Segundo a Organização mundial do turismo, as chegadas de turistas quebraram um novo recorde em 2013 com 1087 milhões, 5% a mais que em 2012. O secretário geral, Taleb Rifai, lembrou que o que setor mostrou, numa conjuntura econômica difícil, que era capaz de adaptação e de dinamismo, criando milhões de empregos. A Organização prevê para 2014 um crescimento 4 a 4,5%, maior do que as previsões anteriores de 3,8%. Sustentada por 300 especialistas do setor, essa previsão destaca também que a Ásia deve ser a região com maior crescimento (5 a 6%), enquanto a Europa e as Américas devem ficar somente em 3 a 4%.
Essas estatísticas e as respectivas analises são detalhadas no site da OMT (http://media.unwto.org/fr/press-release/2014-01-20/le-tourisme-international-surpasse-les-attentes-avec-des-arrivees-en-hausse). Além de lembrar que a França guardou a liderança com 83 milhões de visitantes, devem ser talvez completadas com alguns comentários sobre a Espanha, a China e o Brasil.
O espetacular resultado da Europa, considerando a crise econômica que perdura, é em primeiro lugar o sucesso da Espanha que cresceu 5,6%, recebeu 60,6 milhões de turistas, e ficou em terceiro lugar, tirando a China do pódio da medalhas do receptivo mundial. Melhor ainda, suas receitas de turismo internacional chegaram a 45 bilhões de Euros, 9% acima de 2012. O Presidente do Conselho fez questão de anunciar que quase todas as comunidades tiveram recordes de chegadas, e que o turismo teve uma implicação chave na retomada da economia espanhola.
Nos mercados emissores, a China e a Rússia se destacaram com crescimento de mais de 25%. Com 97 milhões de saídas e 102 bilhões de despesas no exterior, a China consolidou seu lugar de líder mundial. Os 100 milhões de turistas previstos para 2020 serão atingidos já esse ano e tem que pensar agora nos 200 milhões. É importante porem fazer duas observações:
– A primeira é que os números da OMT referente a China são um pouco distorcidos. Os 93 milhões não são na verdade saídas de turistas, mas saídas do território chinês, mesmo que por somente um dia (nos outros países não são considerados ‘turistas’, permanências abaixo de 24 horas). Mas importante ainda, viagens para Hong Kong, Macau e Taiwan são considerados internacionais e representam 71% das saídas de turistas chineses. O turismo internacional propriamente dito representa 30 milhões de saídas, um número ainda suficiente para ficar nos 10 grandes países receptores, mas muito mais modesto.
– O turismo internacional na China sendo muito recente (estagnou até 1998 em 5 milhões de saídas), se deve ter muita cautela quando se trata de projeções a longo prazo. Vimos na Europa ex-oriental uma explosão de viagens depois de 1989 que não perdurou. O primeiro lugar da China tanto no emissivo como no receptivo será em breve um fato consumado, mas o seu peso global ao longo prazo no turismo mundial , especialmente para os países mais distantes na Europa ou nas Américas, é ainda difícil de prever.
O comunicado da OMT fala pouco do Brasil além de um curto lembrete na última frase. É citada uma alta significativa nas despesas de turismo em sete países emergentes, o sétimo sendo justamente o Brasil com 14%. Projetando para 2014, podemos deduzir que as previsões são de um crescimento ainda forte do nosso turismo exportativo (mesmo se abaixo dos outros BRICS) , e de um pequeno aumento (2 a 3%) do turismo receptivo, o impacto da Copa devendo ser mais visível nos próximos anos. Vamos torcer!
Jean-Philippe Pérol