A Universidade do Quebec e Turismo Montreal apresentaram dia 18 de Janeiro os trabalhos de dois especialistas do turismo internacional, Paul Arseneault e Pierre Bellerose, sobre as grandes tendências que vão definir o turismo mundial nas próximas décadas. As mudanças da ordem internacional e da demografia, as ameaças sobre o meio ambiente ou a mundialização das novas tecnologias devem não somente transformar toda a industria das viagens, mas também mudar o perfil dos futuros turistas. Esse turista do Futuro será mais livre, mais intolerante as preocupações e ao estresse, mais seguro de si, mais espontâneo, mais conectado, mais preocupado com sua ética e acima de tudo com a sua imagem. Três tendências principais levarão a essas mudanças.
Com o crescimento da classe media, principalmente nos BRICS e nos outros países emergentes, o turista do Futuro será muito mais livre de viajar. Daqui a 2030, a classe media passará de 27 a 60% da população mundial, e a VISA projeta que a metade terá acesso a viagens internacionais. Esses novos viajantes virão principalmente da América Latina e mais ainda da Ásia. A China, que já lidera as despesas de turismo internacional com USD 292 bilhões em 2015, poderá representar um terço dos turistas internacionais. A liberdade de viajar será também ampliada pela ampliação do acesso a Internet que deveria dar um pulo de 34 a 50% da população mundial até 2030. O viajante do Futuro será assim mais “inteligente”, querendo afirmar suas particularidades, seus desejos, seus gostos e suas opiniões até na construção dos seus roteiros.
O turista do Futuro não aceitará preocupações ou estresse, seja pelas situações políticas, pelos riscos de segurança ou pelo aquecimento global. Num mundo mais protecionista e com algumas fronteiras mais fechadas, com populações priorizando a segurança, as viagens domésticos ou para destinos priorizando a segurança vão aumentar, bem como a preferência por grandes marcas de turismo (hotéis, cruzeiros ou operadoras) capazes de responder a essas problemas. As preocupações do turista, e a procura do risco zero, vão abranger também os efeitos do aquecimento global e até as responsabilidades sociais das empresas que contribuirão para suas viagens. Os cancelamentos ou as mudanças em caso de qualquer tipo de problemas terão que ser mais fáceis. .
Segundo o Foro econômico mundial, 80% da população mundial terá uma identidade numérica até 2023. Web, e-marketing e midias sociais vão impactar as decisões dos turistas do Futuro. Os dados pessoais, mesmo confidenciais, serão mais difíceis de proteger, levando as empresas a oferecer propostas de serviços mais personalizadas. Gerenciar sua imagem no web será cada vez mais importante, impactando a escolha dos destinos, dos estabelecimentos, e até o comportamento. O numérico levará mais mutações no turismo: o uso das tecnologias para reduzir os estresses do viajante (Amadeus está investindo nisso USD 500 milhões por ano), a chegada de aplicativos que serão verdadeiras agencias de viagem moveis, capazes de acompanhar o turista durante toda a sua viagem, a mundialização das interações nas mídias sociais ou, mais importante ainda, a percepção do próprio turismo como uma necessidade imperativa!
Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Aude Lenoir na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat . A apresentação completa pode ser vista nesse link ou no vídeo abaixo apresentado.