Temos que parabenizar a TAP pela decisão de abrir no próximo mês de junho uma nova rota entre Manaus, Belém e Lisboa. Muito bem interligada com os Estados Unidos, a Amazônia carece de ligações para Europa enquanto a procura exista. Na Europa a magia da época da borracha, os mitos do Teatro (aonde a Sarah Bernhardt nunca se produziu, mas importa?) ou do Mercado municipal de Manaus, a onda ecológica sobre a floresta amazônica pulmão do mundo, já criaram uma grande procura. Não tem duvida que, com a viagem facilitada e encurtada de cinco ou seis horas, os fluxos de turistas portugueses, franceses, espanhóis ou italianos podem agora dobrar ou até triplicar.
Para os amazonenses e os paraenses, o voo direto (com excelentes conexões) vai abrir novas oportunidades, e as agencias e as operadoras de Manaus ou de Belém já devem saber que o turismo francês està pronto a acompanhar-los na criação de novos produtos. Com viagem mais simples, novos pacotes serão possíveis, mais baratos, mais curtos, mais de ultima hora também…
A minha emoção de amazonense de coração – e com uma esposa vindo da Amazônia francesa – quando soube dessa noticia foi que eu ai me relembrei a extraordinária aventura que vivemos com a Air France em Manaus no dia 31 de Março 1977. Nesse dia inaugurou uma nova rota Paris Manaus. Visão pioneira do Salvador Pares, então Diretor da Air France para América do Sul, apoiado na escala de Caiena, capital da Amazônia francesa, esse voô era não somente uma rota mais direta para Lima, mas uma aposta no fluxo de passageiros e de carga trazidos pelo desenvolvimento da Zona Franca de Manaus. Um sonho a altura das loucuras de Fitzcarraldo, um Jumbo 747 pousando no coração da Amazônia… Mas pousou!
Com um apoio promocional criativo e intenso das sedes da Air France em Paris e no Rio de Janeiro, com uma equipe local com grande motivação, o voô perdurou até novembro de 84 quando foi vencido pela crise econômica dos anos 80 no Brasil e a guerra civil no Peru. Fechou, mas o pioneirismo ficou.
30 anos depois, a realidade do Brasil e o impressionante desenvolvimento de Manaus sustentam um novo projeto, essa vez para Lisboa. Para França, novas perspectivas estão agora também se abrindo nessa região promissora, reconquistando antigos clientes ou seduzindo novos viajantes, seja aproveitando esses voos da TAP (e as conexões para Paris, Bordeaux ou Nice), seja utilizando as novas rotas da Air France saindo de Brasília, ou lembrando da rota de Caiena.
Jean-Philippe Pérol
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