
A praia da Ilha do Amor em Alter do Chão
Pode ter sido uma surpresa para muitos leitores do New York Times ler na edição de 20 de março deste ano que Alter do Chão merecia de ser listada entre as melhores cidades de praia do mundo. É mesmo difícil, para quem não conhece a Amazônia, imaginar que águas azuis podem banhar praias de areias brancas a quase mil quilômetros do mar, no coração da floresta equatorial. É, porém, isso que os visitantes podem aproveitar em Alter, caminhando à beira do rio Tapajós, mergulhando nas águas transparentes, praticando o paddle ou o kite surf, tomando sol na Ilha do Amor, ou simplesmente sentando num dos charmosos bares que ficam frente ao Lago Verde ou o vilarejo de Pindobal.
Ganhando fama como “Caribe da Amazônia”, Alter do Chão impressiona também pela riqueza histórica da vila e de toda a região do Tapajós. Fundada em 1626, foi local de uma missão jesuíta, onde se agruparam índios Borari, que foram catequizados e tiveram que aprender o nheengatu, mas conseguiram conservar suas tradições. Hoje seus descendentes, numerosos na população, perpetuam a cultura de seus ancestrais, em eventos populares como o “Festival Borari”, que acontece todos os anos no mês de julho, e o “Sairé”, uma das festas religiosas mais antigas dos Boraris, realizada no mês de setembro. A festa reúne rituais indígenas e tradições católicas, rezas em nheengatu, latim e português, com agradecimento a Tupã pela fartura da colheita. Tem também seus momentos profanos com danças regionais e o festival dos Botos com dois grupos competindo ao som do carimbó, encenando para o publico de moradores e de turistas as encantarias do mundo Borari .

Wickham, herói ou bandido, do Tapajós ao Jardim Botânico de Londres
Foi também nas margens do Tapajós que começou em 1876 a maior tragédia da história econômica da Amazônia. Encarregado pelo Cônsul inglês em Belém de encontrar sementes de seringueira, o famoso aventureiro Wickham conseguiu ajuda de ex-confederados instalados em Boim – vila ribeirinha do alto Tapajós -, que indicaram as terras altas como lugar preferencial, e de índios Tapuia, que recolheram e embrulharam as tão delicadas sementes. Se é provável que não foram contrabandeadas e que as autoridades paraenses estavam perfeitamente a par dos acontecimentos, as 70.000 sementes que atravessaram o Atlântico entraram na história como o símbolo de uma biopirataria que transferiu para a Ásia, depois de 1912, o domínio da produção de borracha, e levou à falência a quase totalidade dos seringais da Amazônia.

Na beira do Tapajós, o urbanismo do Oeste americano
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