Muitas vezes desprezados pelos próprios franceses que assimilavam essas regiões a seu passado de miséria nas minas de carvão ou de ferro, gozando dum clima mais frio que inviabiliza os vinhedos, tendo sido devastados durante duas guerras, o Norte e o Nordeste da França demoraram muito para atrair os visitantes. Foi somente a partir dos anos 90, com a abertura do túnel sob o canal da Mancha, a mobilizadora nomeação de Lille em 2004 como capital europeu da cultura, e a multiplicação dos grandes projetos urbanos, que as grandes cidades da região começaram a aparecer como destinos turísticos.
Lille tem hoje nove museus importantes, sendo o Palais des Beaux Arts o segundo mais rico da França. O prédio construído em 1892 foi completamente renovado em 1997, e ampliado com uma nova ala desenhada pelos arquitetos Jean-Marc Ibos e Myrto Vitart. Suas paredes de vidros refletem as pedras da ala original, misturando as imagens e as obras do passado e do futuro. Alem de um acervo acumulado desde a criação do Museu (em 1792), com obras de Delacroix, Monet ou Donatello, o Palais des Beaux Arts abriga também uma coleção única de numismática, bem como as famosas e polêmicas mapas militares em baixo relevo de Vauban.
Antiga cidade fortificada, em crise desde o fim das siderúrgicas francesas, Metz apostou em 2003 num grande projeto cultural, a construção de uma filial do Centre Pompidou assinada pelos arquitetos Shigeru Ban (Tokyo), Jean de Gastines (Paris) et Philip Gumuchdjian (Londres). Aberto ao publico em 2010, ele recebeu um acervo de 76.000 peças da sua matriz. A audácia do projeto acelerou a renovação urbana e varias outras construções vão em breve se destacar, como o centro de convenções ou o shopping Muse.
Era uma antiga ambição do Louvre: abrir um segundo museu fora de Paris para mostrar as suas ambições nacionais, utilizando no interior da França, e com novas ideias, o seu extraordinario acervo. Em 2003, o ministério da Cultura lançou uma licitação que entusiasmou a cidade de Lens. A sua proposta, de autoria da agencia japonesa Sanaa, foi escolhida em 2005 entre mais de 120 projetos.
O prédio de vidro e de luz ajuda também a valorizar um novo conceito revolucionário de apresentação das obras: a Galeria do tempo. Numa única sala de 125 metros de comprimento, 205 peças pertencendo a todas as grandes civilizações apresentam de forma cronológica 6000 anos de historia, uma caminhada simbolicamente fechada pela “Liberté guidant le peuple” de Delacroix.
Orgulhoso de sua passado mineiro e das suas rebeldia, dos seus jardins operários ou das suas montanhas de poeira de carvão (“Terrils”), o Norte da Franca tem também outros trunfos para atrair os visitantes: a simpatia da sua juventude, a alegria da sua vida noturna e da sua gastronomia, o sabor das suas cervejas, e seus carnavais descontraídos. Assim que já foi demonstrado em Bilbao com o Guggenheim, os grandes projetos culturais são porem atrativosos excepcionais para atrair novos destinos nos roteiros turísticos internacionais.
Jean-Philippe Pérol