
Um Boeing da Ethiopian decolando de Addis Abeba
Se a aviação internacional é cada vez mais segura, com um numero de vítimas em diminuição constante desde os anos setenta, cada acidente continua sendo uma terrível tragédia. Assim foi o drama do Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines que levou a Etiópia a decretar ontem um luto nacional. Nesse voo de Addis Abeba a Nairobi, viajavam 157 passageiros e tripulantes, turistas e homens de negócios de 32 nacionalidades que morreram seis minutos após a decolagem, quando o avião em chamas caiu logo depois do piloto ter avisado que estava com problemas. Depois do luto e da prioridade dada aos parentes das vitimas, as autoridades vão aproveitar as duas caixas pretas para tentar explicar o acontecido, e assim definir exatamente as responsabilidades – e consequentemente as medidas necessários.
A semelhança com o recente drama do voo da Lion Air na Indonésia – um outro 737 Max qui caiu em logo depois da decolagem quando o piloto tentava voltar para o aeroporto, leva muitos analistas a apontar para a Boeing. A própria Etiópia e a maioria dos países com companhias aéreas que já compraram esse aparelho – na Europa, Austrália, China, Coreia, África do Sul, Singapura, e no Brasil- já suspenderam os voos do. Talvez temendo um gravíssimo impacto financeiro sobre a construtora de Seattle, a FAA demorou mas acabou tomando a mesma decisão. A informação da Boeing sobre uma atualização do sistema informática e do manual de formação dos pilotos, bem como novos relatórios de graves incidentes, vem confirmar as duvidas dos especialistas que pensam que a concorrência do Airbus 320neo obrigou a acelerar os primeiros voos comerciais do B 737 Max 8.

As caixas negras de um B737 Max
Assim que acontece a cada tragédia, o trabalho dos investigadores vai ser acompanhado de perto por representantes de todos as partes: as famílias, ansiosas de achar os responsáveis quem que foram, os governos, cuidadosos da segurança dos seus aeroportos e dos seus espaços aéreos, as companhias aéreas, atentas em proteger seus passageiros, suas tripulações e seus agentes, e enfim os fabricantes, preocupados de descobrir possíveis defeitos dos seus aviões e de medir o impacto nas suas linhas de produção. Esses múltiplos atores são para os viajantes uma garantia de transparência da investigação e, mais importante ainda, da seriedade das decisões tomadas pelos responsáveis públicos ou privados para que um drama semelhante não se reproduz nunca mais nesse avião.
Esse acidente afetou brutalmente uma companhia aérea com reputação de seriedade, aviões recentes, gestão exemplar e tripulações experientes, que deve agora assumir um luto para falhas técnicas que ja começam a ser esclarecidas e que os responsáveis devem corrigir com urgência. Enraizada na Etiópia, com sua cultura tão peculiar, sua excepcional herança imperial, sua reconhecida liderança africana, e seu impressionante sucesso econômico, a Ethiopian Air Lines tem porem a capacidade de superar essa tragédia e de continuar a contribuir ao futuro da “terra das origens”.
Jean-Philippe Pérol