O Orient-Express, fênix das viagens de luxo

Depois de 140 anos, a saudade do rei dos trens e do trem dos reis ainda fica 

O Orient-Express teria festejado o ano que vem seus 140 anos. Prestigioso trem lançado em 1883 pela  Compagnie internationale des wagons-lits , ele ligava em 4 dias Paris a Istambul com um conforto e um luxo inédito. Mas depois de virar um verdadeiro mito – consagrado em 1934 no grande clássico da Agatha Christie-, o mais famoso trem do mundo sofreu das consequências da segunda guerra, teve suas operações complicadas pela cortina de ferro, e entrou em decadência a partir de 1962. Perdeu seu glamour, acabou com suas ligações diretas para Istambul, fechou suas agências – a Wagons lits só conseguiu resgatar Budapeste e Sofia-, e finalmente encerrou suas atividades em 1977.

O Orient-Express, o renascimento com o Venise Simplon Orient Express

Mas, mesmo sumido, o Orient-Express levantava muitas paixões, muitos projetos e mostrou ser um verdadeiro fênix. Em 1976, a operadora suíça  Interflug lançava o “Nostalgie Istambul Orient Express” que sobreviveu, com muitas dificuldades, até o inicio dos anos 2000.  O americano James Sherwood foi mais bem-sucedido. Renovando 18 antigos vagões da Wagons lits, aproveitando o seu prestigioso hotel Cipriani em Veneza, reabriu em 1982 um “Venise Simplon Orient-Express”, ligando Londres e Paris a Serenissima capital. Explorado hoje pela Belmond (do grupo LVMH), este fiel herdeiro estica varias vezes por ano seu itinerário até Vienna, Budapeste e mesmo Istambul.

Accor quer relançar não somente o trem mas também os hotéis

Proprietario da marca “Orient Express” junto com a SNCF, o francês Accor anunciou que quer ver renascer a lenda do mais prestigioso trem do mundo. Com 17 vagões dos anos vinte reencontrados na Polônia, redesenhados pelo famoso arquiteto Maxime d’Angeac, o grupo prevê a reabertura da linha em 2024.  Vagões-leito, vagões-restaurante e salões serão renovados no estilo “Art deco” original, incluindo painéis do Lalique, mas com toques contemporâneos. Para garantir essa autenticidade nos mínimos detalhes, Accor quer que esse novo Orient Express seja  uma obra de artesãos, apoiados por grandes marcas de luxo, uma vitrina do “savoir faire” e da excelência franceses.

Da sustentabilidade ao “slow travel”, o trem abraçando as novas tendências do turismo!

A primeira viagem de trem organizada pelo Thomas Cook

Desde 1842, quando Thomas Cook inventou o turismo moderno numa Maria Fumaça fretada de Leicester a Loughborough, o trem foi sempre, na Europa, pioneiro nas grandes ou pequenas revoluções do setor. Suas performances ecológicas exemplares, sua rede interligando não somente os grandes centros mas umas 10 mil cidades ou vilarejos nos 38 países europeus, sua autenticidade enraizada nas tradições ferroviárias, e sua flexibilidade o colocam outra vez nas mais recentes tendências seguidas pelos viajantes internacionais. Seja nos TGV ou nas ferrovias regionais, viajar de trem significa sair do centro das cidades, poder relaxar desde o embarque até a chegada, aproveitar a paisagem, entrar em contatos com outros viajantes ou moradores, escolher com facilidade o ritmo das suas experiências.

Dos Alpes da Provence até Nice, o famoso Train des Pignes

Um pesquisa da Virtuoso mostrou que 37% dos consumidores privilegiam as empresas investindo na sustentabilidade, e que os viajantes “eco-conscientes” são quase todos convencidos que o trem é o mais eficiente dos meios de transporte quando se trata de consumo de energia, de gases do efeito estufa ou de sustentabilidade. Nos Estados Unidos, 71% dos compradores de “Eurailpass” declaram que as baixas pegadas carbono foram decisivas na escolha do trem. A geração dos Millenials é a mais comprometida com a ecologia – três vezes mais que a geração X, seguido dos baby boomers e da geração Z-, mas todos  parecem prontos a mudar seus comportamentos afim de reduzir o impacto das suas viagens sobre o meio ambiente.

