O Airbus 380 está de volta, até quando?

O Airbus A380, efêmero grande sucesso da Air France

Mesmo se a pandemia quase o tenha matado, e se a Airbus tinha antecipado para 2021 o fim da sua produção, o A380 não quer desaparecer. Com a retomada do setor, os Jumbos do século XXI estão cada dia mais numerosos a percorrer os céus.  Seguindo o exemplo da Emirates, e como únicas exceções a Air France, a China Southern e a Malaysia Airlines, todas as companhias aéreas que tinham adquirido o gigante já o reintegraram parcialmente ou totalmente na sua frota.  É o caso da All Nippon Airways, da Asiana Airlines, da British Airways,  da Korean Air, da Qantas, da Qatar Airways, e recentemente da Etihad.

A Emirates foi pioneira na volta do A380

Singapore, primeira companhia a explorar o A380, tem agora 12 deles voando nas suas rotas asiáticas bem como para Austrália, todos eles com somente 471 passageiros numa configuração luxuosa. A Lufthansa, que planejava se livrar dos 14 aparelhos sua frota, está reativando-o numa versão para 509 passageiros nos voos de Munique para Nova Iorque, Boston, Los Angeles e Banquecoque, lançando uma forte campanha de comunicação que aproveite a incrível empatia do público para este avião tão peculiar. E a própria Emirates, a maior compradora,  já reativou 100 dos seus 123 aviões, todos para 517 assentos dos quais 14 são destinados às prestigiosas suites de primeira classe.

A saturação dos aeroportos favoreceu a volta do A380

Em qualquer uma destas bandeiras, e em todas as rotas onde estão operando, estes aviões são lotados. Acumulando taxas de ocupações de 85 à 90% de ocupação e tarifas aéreas 23% mais caras esse ano – essa carestia deve se manter até 2024 ou mesmo 2025 devido aos atrasos nas entregas de centenas de aviões da nova geração pela Boeing e a Airbus-, os A380 contribuem a melhorar os resultados das companhias aéreas. Para alguns especialistas, poderão inclusive ajudar a trazer de volta os lucros logo em 2023, um ano mais cedo que as previsões iniciais.

Favorito dos viajantes, o A380 não deve ter sucessor

Para muitas companhias, este volta do A380 vai ser duradoura. Emirates, que foi em 2019 a única empresa do setor a pedir uma nova versão do aparelho, está agora repetindo o seu pedido, argumentando que este avião seria uma solução para o congestionamento dos aeroportos consecutivo a retomada, e que deve se acelerar a partir de 2024. Insensível a estes argumentos, a Airbus não tem nenhum previsão sobre um novo super jumbo, e seu diretor comercial acha que as novas tecnologias e a exigência de sustentabilidade vão favorecer os aviões de pequeno porte. Nos próximos anos, é mais que provável que o transporte aéreo continuará com um grande paradoxo: o avião favorito dos viajantes do mundo inteiro continuará a voar, mas será condenado a não ter sucessor. Depois do Concorde, as mesmas esperanças, o mesmo embalo, o mesmo sucesso e o mesmo fracasso?

 

Jean-Philippe Pérol 

.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vamos pegar um voo para lugar nenhum?

A baia de Sidnei, um dos pontos sobrevoada na viagem da Qantas

Com a maioria das fronteiras ainda fechadas, e muitos turistas sem nenhumas opções de  viagens internacionais, alguns profissionais estão mostrando muita criatividade para oferecer alternativas aos viajantes desesperados. A companhia aérea australiana Qantas oferece assim no próximo dia 10 de Outubro uma viagem panoramica de Sidnei para …  Sidnei.  O Dreamliner 787 sobrevoará durante um voo de 7 horas os lugares emblemáticos da Austrália como o Monte Uluru, as pedras de Kata Tiuta, a Gold Coast, a Grande barreira de coral, Byron Bay ou a baia de Sidnei. Com preços variáveis de USD500 a USD 2500, as passagens já estariam esgotadas – um recorde na história da empresa.

