Pode se amar ou odiar a Serenissima Republica, e sua historia egoísta e brutal, mas Veneza é sem duvida um dos lugares mais marcantes do patrimônio cultural mundial. Ameaçada pelas marés (o fenômeno da ‘aqua alta’), pelas mudanças climáticas e pelo afundamento das construções no solo instável da laguna, a cidade sofre também cada vez mais dos estragos causados pelos gigantes navios de cruzeiros que entram no coração dos canais. Proibida há alguns meses pelo governo italiano, as limitações para os navios de mais de 40.000 tonas foi revogada pela justiça regional.
Essa decisão é uma triste vitória para as companhias de cruzeiros. E espera se que um novo julgamento, previsto em junho, vai derrubar essa decisão que não leva em consideração o estrago feito por esses navios nas fundações da cidade. A esperança vem das fortes reações dos políticos italianos. Gian Luca Galletti,, o ministro do meio ambiente, declarou que a decisão seria respeitada mas que ia tentar encontrar uma solução para os navios parar de passar na frente da Praca Sao Marcos, uma situação que seu colega do turismo, acho inconcebível.A lei que foi revogada, votada depois do acidente do Concordia, era porem minimalista. So atingia mesmo os navios de mais de 96.000 toneladas que seriam proibidos a partir de novembro desse ano, e reduzia de 20% o trafego dos navios de mais de 40.000 toneladas a partir de janeiro. Assim mesmo não foi aceita pelas grandes companhias de cruzeiros.
A « Cruise Lines International Association » , que reúne as maiores delas, ja avisou que quer encontrar uma solução para esse problema, tentando conciliar os importantes interesses econômicos e a preservação ambiental de Veneza. Mas tanto a Royal Caribbean International que a Celebrity Cruises estão ainda pedindo para esticar os prazos e parecem um pouco relutante a aceitar que os seus maiores navios ficam fora da laguna, alegando que o espetáculo da Serenessima dos decks dos seus navios é o momento mais forte nesse destino.
Se tem agora que espera a nova decisão dos juízes, é também certo que essas grandes companhias não serão insensíveis ao impacto que uma atitude negativa terá sobre a sua imagem. Os profissionais do turismo, os turistas, e os amantes da cultura universal devem então manter a pressão, manifestando a sua indignação e sua vontade de ver as extraordinárias belezas de Veneza continuar a integrar o nosso patrimônio cultural e turístico.
Jean-Philippe Pérol
Esse artigo é uma adaptação dum artigo original do Serge Fabre publicado na revista profissional on line PAGTUR. Para acesso direto ao artigo original em francês, por favor clicar aqui.
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