O overturismo aumentou a urgência de novos destinos

O overturismo foi incluído este ano pela primeira vez na pesquisa anual da MMGY sobre o perfil do viajante estadunidense. Cerca de 60% dos respondentes concordaram com a afirmação que o turismo de massa e a superlotação vão ter uma influencia importante na escolha dos lugares que visitarão nos próximos dez anos. E 73% já tentam evitar destinos superpovoados durante as altas temporadas. Mesmo se o trem oferece aos viajantes a possibilidade de chegar diretamente nos centros das grandes cidades, ele dá também a opção de visitar lugares menos acessíveis, menos conhecidos, mais íntimos, onde é possível mergulhar na cultura local  sem sofrer dos desgastes humanos e financeiros do overturismo,

Os trens suiços dão acessos aos lugares mais escondidos do país

Os destinos menos conhecidos onde o trem pode levar o viajante não são somente ajudam a escapar ao overturismo, mas permitem descobrir pequenas cidades ou vilarejos para experiências autênticas e mais oportunidades de interagir com os habitantes. No relatório Luxe Report 2019, a Virtuoso coloca agora o encontro e a convivência com moradores como uma das cinco maiores motivações de viagem. Os  trens regionais ou “intercity” são ocasiões de descobrir novas paisagens, novas culturas diferentes e novos encontros enriquecedores. Nos pequenos vilarejos, encontra se o tempo para  conversar com os “habitués”de um bistrô, descobrir um prato regional com ingredientes da própria fazenda, ir na feira livre para fazer as compras, visitar uma surpreendente igreja romana cujas chaves são guardadas pela vizinha, ou fazer uma degustação de vinhos com um pequeno produtor.

A Itália logo associou slow travel com trem

O trem combina também com a nova tendência do Slow Travel, a descoberta de destinos a um ritmo bem tranquilo, tomando o tempo necessário para conhecer seus atrativos e sua gente e fazendo da própria viagem (de trem!)  um momento descontraído e relaxante. Pioneira, a Itália fez de 2019 o ano do seu “slow tourism,” focando sua promoção em atrações culturais e turísticas de regiões menos conhecidas do pais. As operadoras e as agências de viagens foram incentivadas a diversificar seus roteiros, multiplicando as paradas em vez de ligar diretamente as grandes cidades italianas. O trem ficou assim uma escolha natural, relaxante, que alegra os clientes menos apressados do “slow travel”, jovens estudantes ou aposentados da melhor idade que querem viajar a seu ritmo, almoçar sem pressa ou parar de repente para aproveitar um pôr do sol.

©SNCF Mediatheque/Alex Profit

O turismo sustentável, a experiência local e os novos caminhos da autenticidade

A padaria com o melhor bolo de avelã, segredo de morador de Auzances

A busca da autenticidade é tão antiga que as próprias viagens, sendo uma preocupação constante dos turistas, bem como dos profissionais que sempre alegaram procurar a verdade e a originalidade dos destinos, a identidade das suas tradições, a especificidade das suas culturas. Mas durante muitos anos,  a procura dessa autenticidade foi muito mais uma afirmação sem conteúdo, ou uma jogada de marketing, que uma verdadeira oferta feita aos viajantes. Em alguns casos, incapazes de encontrar uma definição do turismo autentico nos grandes destinos  integrando a mundialização, as operadoras reduziam as ofertas de autenticidade a viagens caríssimas em regiões exóticas de difícil acesso.

Pierre Eloy e Sophie Moreau no seminario da Globe Veilleur

Reforçada pela recusa da globalização e pela procura de destinos diferenciados, o turismo autêntico encontrou um novo reforço na sustentabilidade, no respeito da cultura local e na interação com os moradores. A autenticidade se define agora pela densidade dos encontros, pela sinceridade dos intercâmbios, ou pela emoção das lembranças.  A importância dos atores locais na oferta de produtos autênticos foi assim demonstrado no ultimo debate da  Globe Veilleur em Montreal. Os palestrantes, Pierre Eloy, dos Agitadores de destinos numéricos , e Sophie Moreau, do turismo de Ancenis, na região dos Castelos do Loire, lembraram que os profissionais do turismo  são  vendedores de sonhos, e devem ser criativos para construir, com os moradores,  experiências juntando destinos, encontros e boas surpresas.

Viver uma experiência com os locais, as ofertas da AirBnb

Airbnb é um exemplo de ofertas autênticas bem sucedidas. O seu site valoriza a cultura de cada destino, com propostas de intercâmbio com “especialistas da vida local” cujos nomes, fotos e historias fazem parte dos descritivos das atividades. As experiências temáticas são cada vez mais criativas, no culinário, nas degustações, nos passeios, no esporte, na arte ou no shopping. Com um sucesso ligado a sua estreita relação com os moradores, a empresa demonstrou que os viajantes confiam mais nas dicas daqueles que vivem o dia a dia de uma cidade. Os profissionais  devem se lembrar que são também moradores e que devem então se apresentar como tais, personalizando as suas próprias historias e suas ofertas.