 Entre le 2 et le 7 juillet, l’aéroport de Taïpei, sur l’île de Taïwan, a organisé des voyages pour « faire comme si on allait à l’étranger » (illustration).

Em Taiwan, o pioneirismo nos voos para lugar nenhum

A primeira experiência de voo para lugar nenhuma tinha sido inaugurada em julho de forma ainda mais radical. O aeroporto de Taipé, em colaboração com as companhias aéreas China Air e a Eva Air, tinha organizado uma viagem “faz de conta”. 7000 taiwaneses participaram de uma loteria para escolher 180 vencedores que tiveram direito a essa experiência. Atendimento na chegada no aeroporto, check-in, subida a bordo do avião, serviço de bordo e chegada foram efetuadas mas os aviões ficavam no chão. O  sucesso da promoção levou a Eva Air a iniciar sobrevoos  de duas horas da ilha, vendidos USD150 e incluindo um almoço gastronômico. A All Nippon Airways e a Royal Brunei Airlines ofereceram experiências similares.

A pressão dos ecologistas leva Singapore a renunciar a seu projeto

A Singapore Airlines, que atravessa uma grave crise financeira e prevê de cancelar 4300 empregos, ia também propor voos para lugar nenhum a partir desse mês. Com uma duração de três horas, organizados em cooperação com as autoridades do turismo local, iam custar USD300 e dar direito a descontos em hotéis, restaurantes e lojas da cidade. O anuncio provocou porém uma forte reação das associações locais de defesa do meio ambiente. Mesmo oferecendo de compensar as duas toneladas de CO2 soltas em cada voo, a Singapore Airlines não teve como enfrentar as criticas e está considerando agora de organizar visitas dos seus Airbus 380, incluindo animações para as crianças e jantares a bordo.

Oferta de 2001 para voos especiais do Concorde

A Air France comunicou que nenhuma operação deste tipo era programada, mas seus funcionários mais antigos se lembrarão que os voos sem destinos já foram numerosos na companhia, sendo para muitos curiosos um meio de voar pela primeira vez ou de experimentar aviões míticos como o B747 ou mais recentemente o A380. Nos gloriosos anos do Concorde, a empresa Air Loisirs Services se especializou em vender batizados supersônicos saindo e voltou do mesmo aeroporto. Foi ela que realizou, dia 31 de Maio de 2003, o ultimo voo comercial do supersônico franco-britânico com passageiros de ambos países. Um voo que saiu de Paris, sobrevoou o Atlantico a Mach 2,06 e voltou para Paris. Um voo para lugar nenhum mas que entrou na historia da aviação.

ANA oferece voos para lugar nenhum no A380

Depois do Concorde, o sonho do Airbus 380 entra também na Historia

O Airbus A380 da Air France

Em novembro 2009, subindo a bordo do primeiro voo Nova Iorque Paris do A380 da Air France, a sensação era de participar, mais uma vez, do início de uma nova era do transporte aéreo internacional. Anunciado (e sendo) o avião mais silencioso e mais confortável do momento, capaz de transportar de 500 a 800 passageiros, o gigante da Airbus ia trazer para o transporte aéreo internacional uma revolução tão radical que o primeiro Jumbo 747 em 1969. O entusiasmo das 13 grandes companhias  participando em 1996 da primeira apresentação do então A3XX levaram a Airbus a lançar o programa em 2000, conseguindo logo 55 encomendas. A escolha do nome, A380 com o numero 8 vindo da numerologia chinesa, mostrava que a aposta principal era de se posicionar nos grandes hubs asiáticos.

Qual seria a melhor companhia aérea na classe econômica?

airfrance_4x3_lapremiere-uk_2400

As grandes companhias aéreas internacionais estão brigando há anos para subir nos pódios das melhores Primeira Classe (o World Airline Awards 2014 foi da Singapore Airlines) ou das melhores Business (o mesmo Awards 2014 foi da Qatar Airways), fazendo das “La Première” um eixo central de comunicação. Lembrando que 90% dos passageiros só usam a classe econômica,  a empresa de marketing  Skift.com publicou um inédito ranking nessa categoria. World Airlines Award 2014Claro que o World Airline Award não esquece de premiar também a melhor Classe econômica (em 2014 Asiana, Garuda e Turkish), mas a inovação da Skift foi de escolher fazê-lo não com votos aleatórios mas com critérios objetivos apoiados na experiência completa do viajante nos voos de longa distância.

