Quem não gostou da última decisão da ANAC de autorizar, a partir do 14 de Março, a cobrança do despacho de bagagens, vai ser talvez decepcionado ao saber que a cobrança de serviços anexos pelas companhias aéreas ainda cresceu em 2016, devendo chegar a US$ 67,4 bilhões. Na sua pesquisa anual junto às 67 maiores empresas de transporte aéreo internacional, a IdeaWorksCompany/Car Trawler mostrou que essas receitas, incluindo vendas a bordo e vendas ligadas a programas de milhas, deverão chegar a 17,81 US$ por passageiro, sejam 9,1% das receitas globais das companhias aéreas. Um crescimento de 13,8% em um ano.
As receitas de “serviços opcionais” representam mais de US$ 44 bilhões, dois terços do total. São os despachos ou excessos de bagagens, as bebidas e a comida a bordo, a marcação dos assentos ou os upgrades, as vendas de duty-free e, cada vez mais, o wi-fi que cada vez mais companhias estão oferecendo. As outras receitas são provenientes da venda dos programas de Frequent Flyers (FFP) e das comissões recebidas sobre as vendas de serviços terrestres como reservas de hotéis ou de carros.
O relatório da IdeaWorksCompany mostra que todas as 178 empresas existentes não estão aproveitando da mesma forma essas novas fontes de receitas, três grupos se destacando com mais de 10% do seu faturamento global em serviços anexos. São as companhias low cost que chegam a uma média de 11,8% com uma política de ofertas “à la carte”, muita agressiva e muito bem aproveitada por empresas como Anadolu Jet, Cebu Pacific Air, ou VivaAerobus. Em segundo lugar ficam as grandes companhias americanas como Delta, United ou Alaska, com 12,3% do seu faturamento proveniente principalmente dos pagamentos de bagagens e dos programas de Frequent flyers. Na liderança, destacam-se com 25,5% algumas empresas – Spirit Airlines, Ryanair, Eurowings ou Flydubai, que fizeram dessas receitas um objetivo estratégico.
Para as companhias tradicionais, as receitas de serviços anexos só representam uma média de 5,8% do faturamento global, mas com um crescimento excepcional em relação a 2015. Com pagamento de bagagens quase generalizado, vendas de assentos, cobrança de vantagens anexas, propostas de wi-fi, Aerolíneas Argentinas, Air New Zealand, LOT Polish Airlines, Royal Jordanian mas também Austrian, Lufthansa, SWISS e até Emirates estão agora priorizando o crescimento dessas receitas.
A conclusão mais interessante do relatório da IdeaWorksCompagny se refere à atitude do novo viajante. Enquanto ele tenta desesperadamente encontrar as tarifas mais baratas, ele aceita ao mesmo tempo de pagar quase US$ 20 para serviços opcionais claramente identificados para melhorar seu conforto. Essa nova tendência não vai somente enriquecer a sua “experiência” durante o voo, vai também ajudar as companhias aéreas a melhorar suas rentabilidades, satisfazer os seus acionistas, tranquilizar seus funcionários, e garantir o futuro do setor. Então, obrigado à ANAC por deixar a Gol, a Latam ou a Azul cobrar a sua mala?
blockquote, div.yahoo_quoted { margin-left: 0 !important; border-left:1px #715FFA solid !important; padding-left:1ex !important; background-color:white !important; } Isso só faz sentido se o custo das passagens baixar. Senão é abuso e exploração. ET: hoje mesmo o governo suspendeu a decisão da ANAC devido à ação movida pelo Coprom. Vamos ver os próximos capítulos do que deverá ser mais uma novela brasileira. Att, MA.
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Obrigado, Maria Angela. Sobre o pagamento das bagagens acho que alguma coisa é importante definir: claro que quem paga é sempre o viajante. A pergunta é de saber se cada um paga pelas suas próprias malas ou se isso é pago por todos de forma forfaitaria. No mundo inteiro a tendência parece ser que tanto as companhias aéreas que os consumidores prefiram que o máximo de serviços, incluindo as bagagens, sejam pagos de forma distinta pelos usuários diretos. A decisão da ANAC vai nessa tendência mundial. Abraço