O Collector verão 2017 da OnlyLyon

Para comunicar a autenticidade, a criatividade encontra-se também nas formas de comunicação. Cada vez mais abandonado pelos destinos e pelas operadoras, os guias impressos viraram um destaque para aqueles que souberam explorar-lo para materializar suas ofertas. Assim a cidade de Lyon publica duas vezes por ano o guia “Collector” que apresenta restaurantes ou lojas selecionadas para os turistas e os moradores, valorizando as novidades, as promoções e as dicas  “Only Lyon” .  Assim também a  operadora da SNCF (os trens franceses), voyages-sncf.com,  está editando uma nova coleção de guias  « Emmenez-moi à » (Me leve para…) . Com visuais originais, eles listam endereços culturais ou gastronômicos, contam experiências e apresentam mapas.

O guia “Nos coins préférés” da Secretaria de Turismo de Ancenis

Na busca da autenticidade, os próprios funcionários de atendimento têm um papel importante, virando “concierge’ do destino, ajudando na experiência vivida pelo viajante. O turismo do Queensland procura ideias nas contas das redes sociais dos visitantes – oferecendo por exemplo uma camiseta autografada do seu time de rugby  a uma torcedora vindo para assistir a um jogo e que tinha publicado muitos posts valorizando o destino. Em Ancenis, na região dos Castelos do Loire, os funcionários do escritório de turismo foram solicitados para propor um mapa dos seus lugares prediletos. Chamado de « Nos coins préférés » , o documento  parece cochichar no ouvido dos visitantes alguns segredos que os moradores aceitaram de dividir, pequenas propostas de vida local que viram grandes experiências de autenticidade.

Esse artigo foi inspirado de um artigo original de Aude Lenoir  na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat 

 

Nos novos trens franceses, a resposta ao viajante vai ser sempre: “Oui”!

Os famosos TGV estão virando inOui

Sonho do final dos anos 60, quando o então Presidente francês Georges Pompidou decidiu que a França tinha que recuperar o recorde mundial de velocidade nos trilhos então nas mãos do trem bala Japonês, o TGV virou realidade a partir de 1972. Juntando a vontade e os recursos do governo com a experiência da SNCF e a tecnologia da Alsthom, Pompidou lançou o projeto e viu o primeiro Trem de Alta Velocidade chegar a 160 km/h numa viagem de Belfort a Mulhouse, na Alsácia. Nove anos e dois presidentes depois, no dia 22 de Setembro de 1981, François Mitterand inaugurou a 260 km/h, em duas horas e quarenta minutos,  a primeira linha de TGV entre Paris e Lyon. O sucesso foi imediato, bem como a multiplicação das cidades interligadas – hoje quase 200 – e dos números de passageiros – hoje mais de 100 milhões por ano.

Mitterand inaugurando o primeiro TGV entre Paris e Lyon

Mas as ferrovias franceses não querem parar nisso, e anunciaram agora que querem atrair até o ano 2020 15 milhões de novos passageiros. Para atingir esse objetivo ambicioso, o Presidente da empresa, Guillaume Pepy, sempre fascinado pelo exemplo das companhias aéreas, apostou no lançamento do TGV low cost. Chamado Ouigo, esse novo serviço deve representar daqui a 2020 25% do trafego de alta velocidade, atraindo tanto novos viajantes, passageiros de “low costs” ou jovens hoje acostumados com transportes alternativos. Com um forte investimento promocional, os TGV Ouigo vão ser instalados rapidamente em todos os eixos principais da rede ferroviária francesa. Para responder as exigências desses novos clientes, um site dedicado, ouigo.com, foi aberta para informação, promoções e reservas.

A nova marca Ouigo, o TGV low-cost

Os viajantes vão também anotar as melhorias nos serviços dos TGV tradicionais para os quais estão previstos investimentos excepcionais. A SNCF vai renovar o material atual,  comprar novos trens “Oceane”, instalar novas poltronas com tomadas USB, redesenhar os vagões bar, melhorar os cais das estações, generalizar o wi-fi e investir na formação do pessoal. Com uma nova marca, InOui, Guillaume Pepy quer dar um pulo na qualidade do atendimento, mostrando mais atenção  e mais carinho para os passageiros. Com os melhoramentos tecnológicos, os viajantes vão também poder beneficiar de viagens mais rápidos. Assim, a partir do próximo 2 de Julho, Bordeaux será somente a 2 horas 05 de Paris em vez de 2 horas 40 hoje.

