
Os 330 km e as 7 etapas da Rota Napoleão, em opção a trilha imperial de 110 km @Fonte Le Point
O turismo não esperou 1932 e a abertura da rota. As pegadas do Napoleão atraíram logo os mais famosos admiradores, grandes escritores como Stendhal ou Chateaubriand. E Victor Hugo andou emocionado e lírico na praia de Golfe Juan. A primeira etapa do roteiro é Cannes, onde a falta de albergues (os palaces e a croisette só chegarão no século XX) obrigou a tropa a acampar do lado da igreja Notre-Dame-de-Bon-Voyage – o viajante poderá ler a inscrição comemorativa na parede externa. Grasse foi a etapa seguinte, já na época cidade dos perfumes e das flores onde o Imperador recebeu um buquê de violetas e foi dormir no planalto de Roquevignon, hoje um parque natural com uma mata mediterrânea e uma fauna de pássaros, esquilos e raposas.

O Relais impérial onde o Imperador bebeu num copo vendido depois umas cem vezes…
Saindo de Grasse, ainda é possivel parar em Saint Vallier no hotel restaurante “Relais Imperial” onde Napoleão parou para beber, ou visitar em Seranon as ruínas da Bastide de Broundet onde ele dormiu depois de comer ovos cozidos. Preocupado com envenenamento, ele preferiu os ovos as iguaria da cozinha local que o viajante moderno pode descobrir na rota: panisses (massa de grão de bico), tourtons (pasteis recheados de purê de batata), ravioles de Matheysine ou pieds paquets (tripas e pés de carneiro cozidos no vinho branco). Em Barrême, a visita do vilarejo inclui uma parada em frente a casa onde Napoleão passou sua quarta noite. Menos apressado, o viajante poderá aproveitar o dia seguinte as belezas naturais do primeiro Geoparque reconhecido pela UNESCO.
À Malijai, o antigo castelo ,onde o Napoleão dormiu, hoje virou a prefeitura. A etapa foi curta, tinha que passar por Volonne – onde uma placa e o nome do bar lembram o episódio, para atravessar a antiga ponte do Rio Durance e a espetacular cidade-fortaleza de Sisteron. Cercada pelas montanhas cobertas de neve, a estrada segue para Gap que fez uma recepção calorosa a tropa imperial, lembrada no então albergue com uma águia e uma fresca da epopéia na faixada, além de uma inscrição comemorativa. Ao longo da rota, as placas, colunas, estatuas e monumentos se multiplicam, lembrando o entusiasmo crescente das multidões em La Fare, em Corps, La Mure e Laffrey, últimas paradas antes de chegar em Grenoble.
Foi antes de Grenoble, que o Napoleão selou a epopéia. No campo do Encontro, ele avançou sozinho na frente das tropas monarquistas e falou “Sou eu! Se tem aqui um soldado que quer matar o seu Imperador, que atire agora”. Tremendo de emoção, os soldados dos dois lados se abraçam nos gritos de “Vive l’Empereur”. O momento histórico é lembrado hoje com uma estátua de Napoleão olhando a águia desenhada na floresta da montanha de Grand Serre. Foi mesmo o Imperador que os habitantes receberam em Grenoble carregando as portas da cidade que o prefeito não queria abrir. Indo dormir na albergue dos Trois-Dauphins, tendo agora um exército de 7000 homens, Napoleão anunciou que chegaria em Paris em dez dias. Encerrava a epopéia da Rota Napoleão, passava a História, começava o turismo. Viva o Bicentenário!