A retomada, num mundo do turismo mais caro e mais exclusivo

A Nova Zelândia deixou claro que não quer atrair mochileiros

Característica importante da retomada no Brasil, a explosão dos preços das viagens, tanto nacionais que internacionais,  parece mesmo ser uma tendência global. Na Europa, nos Estados Unidos e até na Nova Zelândia, autoridades e profissionais estão anunciando que os custos que dispararam com a pandemia e a guerra vão inviabilizar muitas práticas de turismo “low cost”. Foi assim por exemplo que o presidente da Ryan Air, Michael O’Leary anunciou essa semana que os tempos de vendas de passagens promocionais a 10 euros ou menos, outrora bandeira-mor da empresa e da sua rival Easy Jet, já tinham acabado.

Reabrindo seu pais depois de dois anos de isolamento sanitário, o ministro neo-zelandês do turismo foi ainda mais longe (ou pelo menos mais claro). Numa entrevista com o  The Guardian , Stuart Nash declarou ter “nojo de viajantes sem dinheiro” e que não queria mais “atrair turistas que gastam USD 10 por dia, comendo macarrão pré-cozido“. Afirmou que não devia ter vergonha de uma nova estratégia de marketing, focada em atrair turistas “de alta qualidade”, seja gastando muito dinheiro e contribuindo assim a melhorar a economia do pais. 

Nova Zelandia quer rentabilizar as suas belezas

As declarações do ministro já abriram uma polémica. Profissionais do setores já lembraram que os turistas mais humildes têm um papel importante. Seus gastos globais podem ser mais importantes porque as estadias muito mais longas compensam o baixo nível de gasto diário. Alem disso muitas atividades tem preços fixos e não dependem do poder aquisitivo de cada um. É o caso dos museus, dos parques, dos transportes públicos ou dos teleféricos. Com menos recursos, os viajantes de classe media têm em geral um impacto menor sobre o meio ambiente, especialmente nas pegadas de carbone.

Rentabilidade, democracia, liberdade e meio ambiente no debate do turismo exclusivo

.
.
Jean Philippe Pérol
.
.

Esse artigo foi inicialmente publicado no Blog “Points de vue” do autor na revista profissional on line Mercado e Eventos

Deixe uma resposta