Caminhar está na moda. Na América do Norte e na Europa, atraiu em 2018 de 15 à 30% dos turistas, levando muitos destinos a aproveitar a notoriedade das suas trilhas. Alem dos Caminhos de Santiago, o GR20 na Córsega, o Inca Trail do Peru ou o Long Trail na California foram muito importantes para o desenvolvimento do turismo das suas regiões. Viraram atrativos e fontes de renda para municípios isolados onde os moradores ajudam a criar experiências memoráveis. E novas trilhas estão virando destaques, como o Grand Sentier no Canada, o Great Ocean Walk na Australia ou os caminhos da peregrinação Shikoku no Japão. No Brasil o caminho da Mata Atlântica se prepara a percorrer 3800 quilômetros, virando ícone para cinco estados, do Parque Estadual do Desengano-RJ até o Parque Nacional dos Aparados da Serra-SC.
Segundo um relatório de fevereiro 2019 da Organização Mundial do Turismo, as trilhas estão ganhando popularidade porque se encaixam nas novas tendencias do turismo: a procura do bem estar e dos cuidados do seu corpo, o sucesso do “slow travel” e do turismo de aventura, a vontade de intercambio com os moradores. São atividades chaves para o turismo transformacional e ajudam a construir um ecoturismo com as menores pegadas ecológicas possíveis. O turismo de caminhada aproveita também o crescimento de novas modalidades esportivas, como a “trail running” – corrida “fora de pista”, em caminhos montanhosos com fortes declives -, ou o “Nordic trail” – caminhada livre em qualquer tipo de terreno com o auxílio de dois bastões semelhantes aos utilizados no esqui -.
A OMT demostrou que as trilhas tragam muitos benefícios para os destinos que escolham de investir nessa atividade. Alem de interessar um publico muito importante e diverso – jovens, melhor idade, famílias, alta renda ou popular-, elas:
- representam investimentos muito menor que outras modalidades esportivas,
- exigem poucas infraestruturas pesadas ou operações logísticas complexas.
- sendo bem administradas, são atividades eco responsáveis
- combinam com as ofertas turísticas anteriores, ajudando a esticar as estadias e até as temporadas
- são muito utilizadas pelos proprios moradores para suas atividades esportivas ou seus lazeres
Os destinos bem sucedidos nesse mercado conseguiram preencher pelo menos quatro critérios imprescindíveis.
- A atratividade: a fama das trilhas depende em primeiro lugar da beleza das suas paisagens, bem como da força dos pontos de interesso cultural que elas interligam. O máximo de manutenção e o mínimo de asfalta são também dois requisitos importantes.
- Os serviços : a sinalização, a proximidade de instalações sanitárias, as opções de hospedagem devem responder as necessidades dos “hikers”.
- A segurança : um policiamento eficaz, um nivel de (boa) frequentação suficiente, uma reputação de tranquilidade junto aos moradores e ao público potencial devem mostrar que as trilhas são perfeitamente seguras de dia e de noite, mesmo para quem viaja só.
- O marketing e a promoção : a boa informação do público, as campanhas ou as promoções ajudam a construir a notoriedade. Os países escandinavos investiram muito na ajuda previa aos visitantes. Assim a Visit Greenlandpublica l’Ultimate Greenland Hiking Guide e aconselha até sobre os comportamentos frente a um urso polar. Outros líderes do setor, o Peru ou a Noruega mostram nos seus sites como se preparar a enfrentar suas trilhas.
Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Claudine Barry na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat