Enquanto Ejtihad, Emirates, Qatar Airways ou Turkish estão virando o pesadelo da Air France e das grandes companhias aéreas da Europa e da América do Norte, as plataformas de Abu Dhabi, Dubai, Manama e Istambul, poderão em breve ver surgir competidores. A expansão da Ethiopian Air Lines, mostrou aos hubs do Oriente Médio uma nova ameaça vindo da Etiópia, o antigo Império do Hailé Selassié -o Ras Tafari-, que conhece há dez anos um crescimento econômico de dois dígitos e quer fazer de Addis Abeba a maior plataforma aeronáutica da África.
Em outubro, a companhia, membro da Star Alliance, recebeu o prêmio CAPA de “Companhia aérea do Ano”. Num continente onde a saúde financeira da aviação é muito frágil, ela anunciou 175 milhões de dólares de lucro, se auto proclamando “maior companhia aérea da África”. Presente há dois anos no Brasil, a Ethiopian Airlines tem mesmo a ambição de virar uma grande companhia mundial, com um plano de desenvolvimento “Visão 2025” que prevê de passar de 77 aparelhos a 150, com uma frota mais diversificados – hoje só de Boeing mas recebendo os primeiros Airbus a partir de maio de 2016. O sucesso da Ethiopian Airlines se deve em parte aos mesmos ingredientes que seus concorrentes do Oriente Médio, uma estratégia bem definida, uma frota nova, muitos investimentos em tecnologia – com o único simulador de voo da Africa-, e uma formação do pessoal com um centro atendendo 1400 alunos que passará em breve a atender 4000.
O ponto chave é claramente a consolidação do hub de Addis Abeba, a capital bem localizada entre a Europa, a África, a Ásia e especificamente a China onde a Ethiopian Airlines jà tem voos para Pequim, Xangai, Hong Kong e Cantão. Recebendo hoje 6 milhões de passageiros, e esperando 20 milhões nos próximos anos, o governo anunciou a construção de um novo aeroporto, o maior do continente e o mais eficiente para a sua estratégia de hub.
Essas ambições estão sem dúvidas consolidadas pelas ambições políticas da Etiópia. Com seus quase 100 milhões de habitantes, seu dinamismo econômico e sua condição de capital da União Africana, o pais se orgulha do seu passado. Único do continente a nunca ter sido colonizado, cristão desde o século III, mítico na Europa desde a procura das Terras do Preste João, o Império teve relações com o mundo ocidental desde o século XV. Procurando um aliado contra as potências muçulmanas , os portugueses trouxeram um apoio decisivo ao imperador Cláudio que venceu as tropas turcas e árabes em 1542/1543 numas batalhas onde morreu o Cristóvão da Gama, filho do Vasco. E se o assassinato do Hailé Selassié acabou com a dinastia dos descendentes de Salomão, a vontade da Etiópia de voltar a ser a grande potência regional é mais forte que nunca. Esse ambicioso projeto vai sem duvidas ajudar a Ethiopian Airlines a consolidar as rotas do seu hub e a dominar os ceús do continente africano. Para as companhias do Golfo, uma nova ameaça vinda das Terras do Preste João!
Jean-Philippe Pérol

O Imperador Hailé Selassie com o General de Gaulle em Paris em 1964. Atrás, o Gilbert Pérol, então Porta voz da presidência da Republica.
Esse artigo foi inspirado de um artigo original do jornal francês Le Monde. O autor morou na Etiópia, sendo um ex-aluno do Liceu Guebre Maryam de Addis Abeba.
Obrigado, eu não os conhece bem até que gostaria. Tem muitos lugares là que gostaria de voltar a visitar !Abraços
Jean-Philippe, parabéns pelo artigo sobre a Ethiopia. Nossa agência Tower. Viagens e Turismo vendemos Ethiopian Airlines e temos mesmo as tarifas de operador.
Abraços ZANI