Enquanto a União Europeia está tentando obrigar seus membros a acabar com os voos domésticos de menos de uma hora, os Britânicos mostraram mais uma vez a sua independência com uma decisão original. No dia 1ero de abril, reduziram pela metade o valor da taxa APD (Air passenger duty) quando for cobrada para ligações aéreas internas. Criada em 1994, essa taxa pesava sobre todos os voos decolando dos aeroportos do Reino Unido, sendo proporcional a distancia percorrida. Com a nova lei, o valor médio cobrado para os voos internos vai baixar de 13 à 6,5 libras para cada trecho, seja 13 libras de economia sobre a ideia e volta. Num pais onde o preço media de uma viagem aérea é de menos de 30 libras para cada trecho, o impacto para um viajante pode chegar a quase 20%.
Tomada pelo atual Primeiro Ministro, Rishi Sunak , quando era o Ministro da Fazenda do governo anterior, essa medida era um dos cortes de impostos decididos para estimular a economia do pais. Se os resultados não foram convincentes em todos os setores, o sucesso foi imediato para o transporte aéreo e o turismo. No mesmo dia, Ryan Air anunciou a abertura de 9 novas linhas domesticas e Easy Jet aumentava de 36% sua oferta de assentos para o verão, incluindo 3 novas rotas. Logo em seguido, as companhias tradicionais, a inglesa British Airways, a escocesa Logan Air e a irlandesa Aer Lingus acompanhava a tendência com aumentos de capacidade de dois dígitos.

O Brexit já tinha estimulado o turismo domestico britânico
Segundo o Official Airline Guide, a oferta de assentos nos voos domésticos britânicos vai ser multiplicada por dois em relação a 2019, e chegara a mais de 16 milhões. Essa projeção mostra não somente que a crise do Covid foi definitivamente superada, mas que a queda do turismo interno que castigou as Ilhas Britânicas durante varias décadas – e provocou a falências de varias companhias aéreas- pertence agora ao passado. O sucesso surpreendeu até os adversários do transporte aéreo, algumas organizações ecologistas que reclamaram da medida do governo que, segundo elas, ia prejudicar o transporte ferroviário. Esquecerem porém que os principais destinos destes novos voos não tinha ligações ferroviárias diretas entre eles, e que o custo do trem era as vezes até superior.

O Reino Unido esperar liderar a transição para o motor a hidrogénio
O desenvolvimento do voos domésticos britânicos quer, a medio e longo prazo, acompanhar a transição energética. Se os trens ingleses têm a fama de ser arcaicos e poluentes, o Reino Unido é hoje pioneiro nos projetos de descarbonização do transporte aéreo. O projeto mais avançado é realizado pela ZeroAvia, um construtor anglo-americano que já testou um protótipo de avião movido com baterias de hidrogênio. No último dia 19 de janeiro, um Dornier 228 de 19 lugares conseguiu realizar um voo de 10 mn no condado de Gloucestershire. O primeiro voo comercial estaria previsto para junho de 2025. Frente a uma União Europeia extremamente cética, ninguém deve duvidar que o governo britânico encontra também no transporte aéro doméstico uma maneira de mostrar sua criatividade e sua peculiaridade.