Mesmo se os novos TGV não querem ser considerados uns transportes de luxo, e se não está previsto nenhum aumento de preços, eles querer oferecer o melhor serviço, já prevendo que a concorrência européia chegará na França a partir de 2021. O “Oui” (Sim) que aparece nas duas novas marcas, Ouigo e InOui, é talvez simbólico dessa nova cultura. O próprio site da empresa, hoje voyages-sncf, vai assim ser redesenhado e se chamará « OUI.sncf ». E, na espera do trem bala prometido há anos entre São Paulo e Rio de Janeiro, os brasileiros serão sem duvidas ainda mas entusiastas a dizer “Sim” a Ouigo ou InOui para viver essa experiência de viagem tão francesa.

Jean-Philippe Pérol

Um dia, um “Oui” também para um São Paulo Rio de trem bala?

 

Quem ganhou o UEFA Euro 2016 (alem do Portugal, claro)?

Duas Tour Eiffel com as cores dos dois finalistas do Euro 2016

Duas “Tour Eiffel” com as cores dos dois finalistas do Euro 2016

Se o Portugal foi o grande e merecido vencedor do Euro 2016, os troféus dos maiores retornos econômicos serão muito mais difíceis de definir. Com um investimento publico de quase 2,0 bilhão de Euros, principalmente gastos na renovação dos dez estádios, governo federal, regiões e municípios terão que mostrar aos moradores que as melhorias nas infra-estruturas urbanas, as despesas locais dos organizadores e dos torcedores, e os ganhos em termo de imagem para cada uma das cidades-sede justificaram o dinheiro investido.  O balanço final demorará alguns meses, e relançará a polêmica sobre o custo dos grandes eventos internacionais, mas os primeiros dados já apontam para alguns vencedores.

Toulouse nas cores do Euro 2016

Toulouse na hora do Euro 2016

Os hotéis e os restaurantes foram claramente os mais beneficiados, e o Euro 2016 ajudou a recuperar um setor que esta sofrendo esse ano das consequências da conjuntura internacional, dos atentados, das greves e do mau tempo. Os profissionais são porem muito divididos. LensDe um lado fiquem os parisienses para os quais o Euro 2016 ajudou somente em termos, já que os torcedores afugentaram boa parte dos clientes tradicionais e que a concorrência da Airbnb foi muito prejudicial, deixando as preços por quarto ainda 12% abaixo do nível do ano passado. Nas outras cidades, o impacto foi muito positivo, seja em Toulouse ou Marselha pelas boas receitas, seja em Lens, Lille, Nice ou Bordeaux pelo excepcional crescimento (mais de 20%) dos fluxos turísticos.

A Fan Zone de Lyon, na Praça Bellecour

A Fan Zone de Lyon, na Praça Bellecour

Alem da hotelaria, outros setores do turismo aproveitaram o Euro 2016. Para os bares e restaurantes, Pizza Hut anunciou ter vendido 600.000 pizzas -20% a mais que o ano passado, e seu concorrente Domino’s Pizza chegou a 130.000 encomendas – um novo recorde- na noite da final França Portugal. As cervejarias ainda não publicaram números mas já anunciaram que os torcedores alemães, britânicos ou irlandeses , Os animados torcedores irlandesescom um consumo três ou quatro vezes superiores aos franceses, permitiram um forte crescimento das vendas. Para as transportadores, o Euro foi também uma grande oportunidade e a SNCF (a empresa estatal de trens representada no Brasil pela Rail Europe) registrou uma media de 14.000 passageiros por jogo. O numero de viagens para Marselha cresceu 56%, para Nice 58%, e a cidade de Lens sendo a recordista com um fluxo de passageiros multiplicado por sete em relação a 2015. Os taxis também aproveitaram, bem como seus concorrentes da Uber  que registraram crescimentos de 10 a 20%.