A metodologia do Skift Airlines Ratings só leva em consideração as companhias aéreas com um grande números de voos e de destinos, incluindo voos intercontinentais. SKIFT-RATINGS-logoAlgumas companhias domésticas, ou de menor porte, não foram incluídas mesmo oferecendo serviços de qualidade. Onze critérios foram escolhidos, sendo que o primeiro, as facilidades de bagagens, só constam como referência. A pontuação começa com o website que devem ser não somente eficiente, mas fácil e agradável para o passageiro. A American Airlines, a Air France e a Lufthansa se saíram bem nesse critério.

O conforto das poltronas foi analisado com três fatores: o pitch, a distância entre as poltronas, a largura das poltronas, e o próprio conforto. economy_smart_seatEsse critério tendo uma importância chave nos voos de longa distância, ele pesou muito na pontuação. As notas são muito influenciadas pelo numero de cadeiras por fila (8, 9 ou 10), e as companhias que operam com o A380 têm uma indiscutível vantagem. As exigências de custo devem limitar os esforços para melhor o conforto, mas as companhias norte americanas não se saíram bem nesse critério.

O serviço de comidas e bebidas não foi julgado em função da qualidade gastronômica ou enológica dos cardápios, sempre muito discutível, mas da apresentação dos pratos, premiando os mais apetitosos, e da qualidade do serviço das tripulações. Nesse item, se destacaram as companhias do Oriente médio, e surpreendentemente a Qantas. Bandeja da Qatar AirwaysO divertimento a bordo, importante nos voos de longa distancia, deu nota máxima para American, Etihad, Emirates e Qatar Airways, tanto na qualidade dos equipamentos que na variedade dos programas apresentados. O critério “wi-fi” destacou os esforços das companhias tanto pela conectividade a bordo que pelos aplicativos.

O ultimo critério, a qualidade do design interno dos aviões, foi o único a ser muito subjetivo. Foram julgados os últimos lançamentos, e os aviões mas novos, de cada companhia, mesmo quando a frota inteira ainda não beneficiava desses novos padrões. Turkish, South African e Etihad tiraram as melhores notas.

Cabina da classe econômica da S.A.A.

Com esses critérios, o titulo de melhor companhia aérea na classe económica para os voos de longa distancia ficou empatado entre a Etihad and Qatar Airways, com 61 pontos sobre um total possível de 73, somente um ponto na frente de Turkish Airlines, Emirates Airlines, e All Nippon Airways (ANA). A vitória apertada mostrou a importância dos mínimos detalhes para fazer a diferença. Nas grandes regiões geográficas, foram premiadas a American para America do Norte, a Turkish na Europa, a South African na África. Na América Latina a Avianca levou o titulo, 7 pontos na frente da AeroMexico e 13 na frente da LAN/TAM….Saudades….

VARIG_Brasil_Boeing_747-341_(PP-VOA_24106_701)_(6382736855)

Skift achou também necessário premiar a aliança com os melhores resultados regionais. O prêmio mundial da melhor Economy Class foi assim concedido para Star Alliance que teve quatro dos seus membros nos vencedores regionais, sendo curiosamente a United Airlines muito mal colocada em relação a seus parceiros.

Mesmo discutível e devendo ser aperfeiçoar no futuro, esse ranking da Skift tem o grande mérito de tentar ser objetivo e de focar a importância do serviço oferecido na classe econômicas. COMANDANTE ROLIM No Brasil tem-se que se torcer para ver a volta do serviço excepcional que as companhias internacionais nacionais chegaram a oferecer na grande época da Varig ou, mais recentemente, na auge da TAM e do tapete vermelho do saudoso Comandante Rolim.

O quadro completa da classificação da Skift Airlines Rating:

ranking

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inspirado de um artigo original de Serge Fabre no magazine on-line Pagtour.

%d blogueiros gostam disto: