Na retomada do turismo, novas tendências nas mídias sociais para 2022

Expo Dubai quer mostrar como conectar mentes em 2022

Para os profissionais a retomada das viagens domésticas e internacionais segue como toda força, mas mostra ao mesmo tempo a importância das transformações que o turismo está vivendo tanto nos desejos dos consumidores, nos serviços, nos transportes, na hospedagem, bem como na venda e na distribuição. As mídias sociais, e todas as “novas tecnologias”, atores das revoluções esperadas, estão também mudando de forma espetacular  as suas atuações no turismo. Se muitas novidades ainda surgirão depois da retomada quando o setor voltará a sua normalidade de crescimento, os especialistas já identificaram algumas dessas tendências pós Covid.

O e-comércio impacta todos os atores do turismo

O e-commerce deu uma acelerada, a pandemia foi um acelerador, obrigando os consumidores a comprar on-line produtos ou serviços que se compravam em lojas ou se consumiam em restaurantes. Enquanto as mídias sociais eram antes da crise ferramentas fabulosas de promoção, mas onde as vendas eram ainda pouco significativas (com excessão de algumas plataformas como Etsy), as vendas on-line explodiram não somente na Instagram e na Facebook, mas também no TikTok ou no Pinterest. Só nos Estados Unidos, o crescimento esse ano vai passar de 25,2% com 80 milhões de compradores e estão sendo projetados 100 milhões para o final do ano que vem.

Facebook impacta cada vez mais a escolha dos viajantes

Facebook segue na liderança, mesmo se os mais jovens tem tendência a privilegiar Instagram, Snapchat ou TikTok. Mas sem precisar lembrar que Messenger, Instagram e Oculus fazem parte do mesmo ecossistema, Facebook monopoliza ainda 58 dos 145 minutos diários que quase 2 bilhões de internautas passam nas mídias sociais. Para todas as empresas, ela oferece não somente excepcionais ferramentas de marketing mas também ofertas de empregos, serviços para consumidores, pesquisas de mercado ou promoção de eventos. Muitas dessas funcionalidades não se encontram nos seus concorrentes Twitter ou LinkedIn, consolidando, tão criticado que seja, o seu monopólio de fato.

Tiktok quer ser um key player da era pos Covid

Tiktok virou uma plataforma prioritária. Desde outubro 2021, TikTok mostrou seu interesse em convencer as pequenas e médias empresas bem como os criadores de conteúdos. Com quase um bilhão de usuários mensais, TikTok faz agora parte dos 5 maiores atores do setor (depois de Facebook, Instagram, WeChat e YouTube), com um crescimento muito acelerado junto aos maiores de 35 anos. A empresa chinesa anunciou uma serie de novas funções que vão aumentar sua competitividade: plataforma publicitária, remuneração dos conteúdos, integração de stories, ou grande oferta de filtros para publicação de imagens, aproveitando as oportunidades de realidade aumentada – uma tecnologia cuja procura aumentou de 81% nos últimos 5 anos.

Os videos curtos vão se multiplicar. Mesmo se os números de impressões ou de interações está globalmente em queda, os videos curtos  ainda conseguem hoje os melhores resultados na web e nas mídias sociais. É o caso dos posts de 15 à 60 segundos no TikTok, dos reels Instagram e agora no Facebook. E o caso dos stories agora publicáveis em todas as plataformas, de Snapchat à Twitter, ou de Instagram à Facebook, a única exceção sendo LinkedIn cuja experiencia fracassou. É assim provável que as marcas e as empresas vão agora investir cada vez mais em videos curtos, ou pelo menos em videos mais longos mas podendo ser divididos em varias publicações.

As mídias sociais utilizam cada vez mais as técnicas do neuromarketing

Os conteúdos gerados pelos próprios usuários estão em forte alta.  Essa última tendência já existia nos anos anteriores, mas foi acelerada durante a pandemia. Os viajantes confiam mais nos conteúdos divididos pelos parentes, amigos, colegas, líderes de opinião ou influenciadores. A partir das estatísticas de Facebook, Instagram, Google Review e TripAdvisor, analistas de “neuromarketing” mediram que esse tipo de conteúdo aumenta em 20% o número de visitantes, em 90% o tempo passado no site e em 81% as taxas de conversão. Curtir, comentar, compartilhar e responder nas contas de mídias sociais é assim, mais do que nunca, a melhor maneira de atingir as suas comunidades de viajantes.

O turista do Futuro: livre, sem estresse, online, transparente e ético?

