagena, um dos destinos sonhados dos “milenios”

A força da Internet voltou na ultima pergunta da pesquisa da Travel Weekly pedindo  de que forma os consumidores tinham achados a sua agencia de viagem. Anúncios, jornais, revistas ou listas telefônicas foram utilizadas por menos de 10% dos entrevistados. Sempre considerada pelos profissionais como a maneira mais natural, a recomendação de parentes ou amigos ficou em segundo lugar, com 31%. Mas foram surfando no web que 47% dos viajantes acharam a sua agencia, mostrando que, mesmo para os canais de vendas mais tradicionais, os investimentos em conteúdos e imagens de qualidade nos seus sites e nas mídias sociais – Facebook, Instagram ou Twitter- virou uma exigência absoluta para atrair novos clientes. Mesmo para vender olho no olho, o web é um ferramenta indispensável.

Jean-Philippe Pérol

Conselhos e dicas ajudar a desenhar seu roteiro nas Ilhas de Tahiti,

Conselhos e dicas ajudam a desenhar roteiros nas Ilhas de Tahiti,

Blogueiros e agentes de viagem, aliados ou concurrentes?

A Grand Place de Bruxelas

Bruxelas, sede do Salão dos blogueiros de viagem 2016

Depois de Cannes em 2014 e de Ajáccio em 2015, o Salão dos blogueiros de viagem escolheu Bruxelas para sua terceira edição, juntando 200 blogueiros e 72 destinos na capital da Bélgica para um evento misturando conferencias, encontros de negócios e noite de gala. Co-patrocinadora do evento com a Accor e o turismo belga, a associação francesa dos destinos internacionais de turismo – ADONET – aproveitou  para lançar o primeiro “Clique de Ouro”, premiando o melhor blog de viagem francófono. A vencedora foi Aurélie Amiot com  Madame Oreille , um blog de viagem muito focado em fotografia que virou então na França o símbolo do novo relacionamento que os destinos turísticos querem construir com os blogueiros.

Nomadic Matt, o blog de viagem líder em visitas

Nomadic Matt, o blog de viagem líder em visitas

Seja na França, nos Estados Unidos ou no Brasil, os blogs mostraram nos últimos anos que são um fator chaves nas decisões de 65% dos viajantes, que encontram nessas paginas do web uma criatividade, uma liberdade, e mais ainda a faculdade de interagir com os redatores.  Reconhecidos como influenciadores digitais, os blogueiros de viagem são procurados para parcerias com os destinos, os hotéis ou as companhias aéreas que buscam novos conteúdos e novos canais de comunicação com seus clientes. marcaEssas parcerias ajudam os blogueiros a descobrir o mundo, virar uns “blog- trotters” vivendo e dividindo as suas paixões, porem trazendo pouco faturamento. Cada vez mais numerosos , só nos Estados Unidos quase 60.000, no Brasil mais de 3.000, os blogueiros de viagem são  menos de 5% a viver dessa atividade, e as vezes somente parcialmente.

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Votretourdumonde.com, um dos mais influentes blog de viagem da França

Para profissionalizar as suas atividades e conseguir rentabilizar-las, dinâmicos e criativos blogueiros diversificam os seus serviços. Eles agem não somente como jornalistas – oferecendo conteudos-, mas como mídias – vendendo  espaços publicitários e links patrocinados -, esses últimos sendo a maior fonte de renda dos blogueiros americanos. Alguns oferecem reservas de serviços ou de passagens, virando operadoras de turismo, agencias on-line, ou mesmo agencia de receptivo, e gerando preocupação das agencias tradicionais que denunciam uma nova concorrência que seria, em alguns casos, desleal.

