
Duas “Tour Eiffel” com as cores dos dois finalistas do Euro 2016
Se o Portugal foi o grande e merecido vencedor do Euro 2016, os troféus dos maiores retornos econômicos serão muito mais difíceis de definir. Com um investimento publico de quase 2,0 bilhão de Euros, principalmente gastos na renovação dos dez estádios, governo federal, regiões e municípios terão que mostrar aos moradores que as melhorias nas infra-estruturas urbanas, as despesas locais dos organizadores e dos torcedores, e os ganhos em termo de imagem para cada uma das cidades-sede justificaram o dinheiro investido. O balanço final demorará alguns meses, e relançará a polêmica sobre o custo dos grandes eventos internacionais, mas os primeiros dados já apontam para alguns vencedores.

Toulouse na hora do Euro 2016
Os hotéis e os restaurantes foram claramente os mais beneficiados, e o Euro 2016 ajudou a recuperar um setor que esta sofrendo esse ano das consequências da conjuntura internacional, dos atentados, das greves e do mau tempo. Os profissionais são porem muito divididos. De um lado fiquem os parisienses para os quais o Euro 2016 ajudou somente em termos, já que os torcedores afugentaram boa parte dos clientes tradicionais e que a concorrência da Airbnb foi muito prejudicial, deixando as preços por quarto ainda 12% abaixo do nível do ano passado. Nas outras cidades, o impacto foi muito positivo, seja em Toulouse ou Marselha pelas boas receitas, seja em Lens, Lille, Nice ou Bordeaux pelo excepcional crescimento (mais de 20%) dos fluxos turísticos.

A Fan Zone de Lyon, na Praça Bellecour
Alem da hotelaria, outros setores do turismo aproveitaram o Euro 2016. Para os bares e restaurantes, Pizza Hut anunciou ter vendido 600.000 pizzas -20% a mais que o ano passado, e seu concorrente Domino’s Pizza chegou a 130.000 encomendas – um novo recorde- na noite da final França Portugal. As cervejarias ainda não publicaram números mas já anunciaram que os torcedores alemães, britânicos ou irlandeses , com um consumo três ou quatro vezes superiores aos franceses, permitiram um forte crescimento das vendas. Para as transportadores, o Euro foi também uma grande oportunidade e a SNCF (a empresa estatal de trens representada no Brasil pela Rail Europe) registrou uma media de 14.000 passageiros por jogo. O numero de viagens para Marselha cresceu 56%, para Nice 58%, e a cidade de Lens sendo a recordista com um fluxo de passageiros multiplicado por sete em relação a 2015. Os taxis também aproveitaram, bem como seus concorrentes da Uber que registraram crescimentos de 10 a 20%.

O Euro 2016 invadindo o varejo
Outros setores da economia francesa aproveitaram o Euro 2016, as vendas de televisores das lojas Darty aumentaram de 50% e as vendas de material esportivo da Intersport de 6,4%, com um destaque para 50.000 camisetas oficiais do time francês. Os 5000 produtos labelizados pela UEFA somaram 500 milhões de Euros de vendas em roupas, brinquedos, presentes ou produtos alimentares. Mesmo assim, os economistas não esperam de imediato um impacto significativo sobre a economia francesa, e os 2,8 bilhões de Euros que foram anunciados deverão ser amplamente corrigidos tanto pelos efeitos sazonais que pelos efeitos negativos sobre os visitantes que não vieram, fugindo de multidões. Como sempre nos grandes eventos, o retorno poderá porem ser muito importante a médio e longo prazo. Sabendo aproveitar o impulso nas infraestruturas, a mobilização dos moradores e o rejuvenescimento da imagem da França bem como das dez cidades envolvidas nos jogos, o turismo pode ser o grande vencedor do UEFA Euro 2016.
Jean-Philippe Pérol

Festa de abertura do UEFA Euro 2016
Esse artigo foi publicado na revista on-line de Mercados e Eventos no dia 18 de Julho 2016