Longe das multidões, as tendências pós crise abram oportunidades para destinos mais exclusivos

 

Há 675 anos, o castelo de la Treyne domina o vale do rio Dordogne

Nas novas tendências que se destacam nas viagens pós Covid 19, uma das mais fortes parece ser a fobia do “overturismo”, a procura de destinos turísticos fugindo as grandes multidões, a preferência anunciada por hospedagens, restaurantes, ou eventos de menores tamanhos, mas com sérias garantias de saúde ou segurança. A primeira vista parece ser um paradoxo, os grandes destinos tradicionais, Estados Unidos, Italia ou França serem ,talvez, os grandes favorecidos por essa revolução. A França por exemplo têm alguns lugares sofrendo de overturismo, mas 80% do seu território recebem somente 20% dos turistas enquanto essas mesmas regiões escondem lugares excepcionais pelas suas riquezas naturais, culturais ou humanas.

Stéphanie Gombert em La Treyne com Jean-Philippe Pérol e Caroline Putnoki

Assim o vale do rio Dordogne, terra de castelos que se estendea da Auvergne até  Bordeaux, onde o turista pode se emocionar com as pinturas pré-históricas da gruta de Lascaux, sentir a espiritualidade de Rocamadour ou das capelas dos caminhos de Santiago, descobrir os vinhedos de Cahors e o Malbec original, ou confirmar se o “foie gras” e as trufas do Perigord são as melhores da França. Os hotéis da região são sempre pequenas unidades, aproveitando antigas fazendas ou castelos onde a imponência da arquitetura foi combinada com o conforto moderno. No mais prestigioso estabelecimento do vale, o Château de la Treyne, a proprietária Stéphanie Gombert aceitou de explicar como a crise está transformando o turismo na região.

O parque, um dos cenários do almoço pique nique chique

Jean-Philippe Pérol: Você vai reabrir em julho o Château de la Treyne. Como vai ser essa reabertura pós covid 19 e quais vão ser as mudanças no atendimento e nos serviços?

Stéphanie Gombert: O nosso atendimento será ainda mais caloroso e tivemos que ser criativos. As normas sanitárias obrigam todos os funcionários a usar luvas e mascaras, e a ter menos proximidade. Assim quando um hospede será acompanhado até o seu quarto, teremos que ficar do lado de fora. No restaurante, as regras obrigam a muitas mudanças. Reduzimos de 50% o número de mesas para respeitar uma distança minima de um metro e meia, cancelamos os cardápios e colocamos tudo em QR code para evitar contatos desnecessários. Para o almoço, inventamos de propor um pique nique chique, com dez mesas espalhadas nos 120 hectares da propriedade, uma no terraço, uma em baixo do tricentenário cedro-do-Libano do parque, uma na pequena praia de frente para o rio Dordogne. O almoço será colocado na mesa de uma vez para reduzir os contatos. Para os cafés da manhã, Yvonne, nossa responsável, nunca gostou de bufês e sempre servimos nas mesas.Agora que virou obrigatório, vimos que fomos pioneiros.

O restaurante redesenhado para respeitar as novas normas sanitárias

JPP: A volta a normalidade deve ser demorada, e vai começar com os clientes de proximidades. Quando espera rever as clientelas distantes, incluindo os brasileiros, e que ações podem acelerar essa volta?

SG: Temos sorte porque o mercado francês representa 50% dos nossos visitantes, e vamos logo contar com eles. Os brasileiros são uns dos nossos melhores clientes vindo de longe, que gostam da nossa natureza, das belezas da nossa arquitetura, das nossas paisagens e mais ainda da cozinha francesa. Queremos que eles voltem o mais rapidamente possível, mas sabemos que isso vai depender da retomada e das condições dos voos transatlânticos. Os voos devem ficar mais caros, com mais normas sanitárias, e as contrapartidas das ajudas governamentais devem ser mais investimentos na sustentabilidade – e mais aumentos dos preços das passagens.  É provável que não vamos ter brasileiros esse ano, mas contamos com eles para 2021, se o transporte aéreo ajudar.

Todos diferentes, os quartos homenageam a história do castelo

JPP: Em uma pesquisa recente, os agentes de viagens brasileiros definiram com uma forte tendência o recuso do overturismo e a procura de destinos seguros mas longe das multidões. Você acha que o Château de la Treyne está pronto para aproveitar essa oportunidade?

SG: Nosso castelo pertence desde 1992 a uma maravilhosa associação, Relais & Châteaux, que tem 580 membros no mundo inteiro. A grande maioria desses hotéis e restaurantes estão localizados no campo, cercados pela natureza e com capacidade média de 30 quartos. Com uma localização exclusiva, La Treyne tem 17 suites, bem longe do turismo de massa. Nossos clientes estão procurando beleza, sinceridade, “savoir-vivre”, autenticidade até na originem dos produtos que oferecemos. Há anos começamos a trabalhar com pequenos produtores da região que abastecem o hotel em frutas e verduras, seguindo o ritmo das estações.

Em Rocamadour, as emoções da Fé

JPP: A mesma pesquisa mostra que as viagens serão ainda mais valorizados depois da crise, e que os viajantes vão querer mais experiências “transformacionais”. Quais são as dicas de atividades marcantes que você pode aconselhar a seus visitantes brasileiros?

SG: O Château de La Treyne fica em cima de um barranco caindo no rio Dordogne, uma biosfera excepcional tombada pela UNESCO, onde muitas atividades esportivas e náuticas podem ser praticadas. A natureza oferece outras emoções excepcionais nas grutas como Padirac, ou nas reproduções de arte rupestre de Lascaux 4.  A região esbanja uma cultura e uma arquitetura peculiar em cidades pequenas como Sarlat ou Les Eyzies. A espiritualidade se encontra em inúmeros trechos dos caminhos de Santiago que podem ser percorridos nos arredores, e mais ainda no extraordinário santuário de Rocamadour que foi na Idade Media o mais importante da França e que hoje ainda mexe com a fé do viajante.

