Encontros de tele-colegas ou bleisure tele-trabalhado, os novos tipos de viagens corporativas

A pandemia acelerou a evolução das viagens de negócios

Depois de dois anos quase paradas, as viagens corporativas estão agora crescendo num cenário completamente transformado, com ritmos diferentes por atividades e por setor, algumas já atingindo o nível de 2019, outras ainda esperando a retomada Segundo as mais recentes estatísticas da Global Business Travel Association (GBTA), estas despesas internacionais vão atingir em 2022  65 % dos US$ 1,4 bilhões que foram gastos em 2019, com um crescimento de 34 % em relação a 2021. Mas os profissionais do turismo devem agora esperar até 2026 para superar definitivamente a crise aberta pela pandemia. 

A preocupação com a pegada carbono freia as decisões de viagens

Vários fatores estão pesando sobre a retomada: as tensões geopolíticas, os preços da energia, a alta da inflação, as perturbações de logística internacional e a falta geral de mão de obra. As empresas estão também preocupadas com a recuperação dos seus lucros, a redução das suas emissões de carbone, e querem aproveitar ao máximo as novos ferramentas de comunicação  para facilitar as reuniões virtuais. No proprio setor do turismo, os hotéis, os restaurantes e as agências de viagem estão vendo um forte crescimento dos pedidos, mas em muitos lugares (especialmente na Europa) enfrentam dificuldades para responder por falta de pessoal ou falha dos fornecedores.

Os novos encontros profissionais exigem criatividade

Os novos comportamentos dos viajantes exigem também novas respostas dos profissionais. Os cancelamentos de última hora atingem agora até 20% dos participantes e as condições devem ser revistas. A procura de eventos de medio e pequeno porte cresceu muito mais que a media, necessitando reconfigurações dos espaços. As empresas pedem muito mais criatividade nas programações que devem mostrar um valor agregado mais forte para as empresas e mais atraente para os participantes. E no mesmo tempo as reservas têm uma tendência a ser cada vês mais de última hora, exigindo muita reatividade.

Os tipos de encontros estão mudando. Para um funcionário em teletrabalho, ir para o escritório seria uma viagem corporativa? Se reunir com seus tele-colegas seria um evento profissional? De certa forma, sim. Devendo se adaptar as novas relações no trabalho, as empresas organizam seminários, reuniões e atividades para compensar o distanciamento das equipes virtuais. Em tempo de mão de obra escassa, essas reuniões devem não somente informar, aproximar e incentivar os colaboradores, mas também ser agradáveis e até divertidas. Os destinos já estão integrando essas novas dimensões e o seríssimo turismo da Suiça lançou uma campanha dizendo que “Precisamos de viagens corporativas com cara de ferias”.

O teletrabalho está abrindo mais oportunidades de viagens corporativas

Uma outra tendência observada nas viagens corporativas é o crescimento do bleisure. Antes mesmo da pandemia, a prorrogação de uma viagem profissional por motivos pessoais era cada vez mais popular, especialmente junto aos milênios. Segundo uma pesquisa da  Future Market Insights report, o bleisure representa hoje de 30à 35% das viagens mundiais, mas o teletrabalho está abrindo muitas novas opções. O colaborador poderá prorrogar suas ferias com um bleisure tele-trabalhado, um conceito atrativo na hora de achar novas ideias para melhorar as condições de trabalho, e incentivar o pessoal num momento de muitas turbulências necessitando criatividade, audácia e flexibilidade.

Este artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Amélie Racine na revista profissional on-line Reseau de veille en tourisme, Chaire de tourisme Transat  

 

Equador convida os “digital nomads”

Já com 750.000 visitantes por ano e um turismo representando 5% da sua economia, mas concentrado nas Ilhas Galápagos, o Equador decidiu seguir o exemplo de vários países americanos. Apostou  nas novas relações entre viagens e trabalho, e lançou sua campanha oficial « Digital Nomads ». As autoridades do pequeno país andino querem assim atrair teletrabalhadores  desejando ficar até dois anos no país com o « Visa Nomada » disponível desde o mês de Abril desse ano. O objetivo anunciado é de conseguir de 8 000 a 10 000 turistas suplementares, para estadias longas, turistas vindo dos Estados Unidos, da Colômbia, da Espanha, do Peru, da Alemanha e também de novos mercados .

Para conseguir esse visto, os tele-trabalhadores precisam responder a vários requisitos. Devem ter uma renda anterior de mais de USD15.300 por ano,  apresentar um contrato de trabalho a distância vigente até a validade do visto, com um valor superior a USD1275 mensais, e especificando que os serviços serão destinados a clientes internacionais fora do país. Os candidatos devem juntar  um atestado de bons antecedentes, um seguro saúde e um contrato de aluguel no Equador.   Se for casados ou se tiver filhos podem também pedir um visto para o conjugue ou para as crianças apresentando um certificado de casamento ou um certidão de nascimento.

Um excelente wifi possibilita trabalhar de qualquer lugar

Para o Ministro do Turismo do Equador, este visto é um convite para vir no país e descobrir as belezas naturais das suas principais regiões econômicas e turísticas. No site oficial de Nomad Visa, os candidatos são incentivados a escolher onde eles querem instalar os seus novos escritórios. Três opções são valorizadas. Podem escolher o litoral, “aproveitando  um clima quente, com lindas praias, parques naturais e relacionamento com o oceano e as ilhas Galapagos”. Podem preferir “as imponentes montanhas de los Andes”. E para quem quiser descobrir a Amazônia equatoriana, a opção sera de trabalhar “nas profundezas da selva, com uma vida voltada para a proteção da natureza, em contato  com os povos indígenas”.

Os imponentes vulcões dos Andes, uma das três opções de local

No mercado cada vez mais competitivo dos destinos de teletrabalho (hoje 47 países têm programas de vistos digitais), o Equador espera dar um novo impulso a seu turismo que atravessou no últimos dez anos uma fase difícil, ficando quase parado durante a pandemia. Se a concorrência é grande, especialmente na América latina, o pais virou um destino procurado dos “nômades digitais”. Beleza das paisagens, idioma e cultura próximas, fuso horário das Américas, custo de vida barato, excelente internet e abundância de coworking são os atrativos principais. Foi assim colocada pela revista “Nomad girl”numa lista das dez cidades mais atraentes para o teletrabalho na América latina, uma lista onde constam também Medellín e Bogotá, na Colombia, Antigua e San Juan del Sur (América Central), México e Playa del Carmen (México), Lima (Perú) e, no Brasil, São Paulo.

Para Nomad Girl, Quito é a quarta cidade mais atraente para o teletrabalho na AL

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original da revista francesa profissional on-line Mister Travel

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