Desde o dia 31 de Maio de 2013, quando o Concorde da Air France pousou pela ultima vez em CDG procedente de Nova Iorque, não faltaram nostálgicos e visionários para tentar relançar um projeto de avião comercial combinando velocidade superior a Mach 2 e viabilidade econômica. Um grupo de fãs ingleses juntou 40 milhões de libras para por o próprio Concorde a voar de novo em 2019. A empresa americana Aerion projetou o AS2, um avião pequeno – 12 lugares-, voando somente a Mach 1,5 e custando 120 milhões de dólares, mas que já interessou a companhia de taxi aéreo Flexjet. A Lockheed já tem também seu projeto, e a Spike Aerospace de Boston trabalha com a ideia de um avião sem janelas. A própria Airbus imaginou um modelo parecendo um foguete que poderia voar a Mach 5, digno de ficção cientifica mas já protegido com vários brevês e patentes.
Richard Branson anunciou agora uma parceria para viabilizar um novo projeto. O imprevisível dono da Virgin, que já queria em 2003 comprar os Concorde da British, ambiciona de relançar voos supersônicos, mas com tarifas acessíveis: 5000 USD a ida e volta entre Londres e Nova Iorque, ou 7000 USD entre Los Angeles e Sidnei. Escolheu de apoiar o projeto de uma start up do Colorado, a”Boom”, e confirmou uma opção para dez aparelhos. Fundada por Blake Scholl, piloto e ex-executivo da Amazon, e um pequeno grupo de dez engenheiros especialistas dos voos supersônicos, a “Boom” já conseguiu atrair vários grandes investidores da Silicon Valley e está desenvolvendo um protótipo num galpão de Denver, no Colorado.
Para conseguir a façanha de construir um avião cruzando o Atlântico Norte em três horas e meia, e de viabilizar passagens aos preços da atual Classe Executiva, a “Boom” apostou em utilizar somente tecnologias já existentes, seja na parte aerodinâmica , nos materiais compósitos em fibra de carbono ou nos motores. Com o apoio do Branson, a filial da Virgin ” The Spaceship Company” vai também trazer sinergias na engenharia, no design, na produção, nos voos experimentais ou nas próprias operações. O avião poderá transportar 40 passageiros, sendo dez fileiras de quatro poltronas, duas de cada lado do corredor. Com uma autonomia de sete horas (o dobro do Concorde), a velocidade será de Mach 2,2 (um pouquinho acima do Concorde que voava a Mach 2), e a altitude de cruzeiro de 18.000 metros, dando – como no Concorde- para ver o céu quase preto e o horizonte bem curvo. A Virgin e a Boom estão programando para o final de 2017 o primeiro protótipo em Denver, mas se recusaram a dar uma data seja para o primeiro voo experimental ou seja para o inicio dos voos comerciais. Muito cautelosos, os especialistas pensam que, se esse projeto se realizar, a Virgin só poderá embarcar seu primeiro passageiro em 2025. Até lá, o Concorde continuará a ter o monopólio dos nossos sonhos aeronáuticos .
Jean-Philippe Pérol