Depois de anos de discussões e de anúncios, a decisão do governo brasileiro de descartar a compra dos aviões Rafale levou militares e diplomatas a analisar todas as razões e as consequências dessa anuncio, destacando preços, comunicação, ou outras divergências. Foi um ponto chave das declarações do Presidente francês durante a sua ultima visita no Brasil de lembrar que a parceria estratégica estabelecida em 2006 era porem mais forte que nunca. Que seja na cooperação tecnologica, nos investimentos, nos fluxos de importação e exportação, ou ainda nos intercâmbios culturais .
A situação do turismo francês no Brasil comprova esse visão otimista, 2013 vai acabar com a França crescendo 6%, recebendo 660.000 brasileiros, passando o bilhão de dólares de receitas, e ficando mais uma vez na liderança dos destinos europeus dos Brasileiros. O nosso objetivo de 1,5 milhão continua sendo realista, mesmo se teremos que adiar um pouquinho a sua realização na próxima década.
Com a concurrença mais acirrada ainda entre os destinos turísticos que entre os fabricantes de aviões de guerra, essa meta só poderá ser alcançada ficando atento ao atendimento e aos serviços que oferecemos, melhorando os pontos mais fracos. E são justamente os mesmos em todos os setores. Temos que ser rigoroso nos preços. Devemos convencer que a França tem um excelente ratio preço/qualidade, incluindo nos produtos e serviços mais simples, nos hotéis duas ou três estrelas (hoje os favoritos dos brasileiros), nos pequenos restaurantes aonde, mesmo em Paris, pode-se almoçar bem por menos de 20 Euros. Temos que atender melhor, sem arrogância, e comunicar melhor sobre nosso atendimento porque ele é bom, especialmente com os brasileiros para quais o francês sempre tem um carinho especial.
E ai tocamos no ponto mais importante. Temos que continuar a mostrar que o relacionamento entre a França e o Brasil não é um relacionamento ordinário. Ele é muito especial porque é, e sempre foi, diferente. Somos o primeiro destino na Europa dos brasileiros porque o lema Ordem e Progresso é do Auguste Comte, porque as Alianças francesas do Brasil tem o maior numero de alunos no mundo, porque a Marseillaise por pouco não virou o hino nacional brasileiro. O turismo na França é diferente porque Santos Dumont alcançou a gloria em Paris, porque os aviões da Aeropostale pilotados por Mermoz ou Saint-Exupéry pousaram em Caravelas ou em Florianópolis. E na gastronomia, nos vinhos ou na festas, a França ganhou no Brasil um glamour que até hoje segue único. A parceria estratégica estabelecida em 2006 reatualizou essa longa historia e ajudou a empurrar também o turismo..
A França pode continuar a ser o destino favorito dos brasileiros, mas a condição de continuar a ser atual, dinâmica, criativa, e além de tudo diferente. Terra de historia mas também de atualidade, diferente dos seus concorrentes europeus, terra de sofisticação mas também de liberdade, diferente do seu grande concurrente americano. No turismo também, vive la différence!
Jean-Philippe Pérol