Não foi somente uma copia do Hermione, o navio que levou em 1780 o Marquês de La Fayette para os Estados Unidos, que zarpou ontem de Rochefort, pequeno porto do oeste da Franca. Foi também um sonho louco, nascido hà 25 anos atrás: reconstruir a partir das plantas do Concorde (o navio irmão do Hermione), e com as técnicas da época, esse veleiro de 65 metros de comprimento e 11 metros de largura, com seus 2200 metros quadrados de velas e seus 26 canhões.
A associação Hermione La Fayette, que conduziu o projeto a partir de 1997, levou 18 anos para ver o sonho virar realidade. Foi necessário encontrar os engenheiros e os artesãos capazes de construir um navio do século XVIII, respeitando as plantas e os materiais da época, mas obedecendo as exigências da navegação moderna – motores auxiliares, radares ou GPS – bem como as normas de conforto do século XXI. Formar a tripulação foi uma outra dificuldade, mesmo se os avanc1os tecnológicos vão permitir de reduzir o numero de marinheiros, 240 na época e somente 80 hoje, sendo 19 profissionais e 61 voluntários – homens e mulheres.
O maior desafio foi sem dúvidas financeiro. Precisou juntar 26 milhões de euros, com bastante apoio politico (a região Poitou-Charente doou quase 6 milhões, a cidade de Rochefort também contribui), e mais ainda com muita criatividade. Durante os 17 anos da construção, 4 milhões de visitantes pagaram as suas entradas – um total de quase 9 milhões de euros. Presidida pelo Henry Kissinger, a associação “The friends of Hermione La Lafayette” levantou a metade dos 6 milhões necessários para financiar a viagem que levará o Hermione nos passos do “herói dos dois mundos”. A primeira escala será dia 5 de junho em Yorktown, no local historico onde as tropas francesas e os insurgentes americanos assinaram a vitoria decisiva contra o exercito inglês. Depois de duas paradas em Filadélfia e Baltimore, o maior evento será sem duvidas em Nova Iorque onde a presencia do navio do Marquês de La Fayette no dia 4 de Julho não passará despercebida. É prevista uma escorta de centenas de barcos e um espetacular desfile frente a estátua da Liberdade, essa obra de Bartholdi que também homenageou a amizade entre a França e os Estados Unidos.
Se os Presidentes Francois Hollande e Barack Obama deram para esse viagem uma grande dimensão política, lembrando os valores de liberdade e de coragem que uniam os voluntários franceses de 1780 e os rebeldes liderados por Washington, o turismo deve porem ser o grande beneficiado do projeto do Hermione. O navio estará de volta em Rochefort dia 29 de Agosto. Com uma excepcional projeção no Estados Unidos e no mundo inteiro, o antigo porto militar, e suas vizinhas Cognac e La Rochelle, devem ser duvidas virar um novo destino para os turistas franceses e internacionais – incluindo brasileiros.
Jean-Philippe Pérol