Montreal no inverno

Montreal no inverno

A Universidade do Quebec e Turismo Montreal apresentaram dia 18 de Janeiro os trabalhos de dois especialistas do turismo internacional, Paul Arseneault e Pierre Bellerose, sobre as grandes tendências que vão definir o turismo mundial nas próximas décadas. As mudanças da ordem internacional e da demografia, as ameaças sobre o meio ambiente ou a mundialização das novas tecnologias devem não somente transformar toda a industria das viagens, mas também mudar o perfil dos futuros turistas. Esse turista do Futuro será mais livre, mais intolerante as preocupações e ao estresse, mais seguro de si, mais espontâneo, mais conectado, mais preocupado com sua ética e acima de tudo com a sua imagem. Três tendências  principais levarão a essas mudanças.

e durante o seminario

Arseneault e Bellerose durante a conferência

Com o crescimento da classe media, principalmente nos BRICS e nos outros países emergentes, o turista do Futuro será muito mais livre de viajar. Daqui a 2030,  a classe media passará de 27 a 60% da população mundial, e a VISA projeta que a metade terá acesso a viagens internacionais. Esses novos viajantes virão principalmente da América Latina e mais ainda da Ásia. A China, que já lidera as despesas de turismo internacional com USD 292 bilhões em 2015, poderá representar um terço dos turistas internacionais. A liberdade de viajar será também ampliada pela ampliação do acesso a Internet que deveria dar um pulo de 34 a 50% da população mundial até 2030. O viajante do Futuro será assim mais “inteligente”, querendo afirmar suas particularidades, seus desejos, seus gostos e suas opiniões até na construção dos seus roteiros.

Decreto de Trump levando caos nos aeroportos americanos

Decreto de Trump levando caos nos aeroportos americanos

O turista do Futuro não aceitará preocupações ou estresse, seja pelas situações políticas, pelos riscos de segurança ou pelo aquecimento global. Num mundo mais protecionista e com algumas fronteiras mais fechadas, com populações priorizando a segurança, as viagens domésticos ou para destinos priorizando a segurança vão aumentar, bem como a preferência por grandes marcas de turismo (hotéis, cruzeiros ou operadoras) capazes de responder a essas problemas. As preocupações do turista, e a procura do risco zero, vão abranger também os efeitos do aquecimento global e até as responsabilidades sociais das empresas que contribuirão para suas viagens. Os cancelamentos ou as mudanças em caso de qualquer tipo de problemas terão que ser mais fáceis. .

Web e mídias sociais vão impactar os comportamentos

Web e mídias sociais vão impactar os comportamentos de viagem

Segundo o Foro econômico mundial, 80% da população mundial terá uma identidade numérica até 2023. Web, e-marketing e midias sociais vão impactar as decisões dos turistas do Futuro. Os dados pessoais, mesmo confidenciais, serão mais difíceis de proteger, levando as empresas a oferecer propostas de serviços mais personalizadas. Gerenciar sua imagem no web será cada vez mais importante, impactando a escolha dos  destinos, dos estabelecimentos, e até o comportamento. O numérico levará mais mutações no turismo: o uso das tecnologias para reduzir os estresses do viajante (Amadeus está investindo nisso USD 500 milhões por ano), a chegada de aplicativos que serão verdadeiras agencias de viagem moveis, capazes de acompanhar o turista durante toda a sua viagem, a mundialização das interações nas mídias sociais ou, mais importante ainda, a percepção do próprio turismo como uma necessidade imperativa!

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de  Aude Lenoir  na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat . A apresentação completa pode ser vista nesse link ou no vídeo abaixo apresentado.

38 visitas de sites por reserva de viagem, a complicada abundância de informações!

A Geode da Cité des Sciences em Paris

A “Geode” e a fonte da Cité des Sciences em Paris

Qual é que seja a sua escolha final para fazer a sua reserva, o viajante passa muito tempo na Internet visitando sites para obter as melhores informações, planificar o seu roteiro, e achar o melhor preço. Segundo uma pesquisa recentemente apresentada pela Wendy Olson Killion, da Expedia Media Solutions, são 38 websites de viagem visitados nos 45 dias anteriores a reserva final. Geração Milenio São sites de metamotores de pesquisa, de destinos, de OTAs, de operadoras, de agencias receptivos ou de fornecedores locais.  As pesquisas chegam ao pico na última semana, quando o tempo passado na tela chega a dobrar. A abundância de informações deixe o consumidor com a impressão de um processo complexo, onde até os viajantes mais familiarizados com o Web – os “Millenium” nascidos entre 1980 e 2000 – se sentem perdidos e precisam ser orientados.

