A grande novidade da temporada de cruzeiros 2014 nas costas brasileiras vem da França. Foi de Saint Nazaire, onde foi construído nos antigos Chantiers de l’Atlantique, que zarpou pela primeiro vez o MSC Precioza , para uma viagem inaugural até Marselha. Além de um conforto e de facilidades excepcionais em restaurantes, bares, piscinas ou lojas, o navio tem uma área VIP com atividades diferenciadas e um parque aquático único com o Vertigo, um tobogã de 120 m de comprimento. Podendo receber 4360 passageiros, esse resort de luxo flutuante vai com certeza dar mais um impulso para os cruzeiros no Brasil. O setor multiplicou por seis desde o início do século, seduzindo em 2013 762.000 passageiros, e está impactando todo o turismo no Brasil com uma movimentação estimada em 1,4 bilhões de reais.
No mundo inteiro os cruzeiros estão tendo um sucesso impressionante. Outrora quase exclusiva de aposentados americanos, a clientela se diversificou. Dos 20 milhões de ‘cruzeiristas’, hoje 6 milhões são alemães, ingleses, italianos, e também brasileiros ou franceses. Alguns mercados, em primeiro lugar a China, são muito promissores. Com um custo benefício muito competitivo, aproveitando o sucesso dos cruzeiros temáticos (familiar, cultura, gastronomia, concertos, solteiros, gays…) , as companhias conseguiram também atrair novos segmentos de clientes.
O impacto junto aos agentes de viagens é também extremamente positivo. Empurrados por intensas campanhas promocionais, os cruzeiros são muito procurados nas agências. As companhias marítimas ainda respeitam muito os intermediários e procuram pouco as vendas diretas, a web não sendo por enquanto uma opção fácil para escolher o seu navio, sua rota e sua cabine. Muitos agentes se qualificaram nisso, e as vendas dos cruzeiros são por esses motivos responsáveis de mais de um terço das receitas das agências de viagens americanas. A situação mudará quando as companhias se sentirão bastante forte para apostar mais na web e nas vendas diretas, mas por enquanto o setor tem nos cruzeiros uma grande oportunidade.
Tem agora o ponto de vista global dos destinos. Hoje os portos das grandes cidades turísticas investem para atrair os grandes ou pequenos navios. As companhias parecem solicitar das autoridades numerosas vantagens ou ajudas, tanto ao nível fiscal, operacional ou promocional. O retorno vem com os suprimentos para armar os navios, os pre ou pós tours, e os excursionistas que descem dos navios para aproveitar belezas e lojas do local. Mas as despesas deles são cada vez menor (97 USD por passageiro, estagnado há 15 anos), e os passageiros descem cada vez menos (hoje a metade do total, e continua caindo).
Algumas dúvidas começam então a surgir em relação ao ‘retorno sobre os investimentos’. Seriam os cruzeiristas novos clientes ou viajantes desviados de pacotes tradicionais ? Até onde apoiar barcos gigantes escapando de tributações , com tripulações de 90% estrangeiros, e com passageiros gastando em terra metade dos turistas tradicionais, vai ajudar o crescimento do turismo no Brasil?
Vai, sim. Vendo o sucesso de destinos como Saint Martin, Alasca, Barcelona ou Marselha , ė claro que a economia brasileira pode ganhar muito com esses novos navios. Mas a estratégia tem que incluir algumas ideias chaves para os cruzeiros poderem contribuir ao sucesso da indústria nacional do turismo:
– os dois pontos mais importantes para atrair novos navios são a ausência de burocracia e a confiança no futuro. As companhias na verdade não querem ser ajudadas, só não querem ser atrapalhadas ou exploradas. Foi lembrado no último ‘Sea Cruise Shipping’ de Miami que a concorrência internacional não permite um ‘custo Brasil’ nesse setor. Os regulamentos têm que ser padronizados, e Santos não pode mais cobrar seis vezes mais que Barcelona, nem os práticos de Belém ou Salvador serem os mais caros do mundo.
– para melhorar as receitas, tem que facilitar os desembarques, e aproximar ao máximo os navios dos locais de visitas e de compras de cada destino. As excursões organizadas pelos profissionais locais são chaves não somente para incentivar a descer e descobrir as riquezas das escalas mas também para integrar cruzeiros e indústria do turismo. Enfim os investimentos para atrair cruzeiristas internacionais não devem ser imediatistas. Claro que gastam menos que os outros turistas (no Brasil 600 usd contra 1200), mas o importante é que 40% deles voltam nas escalas visitadas.
– se o Precioza e os outros 10 gigantes previstos para 2014 são os pesos pesados da indústria dos cruzeiros, muitos barcos menores, muitas vezes de luxo (foi a escolha bem sucedida de Cannes ou Saint Tropez) oferecem outras oportunidades tanto de operações como de marketing. Mais personalizados, mais ágeis, mais sofisticadas para os clientes, eles podem ser mais adaptados aos novos nichos de mercado, assegurando mais valor agregado e mais retorno para os destinos. Os cruzeiros fluviais, cada vez mais populares, são também um nicho promissor.
Com menos navios, e uma previsão de somente 650.000 passageiros, 2014 será um ano mais complicado, e a Abremar tem razão de avisar que a assombrosa burocracia é um obstáculo maior. Mas devemos acreditar que será removido e que, integrados ao trade brasileiro, completando a estratégia do setor e atraindo novos turistas, os cruzeiros têm, para as companhias marítimas e para todo o turismo no Brasil, um campo imenso pela frente.
Jean-Philippe Pérol
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