O Euro 2016 invadindo o varejo

O Euro 2016 invadindo o varejo

Outros setores da economia francesa aproveitaram o Euro 2016, as vendas de televisores das lojas Darty aumentaram de 50% e as vendas de material esportivo da Intersport de 6,4%, com um destaque para 50.000 camisetas oficiais do time francês. Os 5000 produtos labelizados pela UEFA somaram 500 milhões de Euros de vendas em roupas, brinquedos, presentes ou produtos alimentares. 2009792_les-produits-derives-de-leuro-sarrachent-aupres-des-fans-web-tete-0211065156726Mesmo assim, os economistas não esperam de imediato um impacto significativo sobre a economia francesa, e os  2,8 bilhões de Euros que foram anunciados deverão ser amplamente corrigidos tanto pelos efeitos sazonais que pelos efeitos negativos sobre os visitantes que não vieram, fugindo de multidões. Como sempre nos grandes eventos, o retorno poderá porem ser muito importante a médio e longo prazo. Sabendo aproveitar o impulso nas infraestruturas, a mobilização dos moradores e o rejuvenescimento da imagem da França bem como das dez cidades envolvidas nos jogos, o turismo pode ser o grande vencedor do UEFA Euro 2016.

Jean-Philippe Pérol

Festa de abertura do UEFA Euro 2016

Festa de abertura do UEFA Euro 2016

Esse artigo foi publicado na revista on-line de Mercados e Eventos no dia 18 de Julho 2016

Wi-Fi a bordo: em 2016, virando rotina?

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São hoje pelo menos sessenta companhias aéreas que oferecem serviços de Wi-Fi a bordo dos seus aviões. A plataforma de viagem routehappy.com acabou de publicar uma interessante pesquisa comparativa das suas ofertas, tanto nos voos de longas que de curtas distancias. O ranking assim estabelecido leva em consideração os equipamentos, a qualidade do serviço, mas também a oferta global de assentos (available seat miles ASM) de cada companhia, critérios que levam a calcular que 36% dos viajantes podem hoje se conectar com a Internet.Delta As três maiores companhias americanas lideram o ranking, a Delta ficando com uma pequena vantagem sobre United e  American. A Southwest é a quinta colocada, bem na frente da Virgin America que tem 100% de seus aviões equipados, mas com uma oferta global de assentos muito menor. A concorrência na América do Norte obrigou as companhias a acelerar seus investimentos em 2015, e seus passageiros tem hoje 76% de chances de ser beneficiado com uma conexão a bordo,  sendo esse numero reduzido a 24% nas companhias de outras regiões do mundo.

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Depois de Emirates, empatada com Etihad em sexto lugar, a Lufthansa oferece o Wi-Fi em 100% dos seus voos de longa distancia. Ela é uma das poucas companhias europeias  bem colocada, na frente de Aeroflot, Norwegian, Iberia, Aer Lingus ou Turkish. A pesquisa mostra também que duas das maiores companhias europeias e mundiais, a Air France e a British, mesmo dando prioridade para a clientela corporativa, ainda têm muita cautela quando se trata de Wi-Fi a bordo. Wi-Fi na Air FranceEm parceria com a telefônica francesa Orange, a Air France está testando a bordo de vários Airbus A320 um Wi-Fi de alta velocidade onde será até possível de assistir a televisão, uma tecnologia também testada pelos Trens de Grande Velocidade da SNCF. Com muita pressão dos passageiros – especialmente os Frequent flyers – , esse serviço está funcionando na Virgin America e vai começar em breve na Jet Blue. A Delta, a Aeromexico, a Virgin Atlantic e a Lufthansa estão também se preparando e vão obrigar as grandes concorrentes a encontrar em 2016 as soluções técnicas necessárias.

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A pesquisa de routehappy.com mostrou também que a concorrência em algumas rotas obriga as companhias a acelerar a oferta de Wi-Fi. É o caso de Nova Iorque a Dubai, de Los Angeles a Tóquio ou de Londres a Singapura que constam os maiores números de voos conectados, enquanto é difícil navegar na Internet de Londres para Hong Kong, ou nas principais conexões saindo de Paris. Wi-Fi-en-volA concorrência vai também provavelmente acelerar a gratuidade do serviço, hoje exclusiva dos passageiros da Primeira e da Executiva, mas que será com certeza ampliada em breve para todos os viajantes. No Brasil, a GOL saiu na frente, prometendo instalar o Wi-Fi até o final do primeiro semestre de 2016 em toda a sua frota, em parceria com a Gogo, que irá oferecer a tecnologia necessária e a transmissão de dados via satélite quando no ar. Se o Wi-Fi ainda não é rotina nos céus brasileiros, vai com certeza vira-lo em breve.

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Serge Fabre na revista de turismo on-line La Quotidienne

Air France WiFi