
A “Conciergerie” no por do sol
Mesmo já tendo quase meio milhão de visitantes por ano, a “Conciergerie”, esse imponente monumento erguido na Ile de Cité, na beira do Rio Sena, está se renovando para ampliar sua presencia nos principais roteiros turísticos da capital francesa. Anunciou no último mês de Dezembro o lançamento de vários circuitos que valorizam, com novas peças e recursos tecnológicos, as duas mais interessantes épocas que marcaram a Historia desse palácio: a Idade Media, quando era, do século X até o século XIV, antes do Louvre e de Versalhes, a residência dos Reis da França, e a Revolução Francesa, quando sediou o Tribunal Revolucionário que condenou os supostos inimigos da Nação, incluindo a Rainha Marie-Antoinette.
Para apresentar os seus novos circuitos de visita, a “Conciergerie” inovou com um dispositivo de realidade virtual, o HistoPad, que ajuda a redescobrir o monumento, a entender a sua Historia, e a visualizar o local com as suas arrumações do século XIV e do final do século XVIII. Com essas reconstituições a 360 graus em três dimensões, o visitante aproveita uma experiência interativa e personalizada, revivendo cenas dos tempos medievais ou grandes momentos da Revolução francesa. O HistoPad ajuda também a visualizar partes do palácio que não existem mais, ou lugares que não são mais acessíveis ao publico. E , chegando na sala do banquete real, é possível fazer um zoom sobre os patês nórdicos, os cisnes recheados ou os guisados de peixes que eram então servidos.
O seu passado revolucionário é um dos pontos altos da Conciergerie. O itinerário foi pensado para respeitar todas as sensibilidades, dos monarquistas achando que a Revolução foi um crime e um rastro de sangue no “Reinado muito cristão”, até os republicanos que pensem que a invasão da França pelas monarquias européias não deixava nenhuma outra opção a não ser a morte dos traidores. A nova apresentação mostra mais compaixão pela rainha, expondo o vestido que ela usou no cativeiro, contando seus últimos dias onde mostrou uma dignidade e uma coragem que tinha talvez faltadas nos seus dias de gloria. Outra novidade do percurso é a “Salle des noms” onde aparecem numa apresentação interativa os nomes e a historia dos 4000 detentos que tiveram que enfrentar o Tribunal Revolucionário, 2700 dos quais foram condenados.
A renovação da Conciergerie não se limitou a essa nova apresentação da Historia. O património artístico foi complementado com coleções de gravuras e de objetos de arte do século XVIII. Reabertas em junho passado, as cozinhas medievais estão fascinando os gourmets. As crianças não foram esquecidas com um “caça ao tesouro” que segue um itinerário adaptado, oferecendo moedas de ouro virtuais e depois uma surpresa. E para os visitantes que sofrem (as vezes) de instintos bárbaros, podem acionar a guilhotina e depois rezar na Capela Expiatória.