De Veneza a Reykjavik, prevenir a turismofobia melhorando a experiência turística

Veneza tentando conciliar turistas e moradores

Veneza tentando conciliar turistas e moradores

Com mais de 1,2 bilhão de turistas internacionais, o turismo de massa preocupa cada vez mais os moradores dos grandes destinos. Vendo os transtornos trazidos pela surpopulação, autoridades, jornalistas e influenciadores concordam em por a culpa dos transtornos nos próprios viajantes. A estigmatização do turista é uma velha e arrogante tradição aristocrática  do século XIX quando alguns “happy few”, já na época, não aguentavam dividir os monumentos de  Atenas e Roma, os beira mares de Nice e Biarritz, ou os artesanatos de Istambul, com os primeiros seguidores de Thomas Cook. Mas, mesmo se rejeitado até pelos seus pares, deve se reconhecer que o turista nem sempre respeita os moradores, os costumes do local, ou até regras básicas de convivência social ou de proteção do meio ambiente. Virou assim urgente de encontrar soluções para lutar contra a irresponsabilidade e os excessos, sem prejudicar as atividades econômicas nem atrapalhar a convivialidade e a liberdade de viver que os turistas procuram.

Os conselhos da China a  seus turistas antes deles viajar

Preocupando os destinos turísticos, o bom comportamento dos viajantes é também uma preocupação de alguns países emissores que temem que atitudes inadequadas prejudicam a sua imagem. Líder mundial com mais de 110 milhões de turistas, quase todos primeiro-viajantes, a China publicou em 2013  um “Guia do turismo civilizado” com conselhos a seguir, incluindo 64 paginas de recomendações (as vezes surpreendentes) como por exemplo não fazer barulho quando bebe, não limpar o nariz com os dedos, não subir em pé nos toaletes, não levar os coletes salva vidas dos aviões ou não importunar os moradores. Alguns conselhos eram específicos para certos destinos: não estalar os dedos para chamar o garçom na Alemanha, não oferecer flores amarelas na França, não falar da realeza na Tailândia ou não tocar as pessoas com a mão esquerda na Índia. O mau comportamento podendo levar a entrar numa lista negra de pessoas proibidas de viajar, é provável que essa recomendações, por esdrúxulas que sejam, foram seguidas, e devem ter contribuídas a evitar abusos.

O juramento islandês

Destino de sucesso que viu suas chegadas de turistas quintuplicar, mas preocupada com o impacto sobre o meio ambiente e a vida social, a Islândia lançou em julho desse ano um juramento de bom comportamento que os candidatos a turista são incentivado a fazer. “The Icelandic Pledge”, que pode ser encontrado e assinado on-line no site, é um compromisso moral do visitante com 8 clausulas de respeito ao meio ambiente e as regras de segurança: ser um turista eco-responsável, respeitar as regras de transito e de estacionamento, deixar os lugares limpos, não sair dos caminhos autorizados e cuidar com a meteorologia. Mesmo não sendo obrigatório, o juramento já foi assinado por 30.000 pessoas. Para a ministra do turismo da Islândia, “os turistas querem mesmo ser responsáveis, mas nem sabem sempre o que isso significa em termos de comportamento”. O sucesso da campanha foi de lembrar, de maneira cordial e humorística, algumas regras básicas, e de mostrar  que esse respeito era uma forma de integrar a cultura local e de ajudar o relacionamento com os moradores,

 

Jean-Philippe Pérol

Esse artigo foi inspirado de um artigo de Josette Sicsic na revista profissional online Tourmag

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