Jean-Philippe Pérol

Stéphanie Gombert e seu marido Philippe são proprietários do Château de la Treyne. Alemã radicada na França, encontrou seu futuro marido quando preparava um master de história e literatura na Universidade de Paris Sorbonne. Depois de uma experiência de quinze anos no setor de eventos, é desde 2003 diretora do Hotel e Restaurante  Château de la Treyne (www.chateaudelatreyne.com) e duas residências exclusivas  (www.chateaudubastit.fr & www.chartreusedecales.com.).  

Tour de France 2017: Lascaux, Nuits Saint Georges, Marselha e um piscar de olho para os JO 2024!

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Nuits Saint Georges, uma das etapas mais esperadas do Tour 2017

Apresentado na ultima terça feira em Paris, o itinerário do 104º Tour de France  já leva corredores e seguidores a preparar esse evento tão especial do esporte popular francês. Saindo de Dusseldorf, na Alemanha, e passando pela Bélgica e pelo Luxemburgo, a maior prova do ciclismo mundial atravessará em 2017, pela primeira vez há 25 anos, os cinco maciços montanhosos da França: Vosges, Jura, Pirenéus, Maciço Central e Alpes. Concentradas no leste e no sul, as 21 etapas são bem equilibradas entre as planícies favorecendo os “sprinters” e as montanhas esperadas pelos “escaladores”.

O mapa do Tour 2017

O mapa do Tour 2017

Do ponto de vista esportivo, mesmo se o numero de ascensões diminui de 28 para 23, o Tour de France 2017 continua destacando a montanha. Três linhas de chegadas foram traçadas no final de subidas de dificuldade máxima, nos cumes dos Vosges (em Planche des Belles Filles), dos Pirenéus (em Peyragudes, onde foram filmadas cenas do James Bond “O amanhã não morre”), e dos Alpes (no lendário Passo do Izoard). Outros grandes passos estão no itinerário, incluindo o Galibier, perto de Serre-Chevalier nos Alpes, ou o  Balès nos Pirenéus. Os diretores do Tour lembraram também que o Jura será percorrido pela primeira vez com três passos e umas descidas espetaculares levando para Chambery.

A gruta de Lascaux IV

A gruta de Lascaux IV

Se o Tour é procurado por todos os municípios franceses pela sua poderosa atratividade, alguns pagando de 60.000 a 1.000.000 de Euros para ser escolhidos, quatro etapas turísticas vão especialmente agradar os espectadores: Lascaux, com a abertura do Centro Internacional da Arte Parietal de Lascaux IV no próximo mês de dezembro , Nuits Saint Georges, nos prestigiosos vinhedos da Borgonha, final de um percurso incluindo também Gevrey Chambertin e Clos Vougeot,  Marselha, capital européia  do Esporte em 2017, e Paris.

O Hall central do Grand Palais

O Hall central do Grand Palais

No percurso da ultima etapa em Paris, o Tour de France mostrará seu apoio a candidatura da cidade para os Jogos Olímpicos de 2024. Os corredores atravessarão o hall principal do “Grand Palais”, o lugar escolhido para hospedar as competições de esgrima e de taekwondo. Durante os Jogos, e para respeitar uma tradição já velha de 42 anos, as provas de ciclismo serão também nos Champs Elysées. A decisão do Comité Olímpico Internacional será anunciada dia 13 de Julho, o dia da etapa de Peyragudes, na véspera da festa nacional francesa. Um bom sinal para o Tour de France e para a candidatura de Paris?

Jean-Philippe Pérol

Paris - France - wielrennen - cycling - radsport - cyclisme - Romain Bardet (FRA-AG2R-La Mondiale) - Christopher - Chris Froome (Norway / Team Sky) - Nairo Quintana (COL-Movistar) pictured during stage 21 of the 2016 Tour de France from Chantilly to Paris, 113.00 km - photo Cor Vos © 2016

Os vencedores do Tour de France 2016

PERCURSOS E DISTÂNCIAS  DAS ETAPAS DO TOUR 2017
Data. Etapa. Km
01-julho 1. Düsseldorf – Düsseldorf  13 km
02-julho 2. Düsseldorf – Liège 202 km
03-julho 3. Verviers – Longwy 202 km
04-julho 4. Mondorf-les-Bains – Vittel 203 km
05-julho 5. Vittel – La Planche des Belles Filles 160 km
06-julho 6. Vesoul – Troyes 216 km
07-julho 7. Troyes – Nuit-Saint-Georges 214 km
08-julho 8. Dole – Station des Rousses 187 km
09-julho 9. Nantua – Chambéry 181 km
10-julho Repos Repos
11-julho 10. Périgueux – Bergerac 178 km
12-julho 11. Eymet – Pau 202 km
13-julho 12. Pau – Peyragudes 214 km
14-julho 13. Saint-Girons – Foix 100 km
15-julho 14. Blagnac – Rodez 181 km
16-julho 15. Laissac-Sévérac l’église – Le Puy-en-Velay 189 km
17-julho Descanço
18-julho 16. Le Puy-en-Velay – Romans-sur-Isère 165 km
19-julho 17. La Mure – Serre-Chevalier 183 km
20-julho 18. Briançon – Izoard 178 km
21-julho 19. Embrun – Salon-de-Provence 220 km
22-julho 20. Marseille – Marseille  23 km
23-julho 21. Montgeron – Paris 105 km