A renovação urbana, grande vencedora da pandemia?

No coração de Manhattan, a 42nd é agora deserta

Apresentado um relatório sobre o crise do Covid nos centros urbanos, o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, lembrou que as grandes cidades são as mais atingidas, concentrando até 90% dos casos. Os confinamentos pararam com o coração das suas atividades. Com os trabalhadores, os visitantes, os estudantes e até os moradores cada vez mais raros nas ruas, comércios e restaurantes estão sofrendo com as indispensáveis precauções sanitárias, ou são obrigados a fechar pelo menos provisoriamente. Em muitos países,  ajudas governamentais ainda estão evitando fechamentos definitivos, mas a retomada será muito difícil.

A crise acelerou a popularidade das ciclovias

Muitas prefeituras tentaram com sucesso de adaptar a utilização do seu espaço público as necessidades da luta contre a epidemia, investindo em transporte mais seguros com a aceleração de projetos antigos ou o lançamento de novas iniciativas : ampliação das áreas pedestres e das ciclovias, construção de pontos de abastecimentos de veículos elétricos, aberturas de terraços nas calçadas e nas praças públicas. Em uma conjuntura normal, essas idéias encontram fortes resistências mas com a crise foram facilitados pela urgência de ajudar o acesso seguro aos comércios locais, elos chaves da vitalidade das ruas dos centros urbanos.

O centro histórico de Québec enfrenta a queda do turismo

Além do comércio e dos restaurantes, as prefeituras devem também agir para ajudar o setor hoteleiro dos centros urbanos que estão em situação crítica. Além de muitos hotéis fechados, as taxas de ocupação de 2020 estão raramente ultrapassando 40% nos dias de pique, e caindo a menos de 20% em destinos acostumados a receber turistas internacionais – 18% por exemplo em Montreal. 2021 começou pior ainda, e mesmo Paris, primeira cidade turística mundial, estava em janeiro com uma taxa oscilando entre 34% para os hotéis mais populares, até 7% para os 5 estrelas que são as maiores fontes de visitantes para as lojas e os restaurantes das ruas comerciais.

Montreal é a cidade mais verde do Canada

No Canadá, os profissionais pensam que a crise vai acelerar algumas tendências do urbanismo que já preexistiam: construções mais sustentáveis, desenvolvimento da agricultura urbana, ampliação dos parques e das áreas arborizadas, apoio a todos os tipos de transportes a propulsão elétrica. Um grupo de 50 especialistas e personalidades assinaram uma Declaração 2020 para a resiliência das cidades canadenses. Eles estão pedindo uma economia verde, limpa e com poucas emissões de carbone, listando 20 medidas para assegurar uma urbanização responsável, acelerar a “decarbonização” e aderir de vez ao crescimento sustentável.

Paris projetando um futuro dinâmico, acolhedor e verde

A agonia dos centros urbanos não começou com a pandemia. Os shopping centers das periferias bem como o e-comércio já estão esvaziando as ruas há anos. A crise do Covid acelerou o movimento mas provocou também uma maior conscientização e muitas vezes uma forte mobilização dos profissionais. No Canadá, foi publicado o relatório Devolvendo a rua principal que apresenta ações para dinamizar o coração das grandes cidades.  No Québec, uma outra iniciativa junta apresentações de projetos de cidades com centros renovados, dinâmicos, motores da  economia turística, onde cultura e gastronomia são autênticos e vibrantes, onde os moradores são felizes, orgulhosos de viver e de receber os turistas.

O Québec investindo em “rues conviviales” para renovar os centros urbanos

Este artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Claudine Barry na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat  

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