Descartando de vir jogar em Manaus, Roy Hodgson, o técnico da seleção inglesa, pisou duas vezes na bola. Primeiro porque teve que engolir o resultado do sorteio que mandou a sua equipe jogar na Arena Amazônia, segundo porque mostrou que não está a par do retorno de Manaus nas rotas do turismo internacional. Assim, é com toda lógica que o Amazonas vai ser o destino convidado na Feira Internacional de Turismo que começa em Lisboa dia 12 de Março. Empurrado pela força crescente do turismo ecológico, aproveitando a dinâmica da politica cultural do Estado e os seus numerosos festivais, facilitado pelas novas rotas aéreas vindo dos Estados Unidos e da Europa, o turismo tem agora trunfos para virar um motor de desenvolvimento sustentável para a Amazônia brasileira.
Os tradicionais passeios continuam imperdíveis. São as belezas naturais já elogiadas no livro do Jules Verne ‘A Jangada’, o Encontra das águas, as Vitoria Regia, os passeios na selva ou nos igapós. São as saudades da época da borracha quando o Amazonas era o segundo Estado mais rico da Federação, um esbanja de dinheiro ainda visível no Porto flutuante, no prédio da Alfandega, no Little Big Ben, e nas três jóias arquitecturais: o Teatro Amazonas e seu telhado vindo da Alsácia, o Palácio Rio Negro, e o Mercado Municipal, obra dum aluno de Gustave Eiffel, agora muito bem renovado.
Mas além dos clássicos, queria sugerir três atividades a incluir sempre que for possível. A primeira é um espetáculo no Teatro. São muitos eventos, de cinema, de jazz, de MPB, e o mais espetacular, o festival de opera que esse ano deve trazer o Carmen de Bizet. Reviver os sonhos extravagentes de Eduardo Ribeiro nesse ambiente extraordinário é para o visitante um momento mágico. A segunda surpresa são as praias. Me perdoe o Ceara e a Bahia, mas para mim as praias mas bonitas do Brasil são as praias do Rio Negro, praias de área branca que surgem nas beiras e no meio do Rio de setembro a março, oferecendo todos os esportes náuticos e todas as opções de banhos (inclusive com os botos cor de rosa…), em lugares exclusivos onde só chegara o seu barco.
A terceira oportunidade a não perder são as visitas das comunidades ribeirinhas, seja indígenas ou caboclas. Povos sofridos, que escreverem a heróica mas terrível historia da região ilustrada nos livros do Ferreira de Castro ou de Márcio Souza (não perder o Museu do Seringal ) , eles sempre tem historias a contar, espetáculos folclóricos a mostrar ou artesanato a oferecer. Inspiraram pintores amazonenses como Moacir Andrade ou Rui Machado. E na hora da ecologia e do eco turismo, o desenvolvimento da região tem que ser aprendido com eles, e para eles.
O Amazonas tem também hoje uma importante oferta de hotéis (do imponente Hotel Tropical ao charmosíssimo Boutique Hotel Casa Teatro), e vários hotéis de selva de qualidade como o Ecopark ou o Anavilhanas Lodge. Numa região cuja força e beleza nasceram nas águas dos rios e dos igarapés, a melhor opção é porem o barco que oferece não so a hospedagem e um culinário regional, mas a chave para acessar a todas essas belezas que o técnico da seleção inglesa vai ser em breve tão feliz de descobrir.
Jean-Philippe Pérol
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