Conexão Paris, o primeiro blog especializado sobre França

Conexão Paris, o primeiro blog especializado sobre França

É importante que as autoridades ficam atentos ao respeito das legislações do setor e a proteção do consumidor. Mas, depois das agencias on-line, dos sites de  vendas diretas e da economia colaborativa, a chegada dos blogueiros de viagem  como atores incontornáveis do trade turístico é hoje uma evolução irreversível que deve ser vista, não como uma ameaça, mas como uma fonte de oportunidades. Para os destinos, os blogs de viagem abrem novas opções, sendo canais privilegiados para comunicar com primeiro-viajantes ou para convencer fãs de atividades especificas. logoPara todos os atores tradicionais, possibilidades de sinergia estão aparecendo, e o sucesso dos blogs de viagem de grandes agentes ou operadores brasileiros, seja da CVC ou da Teresa Perez, mostram que os viajantes estão interessados a ter essas opiniões livres, descontraídas e interativas antes de escolher e de comprar. E qualquer que seja o circuito de compra escolhido – hoje sempre aquele onde o viajante encontra o maior valor agregado para a sua própria viagem-,  os blogueiros serão, para os destinos e todos os atores do setor, grandes aliados para ajudar no dobramento dos turistas mundiais previsto pela Organização Mundial do Turismo nos próximos quinze anos.

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi publicado originalmente no Blog “Point de vue” da revista profissional Mercados e Eventos

 

 

 

 

 

38 visitas de sites por reserva de viagem, a complicada abundância de informações!

A Geode da Cité des Sciences em Paris

A “Geode” e a fonte da Cité des Sciences em Paris

Qual é que seja a sua escolha final para fazer a sua reserva, o viajante passa muito tempo na Internet visitando sites para obter as melhores informações, planificar o seu roteiro, e achar o melhor preço. Segundo uma pesquisa recentemente apresentada pela Wendy Olson Killion, da Expedia Media Solutions, são 38 websites de viagem visitados nos 45 dias anteriores a reserva final. Geração Milenio São sites de metamotores de pesquisa, de destinos, de OTAs, de operadoras, de agencias receptivos ou de fornecedores locais.  As pesquisas chegam ao pico na última semana, quando o tempo passado na tela chega a dobrar. A abundância de informações deixe o consumidor com a impressão de um processo complexo, onde até os viajantes mais familiarizados com o Web – os “Millenium” nascidos entre 1980 e 2000 – se sentem perdidos e precisam ser orientados.

Para ajudar na criação de  conteúdos ricos, de vídeos de qualidade e de  imagens em alta definição, Expedia está trabalhando com vários destinos, ajudando-os a produzir material originais para diferenciar e consolidar  suas marcas. DinamarquaIsso inclui um showcase com um vídeo das Bermudas que contribui a mudar a imagem dessas ilhas até agora caracterizadas como um destino de turistas de terceira idade. Uma outra campanha exemplar foi montada com o turismo dinamarquês, construindo um itinerário de bicicleta numa Copenhague animada, rica em gastronomia, design, historia e vida noturna. Assim como Expedia, a Google Travel também acredita na força dos conteúdos, insistindo no potencial pouco explorado da Youtube que ainda oferece poucos vídeos ajudando os internautas a concretizar seus desejos de viagens.

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O excesso de informações e a concorrência entre os sites de viagem, e a necessidade dos viajantes de ser orientados, viraram um forte argumento para os agentes de viagens tradicionais, especialmente aqueles que se especializaram em nichos de mercado, seja as viagens de aventura, o turismo enológico, as luas-de-mel ou cruzeiros fluviais.google-flight-search Quase todos os websites querem levar os internautas até a reserva, incluindo a Google que já lançou até um aplicativo para aproveitar ofertas de vôos e de hotéis.  Para M. Beckmann, seu Diretor de Marketing, a escolha de uma viagem é um processo longo que vai além da procura de um avião e de um hotel, uma caminhada chamada por ele de “travel snacking”, durante a qual o consumidor vai beliscando informações e ideias para o seu roteiro, até a decisão de comprar. Encontras a Francesa 2015 (Foto Panrotas)Mas depois de passar por 38 sites, frente a oferta pletórica que Expedia, Trip Advisor, Google ou os grandes websites de viagem estão apresentando, a necessidade de conselhos, de assistência durante o processo de reserva, e mais ainda  de serviço durante a própria estadia, são cada vez os fatores de diferenciação necessários para convencer os clientes. Essa tendência, jà confirmada nos Estados Unidos, vai virar uma verdadeira oportunidade para os agentes brasileiros!

