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Turismo na “Ile de Ré”, o luxo nascendo da simplicidade

Relais Châteaux em Saint Martin en Ré

A sofisticação dos turistas encontrados nos cais da marina, nas praias, nos bares ou nos restaurantes de Ars-en-Ré poderia parecer a mesma que em Saint Tropez, Biarritz ou Deauville. O viajante vai porem logo perceber que a Ile de Ré,  pequena ilha francesa a 200 quilômetros de Bordeaux, tem um ambiente e uma vida social bem diferentes. Chique aqui não é andar de Ferrari mas de bicicleta ou de Mehari (um carro popular fabricado pela Citröen nos anos sessenta), bem sucedido não é mostrar um iate de cem pés com dez marinheiros mas sair sozinho do antigo porto dirigindo o seu pequeno veleiro, gourmet não é correr atrás de restaurante gastronômico mas mostrar a seus amigos seus talentos de chefe amador. E no porto da cidade vizinha de Saint Martin en Ré, o Relais et Châteaux só tem 20 suites e quartos escondidos num prédio do século 17.

A historia faz parte do charme da ilha. Sede de muitos confrontos durante as guerras de religiões, cobiçada pelos inglês e os holandeses, a ilha foi completamente fortificada no final do século 17. Os oito quilômetros de muralhas e o porto fortificado de Saint Martin, construídos pelo famoso engenheiro militar Vauban, foram decretadas em 2008 “patrimônio mundial da humanidade”. Os viajantes gostam também do imponente Farol das Baleias. Subindo os seus 257 degraus, e seus 57 metros de altura, aproveita-se duma vista excepcional sobre as praias, o antigo farol do Vauban, e as “eclusas”, armadilhas de pedras usadas pelos pescadores desde a Idade Media para pegar peixes e crustáceos . Outrora terminal do trem que percorria a ilha, a parque do Farol é também centro de muitas atividades de lazer, bem como a sede de um simpático e concorrido festival de jazz durante o mês de Agosto.

Hoje ligada ao continente por uma ponte de 3 quilômetros, a Ile de Ré ficou mas acessível. Mas se a população chega em Agosto a 200.000 habitantes, os vilarejos não perdem o seu tão peculiar ambiente onde o luxo sempre combina com a simplicidade. Nas “venelles” (assim se chamam as ruas da Ile de Ré) floridas, atrás das fachadas brancas e das portas discretas, escondem se casas de alto padrão (que podem ser alugadas), com piscinas e pátios arborizados . Nos mercados, nas feiras livres e nas lojas, pouco “show off”, a preferência vai sempre para produtos autênticos,  “Fleur de sel” das salinas da ilha, Pineau des Charentes (vinho branco produzido localmente e fortificado com Cognac), artesanato “rhétais” ou das regiões próximas (sejam Poitou, Bordelais, Vendée ou Britânia), vestuário útil e com muitas referencias ao mar e a marinha. Os bares e restaurantes participam também do espírito da Ile de Ré. Seja para um café da manha no Café du Commerce ou no Le V, um aperitivo no Pirates ou no La Cabane de la Patache, um jantar no Fleur de Sel ou no Taxi Brousse, o serviço é sempre descontraído e personalizado. A sofisticação e a exclusividade são trazidos pelo próprio publico, vindo do Quartier latin de Paris, mas também do mundo inteiro, criando um “je ne sais quoi”  onde o verdadeiro luxo é gozar da simplicidade.

Jean-Philippe Pérol

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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