“O tempo e o uso inadequado fazem algumas palavras adquirirem um tom meio pejorativo. Luxo é uma delas”, diz Lucita Marques da Costa, diretora da X-Mart Consultoria e Marketing em turismo. “A palavra costuma ser usada pela indústria de turismo para vender hotéis, onde basta ter uma piscina, lustres falsos de cristal – na verdade, de plástico – e imitações de obras de arte, para que tudo seja ‘um luxo’. No Brasil, o mesmo acontece com a palavra resort. Não a uso de jeito nenhum. Pois resort é sinônimo de áreas de lazer imensas, multidão, aulas e atividades de todo o tipo.”
Numa avaliação mais criteriosa, o que poderia ser considerado luxo na hotelaria é o encontro entre a paisagem e o produto. Nesse sentido, além da localização e de instalações adequadas, o hotel deve ter um staff capaz não só de servir bem, mas de ajudar o visitante a conhecer a região pelos olhos de quem a habita. Isso inclui informações e sugestões de programas que vão além do bê-á-bá dos guias mais conhecidos.
Se o desafio é reavaliar o conceito, uma das formas passa por estabelecer uma distinção entre o que é luxo material e subjetivo. E, antes de tudo, lembrar: os hóspedes que frequentam hotéis que, pelo preço, se enquadram nessa categoria, já possuem tudo o que encontrarão no quarto – televisores de grandes dimensões, canais internacionais à disposição, lençóis de mil fios de algodão egípcio e banheiros com produtos de grife.
“O luxo tem que ter um pouco de magia. Não uma louça de US$ 1 milhão”, acredita Jean-Philippe Pérol, diretor da Atout France para as Américas. Para ele, o refinamento pede um substrato cultural. “Há dois caminhos. Você pode pensar no Ritz como um produto perfeito. Ou conseguir visitar a gruta de Lascaux, algo dificílimo, e entender isso como um luxo extraordinário.”
Discutir esse assunto no Brasil é fundamental, diz Pérol, já que o país se tornou um ator importante na hotelaria de luxo internacional. “Os brasileiros, nos últimos anos, oscilam entre o quinto e sexto lugar entre os principais clientes do turismo de luxo. Se a gente pensar, existe algo engraçado nisso: sempre há mais brasileiros do que alemães nos hotéis de luxo de Paris, mas a cidade tem 20 vezes mais turistas alemães do que brasileiros.”
O artigo completo da Maria da Paz Trefaut está em http://www.valor.com.br/cultura/3356452/para-quem-se-da-ao-luxo#ixzz2m8OGiybS