 

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi traduzido é adaptado de um artigo original de Serge Abel-Normandin da Pagtour.

Agente ABAV

 

 

E-turismo: as agencias on-line numa encruzilhada?

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Na Franca, pela primeira vez desde que nasceu o e-turismo, as vendas das agências de viagens na Internet baixaram esse ano em relação ao ano anterior. A queda começou com -1% no primeiro semestre, mas ficou mais importante a partir de julho e chega agora a -4%, atingindo mais especificamente as agencias on-line tradicionais. Evolution-de-e-tourismeA tendência é preocupante para o turismo porque as vendas globais na internet continuam em alta, com um faturamento de 56,5 bilhões de Euros esse ano, e um forte aumento do numero de sites de vendas, agora mais de 150.000, incluindo muitas start-ups. A morosidade do turismo não atinge os outros setores de e-comercio que estão ainda em forte crescimento: 9% para as vendas de produtos de consumo ao publico, e 8% para as vendas B2B.

DSCN0121Olhando os números proveniente dos Estados Unidos, se vê também que a euforia do turismo on-line està diminuindo. Lá, as agencias on-line estão além disso enfrentando um outro desafio, o crescimento das vendas diretas dos grandes fornecedores – companhias aéreas ou hoteleiras – que já estão abocanhando quase 60% do mercado das vendas de turismo no web.

Claro que as viagens continuam sendo líderes de vendas no web, e claro que se trata da França ou dos Estados Unidos, e não do Brasil. hu_pacote_lisboa_paris_aereo_001_normalAqui as agencias on-line ainda aproveitam crescimento excepcionais, mais de 11% em 2013 e provavelmente ainda 6% esse ano. Mas era 18% em 2012, e a tendência é mesmo de queda. Nesse novo quadro, o modelo econômico das OTA (On line Travel Agency) vai ter que evoluir. O tempo da valorização dos investimentos pela conquista de mais faixas de mercado vai talvez acabar, e os lucros vão assim voltar a ser os primeiros critérios de avaliação dos grandes atores do setor.

A primeira agencia da Wagons lits no Brasil, foto de Abril 1936

A primeira agencia da Wagons lits no Brasil, foto de Abril 1936

Frente a essas encruzilhadas, as agencias on-line jà estão mostrando mais qualidade e criatividade.  Lançam produtos e serviços mais sofisticados, melhoram o contato com o cliente, reforçando o atendimento com chat ou telefone, e as vezes mesmo (re)abrindo lojas …. Com as agencias tradicionais agora consolidando suas posições nos segmentos de lazer com mais valor agregado, a concorrência vai redobrar, e a grande aventura das agencias de viagem que o Thomas Cook começou a escrever em 1842 ainda não acabou….

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi adaptado dum artigo original do L Echo Touristique

On-line ou tradicionais, para as agências de viagem, tamanho é mesmo documento!

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A pesquisa anual da revista americana Travel Weekly apresenta este ano algumas tendências interessantes referentes a grande competição entre as agências de viagens tradicionais e as agências on-line. Realizada junto a 600 consumidores americanos, ela mostra também ,sem dúvidas, as perspectivas dos outros mercados, e especialmente do Brasil.

As agências tradicionais parecem consolidar a sua posição junto aos viajantes vendendo mais viagens por ano (4,8 contra 3,9), tendo estadas mais longas (8 noites em vez de 6), e com maior gasto médio (494 USD em vez de 238 USD). THOMAS COOKA tendência já observada nos anos anteriores – a concentração das viagens de alto padrão nas agencias – está assim confirmada, mesmo se, por outro lado, as agências continuam a perder fatias de mercado no geral. Pelo terceiro ano consecutivo um numero significativo de consumidores está deixando as agências para outros canais de compras, e menos de 20% deles estão agora procurando um agente de viagens.

