No próximo dia 2 de dezembro, começa em Cannes o International Luxury Travel Market, um dos grandes encontros do Luxo e do Turismo. Durante três dias, a Croisette, o Palais des Festivals e os ‘palaces’ vão trocar os artistas de cinema ou os grandes publicitários pelos profissionais do trade. Com 18 hosted buyers em 2002 e 100 desse ano (incluindo 5 expositores), a presencia brasileira cresceu em proporção do mercado. O Brasil virou um dos cinco grandes países emissores do turismo de luxo (junto com Estados Unidos, China, Rússia e Oriente médio), muito cobiçado, especialmente pelos hotéis de luxo franceses.
Com mais de 250 expositores, a França està mostrando em Cannes que suas ambições no turismo de luxo não são somente uma estratégia da Atout France mas uma ambição de muitos parceiros de todos as regiões francesas, incluindo as mais distantes como Tahiti, Saint Barth, Saint Martin ou a Guadalupe. Conversando com eles, é claro que o Brasil continua sendo uma prioridade,mas é claro também que nos últimos meses, varias perguntas começaram a aparecer: será que, com um crescimento de um ou dois por cento, o Brasil ainda deve constar nos países emergentes onde devemos investir? e se continuamos a investir no Brasil, será que ainda devemos apostar nos segmentos de luxo ou já é hora do turismo de massa?
Lida na imprensa internacional, a decepção com os resultados do turismo brasileiro na França devem ser relativizados. Mesmo sem atingir os 17 % dos mercados asiáticos ou mesmo os 13% da Rússia, os números vão crescer de quase 8%, muito acima dos mercados europeus que mal vao chegar a 2%. Os indicadores em termo de receitas ( +14% até agora), bem como as perspectivas a médio prazo continuam excelentes. Os resultados excepcionais de alguns concorrentes, em primeiro lugar dos Estados Unidos que vão passar os dois milhões de visitantes brasileiros esse ano, e provavelmente atingir o seu objetivo de dois milhões e quinhentos mil antes de dezembro de 2016, confirmam essa força do mercado.
Nesse quadro, o luxo também vai continuar a crescer, e vai crescer mais rápido. Primeiro porque a Classe A, incluindo a A+, cresce naturalmente com a economia brasileira. Segundo porque o setor do luxo, inclusivo nas viagens, beneficia do ‘effet sablier‘ (efeito ampulheta) que levem os consumidores a procurar cada vez mais os produtos dos dois extremos do leque de ofertas. Terceiro enfim porque o setor do luxo beneficia também de muitos consumidores ocasionais, o famoso ‘masstige’, que pode ser fundamental para alguns produtos de luxo: o cliente CVC compra também perfumes da Dior ou lenços da Hermès …
Numa indústria onde o sonho também é fundamental, o luxo é um fator chave para a imagem da França. Claro que o A380 da Air France só tem 9 lugares na Primeira classe, mas eles ajudaram a contribuir a decisão de viagem doa outros 518 passageiros. E os brasileiros que passeiam na rue de la Paix ou na Place Vendôme acham nas vitrinas do Cartier ou do Chaumet um linda experiência de Paris.
Para o próximo ILTM de Cannes, tantos franceses como brasileiros podem ter uma total confiança no futuro do setor do luxo entre os dois paises. Mesmo com muita concorrência, a França tem como trunfo excepcional as duas dimensões fundamentais desse setor. Os produtos, claro, especialemente os grandes hotéis ou os palaces, mas também as maiores marcas que definem as tendências da moda no mundo. Mas o luxo é mais que isso, é também o charme, o glamour’, a emoção dum momento excepcional ou único, um momento exclusivo que cabe tão perfeitamente na cultura e na imagem da França. Sim, podemos ir para ILTM em Cannes que a França tem mesmo futuro nas viagens de luxo dos brasileiros!
Jean-Philippe Pérol