
No encontro dos Rios, o Musée des Confluences
Como já demonstrado em Bilbao, Sidney, ou mas recentemente no Rio de Janeiro ou em Bordeaux, a abertura de um museu combinando um cenário excepcional, uma arquitetura surpreendente e um acervo original pode representar um novo impulso para o turismo, mesmo para uma cidade com a fama internacional de Lyon. O Musée des confluences, inaugurado em dezembro 2014 na antiga capital da Gália, confirmou essa teoria com quase um milhão de visitantes -o dobro da previsão inicial- no seu primeiro ano de abertura. Seguindo o exemplo do Guggenheim, ou do Museu do Amanha, o novo museu já faz parte dos roteiros incontornáveis, inclusive para 50.000 turistas internacionais vindo de 181 países.
Localizado perto do encontro das águas do Rio Rhône e do Rio Saône, e brincando assim com seu nome (Musée des confluences pode ser traduzido como Museu dos encontros), o Museu foi desenhado pelos arquitetos da empresa austríaca Coop Himmelb(l)au. Num bairro de Lyon em completa renovação – que já consta com vários edifícios surpreendentes-, ele já foi chamado de nave espacial, de lagarto ou de besouro, mas ganhou no final o apelido de “Nuvem de cristal”. Misturando vidro, aço e concreto, o conjunto de 11.000 metros quadrados agrega três blocos: a base, com a chegada dos grupos, os auditórios e os espaços técnicos, o cristal, com a entrada do publico e os espaços de circulação, e a nuvem, com 4 salas de exposições permanentes e 5 de temporárias. No térreo, olhando para o jardim e para as águas do rio, a Brasserie des Confluences do chef Guy Lassaussaie lembra ao visitante que Lyon é também sempre a capital da gastronomia.

Vista geral do quarto das maravilhas
Mesmo se muitos novos museus brilham mais pela arquitetura e a pedagogia que pelo acervo, o Musée des Confluences teve a sorte de herdar quatro coleções sobre zoologia, etnologia, e historia da humanidade, vindo do antigo museu de historia natural de Lyon (fundado em 1772 e fechado em 2007), do museu Guimet (1879-1978), do museu colonial de Lyon (1927-1968) e da fundação dos missionários católicos da Propagacão da Fé. Um total de dois milhões de peças dentre das quais três mil são expostas, junto com algumas compras espetaculares como um esqueleto de Camarasaurus, um dinosauro de 155 milhões de anos que foi encontrado no Wyoming e comprado por um milhão de euros, ou outros esqueletos de mamute, de lobo de Tasmânia ou de dodô. A diversidade do acervo aparece com toda a sua riqueza no “Quarto das Maravilhas” onde são expostos, com harmonia de cores e de apresentações, peças de marfim, troféus de caças e animais raros. Já reconhecida como grande destino de turismo gastronômico, a cidade de Lyon deve encontrar no sucesso desse espetacular Musée des Confluences a confirmação de uma vocação cultural que atrai agora novos viajantes franceses e internacionais.
Jean-Philippe Pérol

A Praça Bellecour e a estátua do Luis XIV
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