A pesquisa dá também boas e más noticias para as OTAs ,agencias on-line, seja a Expedia, Priceline,ou Orbitz nos Estados Unidos, Decolar, Submarino ou até Hotel Urbano no Brasil. HOTEL URBANOO crescimento dessas agências, enraizado nos jovens consumidores da classe média, está agora extremamente ligado ao desenvolvimento do mobile. A maior mudança de comportamento dos últimos anos é o forte aumento do número de reservas on-line feitas a partir de um smartphone: 23% em 2012, 30% em 2013 e 38% esse ano. Isso dará uma vantagem muito forte para as grandes agencias on-line já que as pequenas, bem como as agencias tradicionais, mesmo quando têm uma estratégia on-line, raramente oferecem opções para mobile.

Essas novas tendências do mercado destacadas na pesquisa da Travel Weekly mostram também que a guerra entre os canais de distribuição do turismo está mudando. Há vinte anos, a briga opunha as agências tradicionais às OTAs (on-line travel agencies). Atualmente os dois canais estão se aproximando. As agenciais on-line estão tendo, especialmente no Brasil, grandes centrais de atendimento telefônico e até mesmo lojas de atendimento ao publico. No mesmo tempo as agências tradicionais estão cada vez menos em contato físico com seus clientes (36% nunca viram o seu agente) , e muito delas tem um site de vendas.

DSCN5319A diferença entre as agencias será no futuro uma questão de tamanho –grandes contra pequenas – e não mais de on-line versus off-line . As grandes poderão oferecer todas as novidades tecnológicas com preços imbatíveis pressionando os fornecedores para clientes de todas as classes sociais. As pequenas agências se concentrarão em nichos de mercados, clientes mais sofisticados e produtos mais complexos, oferecendo serviços e cobrando por eles.

Para todas, a pesquisa destaca vários desafios, como por exemplo a crescente satisfação dos consumidores com as vendas diretas (91% de satisfeitos versus 39% para os clientes de agencias), ou o crescimento da “sharing economy”, fornecedores como AirBnb, HomeAway ou Zipcar que já atraiam 8% dos viajantes e podem chegar em breve a mais de 20%.

Positivas ou negativas, essas novas tendências irão definir o futuro tanto dos fornecedores que dos agentes de todos os canais de distribuição. Encaradas com profissionalismo e criatividade, integram o futuro do turismo mundial e do turismo brasileiro.

Jean-Philippe Pérol

O artigo original e a pesquisa completa podem ser encontrados em inglês no site da Travel Week http://www.travelweekly.com/Travel-News/Travel-Agent-Issues/2014-Consumer-Trends/?cid=eltrtwexc

Cenário de mudanças , mas agora conhecendo o final….

Nesse final de ano, o mercado do turismo não deixa mais uma vez de surpreender os profissionais.

Em primeiro lugar pela sua capacidade a reagir frente a queda do real. Mesmo com um poder aquisitivo no exterior reduzido de trinta por cento, as viagens aumentaram de mais de dez por cento em volume e de quase quatorze em valor. O dinamismo do setor aproveitou em primeiro lugar para os Estados Unidos que vão passar a barra dos dois milhões de turistas brasileiros, mas a França vai também se sair bem, ficando na liderança na Europa com um crescimento de oito por cento e uma previsão de 660.000 entradas de brasileiros.
Mas a outra grande preocupação do trade não e o volume de vendas, mas a nova repartição do bolo entre os grandes atores. Os fornecedores, que estão ampliando cada dia as vendas diretas. As agências tradicionais, que lutam para encontrar como agregar valor. As OTA , on-line travel agencies, que devem antecipar, no web ou na Facebook, os comportamentos ainda para nascer. A briga no Brasil ainda vai ser grande, mas pela primeira vez esse ano, podemos antecipar aonde vamos chegar. Dos Estados Unidos já estão chegando informações que, depois de quinze anos de revolução, o mercado está se estabilizando. Os fornecedores estão ficando com a metade das vendas, mas OTA com 23% e as agências tradicionais com 27%. Aqui no Brasil não temos então o calendário, mas já temos o final.
Tendo apostado em todos os canais de distribuição mas mais ainda na permanência do papel importante do trade, a França se alegra assim de ver que as agências continuarão a ser parceiros chaves na promoção dos destinos.

Jean-Philippe Pérol