Enquanto no inicio da crise as viagens de negócios pareciam os mais resilientes aos impactos do Covid19, somente 17% doa agentes de viagens brasileiros acham que esse setor está liderando a retomada. Na Europa, uma pesquisa feita pela Global Business Travel Association junto a profissionais do turismo, da hotelaria e do transporte aéreo revelou que 85% deles tiveram que enfrentar o cancelamento de todas ou da grande maioria das viagens corporativos, sendo que somente 12% acreditava numa retomada das viagens internacionais em 2020, e 59% em 2021. No total, menos da metade dos entrevistados estavam esperando uma volta aos níveis pre-pandemia nos próximos 3 anos!
Mesmo se muitas empresas ficaram interessadas pela queda espetacular dessas despesas provocada pela crise, elas acham que podem diminuir as viagens – sejam transportes, hospedagens e restaurantes- mas não podem cancelá-las. Encontros virtuais não sempre suficiente para medir riscos e oportunidades bem como para criar ou consolidar relações de confiança. Olhando o que aconteceu depois da crise financeira mundial de 2008, os consultores da McKinsey pensam assim que a retomada é certa, mas que será muito mais rápida para as viagens de lazer que para o setor corporativo onde poderia levar até cinco anos para ser completa.
Mas se a retomada está chegando, e se os contatos reatados nas primeiras viagens de negócios serão com certeza produtivos, os especialistas são convencidos que ela será lenta e muito diversificada. Em termos setoriais, as atividades mais atingidas pela crise não terão sempre os recursos necessários. Em termos geográficos, a China e os países do Sudeste da Ásia deveriam ser os primeiros a se abrir pelo seu controle da situação sanitária e suas oportunidades de negócios. Ao contrário, e sempre segundo a McKinsey, os Estados Unídos e a América do Sul são áreas onde a volta a normalidade deveria demorar mais em função da evolução da luta contre o coronavirus.
Pesquisas e especialistas concordam porém para prever que quando a retomada chegar, as viagens corporativas não vão ser idênticas a aquelas que existiam ante da crise. Muitos encontros físicos serão mesmo transferidos em Skype, Zoom ou MS Team. Quando não for, essas viagens devem ser mais curtas, mais focadas nos centros industriais que nos centros urbanos, com reuniões em grupos menores, muitos cuidados com as normas sanitárias, e encontros sociais reduzidas ao necessário. Os congressos, as feiras e os salões serão os mais lentos a se reerguer, devendo se redimensionar em função dos novos protocolos, e ganhar dimensões virtuais ou multi-localizações. Para todos a sobrevivência necessitará muita criatividade.
Esse artigo foi inspirado de um artigo da revista francesa Courrier Internationsl