Para ajudar na criação de  conteúdos ricos, de vídeos de qualidade e de  imagens em alta definição, Expedia está trabalhando com vários destinos, ajudando-os a produzir material originais para diferenciar e consolidar  suas marcas. DinamarquaIsso inclui um showcase com um vídeo das Bermudas que contribui a mudar a imagem dessas ilhas até agora caracterizadas como um destino de turistas de terceira idade. Uma outra campanha exemplar foi montada com o turismo dinamarquês, construindo um itinerário de bicicleta numa Copenhague animada, rica em gastronomia, design, historia e vida noturna. Assim como Expedia, a Google Travel também acredita na força dos conteúdos, insistindo no potencial pouco explorado da Youtube que ainda oferece poucos vídeos ajudando os internautas a concretizar seus desejos de viagens.

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O excesso de informações e a concorrência entre os sites de viagem, e a necessidade dos viajantes de ser orientados, viraram um forte argumento para os agentes de viagens tradicionais, especialmente aqueles que se especializaram em nichos de mercado, seja as viagens de aventura, o turismo enológico, as luas-de-mel ou cruzeiros fluviais.google-flight-search Quase todos os websites querem levar os internautas até a reserva, incluindo a Google que já lançou até um aplicativo para aproveitar ofertas de vôos e de hotéis.  Para M. Beckmann, seu Diretor de Marketing, a escolha de uma viagem é um processo longo que vai além da procura de um avião e de um hotel, uma caminhada chamada por ele de “travel snacking”, durante a qual o consumidor vai beliscando informações e ideias para o seu roteiro, até a decisão de comprar. Encontras a Francesa 2015 (Foto Panrotas)Mas depois de passar por 38 sites, frente a oferta pletórica que Expedia, Trip Advisor, Google ou os grandes websites de viagem estão apresentando, a necessidade de conselhos, de assistência durante o processo de reserva, e mais ainda  de serviço durante a própria estadia, são cada vez os fatores de diferenciação necessários para convencer os clientes. Essa tendência, jà confirmada nos Estados Unidos, vai virar uma verdadeira oportunidade para os agentes brasileiros!

 

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi traduzido é adaptado de um artigo original de Serge Abel-Normandin da Pagtour.

Agente ABAV

 

 

E-turismo: as agencias on-line numa encruzilhada?

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Na Franca, pela primeira vez desde que nasceu o e-turismo, as vendas das agências de viagens na Internet baixaram esse ano em relação ao ano anterior. A queda começou com -1% no primeiro semestre, mas ficou mais importante a partir de julho e chega agora a -4%, atingindo mais especificamente as agencias on-line tradicionais. Evolution-de-e-tourismeA tendência é preocupante para o turismo porque as vendas globais na internet continuam em alta, com um faturamento de 56,5 bilhões de Euros esse ano, e um forte aumento do numero de sites de vendas, agora mais de 150.000, incluindo muitas start-ups. A morosidade do turismo não atinge os outros setores de e-comercio que estão ainda em forte crescimento: 9% para as vendas de produtos de consumo ao publico, e 8% para as vendas B2B.

DSCN0121Olhando os números proveniente dos Estados Unidos, se vê também que a euforia do turismo on-line està diminuindo. Lá, as agencias on-line estão além disso enfrentando um outro desafio, o crescimento das vendas diretas dos grandes fornecedores – companhias aéreas ou hoteleiras – que já estão abocanhando quase 60% do mercado das vendas de turismo no web.

Claro que as viagens continuam sendo líderes de vendas no web, e claro que se trata da França ou dos Estados Unidos, e não do Brasil. hu_pacote_lisboa_paris_aereo_001_normalAqui as agencias on-line ainda aproveitam crescimento excepcionais, mais de 11% em 2013 e provavelmente ainda 6% esse ano. Mas era 18% em 2012, e a tendência é mesmo de queda. Nesse novo quadro, o modelo econômico das OTA (On line Travel Agency) vai ter que evoluir. O tempo da valorização dos investimentos pela conquista de mais faixas de mercado vai talvez acabar, e os lucros vão assim voltar a ser os primeiros critérios de avaliação dos grandes atores do setor.

A primeira agencia da Wagons lits no Brasil, foto de Abril 1936

A primeira agencia da Wagons lits no Brasil, foto de Abril 1936

Frente a essas encruzilhadas, as agencias on-line jà estão mostrando mais qualidade e criatividade.  Lançam produtos e serviços mais sofisticados, melhoram o contato com o cliente, reforçando o atendimento com chat ou telefone, e as vezes mesmo (re)abrindo lojas …. Com as agencias tradicionais agora consolidando suas posições nos segmentos de lazer com mais valor agregado, a concorrência vai redobrar, e a grande aventura das agencias de viagem que o Thomas Cook começou a escrever em 1842 ainda não acabou….

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi adaptado dum artigo original do L Echo Touristique